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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Para quem vai sobrar o “pepino” do E.coli? Agora é o Egito

Sementes egípcias podem ser origem do surto de E. coli na Europa

Segundo autoridades, sementes de feno-grego contaminadas vindas do Egito podem estar por trás das epidemias na Alemanha e na França
iG São Paulo

Sementes de feno-grego contaminadas são suspeitas de ser a origem da epidemia que atingiu a Europa e ainda podem causar infecções se ainda estiverem na cadeia alimentar, alertaram autoridades europeias nesta quinta-feira.

As sementes egípcias podem estar por trás da epidemia por infecção alimentar na Alemanha que começou em maio e matou 49 pessoas e infectou mais de 4 mil em 15 países. As mesmas podem estar por trás do surto que atingiu a França em junho, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças europeu.

Surto

Na Alemanha, mais de 4 mil pessoas foram infectadas e 49 morreram durante o recente surto de E. coli. Em Bordeaux, na França, cerca de 15 pessoas foram infectadas. Também nesta quinta-feira, o Ministério de Saúde, Política Social e Igualdade espanhol disse que também está investigando as sementes de feno-grego que poderiam estar relacionadas com o surto.

A Comissão Europeia comunicou que a Espanha figura entre os seis países comunitários nos quais puderam ser distribuídas as sementes procedentes do Egito.

*Com AP, BBC e EFE
Fonte: Portal iG

Tópico relacionado:
http://detudoumpoucosimplesmente.blogspot.com/2011/06/pepinos-do-ecoli_6177.html

Tragédia grega

Z (1969) - Soundtrack
Film by Costas Gavras
Music by Mikis Theodorakis




A fonte da postagem é o blog português EXTRAFÍSICO que mostra-nos como a Grécia tentou e ainda tenta escapar à uma tragédia profunda, contrariamente aos países nórdicos onde o sistema bancário em geral é estatal,onde até existem farmácias públicas e os índices de eficiência são elevados.
O blogueiro questiona a situação sob dois ângulos: competividade ou uma efetiva cultura coletiva assente na ética?


Tragédia Grega

Tragédia grega, fado nosso, que vai cavando o fosso, num sentido figurado, o local global para onde se empurra o mundo em geral. Não são variáveis ao acaso... que rolam por aí.

O "sim" do parlamento grego a mais um plano de austeridade, não mais é, do que um alívio momentâneo aos seus credores, na verdade, é adiar a bancarrota eminente, em sua forma formal.
Redução da massa salarial a olho e de forma cega, estagna o comércio e a produção industrial, bloqueamento de novos investimentos via crédito bancário, gera mais incapacidade de as famílias cumprirem as suas obrigações financeiras, diminui o cabaz de importações que noutros lados são exportações, estimula a revolta social e na base atrofia o crescimento necessário para pagar os empréstimos colossais, que servem para amortizar dívidas velhas e pagar salários que se vencem todos os meses. Obviamente que a Grécia não vai conseguir pagar, porque e não são precisas grandes teorias económicas, na verdade não há como!

Tal como, outros países europeus, dentro de um efeito dominó irreversível. Facto que os média escondem, pois hoje, estão cada vez mais concentrados em meia-dúzia de grandes grupos de comunicação social com sucursais espalhadas um pouco por todo o mundo. A informação obedece a uma cartilha dum politicamente correcto bacoco, de vacuidades e de injecções tremendas das pseudo-vidas dos famosos, compensando assim, o vazio de milhões de escravos que apenas vivem o dia-a-dia do trabalho/casa/trabalho, iludindo uma espécie de vida de sonho, uma esperança a alcançar.

Portugal é o país que está na forja, para o dia seguinte ao colapso eminente e evidente da Grécia, que o seu novo governo recém eleito de "wonder boys" ilude o marasmo geral da população que sem saber muito bem a gravidade da realidade, a compara, como por exemplo, uma qualquer tele-novela. É tipo, isto é meio a brincar ou isto é que vai uma crise!

A grande falácia dos planos de austeridade é a competitividade, cada uma com a boa nova que é para o bem geral, na realidade sucedem-se uns aos outros, com o agravamento dos índices gerais das sociedades onde são aplicados, evidência factual. Ao mesmo tempo que se incentiva a poupança. Significa o mesmo que cortar uma perna a um indivíduo e convencer-lhe que agora pode correr ainda mais, sendo positivo, dinâmico, pró-activo, motivado... e mais competitivo. Só que ao pé-coxinho. Afinal para que é que precisas de duas pernas? Lambão ...!

Desse modo, fomentou-se a ideia de que os serviços públicos são ineficientes e que privatizar é solução. O que acontece, verdadeiramente, são boas gestões ou más gestões, boas organizações ou más organizações. Com o conceito da rentabilidade e lucro pelo meio, sendo o vírus, a corrupção generalizada.
Nos países nórdicos, a banca em geral é estatal, até existem farmácias públicas, imagine-se! Com elevados índices de eficiência. Afinal, é a competitividade ou é uma efectiva cultura colectiva assente na ética? Fica-se baralhado...

A Grécia prepara-se para privatizar o quase que resta do que é público, vendido ao desbarato, directo para os que lhes financiam ou seus representantes, fazendo lembrar a crise de 1929, quando uma certa elite, comprou a preços de saldo, de desesperados; fábricas e grandes quintas agrícolas. A história repete-se, numa escala maior, compram-se países, aos bocados e barateiros, com a corda na garganta.

Sou de crer, que o parlamento grego, deveria ter chumbado hoje o plano de austeridade, evitando o adiamento do choque térmico inevitável. Mas as profecias não fui eu que as escrevi.

O futuro... esse ninguém sabe! Mesmo que teorizado, os factores aleatórios são quase infinitos.

Para ler ou reler: A ideologia do FMI :"O Consenso de Washington"
http://detudoumpoucosimplesmente.blogspot.com/2011/06/ideologia-do-fmi-o-consenso-de_15.html

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Antonio López en el Thyssen



Antonio López en el Thyssen

Museo Thyssen-Bornemisza de Madrid

El Museo Thyssen-Bornemisza de Madrid presenta hasta el 25 de septiembre una completa representación de la obra del artista Antonio López, el gran representante del realismo y la figuración española contemporánea. Es la mirada del propio Antonio López sobre su obra, reciente y antigua, la que articula esta exposición, de carácter casi autobiográfico, ya que ha sido el propio artista el que ha pilotado la selección y el montaje junto a los comisarios.

La exposición reúne las piezas de los últimos veinte años y las que llegan directamente de su estudio, casi la mitad de las 140 obras exhibidas que van dando paso a la producción más lejana en el tiempo, hasta los años cincuenta. No hay un orden cronológico, el recorrido va hacia adelante y hacia atrás en la obra en la que convive, de manera equilibrada, la pintura, el dibujo y la escultura.

Las vistas de Madrid, incluidas las más recientes de la Gran Vía, se exponen junto a cuadros de su Tomelloso natal, a pinturas y dibujos o a sus retratos de parejas y sus interiores. Están los temas recurrentes en el universo de Antonio López y sus influencias y su conexión con la tradición, de la que se considera heredero hasta la obsesión.

La obra de Antonio López es demasiado personal para ser fácilmente clasificada. Defensor de la libertad como fuente máxima de la creatividad y de los sentimientos como materia básica del proceso creativo y de comunicación con los demás, el maestro manchego busca entre la realidad que le rodea aquellos aspectos cotidianos susceptibles de ser retratados en su obra. Y lo hace con una elaboración lenta y meditada; rehace, retoca y corrige a veces durante años, buscando captar la esencia del objeto o paisaje representado.

La muestra se completa con la proyección en una de las salas de dos documentales elaborados específicamente para la ocasión con imágenes del trabajo de Antonio López en este último año, tanto en su estudio como en exteriores, así como diversas entrevistas a personas próximas a él. Además, todos los sábados del mes de julio podrá verse en el salón de actos del Museo la película "El sol del Membrillo" (1990?1992) en la que, a traés de la contemplación de Antonio López pintando un membrillo en el patio de su casa, el cineasta Víctor Erice explora el proceso de creación de una obra de arte.

Fecha: del 28 de junio al 25 de septiembre.
Lugar: Museo Thyssen-Bornemisza. Paseo del Prado 8, 28014 Madrid.
Horario: de martes a sábados de 10.00 a 23.00 h. Domingos de 10.00 a 19.00 h.
Precio: entrada general 10€

Fonte: Artelista.com

terça-feira, 28 de junho de 2011

Demografia, população e “Clube de Roma”

Sobre demografia e população é preciso recordar que estes foram precisamente os temas para o estudo dos quais foi fundado em 1968 o “Clube de Roma” (pelo industrial italiano Aurélio Peccei e pelo sociólogo Alexander King que reuniu diversas personalidades da elite europeia em volta do think-tank sedeado em Hamburgo – uma cabala de globalistas que defende o estreitamento da economia internacional através de estreitos laços de ligação entre as elites governantes nacionais, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional) grupo que esteve na génese da actual União Europeia. O Clube de Roma tornou-se conhecido em 1972 com a publicação de “Os Limites do Crescimento”, que advertia que os recursos do planeta eram finitos e realçava as consequências negativas do rápido crescimento da população mundial. No seu sitio na internet podemos ler que o Clube estabelece como sua missão “agir como um catalizador de mudança não oficial, independente e global através da identificação dos problemas mais cruciais da humanidade, da sua análise no contexto global da problemática mundial, da pesquisa de soluções alternativas futuras e da elaboração de cenários para o futuro (...) e a comunicação destes problemas aos mais importantes decisores públicos e privados, assim como ao público em geral”.

Ao Clube de Roma pertencem personalidades como Jacques Delors,Fernando Henrique Cardoso do Brasil, Mikhail Gorbachev da ex-URSS, Vaclav Havel da República Checa, o Rei Juan Carlos I, da Espanha, a Rainha Beatriz, dos Países Baixos, Mário Soares, de Portugal entre muitos outros, razão porque estas personalidades nunca são deixadas de fora das manchetes dos jornais
By xatoo

Cosmovisão Andina

Bolívia. 25 postulados para entender o ‘Viver Bem’

Em uma entrevista, o ministro das Relações Exteriores e especialista em cosmovisão andina, David Choquehuanca, explica os principais detalhes desta proposta que situa a vida e a natureza como eixos centrais.

A matéria está publicada no jornal boliviano La Razón, 31-01-2010. A tradução é do Cepat.

O Viver Bem, modelo que o governo de Evo Morales busca implementar, pode ser resumido como viver em harmonia com a natureza, algo que retomaria os princípios ancestrais das culturas da região. Estas considerariam que o ser humano passa a um segundo plano em relação ao meio ambiente.

O chanceler David Choquehuanca é um dos estudiosos Aimara desse modelo e especialista em cosmovisão andina conversou com La Razón durante uma hora e meia e explicou os detalhes destes princípios reconhecidos no artigo 8 da Constituição Política do Estado (CPE).

“Queremos voltar a Viver Bem, o que significa que agora começamos a valorizar a nossa história, a nossa música, a nossa vestimenta, a nossa cultura, o nosso idioma, os nossos recursos naturais, e depois de valorizar decidimos recuperar tudo o que é nosso, voltar a ser o que éramos”.

O artigo 8 da CPE estabelece que: “O Estado assume e promove como princípios ético-morais da sociedade plural: ama qhilla, ama llulla, ama suwa (não sejas preguiçoso, não sejas mentiroso nem ladrão), suma qamaña (viver bem), ñandereko (vida harmoniosa), teko kavi (vida boa), ivi maraei (terra sem males) y qhapaj ñan (caminho ou vida nobre).

O Chanceler marcou distância com o socialismo e mais ainda com o capitalismo. O primeiro busca satisfazer as necessidades humanas e para o capitalismo o mais importante é o dinheiro e a mais-valia.
De acordo com David Choquehuanca, o Viver Bem é um processo que está apenas começando e que pouco a pouco irá se massificando.

“Para os que pertencem à cultura da vida, o mais importante não é o dinheiro nem o ouro, nem o ser humano, porque ele está em último lugar. O mais importante são os rios, o ar, as montanhas, as estrelas, as formigas, as borboletas (...) O ser humano está em último lugar, para nós o mais importante é a vida”.

Nas culturas

Aimara – antigamente os moradores das comunidades Aimara na Bolívia aspiravam a ser qamiris (pessoas que vivem bem).
Quechuas – igualmente, as pessoas desta cultura desejavam ser um qhapaj (pessoa que vive bem). Um bem-estar que não é econômico.
Guarani – o guarani sempre aspira a ser uma pessoa que se move em harmonia com a natureza, isto é, que espera algum dia ser iyambae.

O Viver Bem dá prioridade à natureza mais que ao ser humano

Estas são as características que pouco a pouco serão implementadas no novo Estado Plurinacional

Priorizar a vida

Viver Bem é buscar a vivência em comunidade, onde todos os integrantes se preocupam com todos. O mais importante não é o ser humano (como afirma o socialismo) nem o dinheiro (como postula o capitalismo), mas a vida. Pretende-se buscar uma vida mais simples. Que seja o caminho da harmonia com a natureza e a vida, com o objetivo de salvar o planeta e dar a prioridade à humanidade.

Obter acordos consensuados

Viver Bem é buscar o consenso entre todos, o que implica que mesmo que as pessoas tenham diferenças, na hora de dialogar se chegue a um ponto de neutralidade em que todas coincidam e não se provoquem conflitos. “Não somos contra a democracia, mas o que faremos é aprofundá-la, porque nela existe também a palavra submissão e submeter o próximo não é viver bem”, esclareceu o chanceler David Choquehuanca.

Respeitar as diferenças

Viver Bem é respeitar o outro, saber escutar todo aquele que deseja falar, sem discriminação ou qualquer tipo de submissão. Não se postula a tolerância, mas o respeito, já que, mesmo que cada cultura ou região tenha uma forma diferente de pensar, para viver bem e em harmonia é necessário respeitar essas diferenças. Esta doutrina inclui todos os seres que habitam o planeta, como os animais e as plantas.

Viver em complementaridade

Viver Bem é priorizar a complementaridade, que postula que todos os seres que vivem no planeta se complementam uns com os outros. Nas comunidades, a criança se complementa com o avô, o homem com a mulher, etc. Um exemplo colocado pelo Chanceler especifica que o homem não deve matar as plantas, porque elas complementam a sua existência e ajudam para que sobreviva.

Equilíbrio com a natureza

Viver Bem é levar uma vida equilibrada com todos os seres dentro de uma comunidade. Assim como a democracia, a justiça também é considerada excludente, de acordo com o chanceler David Choquehuanca, porque só leva em conta as pessoas dentro de uma comunidade e não o que é mais importante: a vida e a harmonia do ser humano com a natureza. É por isso que Viver Bem aspira a ter uma sociedade com equidade e sem exclusão.

Defender a identidade

Viver Bem é valorizar e recuperar a identidade. Dentro do novo modelo, a identidade dos povos é muito mais importante do que a dignidade. A identidade implica em desfrutar plenamente de uma vida baseada em valores que resistiram mais de 500 anos (desde a conquista espanhola) e que foram legados pelas famílias e comunidades que viveram em harmonia com a natureza e o cosmos.

Um dos principais objetivos do Viver Bem é retomar a unidade de todos os povos

O ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca, explicou que o saber comer, beber, dançar, comunicar-se e trabalhar também são alguns aspectos fundamentais.

Aceitar as diferenças

Viver Bem é respeitar as semelhanças e diferenças entre os seres que vivem no mesmo planeta. Ultrapassa o conceito da diversidade. “Não há unidade na diversidade, mas é semelhança e diferença, porque quando se fala de diversidade só se fala de pessoas”, diz o Chanceler. Esta colocação se traduz em que os seres semelhantes ou diferentes jamais devem se ofender.

Priorizar direitos cósmicos

Viver Bem é dar prioridade aos direitos cósmicos antes que aos Direitos Humanos. Quando o Governo fala de mudança climática, também se refere aos direitos cósmicos, garante o Ministro das Relações Exteriores. “Por isso, o Presidente (Evo Morales) diz que vai ser mais importante falar sobre os direitos da Mãe Terra do que falar sobre os direitos humanos”.

Saber comer

Viver Bem é saber alimentar-se, saber combinar os alimentos adequados a partir das estações do ano (alimentos de acordo com a época). O ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca, explica que esta consigna deve se reger com base na prática dos ancestrais que se alimentam com um determinado produto durante toda a estação. Comenta que alimentar-se bem garante boa saúde.

Saber beber

Viver Bem é saber beber álcool com moderação. Nas comunidades indígenas cada festa tem um significado e o álcool está presente na celebração, mas é consumido sem exageros ou ofender alguém. “Temos que saber beber; em nossas comunidades tínhamos verdadeiras festas que estavam relacionadas com as estações do ano. Não é ir a uma cantina e se envenenar com cerveja e matar os neurônios”.

Saber dançar

Viver Bem é saber dançar [danzar], não simplesmente saber bailar [bailar]. A dança se relaciona com alguns fatos concretos, como a colheita ou o plantio. As comunidades continuam honrando com dança e música a Pachamama, principalmente em épocas agrícolas; entretanto, nas cidades as danças originárias são consideradas expressões folclóricas. Na nova doutrina se renovará o verdadeiro significado do dançar.

Saber trabalhar

Viver Bem é considerar o trabalho como festa. “O trabalho para nós é felicidade”, disse o chanceler David Choquehuanca, que recalca que ao contrário do capitalismo onde se paga para trabalhar, no novo modelo do Estado Plurinacional, se retoma o pensamento ancestral de considerar o trabalho como festa. É uma forma de crescimento, é por isso que nas culturas indígenas se trabalha desde pequeno.

Retomar o Abya Yala

Viver bem é promover a união de todos os povos em uma grande família. Para o Chanceler, isto implica em que todas as regiões do país se reconstituam no que ancestralmente se considerou como uma grande comunidade. “Isto tem que se estender a todos os países. É por isso que vemos bons sinais de presidentes que estão na tarefa de unir todos os povos e voltar a ser o Abya Yala que fomos”.

Reincorporar a agricultura

Viver Bem é reincorporar a agricultura às comunidades. Parte desta doutrina do novo Estado Plurinacional é recuperar as formas de vivência em comunidade, como o trabalho na terra, cultivando produtos para cobrir as necessidades básicas para a subsistência. Neste ponto se fará a devolução de terras às comunidades, de maneira que se produzam as economias locais.

Saber se comunicar

Viver Bem é saber se comunicar. No novo Estado Pluninacional se pretende retomar a comunicação que existia nas comunidades ancestrais. O diálogo é o resultado desta boa comunicação mencionada pelo Chanceler. “Temos que nos comunicar como antes os nossos pais o faziam, e resolviam os problemas sem que se apresentassem conflitos, não temos que perder isso”.

O Viver Bem não é “viver melhor”, como propugna o capitalismo

Entre os preceitos estabelecidos pelo novo modelo do Estado Plurinacional, figuram o controle social, a reciprocidade e o respeito à mulher e ao idoso.

Controle social

Viver Bem é realizar um controle obrigatório entre os habitantes de uma comunidade. “Este controle é diferente do proposto pela Participação Popular, que foi rechaçado (por algumas comunidades) porque reduz a verdadeira participação das pessoas”, disse o chanceler Choquehuanca. Nos tempos ancestrais, “todos se encarregavam de controlar as funções que suas principais autoridades realizavam”.

Trabalhar em reciprocidade

Viver Bem é retomar a reciprocidade do trabalho nas comunidades. Nos povos indígenas esta prática se denomina ayni, que não é mais do que devolver em trabalho a ajuda prestada por uma família em uma atividade agrícola, como o plantio ou a colheita. “É mais um dos princípios ou códigos que garantirão o equilíbrio nas grandes secas”, explica o Ministro das Relações Exteriores.

Não roubar e não mentir

Viver Bem é basear-se no ama suwa e ama qhilla (não roubar e não mentir, em quéchua). É um dos preceitos que também estão incluídos na nova Constituição Política do Estado e que o Presidente prometeu respeitar. Do mesmo modo, para o Chanceler é fundamental que dentro das comunidades se respeitem estes princípios para conseguir o bem-estar e confiança em seus habitantes. “Todos são códigos que devem ser seguidos para que consigamos viver bem no futuro”.

Proteger as sementes

Viver Bem é proteger e guardar as sementes para que no futuro se evite o uso de produtos transgênicos. O livro Viver Bem, como resposta à crise global, da Chancelaria da Bolívia, especifica que uma das características deste novo modelo é preservar a riqueza agrícola ancestral com a criação de bancos de sementes que evitem a utilização de transgênicos para incrementar a produtividade, porque se diz que esta mistura com químicos prejudica e acaba com as sementes milenares.

Respeitar a mulher

Viver Bem é respeitar a mulher, porque ela representa a Pachamama, que é a Mãe Terra que tem a capacidade de dar vida e de cuidar de todos os seus frutos. Por estas razões, dentro das comunidades, a mulher é valorizada e está presente em todas as atividades orientadas à vida, à criação, à educação e à revitalização da cultura. Os moradores das comunidades indígenas valorizam a mulher como base da organização social, porque transmitem aos seus filhos os saberes de sua cultura.

Viver Bem e NÃO melhor

Viver Bem é diferente de viver melhor, o que se relaciona com o capitalismo. Para a nova doutrina do Estado Plurinacional, viver melhor se traduz em egoísmo, desinteresse pelos outros, individualismo e pensar somente no lucro. Considera que a doutrina capitalista impulsiona a exploração das pessoas para a concentração de riquezas em poucas mãos, ao passo que o Viver Bem aponta para uma vida simples, que mantém uma produção equilibrada.

Recuperar recursos

Viver Bem é recuperar a riqueza natural do país e permitir que todos se beneficiem desta de maneira equilibrada e equitativa. A finalidade da doutrina do Viver Bem também é a de nacionalizar e recuperar as empresas estratégicas do país no marco do equilíbrio e da convivência entre o ser humano e a natureza em contraposição à exploração irracional dos recursos naturais. “Deve-se, sobretudo, priorizar a natureza”, acrescentou o Chanceler.

Exercer a soberania

Viver Bem é construir, a partir das comunidades, o exercício da soberania no país. Isto significa, segundo o livro Viver Bem, como resposta à crise global, que se chegará a uma soberania por meio do consenso comunal que defina e construa a unidade e a responsabilidade a favor do bem comum, sem que nada falte. Nesse marco, se reconstruirão as comunidades e nações para construir uma sociedade soberana que será administrada em harmonia com o indivíduo, a natureza e o cosmos.

Aproveitar a água

Viver Bem é distribuir racionalmente a água e aproveitá-la de maneira correta. O Ministro das Relações Exteriores comenta que a água é o leite dos seres que habitam o planeta. “Temos muitas coisas, recursos naturais, água e, por exemplo, a França não tem a quantidade de água nem a quantidade de terra que há em nosso país, mas vemos que não há nenhum Movimento Sem Terra, assim que devemos valorizar o que temos e preservá-lo o melhor possível, isso é Viver Bem”.

Escutar os anciãos

Viver Bem é ler as rugas dos avôs para poder retomar o caminho. O Chanceler destaca que uma das principais fontes de aprendizagem são os anciãos das comunidades, que guardam histórias e costumes que com o passar dos anos vão se perdendo. “Nossos avós são bibliotecas ambulantes, assim que devemos aprender com eles”, menciona. Portanto, os anciãos são respeitados e consultados nas comunidades indígenas do país.

Fonte: Unisinos

domingo, 26 de junho de 2011

Libro: "Aun nos curamos con nuestras medicinas"

http://ddata.over-blog.com/xxxyyy/4/12/25/68/Aun-nos-cuidamos-con-nuestras-medicinas.pdf

Inventario sistematizado de las practicas sanitarias tradicionales existentes en las poblaciones originarias de los paises andinos. 361 paginas

Catalogacion hecha por el Organismo Andino de Salud - Convenio Hipolito Unanue
Comision Andina de Salud Intercultural , Lima ORAS - CONHU 2010

Organismo Andino de Salud - Convenio Hipolito Unanue
Avda. Paseo de la Republica 3832 - Oficina 301, Lima 27
Teléfonos: (00-511) 221 0074 / 440 9285 / 4226862 / 6113700
Telefax: (00-511) 222 2663
www.orasconhu.org
contacto@conhu.org.pe

INDICE
CAPITULO UNO - COSMOVISION ANDINA
Introduccion
Que es lo Andino?
Quienes son Andinos?
Que caracteriza lo Andino?
La Cosmovision Andina
El hombre como parte del Cosmos Andino
El Andino y su relacion con las Divinidades
Conceptos sobre la vida
La muerte
El concepto de salud
La enfermedad
La enfermedad como desequilibrio
El Ajayu, la salud y las enfermedades

CAPITULO DOS - MEDICINA TRADICIONAL ANDINA
Medicina y Cultura
La Medicina Tradicional Andina como producto cultural andino
El ritual como parte del cuidado de la salud

CAPITULO TRES - LOS CONOCIMIENTOS CULTURALES EN SALUD
Etno-Anatomia
Etno-Fisiologia

CAPITULO CUATRO - MODELO NOSOLOGICO DE ENFERMEDADES
SEGUN LA MEDICINA TRADICIONAL ANDINA
La Nosologia Andina
Enfermedades de la Medicina Tradicional Andina
Descripcion de las enfermedades mas comunes

CAPITULO CINCO - ROL DEL MEDICO TRADICIONAL o CUIDADOR DE LA SALUD
EN LAS COMUNIDADES ANDINAS
El Medico Tradicional. Su Rol
El Sistema de Salud Andino
Breve descripcion de modelos de Curanderos o Medicos Tradicionales Andinos

CAPITULO SEIS - ELEMENTOS CURATIVOS EN LA MEDICINA TRADICIONAL
Recursos Terapeitucos de la Medicina Tradicional

CAPITULO SIETE - CONCEPTOS ANDINOS SOBRE CURACION

CAPITULO OCHO - A MANERA DE CONCLUSIONES

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Santana porque é domingo

Smooth
(feat. Rob Thomas)


Maria Maria
(Santana / Wyclef Jean)

Quem de fato são os detentores do Poder no mundo?

Quem de fato seriam os verdadeiros chefes dos chefes?
Aqueles que, das sombras, de fato detém o Poder no mundo?


Sugestão de livros, documentários e filmes que suscitam reflexões, discussões e até novas posturas acerca do poder no mundo.


Livros disponíveis on-line:

"Segredos do Clube Bilderberg" de Daniel Estulin
"Hitler ganhou a guerra", de Walter Graziano
"Ninguém viu Matrix", de Walter Graziano
"Confissões de um Ganster econômico", de John Perkins

*Documentários (principalmente no youtube):

"Zeitgeist Addendum", de Peter Joseph
"End Game" de Alex Jones
"ZERO Inchiesta sull '11 settembre" Giulietta Chiesa
"Liberdade América para o fascismo", de Aaron Russo
"Fahrenheit 9 / 11" de Michael Moore
"“Power of the Nightmares” de la BBC

Filmes proibidos na BBC e nos EUA:

"The Valley of the Wolves, o Iraque de Kurtlar Vadisi
"Redacted "de Brian de Palma
"South of the Border" de Oliver Stone
"The International", de Tom Tykwer

sábado, 25 de junho de 2011

Girassóis da Rússia

Girassóis da Rússia - Il Girasoli

Em 2010 quando estive na Rússia tive oportunidade de ser informada que Girassóis da Rússia, realizado por um consórcio que incluía além da ex-URSS,Itália e França, foi o filme que melhor captou o espírito russo.
Bom de se assistir, bom para se rever.


Sinopse

Um casal separado pela Segunda Guerra. Após anos sem notícias, ela viaja para a Rússia em busca do marido, atravessando cidades e campos de girassóis. Quando enfim ela o encontra, percebe que algo mudou entre eles.


Ficha Técnica

Título Original: I Girasoli
Origem: Itália / França / União Soviética, 1970
Direção: Vittorio De Sica
Roteiro: Tonino Guerra, Giorgi Mdivani e Cesare Zavattini
Produção: Arthur Cohn e Carlo Ponti
Fotografia: Giuseppe Rotunno
Edição: Adriana Novelli
Música: Henry Mancini

Elenco
Sophia Loren, Marcello Mastroianni, Lyudmila Savelyeva, Galina Andreyeva, Anna Carena, Germano Longo, Nadya Serednichenko, Glauco Onorato, Silvano Tranquilli, Marisa Traversi, Gunars Cilinskis, Carlo Ponti Jr., Pippo Starnazza, Dino Peretti, Giorgio Basso, Gianni Bortolotti, Umberto Di Grazia e Giuliano Girardi.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Anna Magnani, a “Mamma Roma”

*José Geraldo Couto



Miraculoso retrato da mulher forte. Foto: photo012/AFP

Anna Magnani (1908-1973) recusou o papel central de Noites de Cabíria, de Fellini, ao ler no roteiro uma cena em que a prostituta Cabíria se esconde no banheiro do cliente quando chega sua namorada. “Ei, Federico, você acha que eu sou mulher de me esconder no banheiro por causa de uma madame qualquer?”

O episódio ilustra bem a personalidade dessa atriz romana nascida na pobreza, de pai desconhecido, criada pela avó depois que a mãe a abandonou.

A formação de atriz se deu aos trancos na Academia de Arte Dramática de Roma e nos cabarés e teatros de variedades. Estreou no cinema no melodrama A Cega de Sorrento (Nunzio Malasomma, 1934) e logo se especializou em encarnar mulheres fortes do povo: quitandeiras, feirantes, operárias, prostitutas.

Em Teresa Venerdì (1941),de Vittorio De Sica, fez o papel autobiográfico de uma ambiciosa atriz de variedades, e quatro anos depois conquistou o mundo como a valente Pina, que enfrenta os nazistas em Roma, Cidade Aberta, de Rossellini.

Desde então, la Magnani tornou-se um símbolo de Roma e de um de seus tipos mais fortes, a mãe protetora e possessiva. É assim que ela aparece em Bellissima (1951), de Visconti, buscando fazer da filha uma atriz, e em Mamma Roma (1962), de Pasolini, em que tenta salvar o filho adolescente do crime.

Sua breve carreira em Hollywood lhe valeu o Oscar por A Rosa Tatuada (Daniel Mann, 1955), em papel escrito para ela por Tennessee Williams.
A Sidney Lumet, no set de Vidas em Fuga (1960), Anna disse: “Veja, Sidney, não sou uma atriz treinada. Ou sou um milagre ou sou um desastre”. Geralmente era um milagre.


Roma, Cidade Aberta (1945)
Durante a ocupação de Roma pelos nazistas, um líder da Resistência (Marcello Pagliero) é ajudado por um padre (Aldo Fabrizi) e um casal de noivos (Francesco Grandjacquet e Anna Magnani) a fugir da Gestapo.Filmado nas ruas, no calor da hora, o filme é marco inaugural do neorrealismo e um dos grandes clássicos do cinema.



Bellissima (1951)
Cineasta famoso está selecionando atrizes mirins para seu novo filme. Maddalena Cecconi (Anna Magnani) atende ao anúncio e leva a filhinha Maria para testes em Cinecittà. Seu marido operário (Gastone Renzelli) briga com ela pelo dinheiro gasto com professores, cabeleireiros e subornos. Belo Visconti em pegada neorrealista.


A Rosa Tatuada (1955)
Serafina (Anna Magnani), viúva de um caminhoneiro, descobre que o marido tinha uma amante.
Ao mesmo tempo conhece um novo caminhoneiro (Burt Lancaster), que tenta conquistá-la. Adaptação de Daniel Mann da peça de Tennessee Williams feita para Magnani, que não atuou no palco (em 1951) porque seu inglês ainda era ruim.
Fonte: CartaCapital

Calábria, culinária e filmes

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Fotos de Calabria

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A Calábria sempre foi dominada por civilizações fortes. Guarda muitas heranças dos gregos, por exemplo, que a ocuparam no século VIII a.C. Uma delas é o ritual de ler nas entranhas do porco abatido - antes de levá-lo para o prato - o futuro da família ou o sexo da criança que vai nascer. Depois, vieram os romanos, que ali deram continuidade à cultura do vinho. E assim sucessivamente, sempre absorvendo a influência de todos os povos. Árabes, germanos, lombardos, sicilianos. Todos aparecem em algum capítulo de resultado alimentício: agricultura, pecuária, panificação.

Rústica á a cozinha da Calábria que fica no “bicão” da bota italiana. É composta de pratos feitos de carne de porco temperada com cebola e louro e acompanhada de verduras e legumes como berinjelas, alcachofrinhas e azeitonas. É muito característica, obviamente, a pimenta calabresa.

O pão merece um capítulo à parte. Ocorre que a Calábria não é, diferente de muitas outras regiões da Itália, o que se pode chamar de farta em termos de comida. É uma região pobre, habituada a encontrar soluções para a combater qualquer desperdício. A panificação é uma delas. Fazer o pão pitta (chato) ou em outros tantos formatos é um movimento sagrado e muito sério para os calabreses.
Fonte: Site: http://www.italiaoggi.com.br

Dois filmes

Sábado, Domingo e Segunda
Direção: Eduardo De Filippo.
Itália, 1990.




Sob o Sol de Toscana
Direção: Audrey Wells.
EUA, 2003.








Intelectuais são perigo social

Ouça com atenção.
Muitas vezes também penso que sim.


Eduardo Galeano


sábado, 18 de junho de 2011

Beto Guedes canta

Sol de primavera


O sal da terra


Quando te vi

Sobre nudez

Podemos aprovar ou não.

A nudez pode ser arte, protesto, afeto, defesa de causas humanitárias ou simplesmente o desejo de estar nu tão somente.

Quanto à nudez da televisão e dos filmes é discutível. É legítima ou é apenas uma deturpação de manifestações legítimas da nudez?

De qualquer forma a nudez é uma manifestação de liberdade vencedora no mundo de hoje. Sua expressão ou não estará sujeita aos fatores condicionantes tais como mentalidade imperante no local, região ou país e auto-censura.












Grito é coisa do passado, a moda é protestar pelado

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Bell' Itália

Milhares de italianos comemoraram a vitória no referendo(realizado sábado e domingo p.p.)que derrotou o regresso à energia nuclear, a privatização da água e a imunidade dos governantes("legítimo impedimento",um dos escudos legais de Berlusconi)

Referendum: VITTORIA !



Verdi
Nabucco(Sacred Arias )


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Espanhóis gritam a deputados: "no pasarán"

A crise financeira não dá trégua na Europa e nem os indignados aos políticos

Em Barcelona o mote:
"Nós não entraremos, mas eles também não..."


Esta informação está vetada à população portuguesa

Está a passar nada em Espanha. Não se está a passar nada na Grécia. Não se está a passar nada em França. Não se está a passar nada na Macedónia. Não se está a passar nada na Europa. Não se está a passar nada no Mundo. Cuidado com os pepinos assassinos.


Barcelona ontem ao fim da tarde (14.06.2011)



Indignados de Barcelona cercam Parlamento Catalão

Tal como acontece na Grécia há vários dias, na Praça Syntagma, frente ao Parlamento grego, milhares de "indignados" espanhóis encontram-se concentrados junto às portas da Cidadela de Barcelona. Assim, a Cidadela de Barcelona está protegida por um cordão de várias centenas de polícias. No exterior concentraram-se milhares de pessoas, decididas a não deixar os deputados entrar no Parlamento.

Os manifestantes estão decididos a não deixar que esta 4ª feira os deputados entrem para votar novos cortes nos serviços sociais. O mote: "Nós não entraremos, mas eles também não..."

Em Assembleia Popular debateram-se as formas de evitar a entrada dos 135 deputados, sob a égide do grito 'no pasarán'. O Ministério do Interior mandou avisar os manifestantes que o impedimento de deixar os deputados entrar no Parlamento é um delito, mas os "acampados" consideraram, a uma só voz, que nem sempre o que é justo é legal, juntando que o seu protesto é "não violento, pacífico e massivo".

Os indignados dirigiram-se publicamente aos deputados para que não viessem ao Parlamento esta manhã, boicotando as medidas de austeridade. Instaram ainda os parlamentares a título individual: "se estão conscientes do que farão estes cortes sociais à maioria da população, não venham ao Parlamento". "Se vierem e nos encontrarem à porta, terão duas opções: voltar para trás ou unir-se a nós".

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Barcelona hoje de manhã (15.06.2011)




Pelo menos 40 deputados chegaram em carros da polícia, outros 24 aterraram de helicóptero. Os protestos em frente ao Parlamento da Catalunha, em Barcelona, intensificaram-se hoje cedo quando centenas de pessoas pertencentes ao movimento dos "indignados" espanhóis quiseram impedir a entrada dos deputados.

O cordão policial desta manhã não conseguiu evitar cenas de alguma violência. Os manifestantes conseguiram pintar com spray vermelho o deputado Joan Boada, atirar cascas de banana ao secretário-geral do partido Iniciativa per Catalunya (ICV), Joan Herrera, e pintar uma cruz negra na gabardina da ex-conselheira de Justiça Montserrat Tura.

A maioria dos deputados que entrou a pé foi recebida com gritos, insultos e empurrões, tendo entrado sob escolta policial no parlamento. Segundo conta o jornal La Vanguardia, para tentar passar despercebidos por entre a multidão, muitos deputados tiraram as gravatas, mas alguns foram reconhecidos pelos cerca de 2000 manifestantes no local.

No Parlamento estava agendado um debate sobre o orçamento da Catalunha que prevê uma redução em cerca de 10 por cento das despesas públicas e de prestações sociais e na área da saude, o que conta com a oposição dos "indignados", também conhecidos por movimento 15M, que se tem manifestado em diversas cidades espanholas.

De cada vez que entra um deputado, ouvem-se gritos como "Vocês não nos representam!", avança ainda o "La Vanguardia".

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E em Atenas na Grécia



Grécia: cinquenta mil indignados bloqueiam as saídas do parlamento

Segundo informam meios locais, cerca de 50.000 manifestantes têm-se congregado em frente ao edifício durante a noite desta terça-feira, impedindo a saída de deputadas e jornalistas que se encontravam no interior. A poucos minutos da meia-noite, os membros do parlamento conseguiram sair através de um corredor aberto pela Polícia.

Este é o sétimo dia consecutivo de protestos do movimento de Indignados, que acamparam na mesma praça do Parlamento, a praça Sintagma de Atenas
By Citadino

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Jorge Luis Borges um gênio da literatura sem Nobel

"Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção". Jorge Luis Borges

Argentina homenageia Jorge Luis Borges, um gênio da literatura sem Nobel


Nesse período de 62 anos, o autor de "Ficções" publicou mais de 30 livros nos gêneros ensaio, poesia e narrativa, que foram traduzidos para 25 idiomas, além de escrever centenas de artigos em jornais e revistas.

Buenos Aires - Ao completar um quarto de século da morte do escritor Jorge Luis Borges, a Argentina evoca seu gênio e sua obra, citada entre os clássicos da literatura universal, embora sua eterna candidatura ao Prêmio Nobel tenha sido frustrada, aparentemente por suas posturas políticas.

"Deixou tanto, mas tanto, que seu legado ainda está se acomodando entre nós", resumiu o premiado escritor argentino Ricardo Piglia ("Blanco Nocturno") sobre a obra de Borges, morto há 25 anos(14/06) na cidade suíça de Genebra, aos 86 anos.

As homenagens por ocasião do aniversário de falecimento se multiplicaram esta terça-feira de Buenos Aires a Veneza, onde a viúva do escritor, Maria Kodama, inaugurou um espaço em sua memória na forma de um labirinto, uma das obsessões na vasta obra do poeta, narrador e ensaísta.

Dezenas de escritores e leitores lembraram o autor de "O Aleph" na praça San Martín, no centro, um de seus lugares preferidos na capital argentina, e no centro cultural que leva seu nome na mesma cidade foi aberta a exposição "Histórias de um universo escrito".

Considerado um dos maiores escritores em língua castelhana depois de Miguel de Cervantes Saavedra, Borges começou sua prolífica carreira em 1923, aos 24 anos, com seu livro de poemas, "Fervor de Buenos Aires", e se encerrou em 1985, um ano antes de sua morte, também com a poética de "Os conjurados".

Nesse período de 62 anos, o autor de "Ficções" publicou mais de 30 livros nos gêneros ensaio, poesia e narrativa, que foram traduzidos para 25 idiomas, além de escrever centenas de artigos em jornais e revistas.

Sua influência na literatura deu origem ao chamado "estilo borgeano", que deixou sua marca em autores de língua inglesa como Ian McEwan, Martin Amis, Salman Rushdie e em latino-americanos como o chileno Roberto Bolaño, o mexicano Carlos Fuentes e em seu compatriota, Julio Cortázar.

"Há algo de libertador na escrita de Borges; é o puro prazer do jogo de abstração literária", disse McEwan ("Sábado" e "Amor sem Fim").

Córtazar afirmou, por sua vez, que "a grande lição de Borges não foi a lição temática, nem de conteúdos, nem de mecânicas. Foi uma lição de escrita. A atitude de um homem que, diante de cada frase, pensou cuidadosamente não que adjetivo colocar, mas que adjetivo tirar".

Borges recebeu dezenas de reconhecimentos de universidades e governos e muitos prêmios como o Cervantes, o mais importante da língua espanhola, mas sua candidatura de 30 anos consecutivos ao Nobel terminou frustrada, aparentemente por suas controversas posições políticas.

Entre suas posições polêmicas, em 1976, o autor de "Livro de Areia" foi premiado pelo ditador chileno Augusto Pinochet e elogiou o regime militar argentino (1976-83), embora em 1985 tenha voltado atrás e assistiu a uma das audiências do histórico julgamento dos chefes de governo de fato.
Fonte: http://w.w.w.d24am.com/


A ideologia do FMI: O “Consenso de Washington”

Os pilares da ideologia do FMI são vulgarmente sintetizados no chamado “Consenso do Washington”. O objectivo é reestruturar, segundo os interesses da finança mundial, capitalismos considerados arcaicos, porque insuficientemente abertos. Uma ideologia para concretizar com três tipos de medidas: 1. Austeridade; 2. Privatização; 3. Liberalização.

Raciocinando em termos estritamente económicos – excluindo factores humanos – o FMI não foi bem sucedido, nem no quadro estreito que tinha fixado. O FMI provocou combates de rua no mundo inteiro. E não são as revoltas que restabelecem a confiança...

Os pilares da ideologia do FMI são vulgarmente sintetizados no chamado “Consenso do Washington”. O objectivo é reestruturar, segundo os interesses da finança mundial, capitalismos considerados arcaicos, porque insuficientemente abertos. Uma ideologia para concretizar com três tipos de medidas: 1. Austeridade; 2. Privatização; 3. Liberalização.

1. A austeridade

Os pilares do Consenso de Washington, a austeridade, a privatização e a liberalização foram concebidos para responder a uma situação particular, a da América Latina no início dos anos 80.
Assim, o FMI impõe aos países em dificuldade, na quase totalidade dos casos, a aplicação estrita dos seguintes pontos:

- Disciplina orçamental

Diminuição das despesas públicas, redução dos serviços públicos essenciais e dos programas sociais, transformação da saúde e da educação públicas em serviços pagos, supressão das subvenções aos produtos de primeira necessidade.

- Aumento de impostos

- Disciplina monetária, subida das taxas de juro destinadas a manter o curso do câmbio num nível elevado

- Abertura do mercado interno à concorrência estrangeira, graças à privatização e à liberalização

- Restabelecimento de excedentes da balança comercial para permitir o pagamento do serviço da dívida. Sem mesmo tomar em conta que a corrida geral às exportações, sinónimo de guerra de preços, agravará a situação já difícil dos países em desenvolvimento. Mas é essa a prioridade dos interesses da finança internacional...

A subida das taxas de juro evidentemente beneficia mais os ricos que os pobres na medida em que os primeiros dispõem de activos enquanto que os segundos estão endividados. Da mesma forma, a insistência na estabilidade da moeda beneficia evidentemente os detentores de capitais.

Como disse Jeffrey Sachs, do Instituto Harvard, “impondo uma purga draconiana a países já exangues, o FMI reinventou a política suicidária dos anos 30”. Estas políticas, que se poderiam justificar em algum local ou momento, tornaram-se um fim em si.

2. A privatização

“O problema não é tanto que o Estado ocupe demasiado espaço , mas que não esteja a fazer o que lhe compete”1. Em numerosos casos – não pode existir regra geral – as empresas privadas, concorrendo entre si podem desempenhar certas tarefas melhor que o Estado.

No entanto, a privatização pressupõe que certas condições estejam preenchidas. Em particular, que os mercados reajam de imediato para responder às necessidades que o Estado inicialmente cumpria. Ora, se o Estado intervém é precisamente porque os mercados não asseguram serviços essenciais. Nestas condições, a sua eliminação pode provocar um impasse.

A privatização deveria por conseguinte inscrever-se numa estratégia global que incluísse:

- a criação de empregos em articulação com a inevitável perda de postos de trabalho que ela muitas vezes provoca,

- a tomada em linha de conta com os custos sociais que ela induz muitas vezes: o desemprego conduz frequentemente à violência urbana... esquecida pelos cálculos económicos...

Inúmeros testemunhos referem, de maneira dramática, termos muito abstractos como “impacto na vida e nos meios de existência de milhões de pessoas”.

3. A liberalização

Liberalizar, outro pilar do Consenso de Washington, tem componentes muito variados: o comércio, os capitais...

3.1. A liberalização do comércio

É suposto que a liberalização aumente o rendimento de um país, forçando-o a transferir os seus recursos de usos menos produtivos para outros mais produtivos. Pelo contrário, transferir os recursos para usos de produtividade zero não beneficia o país... Por outro lado, a criação de actividades produtivas é condicionada pela existência de capital e de empreendedorismo.

Os países em desenvolvimento que têm melhor sucesso são aqueles que, como a China, apenas se abrem ao exterior lenta e progressivamente.

Enfim, os países ocidentais que exigem a liberdade de comércio para os produtos que exportam continuam a proteger, no seu país, os sectores expostos ao comércio dos países em desenvolvimento. A conversão dos Estados Unidos ao livre-câmbio data apenas do pós segunda guerra mundial, isto é do momento em que se tornaram a primeira potência económica mundial. E esta conversão é apenas relativa: os Estados Unidos mantêm barreiras aduaneiras, subsídios à agricultura, cartéis do aço que não são apenas simbólicos.
Dois pesos, duas medidas...

3.2 A liberalização dos capitais

A liberalização dos capitais – o investimento privado internacional, considerado como o único portador de eficácia – pode, sem dúvida, contribuir para a importação de novas tecnologias, assim como de novas actividades criadoras de emprego. A mundialização, aqui como sempre, deve ser bem compreendida...


Frequentemente, a implantação nos países em desenvolvimento de empresas estrangeiras destrói os concorrentes locais mais fracos, como tem sido o caso da Coca-Cola. Mais grave, as empresas estrangeiras, beneficiando agora do monopólio, manipulam os preços segundo a sua vontade...
Da mesma forma, no quadro da liberalização, as empresas que investem decidem livremente a sua política e, em particular, a sua política de financiamento. Aos Estados em desenvolvimento resta apenas adaptarem-se às situações assim criadas.

Os mesmos inconvenientes no sector bancário: a entrada de bancos estrangeiros só deveria ser liberalizada num contexto concorrencial, caracterizado pela existência prévia de um sistema bancário sólido no respectivo país.

Sem concorrência, os bancos estrangeiros, dominando agora o terreno, desprezarão as PME locais e preferirão conceder empréstimos às multinacionais. Toda a economia rural local, já em dificuldade com as importações subsidiadas provenientes dos países do Norte, fica em risco de se afundar...

Outras consequências da liberalização forçada: procura de privilégios, tais como protecções aduaneiras, imposição de contratos desiguais, infiltração dos meios políticos, flutuações consecutivas das taxas de câmbio de acordo com as vagas sucessivas de fluxo e refluxo de capitais...

Aqui, como no domínio da privatização, a liberalização deveria exigir uma política prudente e progressiva.

Em resumo, há muito poucas provas que a liberalização dos capitais favoreça o crescimento. Pelo contrário, a liberalização financeira gera instabilidade económica.
O pagamento da dívida tornou-se um pré-requisito para manter a confiança do mercado de capitais. Daí, um desenvolvimento forçado das exportações, o alinhamento dos preços com os do mercado mundial, fixados pelos países industrializados... E os preços, paralelamente a uma pressão constante sobre os custos de produção – particularmente sobre os salários – apenas poderão tender a baixar, tendo em conta que a quase totalidade dos países endividados se esforçam por vender os mesmos produtos nos mercados.

Os “pilares” representam assim posições exactamente contrárias aos modelos previstos na altura da independência das antigas colónias: privatizações em oposição às nacionalizações, liberalização em oposição ao proteccionismo, excedentes da balança comercial em oposição ao mercado interno.

É necessário perguntar porque os países que durante muito tempo seguiram as recomendações do FMI e do Banco Mundial se podem encontrar na situação actual. “A liberalização foi programada pelos países ocidentais para os países ocidentais”, assim se exprimiu o jornal Le Monde.

Além disso, segundo a ortodoxia neoliberal, “nada deve parar a liberalização... Os bens e os serviços, o trabalho, a terra, e amanhã, o corpo, os órgãos, o sangue, o esperma, o aluguer de úteros entram no circuito mercantil”... [Exigem] que os 'produtos culturais' sejam tratados como mercadorias “como as outras e as excepções culturais como um banal e penoso proteccionismo...”

A lista dos erros do FMI ainda não terminou...

Mais grave ainda, os erros do calendário, assim como a insensibilidade ao contexto social, como impor a liberalização antes de estabelecer redes de segurança, destruir empregos antes de lançar as bases da criação de empregos, impor a privatização antes de estimular a concorrência.

A amplitude do desastre verifica-se no social. As classes médias proletarizam-se, as camadas operárias empobrecem, esvaziando quase totalmente o espaço entre uma pequena casta de rendimentos muito elevados e a grande massa dos pobres e dos muito pobres.
Raciocinando em termos estritamente económicos – excluindo factores humanos – o FMI não foi bem sucedido, nem no quadro estreito que tinha fixado. O FMI provocou combates de rua no mundo inteiro. E não são as revoltas que restabelecem a confiança...

O FMI nunca compreendeu que o desenvolvimento passa por uma transformação da sociedade, por exemplo, pela instauração de um ensino primário generalizado. Em numerosos casos, por estreitas razões de política orçamental, a instituição fez até pressão sobre os países beneficiários para que tornem o ensino pago...

O FMI encontrou o meio de desbloquear milhares de milhões de dólares a favor dos países em recessão. De facto, lançou operações de salvação a favor da comunidade financeira internacional que tinha acumulado créditos sobre países que se tornaram incobráveis. Créditos acumulados segurados por uma operação de salvação que interviria em caso de necessidade... Pelo contrário, o FMI não encontrou os milhões que teriam permitido continuar a subsidiar os produtos de primeira necessidade.

Em conclusão, a liberalização conduziu a resultados opostos aos objectivos anunciados...

Extracto de texto de Attac Luxemburgo e Werthauer Philippe, disponível no site de Attac França.
Traduzido por Carlos Santos para esquerda.net
________________________________________
1 Joseph Stiglitz, “Globalização: A grande desilusão”, Edição Terramar, página 94.
2 Joseph Stiglitz, “Globalização: A grande desilusão”, Edição Terramar, página 98.
3 Structural Adjustment,www.globalissues.org
4 Le Monde Diplomatique – Paysage d’après crise en Thaïlande, Ph. Golub, juin 2001
5 S. Latouche – La Planète Uniforme, Editions Climats, 2000
6 No FMI, “alguns administradores” consideraram que “certas reformas estruturais poderiam ser aplicadas num ritmo e cadência diferentes; que num primeiro tempo, o seu número poderia ser limitado; que algumas [reformas] poderiam ser adiadas para uma fase posterior à estabilização”. Esta opinião permaneceu minoritária. Relatório anual do FMI para o exercício de 1998-1999.
FONTE: ESQUERDA.NET

terça-feira, 14 de junho de 2011

Slavoj Zizek: Capitalismo não é única opção da humanidade

Em um determinado momento da Primeira Guerra Mundial, em uma trincheira, um soldado alemão envia uma mensagem informando que a situação por lá “era catastrófica, mas não era grave”. Em seguida, recebeu a resposta dos aliados austríacos afirmando que a situação deles era “grave, mas não catastrófica”.

Essa anedota é representada pelo filósofo Slavoj Zizek para explicar a atual falta de equilíbrio nas discussões sobre as crises mundiais e nas possíveis alternativas para solucioná-las. “Uns acham que vivemos uma situação catastrófica, mas que não é grave. Outros que a situação é grave, mas não catastrófica”, expôs o professor nascido na Eslovênia.

Neste fim de semana, Zizek participou da conferência “Revoluções, uma política do sensível”, promovida pelo Instituto de Tecnologia Social, pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, pelo SESC-SP e pela Boitempo Editorial. Com bom humor e comentários ácidos e perspicazes, ele defendeu a importância de um debate alternativo à imposição do capitalismo como única lógica possível de organização. Também criticou a forma como as mídias e os governos pautam a discussão ambiental.

Durante o encontro, o professor explicou que a importância do trabalho filosófico está na prática de “destruição do pensamento dominante”. Ele alertou que é preciso colocar um fim à predominância da ideologia capitalista, já que a maioria das pessoas age como se não houvesse outra alternativa.

Comunismo como opção


“Os problemas que enfrentamos são comuns a todos nós, por isso o comunismo é uma alternativa. A utopia que temos hoje é acreditar que soluções isoladas é que vão resolver os problemas mundiais”, argumenta Zizek.

Para o filósofo, devemos pensar em uma forma de organização política que “esteja fora da lógica e das regras do mercado”. A República Democrática do Congo, segundo o professor, é um sintoma do capitalismo global. “É um Estado que simplesmente não funciona como Estado. Trata-se de uma série de áreas controladas por generais locais que mantêm contratos com grandes empresas internacionais”.

Ele afirma que, a todo momento, dizem que comunismo é algo impossível. “Cientistas discutem aperfeiçoamentos genéticos que podem nos dar a imortalidade. Outros falam do uso da telepatia para operar aparelhos. Não podemos deixar que nos digam que o queremos é impossível!”, diz.

Zizek cita o exemplo da China onde, segundo ele, foram proibidos livros, filmes, gibis e qualquer outra produção artística e cultural que sugira ou faça referência a realidades alternativas. “No Ocidente, não é preciso que nenhum governo proíba isso, nós encaramos a realidade como se ela só pudesse ser dessa forma”, analisa.

Capitalismo ético-social?

O capitalismo tem um enorme poder de absolver as críticas que recebe e de transformá-las em novas fontes de lucro, explica Zizek. “Hoje há uma espécie de capitalismo ‘ético-social’. Para você ficar com a consciência mais tranqüila, as grandes marcas dizem que 1% do valor do produto vai para crianças que passam fome ou para plantar mudas de árvores”, diz.

Ele esclarece que essa lógica é própria da filosofia norte-americana, que vende a ideia de que, assim, “estamos salvando o mundo”. E nos sentimos bem com isso.

Os problemas capitalistas estão sendo vistos como problemas morais, esclarece Zizek. Para ele, o problema disso é que, a partir desta visão, as pessoas comecem a acreditar que punições ou soluções morais são suficientes para resolver os problemas provocados pelo capitalismo.

“Vejam como o presidente (dos EUA, Barack) Obama tratou a questão do vazamento de petróleo no México. Um problema ambiental foi transformado em um problema legal. Discutiu-se o se a empresa teria de recompensar e de quanto seria essa multa. É ridículo tratar um caso desses como uma simples questão legal”, exemplifica.

A crise ambiental

Quando a preocupação com a degradação ambiental ganhou força, a mídia dizia que isso era coisa de comunista que estava arrumando uma desculpa para criticar o capitalismo, conta o filósofo. “Agora há um discurso mais ambíguo, os canais de comunicação dizem, por exemplo, que quando as camadas de gelo derreterem, vai ficar mais barato comprar os produtos chineses”, ironiza Zizek.

Para ele, há um “mecanismo de negação” em torno da questão ambiental. “Fala-se tanto da gravidade da natureza, de que o mundo pode acabar em um, dois anos, que isso amortiza a consciências das pessoas. Elas pensam: ‘Se eu falar muito nisso, talvez nada aconteça!’” ilustra o professor.

De acordo com Zizek, a ideia de sustentabilidade é um mito e não há “equilíbrio ideal com a natureza para o qual podemos retornar”. Uma das ideia mais difundidas é que devemos buscar pequenas soluções para o meio ambiente. “Vocês gostam de torcer no futebol, não? Quando vão ao estádio e ficam gritando e pulando, acham que isso faz o seu time vencer. A reciclagem é igual a essa torcida”, brinca Zizek.

Oriente Médio e África

Zizek aponta que as recentes manifestações no Oriente Médio e na África mostram, ao contrário do que o Ocidente afirmava, que eles são capazes de se organizar por questões que vão além do fundamentalismo ou do anti-ceticismo.

Para os padrões ocidentais, a liberdade em um país é medida, principalmente, na existência ou não de mecanismos eleitorais e no respeito aos direitos humanos. “A liberdade, como já dizia Marx, deve ser vista em como se dão as relações sociais. É preciso ver se as pessoas possuem liberdade dentro dos mecanismos sociais”.

Segundo o filósofo, o momento mais importante destas revoluções é o “dia seguinte”. “Estamos muito animados com estes recentes acontecimentos. Mas a verdadeira revolução precisa acontecer agora”.

Garantia Acme

Slavoj Zizek concluiu a palestra com a previsão de que, ainda que demore mais um tempo, o sistema global vai revelar como é frágil, apesar de aparentar ser invencível. “O capitalismo está na mesma situação do Coiote perseguindo o Papa-léguas. Ela já passou a linha do abismo, só falta ele olhar para baixo e ver que não está mais pisando no chão!”.
Fonte: Opera Mundi

As recessões são deliberadamente criadas pelos bancos

Documentário: A verdade da crise de 2008
narrado por Matt Damon.

Trailer Oficial Português - INSIDE JOB - A


Verdade da crise
(extraído de Um Homem das Cidades)

Numa economia é necessária uma adequada disponibilidade de moeda

Uma disponibilidade de moeda adequada é indispensável a uma sociedade civilizada. Podemos privar-nos de muitas outras coisa, mas sem dinheiro, a indústria paralisava, as propriedades rurais tornar-se-iam unidades auto-sustentadas, excedentes de alimentos desapareceriam, trabalhos que precisem mais do que um homem ou uma família fixariam por fazer, remessas e grandes movimentos de produtos cessariam, pessoas com fome dedicar-se-iam à pilhagem e matariam para permanecer vivas, e todo o governo, excepto a família ou a tribo, deixaria de funcionar.

Um exagero, dirão? Nada disso. O dinheiro é o sangue da sociedade civilizada, o meio pelo qual são feitas todas as transacções comerciais excepto a simples troca directa. É a medida e o instrumento pelo qual um produto é vendido e outro comprado. Removam o dinheiro ou reduzam a disponibilidade de moeda abaixo do que é necessário para levar a cabo os níveis correntes de comércio, e os resultados são catastróficos.

Como exemplo, bastará debruçarmo-nos sobre a Depressão Americana nos princípios dos anos 30 do século XX.

Depressão bancária de 1930

Em 1930 os Estados Unidos não tinham falta de capacidade industrial, propriedades rurais férteis, trabalhadores experientes e determinados e famílias laboriosas. Tinham um amplo e eficiente sistema de transportes ferroviários, redes de estradas, e canais e rotas marítimas. As comunicações entre regiões e localidades eram as melhores do mundo, utilizando telefone, teletipo, rádio e um sistema de correios governamental perfeitamente operacional.

Nenhuma guerra destruiu as cidades do interior, nenhuma epidemia dizimou, nem nenhuma fome se aproximou do campo. Só faltava uma coisa aos Estados Unidos da América em 1930: uma adequada disponibilidade de moeda para negociar e para o comércio.

No princípio dos anos 30 do século XX, os banqueiros, a única fonte de dinheiro novo e crédito, recusaram deliberadamente empréstimos às indústrias, às lojas e às propriedades rurais. Contudo, eram exigidos os pagamentos dos empréstimos existentes, e o dinheiro desapareceu rapidamente de circulação. As mercadorias estavam disponíveis para serem transaccionadas, os empregos à espera para serem criados, mas a falta de dinheiro paralisou a nação.

Com este simples estratagema a América foi colocada em "depressão" e os banqueiros apropriaram-se de centenas e centenas de propriedades rurais, casas e propriedades comerciais. Foi dito às pessoas, "os tempos estão difíceis" e "o dinheiro é pouco". Não compreendendo o sistema, as pessoas foram cruelmente roubadas dos seus ganhos, das suas poupanças e das suas propriedades.

Sem dinheiro para a paz, mas com muito dinheiro para a guerra

A Segunda Guerra Mundial acabou com a "Depressão". Os mesmos banqueiros que no início dos anos trinta não faziam empréstimos em tempos de paz para a compra de casas, comida e roupas, de repente tinham biliões ilimitados para emprestar para material militar, rações de combate e uniformes.

Uma nação que em 1934 não conseguia produzir alimentos para venda, repentinamente podia produzir milhões de bombas para enviar para a Alemanha e para o Japão.

Com o súbito aumento da quantidade de dinheiro, as pessoas eram contratadas, as propriedades rurais vendiam os seus produtos, as fábricas começaram a funcionar em dois turnos, as minas foram reabertas, e "A Grande Depressão" acabou!

Alguns políticos foram considerados culpados pela depressão e outros ficaram com os méritos por ter acabado com ela. A verdade é que a falta de dinheiro causada pelos bancos trouxe a depressão, e a quantidade adequada de dinheiro acabou com ela. Nunca foi dito às pessoas a simples verdade de que os banqueiros que controlam o nosso dinheiro e crédito usaram esse controlo para saquear a América e colocá-los a todos na escravidão.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Democracia real já!

DEMOCRACIA REAL YA

A 19/06/2011 Sai à rua contra o pacto do euro



A 15 de Maio começou tudo
Saímos à rua para exigir uma democracia real
Para gritar que não somos mercadoria nas mãos de políticos e banqueiros
...Nesse dia acendemos a chama
E não queremos que a chama se apague
Esta revolução pacífica continua
Continuaremos até que nos ouçam
Juntos com as acampadas dos indignados
Voltaremos a sair às ruas, agora contra o pacto do euro
Porque não queremos que hipotequem o nosso futuro
Porque não queremos pagar uma dívida ilegítima
Não mais cortes na nossa Saúde
Não mais cortes na Educação
Não mais a destruição dos direitos dos trabalhadores
Por uma reforma digna
Por salários dignos
Exigimos que a crise seja paga por quem a criou
Exigimos que se governe para o povo e não contra o povo
E por muito que tentem impedi-lo
Por muito que queiram calar-nos
A sua violência é a nossa convicção

A 19/06/2011
Sai à rua!


www.democraciarealya.es

Cartel bancário internacional, crise financeira e austeridade

Com a globalização todo cuidado é pouco

Stiglitz: Austeridade levará EUA e Europa à estagnação

O Nobel da Economia Joseph Stiglitz considera que os EUA e a Europa estão a tomar más decisões para tentar superar a crise e assegura que as políticas de austeridade não são a solução.

Segundo noticia a Europapress.es, esta sexta-feira, durante a sua intervenção na reunião anual do Círculo de Economia em Sitges, Joseph Stiglitz alertou que “a estratégia de austeridade é uma estratégia que vai condenar os EUA e a Europa à estagnação, ao baixo crescimento e, por sua vez, o défice não poderá melhorar muito”.
O economista admitiu que é compreensível a adopção de medidas de austeridade, devido ao tamanho dos défices públicos, mas argumentou que a austeridade dos governos não tem ajudado, levando a uma grande baixa no consumo interno, enfraquecendo o investimento e as exportações.

Stiglitz critica acção dos bancos centrais

Stiglitz teceu duras críticas aos bancos centrais, dizendo que “não são a fonte da sabedoria” e têm antes “fortes prioridades políticas”. Uma situação mais presente na Europa do que nos EUA, sustentou.
Neste sentido, o economista criticou o resgate da Grécia: “Não se trata de um resgate, mas de uma protecção dos bancos europeus que têm emprestado muito, tornando-se credores desses países, e agora vêem-se ameaçados com uma possível reestruturação.”

“A sequência dos resgates, o que faz é agravar o problema”, advertiu, argumentando que desta forma transfere-se a dívida do sector privado para o Governo, que em caso de reestruturação deve responder.
Stiglitz afirmou que os EUA, por exemplo, deveriam levar a cabo reformas para reestruturar os impostos e os programas de despesas, o que poderia levar a um maior crescimento, uma maior procura associada a um défice menor.
Já no caso da União Europeia, Stiglitz apontou que a solução seria criar um fundo de solidariedade, mas sublinhou que a melhor opção é uma reestruturação bancária.
Fonte: Esquerda. Net

A austeridade é perigosa
Mark Blyth.
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Swingin' Bach por Taro Hakase e Iwao Furusaw

domingo, 12 de junho de 2011

Destruição criadora e empresário inovador

A "destruição criativa" em economia é um conceito do jovem jesuíta, banqueiro falido e ministro das finanças austríaco Joseph Schumpeter (1883-1950) teorizado na sua obra “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (1942). Ela descreve o processo de inovação, que tem lugar numa economia de mercado em que novos produtos destroem velhas empresas e antigos modelos de negócios. Para Schumpeter, que depois leccionou nas Universidades de Harvard e Cambridge (Massachusetts, EUA), as inovações dos empresários são a força motriz do crescimento económico sustentado a longo prazo, apesar de que poderia destruir empresas bem estabelecidas, reduzindo desta forma o monopólio do poder. "O processo de destruição criadora", escreveu Schumpeter em letras maiúsculas, "é o factor essencial do capitalismo", com o seu protagonista central no empresário inovador” (Wikipedia)
By xatoo

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Time: "Todo mundo deveria amar os turistas brasileiros"

Artigo da Time: "Todo mundo deveria amar os turistas brasileiros"

Setor de turismo dos EUA pede fim de visto para brasileiros

Representantes defendem que Brasil seja incluído em lista de países que não precisam da autorização, como Coreia do Sul e Portugal
Pedro Carvalho, iG São Paulo 10/06/2011 15:20
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Representantes do setor de turismo norte-americano defenderam, em artigo publicado pela revista Time, que o Brasil entre para a lista de 36 países cujos cidadãos não precisam de visto para fazer viagens curtas aos EUA. O rol inclui nações como Lituânia, Malta, Coreia do Sul, Brunei, Cingapura, Letônia, Liechtenstein e Portugal – e não tem nenhum latino-americano. Para ser contemplado, um país precisa cumprir requisitos como compartilhar informações sobre os passageiros com autoridades americanas, possuir passaporte com chip eletrônico e ter um índice de aprovação dos pedidos de visto de 97% – nos consulados brasileiros, o número fica próximo a 95%.

“Se essas exigências são atingidas, os governos podem discutir a questão, mas essa negociação costuma ser muito fácil”, afirma Benjamin Chiang, adido de imprensa do consulado americano em São Paulo. “Os EUA têm grande interesse em receber turistas brasileiros, que gastam muito”, diz. De fato, os brasileiros gastam cada vez mais no exterior – somente em abril, eles deixaram R$ 2,2 bilhões em viagens fora do País, valor 83% maior que no mesmo período do ano passado. Mas o processo para conseguirem um visto para visitar os EUA ainda é caro e demorado.

Nos últimos cinco anos, o número de pedidos de vistou para viajar aos EUA cresceu 234% no Brasil, mais do que em qualquer outro país – superou até a alta chinesa, de 124%. Mas só quatro cidades brasileiras têm consulados americanos: Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Muitas famílias precisam se deslocar e pagar por hospedagem nesses locais para fazer a entrevista de visto, que custa US$ 140 cada. No consulado de São Paulo, que processa em média 2.300 vistos por dia – mais do que qualquer outro no mundo –, a espera para ser entrevistado pode chegar a 141 dias.






Foto: AE
“EUA têm grande interesse em turistas brasileiros, que gastam muito”, diz adido americano ao iG








Para o setor de turismo, isso prejudica a competitividade dos EUA. A Associação Americana de Turismo (a U.S. Travel Association) propõe, de acordo com a Time, que seja feita uma reforma simples na lei, baseada em quatro pontos. Isso facilitaria a entrada de turistas de países como Brasil e Chile. Roger Dow, presidente da entidade, acredita que a medida traria US$ 10,3 bilhões à economia americana e geraria 95.100 novos empregos. Para ele, essa reforma não comprometeria a segurança dos cidadãos americanos – e até ajudaria na questão. “Quando você trata todos os viajantes como terroristas, [o trabalho de segurança nacional] fica mais difícil”, declarou.

Martha Pantín, diretora de comunicação da American Airlines, afirma que a empresa “apoia fortemente” a ideia. Ela espera que a inclusão de Chile, Brasil e Argentina na lista de países com viajantes confiáveis ocorra “num futuro muito próximo”. Pantín acredita que a legislação posterior ao 11 de setembro, quando foi suspenso o programa Transfer Withou a Visa, fez com que muitos latinos trocassem os EUA por outros destinos turísticos. Segundo ela, o número de chilenos que viajam ao país caiu mais de 30% nos últimos dez anos, período em que aumentou em 50% a quantidade de chilenos que fazem turismo no exterior.

No tom geral, o texto da Time se mostra favorável ao fim do visto para países como o Brasil. “Todo mundo deveria amar os turistas brasileiros. Eles gastam mais dinheiro per capta que qualquer outra nacionalidade”, diz a revista. “Em vez de esticar um tapete vermelho (...), os EUA fazem os brasileiros passarem por um processo demorado e caro para conseguir um visto”, afirma. “No passado, a maioria dos brasileiros costumava ir aos EUA atrás de um emprego; agora, eles vêm gastar dinheiro e criar empregos”, conclui a publicação.
Fonte: Portal iG

Paradigma alternativo de sociedade

A partir da obra fundamental de Marx e dos contributos, tão diversos entre si, de Schumpeter (1942) e de Karl Polanyi (1944), é hoje consensual entre os economistas e sociólogos políticos que o capitalismo necessita de adversários credíveis que actuem como correctivos da sua tendência para a irracionalidade e para a auto-destruição, a qual lhe advém da pulsão para funcionalizar ou destruir tudo o que pode interpor-se no seu inexorável caminho para a acumulação infinita de riqueza, por mais anti-sociais e injustas que sejam as consequências.

Durante o século XX, esse correctivo foi a ameaça do comunismo e foi a partir dela que, na Europa, se construiu a social-democracia (o modelo social europeu, o Estado Providência e o direito laboral). Curiosamente, a correcção do capitalismo foi possível devido à existência, no horizonte de possibilidades, de um paradigama alternativo de sociedade, o comunismo e o socialismo. A ameaça credível de que ele pudesse vir a suplantar o capitalismo obrigou a manter algum nivel de racionalidade, sobretudo no centro do sistema mundial. Extinta essa ameaça, não foi até hoje possível construir outro adversário credível a nivel global. Na Europa, a social-democracia começou a ruir no dia em que caiu o Muro de Berlim.
By xatoo

O mito da mãe perfeita

Não há um modelo único de boa mãe e muitas mulheres farão melhor se jamais forem mães

Pela multiplicidade dos modelos maternais

Filósofa francesa critica o mito da mãe perfeita em novo livro

Em entrevista, Elisabeth Badinter rechaça o ideal da maternidade atual e diz que não há um modelo único de mãe para ser seguido


Foto: Elisabeth Badinter, autora de "O Conflito": pela multiplicidade dos modelos maternais


Desde a década de 70 as mulheres vêm tentando conciliar a maternidade à realização pessoal, lutando por direitos e liberdades até então característicos do mundo masculino. Porém, para a escritora e filósofa francesa Elisabeth Badinter, o passar do tempo não foi capaz de quebrar o “mito do maternalismo”, conceito baseado na existência do “instinto materno”, que deixou às mulheres uma ordem aparentemente inquestionável: é natural que elas sejam mães, e elas devem ser mães infalíveis. Mas e os desejos, anseios e vontades destas mulheres, onde ficam?

Autora do livro “O Conflito – A Mulher e a Mãe” (Editora Record), lançado recentemente, Badinter contou ao Delas que, ao longo dos anos, as mulheres acrescentaram às próprias vidas mais do que somente os filhos. Com as possibilidades de escolhas, elas foram sobrecarregadas por todos os lados e cobradas a serem mais do que perfeitas no cumprimento dos deveres maternos. Este estado de coisas, segundo ela, é interessante para a permanência da dominação masculina e para obrigar as mulheres a continuarem se devotando por completo aos filhos. É contra isso que Badinter milita. Segundo ela, a mãe que dá mamadeira ao filho não é menos mãe que aquela que amamenta. "Acrescentamos uma tonelada de culpa nos ombros maternais", diz. Veja abaixo entrevista com a autora, concedida por e-mail.

iG: Como você vê a maternidade e a maneira que as mulheres lidam com ela atualmente? Aconteceram muitas mudanças nesta concepção desde a década de 70 até os dias de hoje?
Elisabeth Badinter: Há 30 anos a vulgarização abusiva da psicanálise engendrou a ideia de que a felicidade, a inteligência e o desabrochar da criança – portanto, o equilíbrio dela no futuro – dependem essencialmente do comportamento da mãe. Deste então, os ecologistas e outros adoradores da natureza contribuíram para que essa crença realmente existisse: de que para ser uma boa mãe, por exemplo, preocupada com a saúde do filho, é necessário amamentá-lo 24 horas por dia. E, de preferência, se devotar inteiramente a ele durante um ou dois anos. O resultado: as mães que não querem se conformar com essas diretrizes são cada vez mais consideradas mães indignas, e suas amigas as olham com suspeita. Com o passar dos anos, de fato, acabamos acrescentando uma tonelada de culpa nos ombros maternais.

iG: Quais são as diferenças entre maternidade e paternidade atualmente? O pai moderno também colabora para cuidar do filho e dos afazeres domésticos hoje em dia ou ainda não chegamos a este ponto?
Elisabeth Badinter: Durante os anos 70 e 80 as jovens mulheres chamavam massivamente seus companheiros para ajudar no cumprimento dos papéis de pais – e também de donos de casa – em nome da justiça e da igualdade dos sexos. Os homens de boa vontade, portanto, começaram a cumprir as tarefas que acreditávamos até então serem reservadas às mães: dar banho nas crianças, alimentá-las, levá-las para passear, trocar a roupa delas. Eles eram chamados, ironicamente, de “papais-galinhas”. Com isso, ao invés desta mudança ser encorajada, estes pais acabaram sendo alvo de gozação e os pediatras da moda explicavam às mulheres que eles não tinham que se comportar como mães. Atualmente, os pais das classes médias fazem ainda mais do que faziam seus avôs, mas a participação deles é totalmente insuficiente. Por falta de uma pressão social e ideológica sobre eles – não está mais na moda que isso aconteça – os pais se sentem menos culpados em deixar o essencial do trabalho e das responsabilidades à mãe, que proclama cada vez mais que este é o seu papel “natural”. Mas eu luto para que justamente este endeusamento da natureza maternal seja abandonado e que nós chamemos os pais outra vez para dividirem igualitariamente as tarefas e funções relacionadas aos filhos e à casa.

Foto:Capa do livro "O Conflito - A Mulher e a Mãe"


















iG: Os casais que têm filhos atualmente costumam ter razões para tal ou simplesmente, na maioria das vezes, acabam seguindo as normas sem realmente pensar nas vantagens e desvantagens? Quais seriam estas principais razões?
Elisabeth Badinter: Há diversas razões para se ter filhos, e a maioria das razões é egoísta. Tirando os que veem ter filhos como uma ordem de Deus, os outros fazem crianças para “concretizar” um sentimento amoroso, para não envelhecerem sozinhos, para receberem amor, para transmitirem suas histórias, por ser uma nova experiência que pode apimentar uma vida “sem graça”. Estranhamente, a maioria de nós é invadida por todo tipo de ilusões: só enxergamos a felicidade e o amor que uma criança pode nos trazer e esquecemos a soma de problemas e sacrifícios que a presença dela induz, e até mesmo o ódio pelos pais que ela poderá sentir e provar em determinados períodos. Entretanto, carregamos tanto o barco dos deveres maternais em alguns países – como Alemanha, Itália e Japão – e apagamos tanto o interesse pessoal da mulher que muitas delas fazem menos filhos, ou não fazem nenhum. Estas mulheres se recusam a sacrificar a vida de mulher para a maternidade e pensam que, assim, elas terão uma vida mais livre e aberta se comparada com a que as próprias mães tiveram.

iG: O que deveria ser feito para que as mulheres não abandonem a maternidade de vez?
Elisabeth Badinter: Para que a maternidade continue uma prioridade, são necessárias várias condições: tirar a culpa das mulheres que querem uma profissão mesmo sendo a profissão “mãe” a primeira delas. Já é hora de lembrar que não somos mães indignas só porque colocamos nossos bebês nas mãos de mulheres desconhecidas durante o dia. O Estado deve ajudá-las a cuidar de seus filhos nas melhores condições: creches gratuitas e abertas 24 horas por dia para as mulheres mais carentes – que às vezes também trabalham durante a noite – e creches de qualidade para todas as mães, com horários que se adaptem ao delas. Também é necessário criticar o mito da mãe perfeita – que é uma completa utopia – e recusar a imposição do modelo único de “boa mãe”. Afinal, uma mãe que dá mamadeira ao filho é tão “boa mãe” quanto àquela que amamenta. Além disso, trocar os horários de trabalho nas empresas para que os pais possam “se dividir com as mães” se torna necessário.

iG: Você aponta, em “O Conflito – A Mulher e a Mãe”, que o declínio da fertilidade, a elevação da idade média da maternidade, o aumento das mulheres no mercado de trabalho e a diversificação dos modos de vida femininos mostram que ter filhos não é mais a maior das prioridades, mas continua sendo comum. Como a mulher atual tenta se equilibrar entre tantas requisições e vontades, como filhos e vida profissional, por exemplo? Existe um ideal de estilo de vida feminino atualmente?
Elisabeth Badinter: Justamente isso me convence da diversidade dos desejos femininos e dos estilos de vida humanos – contrariando o caso das fêmeas do mundo animal – e por isso milito pela multiplicidade dos modelos maternais. Não, não há um único estilo de vida feminino e, se formos um pouco lúcidos, reconheceremos que há muitas mulheres que farão melhor se jamais forem mães.

iG: Como esta ideia do “instinto materno” colabora para encaramos a maternidade da forma como é vista atualmente e como este tipo de concepção pode impor às mães responsabilidades cada vez maiores em relação aos filhos? Você acredita que hoje a maternidade pede obrigações mais sérias do que antigamente? Por quê?
Elisabeth Badinter: Sim, as obrigações maternais são cada vez mais pesadas. Uma razão é a ideologia do retorno à natureza que parece existir atualmente nos países industrializados. Um dos exemplos é o caso da mamadeira. Apesar de ser tão malvista atualmente, ela foi um extraordinário instrumento de libertação das mulheres. E podemos dizer o mesmo das fraldas descartáveis. Hoje querem nos persuadir, dizendo que as mulheres que as utilizam são “anticidadãs”. Usando a ecologia como pretexto, retornamos à concepção rousseauniana da maternidade, que diz que a maternidade é a origem do confinamento das mães dentro de casa, assim como o “das freiras no convento.

iG: Como é a boa mãe atual e como, em sua opinião, ela poderia viver uma vida saudável? Você acredita que o sentimento de culpa, muitas vezes recorrente na vida da mulher, também influencia muito em como a maternidade é atualmente? Como mudar isso?
Elisabeth Badinter: Para todas aquelas que rejeitam essa concepção de “boa mãe”, inteiramente devotadas aos filhos, a culpabilidade nunca foi tão forte. Hoje é necessário muito mais tempo para educar duas crianças do que era necessário para educar seis crianças há cem anos. Você acredita mesmo que as crianças e adolescentes do século 21 são mais felizes que as de antigamente?
Fonte: Portal iG