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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

MEC apresentará currículo escolar nacional em dezembro de 2012

Foto: Divulgação Secretária do MEC Maria Pilar do Lacerda
Expectativas de aprendizagem devem nortear o ensino infantil e fundamental. Secretárias, educadores e população serão consultados

Ministério da Educação (MEC) irá finalizar no ano que vem a elaboração de um currículo nacional para a educação infantil e o ensino fundamental. A apresentação do texto final deve ser feita em dezembro de 2012. A previsão foi feita pela secretária de Educação Básica, Maria Pilar do Lacerda, durante o seminário Diretrizes Curriculares e Expectativas de Aprendizagem, realizado nesta segunda-feira, pela Fundação Itaú-Social em São Paulo.

A elaboração do currículo nacional será baseada nas Diretrizes Curriculares Nacionais – aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologadas pelo ministro da Educação Fernando Haddad. “As diretrizes são amplas e não apontam o que a criança deve aprender de uma forma mais diretiva”, diz Pilar.

O currículo será uma base nacional comum que determinará as expectativas de aprendizagem em cada etapa do ensino e as condições necessárias para o aluno aprender, como o tempo em sala de aula, o contato com a literatura e a quantidade de livros trabalhada. Estados e municípios poderão acrescentar suas especificidades a este conteúdo básico.

Base fundamental

Para o especialista em avaliações educacionais Francisco Soares a definição de um currículo nacional é de fundamental importância. “O direito à educação vai continuar vazio se a gente não souber o que ele é exatamente”, afirma o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Soares acredita que não haverá problemas entre as redes, pois o básico “é fácil de ser consenso”.

Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, destaca que é preciso um pacto nacional para que o currículo seja elaborado e apresentado na data prometida. Ela destaca que há setores contrários, mas avalia que a apresentação de um currículo básico orientaria melhor o ensino. “Hoje o sistema é muito injusto, a gente avalia com a Prova Brasil, cobra resultados no Ideb (Índice da Educação Básica), mas não diz claramente o que espera que seja ensinado”, aponta.

A elaboração de um currículo nacional é uma das exigências do Plano Nacional de Educação (PNE). O documento apresenta estratégias e metas para o período de 2011-2020, mas ainda não foi aprovado pelo Congresso Nacional. Segundo o documento elaborado pelo Executivo, a meta 2, "Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos", tem como estratégias criar mecanismos para o acompanhamento individual de cada estudante e definir expectativas de aprendizagem para todos os anos do ensino fundamental "de maneira a assegurar a formação básica comum, reconhecendo a especificidade da infância e da adolescência, os novos saberes e os tempos escolares".

Fonte: Portal iG

sábado, 26 de novembro de 2011

Ativistas mexicanos abrem processo contra Calderón no TPI

Advogados com o apoio de uma petição pedem investigação do presidente, de militares e traficantes de droga no Tribunal de Haia
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/ativistas-mexicanos-abrem-processo-contra-calderon-no-tpi/n1597384504494.html

Diante da notícia acima posto abaixo excelente artigo de Víctor Beltro publicado há meses no El País

Rápido, furioso, y nauseabundo

“Es irónico pensar que, cuando a principios del siglo XX el presidente mexicano Porfirio Díaz dijo su célebre frase, "pobre México, tan lejos de Dios y tan cerca de Estados Unidos", no imaginó que por un momento pasó de dictador a profeta.” VÍCTOR BELTRI
*VÍCTOR BELTRI
Originado no El País


Es muy probable que los consumidores de droga en todo el mundo no estén conscientes de la sangre que ha sido derramada para que puedan tener acceso a la siguiente dosis. Mientras que en España se consume alegremente la farlopa en los baños de los bares de moda, o en Holanda se fuman un porro a la vista de las autoridades, en México la guerra en contra del crimen organizado ha cobrado más de 40.000 víctimas en lo que va del mandato de Felipe Calderón, desde 2006.

40.000 personas muertas. 40.000 tragedias. 40.000 historias de dolor y sufrimiento que han sumido a una nación entera en el desasosiego y el temor: es prácticamente imposible no escuchar cada día el recuento, cada vez más cruel, de nuevas víctimas. Crímenes que, además, están cargados de sevicia. Cuerpos desmembrados que son arrojados a las calles; ahorcados que cuelgan de los puentes peatonales y a los que se les prende fuego; cadáveres que son disueltos en barriles llenos de ácido. Fosas clandestinas que, cuando son descubiertas, revelan el horror de decenas de personas sin nombre y apellido. Así, todos los días. Vivir en el miedo.

México, debido a su posición geográfica, es el paso natural de narcóticos al mayor mercado del mundo, Estados Unidos. Es un negocio que reporta utilidades a los delincuentes de miles de millones de dólares cada año, y que es ferozmente disputado por las bandas organizadas, los carteles, que cada vez acaparan más recursos, son más poderosos y violentos.

Cuando la administración del presidente Calderón se decide a dar la lucha frontal contra estas bandas, en una decisión que cada día es más cuestionada, solicita, al mismo tiempo, al Gobierno norteamericano, que restrinja la venta de armas de grueso calibre que, según ha sido demostrado, son las utilizadas por los delincuentes mexicanos. En Estados Unidos, cualquier persona puede comprar armamento y municiones, prácticamente sin restricción alguna. Fusiles de asalto, ametralladoras, lanzagranadas. A la venta en mostrador. La respuesta ha sido siempre la misma, negativa. Los lobbies de las armas son muy poderosos y activos políticamente, y han sabido vender la idea a la población de que el derecho reconocido en la segunda enmienda constitucional para poseer armas, promulgado en 1791, tiene la misma vigencia hoy que entonces.

Calderón ha insistido, una y otra vez. El principal consumidor de los carteles mexicanos es, a la vez, su principal proveedor de armas. Un negocio infamante que ha costado decenas de miles de vidas. Muertes que podrían evitarse si a la pradera ardiendo del negocio multimillonario no se arrojara la gasolina de las armas sin control alguno.

Es en este contexto en el que las acciones del Gobierno de Barack Obama son, al menos, incomprensibles. La ATF, agencia encargada de alcohol, tabaco, armas de fuego y explosivos, permitió y alentó, a través de la operación Fast and Furious, Rápido y Furioso, la entrada a territorio mexicano de más de 2.000 armas como las descritas anteriormente. Aún a sabiendas de que no es lo mismo un traficante de drogas desarmado a uno con un fusil Barrett, capaz de penetrar cualquier blindaje o pared. Le dieron las armas a los narcotraficantes y luego les perdieron la pista. La cloaca se destapó cuando un agente norteamericano fue asesinado con esas armas, y los mismos agentes de la ATF testificaron cómo sus superiores les ordenaron continuar con el operativo a pesar de que les habían hecho ver que la correlación entre el flujo de armas y el incremento de la violencia en territorio mexicano estaba plenamente comprobada.

Ahora comienzan a caer cabezas y la trama se descubre más y más nauseabunda. El director en funciones de la ATF, ante el riesgo de perder su puesto, ha declarado que, de acuerdo a sus propias investigaciones, tanto la DEA como el FBI mantienen a algunos líderes de los carteles mexicanos como informantes pagados. El escándalo crece por instantes, y la opinión pública está cada vez más indignada ante la irresponsabilidad y estulticia de las autoridades.

Mientras tanto, México sigue viviendo una pesadilla que comenzó con el apetito voraz de los norteamericanos por las drogas y es alimentada por vendedores de armas sin escrúpulos, ante la mirada displicente del Gobierno encabezado por el Premio Nóbel de la Paz. México sigue poniendo los muertos. Es irónico pensar que, cuando a principios del siglo XX el presidente mexicano Porfirio Díaz dijo su célebre frase, "pobre México, tan lejos de Dios y tan cerca de Estados Unidos", no imaginó que por un momento pasó de dictador a profeta.
*Víctor Beltri es politólogo y columnista del diario mexicano Excélsior.

Ministra defende integração entre conselhos tutelares e redes de atendimento

A ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, defendeu a importância de um trabalho conjunto dos conselhos tutelares com a retaguarda técnica da rede de atendimento. Ela esteve reunida com representantes dos conselhos tutelares de oito estados brasileiros em uma videoconferência, no dia 28 de setembro, que tratou da importância dos conselhos na promoção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes no país.

“Hoje os conselhos tutelares estão presentes em 98% dos municípios brasileiros. Mas para desempenharem seu papel com propriedade, precisam de retaguarda técnica na rede de atendimento. Eles não são uma instância milagrosa”, afirmou a ministra. Rosário defendeu que o poder executivo municipal não pode apenas instalar o conselho, pois sem a rede de atendimento de saúde, educação, assistência social, justiça, entre outras, o trabalho fica prejudicado.

Além da importância da retaguarda da rede de atendimento, a ministra destacou a importância da atuação dos conselhos tutelares de forma integrada com os conselhos de direitos – nas instâncias nacional, estadual e municipal –, buscando superar o isolamento de sua atuação; e também reivindicar estrutura adequada para o trabalho, como computadores, telefones, carros e funcionários.

“Temos que atuar juntos para que a importância do trabalho dos conselhos tutelares seja devidamente reconhecida dentro do Sistema de Garantia de Direitos”, afirmou Rosário. Para a ministra, notícias diárias veiculadas pela imprensa sobre violência contra crianças e adolescentes mostram que o cotidiano de trabalho dos conselheiros não é fácil. “Se queremos cumprir a proteção integral prevista na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente, precisamos de políticas e ações integradas, com diálogo permanente”, defendeu.

Rosário ainda apresentou o trabalho desenvolvido pelas 17 Escolas de Conselhos instaladas e anunciou a abertura de mais duas este ano. A meta é que cada unidade da federação tenha uma estrutura de capacitação dos conselheiros. A ministra ainda afirmou que o Governo Federal é favorável à aprovação do PL que tramita no Congresso Nacional estabelecendo remuneração aos conselheiros tutelares, direitos sociais e unificando o dia da eleição dos conselheiros em todo o Brasil.
( Secretaria de Direitos Humanos)

Fonte: Portal ANDI Comunicação e Direitos

Longa retrata a experiência da maternidade na prisão

Documentário "Leite e Ferro", que estreia nesta sexta, acompanha mulheres que dão à luz atrás das grades



Foto: Divulgação
Cena do documentário "Leite e Ferro"

Em "Leite e Ferro" não há troca de tiros, perseguições, lutas, nem brigas, nenhum sangue. Mesmo assim é um filme violentíssimo. Afinal, é difícil imaginar violência maior que o contraste entre as grades de uma cadeia e uma mãe amamentando, ou uma mãe com o bebê nos braços contando como ouviu de um policial: "Você está grávida, amarrada a uma grade no chão frio? E eu com isso, quem mandou você abrir esse b....tão?"

E o que dizer da violência de se separar (algumas para sempre) de seu bebê após passar meses convivendo 24 horas por dia com ele? "A separação é triste. Não consegui encontrar forma de filmar e incluir no filme. É um vulcão de sentimentos", conta Cláudia Priscila, diretora de "Leite e Ferro", melhor documentário e melhor direção de documentário no Festival de Paulínia 2010.

Resumidamente, o filme acompanha a rotina das presas que se tornam mães na prisão e estão alojadas no CAMHMP (Centro de Atendimento Hospitalar à Mulher Presa) para que amamentem seus filhos até os quatro meses, quando devem se separar dos bebês, então encaminhados às famílias, amigos ou instituições.

Como numa roda de amigas que poderia estar em um salão de beleza, essas mulheres conversam entre si (e também para a câmera) sobre temas absolutamente "normais": amor, beleza, fidelidade, dores e delícias de se tornar mãe, parto... Não passaria de um papo de meninas (com tudo de bom e ruim) se o assunto amor + fidelidade + traição não ganhasse o adendo: o homem se mantém leal e visita a mulher na cadeia? Ou se a hora do parto não incluísse algemas e correntes. "Eu tinha de tomar banho com uma corrente amarrada nos pés. Era pesado e meus pontos da cesária abriram tudo", relata uma das presas.

Por coincidência, "Leite e Ferro" estreia numa semana em que o uso de algemas em presas parturientes está no centro das discussões. "Inclusive a Defensoria Pública está preparando ações por danos morais contra o Estado. E o filme vai ser usado como instrumento nesse processo. Fico muito feliz do meu filme poder romper a barreira do cinema e ser de fato um documento", conta Cláudia, que teve a ideia para filmar "Leite e Ferro" quando teve seu filho Pedro, hoje com 8 anos.

"Uma mulher em trabalho de parto não vai fugir. Ela vai dar dez passos. Sem contar que ficam policiais na porta do hospital. Não precisam ser algemadas. É uma violação de um direito feminino muito séria, um desrespeito a esse momento. Que elas percam a liberdade e cumpram suas penas, mas com dignidade."

O filme também se tornou 'histórico', pois o CAMHMP não existe mais. A presas são enviadas a centros hospitalares (a maioria no Complexo Carandiru), onde há a Penitenciária Feminina. "80% delas têm filhos. A ideia é pensar em pena alternativa. É melhor que as cumpram em liberdade, mas que suas famílias não desmoronem". Como bem diz Cláudia, o filme fez um movimento antropofágico. "Tudo que a sociedade joga fora, volta. Esse assunto existe. Não podemos deixar de lado."
Fonte: Portal iG

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Dia Internacional de Luta Pelo Fim da Violência Contra a Mulher

Violência contra a mulher não é crime passional

Por Bia Cardoso, no Groselha News

Sandra Gomide, 32 anos, assassinada em 20 de agosto de 2000. Pimenta Neves, o ex-namorado editor de um grande jornal, deu dois tiros nas costas da vítima. Ele ficou preso de setembro de 2000 a março de 2001, quando o STF concedeu-lhe um habeas corpus para responder pelo crime em liberdade. Em maio de 2006, o Tribunal do Júri de Ibiúna condenou Pimenta Neves a 19 anos e dois meses de prisão. Desde a condenação, a defesa do condenado recorreu mais de 20 vezes ao STJ e ao STF. Depois de 11 anos do crime, Pimentas Neves foi preso no dia 24 de maio de 2011, por decisão do STF. Além da pena criminal, o jornalista também foi condenado a pagar R$ 166 mil de indenização por danos morais aos pais de Sandra, que teriam ficado doentes após a morte da filha. Em junho desse ano mais um recurso ao STF foi negado.

Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, assassinada em 13 de outubro de 2008. Lindemberg Fernandes Alves, então com 22 anos, invadiu o domicílio da ex-namorada. Eloá e sua amiga Nayara Rodrigues, também de 15 anos, foram mantidas como reféns por mais de 100 horas. Após diversas ações desastrosas da polícia, Nayara foi libertada com um tiro no rosto e Eloá faleceu com um tiro na cabeça e outro na virilha. Em março de 2001 a audiência de instrução começou a ser refeita por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Justiça paulista terá de decidir mais uma vez se Lindemberg, acusado de matar Eloá com dois tiros, irá ser submetido a julgamento popular pelo crime.

Mércia Mikie Nakashima, 28 anos, desapareceu em maio de 2010. Seu corpo foi encontrado 19 dias depois em uma represa na cidade de Nazaré Paulista. Segundo o laudo do IML (Instituto Médico Local) Mércia morreu afogada, mas antes foi ferida por tiro no braço esquerdo, na mão direita e no maxilar. Também foi atingida no rosto por outro objeto não identificado. O principal suspeito do crime é seu ex-namorado Mizael Bispo de Souza. O Ministério Público (MP) ofereceu denúncia contra Mizael por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Para o MP, Mizael matou Mércia por ciúme e por não se conformar com o término do relacionamento. A prisão preventiva de Mizael Bispo foi decretada no dia 7 de dezembro de 2010. Desde então, o acusado está foragido.

Eliza Samudio, 25 anos, desaparecida desde o início de junho de 2010. Ela lutava na Justiça para que o goleiro do Flamengo, Bruno, reconhecesse a paternidade de seu filho. Em outubro de 2009, a jovem já havia registrado queixa na Delegacia de Atendimento à Mulher contra Bruno. Ela teria sido agredida pelo jogador e obrigada a tomar uma bebida abortiva. No dia 4 de agosto de 2010, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou Bruno e nove réus por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menor, exceto o ex-policial Bola, que responderá por dois crimes: homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ate hoje o corpo de Eliza não foi encontrado. A juíza do caso está sob escolta policial devido a ameaças.

Suênia Sousa Farias, 24 anos, assassinada em 30 de setembro de 2011, com dois tiros na cabeça e um no tórax disparados pelo professor de direito Rendrik Vieira Rodrigues. Rendrik esperou a universitária sair da faculdade, entrou no carro da moça e seguiu com ela até a cidade-satélite Recanto das Emas. A polícia acredita que os disparos podem ter ocorrido com o carro em movimento. Após rodar por horas com o corpo dentro do carro da vítima, Rendrik foi para a 27ªDP e se entregou. As duas faculdades de Brasília em que trabalhava o demitiram. Rendrik está preso em uma cela especial, no Complexo Penitenciário da Papuda. O local não possui grades e tem um espaço mais amplo. Apesar de várias tentativas da defesa, o ex-professor deve ficar preso até o final do julgamento. Está marcada para hoje, dia 25 de novembro, a primeira audiência de instrução para o julgamento.

Hoje, 25 de novembro, é Dia Internacional de Luta Pelo Fim da Violência Contra a Mulher. Um dia para relembrar a impunidade que permeia todos os casos citados nesse post, mas também as ações do Estados, da mídia e de nós mesmos, como lembram Mayroses e Cynthia Semiramis:

Por isso, ao invés de assistirmos passivamente a essa trágica história, devemos pensar sobre a nossa parcela de responsabilidade na violência contra as mulheres. Ela é fruto de uma sociedade patriarcal que naturaliza a submissão do corpo feminino e que reproduz cotidianamente discursos e práticas machistas que perpetuam essa situação. Assim, foram violentos os assassinos de Eliza, mas também foi violento o Estado que lhe negou proteção, a mídia que transformou sua morte em espetáculo e todos e todas que passivamente assistem ao desenrolar da história se achando no direito de condená-la por ser mulher.

Continue lendo em O caso Eliza e a violência de uma sociedade patriarcal.
http://srtabia.com/2009/11/2511-dia-internacional-da-nao-violencia-contra-as-mulheres/

Em todos esses casos, o que se tem em comum é o fato de as vítimas serem mulheres, e estarem sendo coagidas a cumprir o papel que aquela sociedade destina a elas. As mulheres que não se adaptam a esse sistema (“desobedientes”, “vadias”, prostitutas, de “gênio forte”, dentre outros termos afins) perdem o direito à autonomia e à própria vida. As agressões a elas são toleradas, inclusive pelo Estado, suas mortes não são lamentadas e seus agressores não são punidos; muitas vezes, serão até glorificados. Neste ponto, vale lembrar que houve negociações para que, no primeiro aniversário da morte de Eloá, seu ex-namorado concedesse entrevistas para a televisão.

Continue lendo em Feminicídio: a morte de mulheres em razão de gênero.

Existem inúmeros outros casos no Brasil de jovens mulheres violentadas e mortas por companheiros ou ex-companheiros. Estes são alguns dos mais notórios. A expressão “crime passional” é utilizada muitas vezes para caracterizá-los. Porém, não existe crime passional. O amor, o ciúme ou a rejeição não são os motivadores desses crimes. O que há é machismo, sentimento de posse e a violência de uma sociedade patriarcal. A violência contra a mulher é real, não é fruto de um relacionamento fracassado, 87% dos agressores de mulheres são ex ou atuais companheiros. O caso de todas as mulheres citadas aqui não são casos isolados.
Fonte: Escrevinhador

domingo, 20 de novembro de 2011

Questionamentos sobre o Movimento Gota D'água

Felipe Rocha dos Reis

É isso aí, todo mundo compartilhando, facebook e twiter bombando, todos preocupados com o meio ambiente. Mas espere, alguém aí se perguntou o quanto se fez em pesquisas para a construção desta usina? E pq o IBAMA e a FUNAI liberaram a construção? A região Norte do Brasil não precisa de progresso? Você ao menos sabe a quanto equivale 640 Km²? Pra que você tenha uma idéia, dá em torno de 25 alqueires. Tem muita fazenda bem maior por aí abusando do agrotóxico e explorando muita gente.
Vamos então as propostas. Bem, e para adotar energia solar? Energia limpa ou relativamente limpa? Todos sabem que a noite não tem sol (Derp!), logo, a usina não produz nada a noite e para armazenar a energia gerada durante o dia, é necessário utilizar baterias, produzidas geralmente em chumbo e ácido sulfúrico, e tem uma vida útil. Para onde vão essas baterias, ácidos e outros resíduos quando a vida útil desses armazenadores acabarem? O que fazer com tanto lixo nas margens dos rios amazônicos?

E para adotar a geração de energia através dos ventos? Bom né? Mas tem algum amazônico que possa me dizer se o vento lá é constante ou sazonal? E para a construção de parques eólicos, não seria necessário o desmatamento? O barulho gerado pelas hélices afastaria animais da região? Não teria impacto ambiental? E quanto de energia gera uma turbina e quantas seriam necessárias para suprir a necessidade da região norte e o seu desenvolvimento? O quanto é preciso desmatar?
Por isso digo: Não é, e não será um monte de atores e atrizes da globo que nunca estudaram NADA de exatas, especialistas em DECORAR textos e interpretar personagens que vão me convencer. Infelizmente, precisamos gerar energia, transformando o que temos em eletricidade. É preciso sim, questionar, para que seja estudado a forma menos impactante de geração de eletricidade. As coisas não são tão simples assim.
Pra finalizar, nem na criatividade filme é bom. Aliás, digno de uma acusação de plágio. Basta ver o video. Até a parte do sutiã é copiada. E, Letícia Sabatela, minha querida. Hidrelétrica no deserto? Tem água no deserto? Eu esperava mais de você.
Fonte:Luis Nassif On Line

sábado, 19 de novembro de 2011

No Brasil, convictos do ensino domiciliar travam guerra judicial

Pais enfrentam Conselho Tutelar, Ministério Público e até abrem mão de assistência social para ensinar os filhos em casa

O professor de História da Educação, Luiz Carlos Faria da Silva, não aprovou os métodos da escola particular que escolheu para os filhos. Depois de dois anos de tentativa, resolveu tirá-los de lá, mas não procurou nenhuma outra instituição. “Quando você muda de colégio, escolhe a faixa de gasto e o nível social dos colegas, o restante é tudo igual”, diz o pedagogo que aderiu ao ensino domiciliar - o homeschooling norte-americano, proibido no Brasil.

Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os pais têm obrigação de matricular os filhos na escola, mas há um grupo de famílias brasileiras convictas de que vale a pena infringir esta lei. “Cerca de 400”, diz o pesquisador Fabio Schebella, diretor da Associação Nacional de Ensino Domiciliar (Aned). “O número não é preciso principalmente porque a maioria não quer se expor”, afirma.


Foto: Arquivo pessoal Julia, 11 anos, e Lucas, 13, não vão à escola há três anos e têm os pais como professores em casa
As razões alegadas para eliminar a escola da vida das crianças vão da falta de qualidade do ensino regular à preservação da educação moral dada em casa. Alguns pais defendem ainda que o sistema educacional limita a capacidade do ser humano de aprender.

“As pessoas não precisam que alguém ensine para aprender. Esse é um mito que vira verdade depois de anos na escola”, diz o designer Cleber Nunes, que educou em casa os dois filhos mais velhos, hoje com 17 e 18 anos, e agora ensina a caçula, de 4 anos. “A escola torna as pessoas dependentes. A criança nasce aprendendo o tempo todo, até que aparecem os pais delimitando e depois a escola em larga escala.”

O caso dele é uma das brigas judiciais mais emblemáticas. Autodidata, se convenceu de que precisava ensinar os filhos a buscar conhecimentos sozinhos, mas por obrigação chegou a matriculá-los em uma escola em Thimóteo, cidade mineira onde morava. Até que conheceu o homeschooling norte-americano.

“ A escola torna as pessoas dependentes. A criança nasce aprendendo o tempo todo, até que aparecem os pais delimitando e depois a escola em larga escala”
Pesquisou tudo sobre o assunto durante quase dois anos. Viajou para os Estados Unidos, comprou material, convenceu a mulher, formada em magistério, e tirou os filhos da escola quando estavam na 5ª e 6ª série. “Até meus amigos falavam que eu ia ser preso”, conta.

Denunciado pelo Conselho Tutelar, foi processado pelo Ministério Público em 2005 e desde então é um fora da lei. Tentou argumentar que os filhos estavam aprendendo, mas não foi ouvido. Depois de quase dois anos, inscreveu os dois meninos, então com 12 e 13 anos, no vestibular de Direito da Faculdade de Ipatinga para chamar atenção. Os meninos foram aprovados em 7º e 13º lugar, mas não convenceram o juiz, que multou Cleber em 12 salários mínimos. “Aí eu percebi que era uma questão ideológica e não haveria bom senso, mas apenas preocupação em cumprir o que estava no papel”, conta.


Foto: Carolina Cimenti
Mãe adepta do homeschooling nos Estados Unidos

A multa nunca foi paga e Cleber perdeu também um processo criminal. Neste ano, os meninos fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que além de servir como instrumento de acesso à universidade, dá direito à certificação de conclusão da etapa de ensino. “Pode ser que façam faculdade, mas os dois já são webdesingers e podem optar pelo empreendedorismo.”

Sem bolsa família

Por conta de históricos como este, a maioria das famílias que decide pela educação domiciliar evita se expor. No Rio de Janeiro, Sergio e Fluvia Pereira, pais de cinco crianças, três em idade escolar, ensinam os filhos sozinhos. Ela é dona de casa e ele tem um comércio de doces em frente à casa em Senador Camará. Pediram à reportagem para que não fossem divulgadas imagens da família.

Para os dois, a escola municipal do bairro não melhorou o aprendizado dos filhos nos últimos seis anos. Pior, atrapalhou a educação que davam em casa. “Tivemos que matricular cada um aos 7 anos, mesmo já tendo ensinado a ler e escrever. Depois de três anos, as crianças estavam jogando papel no chão dentro de casa. Nunca fariam isso antes”, afirma Sérgio.

Após tomar contato com outras famílias e a Aned, eles cancelaram a matrícula das crianças no último mês de junho. Antes mesmo que fossem denunciados, procuraram o Ministério Público e expuseram suas razões. A decisão incluiu abrir mão de R$ 150 do Bolsa Família e R$ 146 do Cartão Carioca, programas assistenciais do governo federal e do Rio de Janeiro que atrelam o pagamento à assiduidade das crianças às aulas.

Segundo Fluvia, o dinheiro que deixou de receber representava cerca de um quarto da renda total da casa. “Mas é pelo futuro deles. Compramos livros e estou todos os dias retomando a matéria. Na escola, eles passavam dias e horas sem nenhuma atenção.” O Ministério Público ainda não decidiu se aceita a proposta da família.

Rigidez moral

Apesar de uma proposta para formalizar o ensino domiciliar ter recebido parecer negativo na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados no mês passado, há casos bem sucedidos. O professor universitário de Maringá, que abre esta reportagem, conseguiu acordo com a Justiça.

Logo que desistiu da escola cristã escolhida criteriosamente, ele a mulher, professora de piano formada em pedagogia, foram denunciados ao Conselho Tutelar e sofreram processo do Ministério Público. Chegaram a matricular Lucas e Julia, hoje com 13 e 11 anos, em uma escola pública só por obrigação, planejando ensinar o que queriam em casa, mas segundo Silva “não duraram dois meses”. “Disse para a promotoria que não ia deixar meus filhos em escola onde criança sobe em cima da mesa e abaixa as calças”, conta.

Em casa, os filhos assistem a televisão no máximo meia hora por dia e aprendem que devem ser obedientes. “Hoje em dia, as crianças querem escolher tudo, o que vestir, o que comer, quem sabe o que é melhor para eles é a família”, diz Silva.

“ Se você leva para a escola perde o controle da formação dos seus filhos”
O casal se responsabilizou por a ensinar em casa o conteúdo que domina e contratou professores particulares de matemática e inglês. A Justiça aceitou mediante avaliação periódica aplicada em uma escola pública. O método já funciona há três anos. “Se você leva para a escola perde o controle da formação dos seus filhos”, diz Silva, que já completou três anos de ensino domiciliar com os filhos, Lucas, de 13 anos, e Julia, de 11 anos.

O professor que dá aula de História da Educação e Filosofia conta que mesmo os colegas da Universidade Estadual de Maringá não o compreendem. “Existe um pensamento hegemônico de que o melhor é esta cultura praticada pelas escolas. As pessoas que foram ao Congresso Nacional também acham que precisa socializar, mas um dia a sociedade brasileira vai aceitar que é direito dos pais escolher a educação que quer para os filhos.”


QUESTÃO LEGAL
Pela Constituição brasileira é dever do Estado e dos pais ou responsáveis garantir o ensino regular às crianças e AOS adolescentes de 4 a 17 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente reforça a obrigatoriedade
pARA A ASSOCIAÇÃO nACIONAL DE ENSINO DOMICILIAR, TRATA-SE DE UMA OMISSÃO DA MODALIDADE, PARA A jUSTIÇA TRATA-SE DE PROIBIÇÃO
eM 19 DE OUTUBRO A COMISSÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DA cÂMARA DOS DEPUTADOS REJEITOU UMA PROPOSTA DE 2008 QUE AUTORIZAVA A EDUCAÇÃO DOMICILIAR. oUTRA PROPOSTA, A pec 444, QUE PEDE A INCLUSÃO DO TERMO NA CONSTITUIÇÃO, FOI ACEITA PELA COMISSÃO DE jUSTIÇA EM AGOSTO

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Ensino Médio e as expectativas de aprendizagem

* Wanda Engel

Um fato possivelmente desconhecido da maioria dos brasileiros é o de que não existe no Brasil um currículo mínimo em nível nacional. Contamos apenas com “diretrizes curriculares” que, como não poderia deixar de ser, apresentam somente indicativos orientadores da definição dos conteúdos curriculares. Na maioria dos casos, essa definição cabe às escolas e, quando não, ao próprio professor.

São poucos ainda os estados que determinaram seus currículos únicos. A defesa dessa autonomia se baseia na ideia do respeito à diversidade cultural brasileira. Um exemplo das consequências dessa liberdade é o caso de uma estudante de ensino médio, filha de militar, que cursou cada série em um estado da Federação.

Na primeira série, em física, o foco foi magnetismo. Na segunda série, estudou magnetismo e, na terceira, magnetismo. A par de ter tido a oportunidade de desenvolver uma “personalidade magnética”, a aluna não ouviu sequer falar em nenhum outro campo da física.
Na verdade, a par do respeito às diferenças culturais, deveria ser respeitado o direito de todo jovem, independentemente de sua contingência geográfica, cultural, social ou econômica, desenvolver, ao final de seu ensino básico, as habilidades e competências consideradas essenciais para sua inserção no mercado de trabalho ou para a continuação dos estudos. Mas quais seriam essas competências? Essa é uma pergunta que vale um milhão.

Durante décadas, coube aos livros didáticos a definição dos currículos. Com a instituição das avaliações em larga escala, em nível nacional, as matrizes de competência, construídas para os exames de final do ensino médio (Saeb e Enem), tornaram-se as “diretrizes” para as definições curriculares. Ou seja, em vez de o currículo determinar a matriz de avaliação, ela vem definindo o currículo.

A nova proposta de Diretrizes Nacionais Curriculares para o Ensino Médio (DCNEM 2011) é enfática na necessidade urgente da definição de “expectativas mínimas de aprendizagem”, em nível nacional, para o final desse ciclo.

A mudança de nomenclatura, além de ter a possibilidade de escapar das infindáveis discussões sobre currículo mínimo, ainda carrega a vantagem de inverter o foco. Na questão do currículo, o foco é o ensino, enquanto nas expectativas, o foco é a aprendizagem. Isso corrobora um movimento que evoluiu do “direito à Educação” para o “direito de aprender”.
Estabelecido o foco na aprendizagem, voltamos à pergunta básica. Afinal, quais seriam as expectativas mínimas de aprendizagem necessárias ao final do ensino básico?

Mínimas para garantir tanto o caminho do trabalho quanto o da universidade, para todos os jovens brasileiros. A partir desse mínimo seria possível agregar outras competências, em função das características locais ou pessoais do estudante.

O desafio maior é justamente definir o mínimo. A tendência devastadora será partir dos atuais 14 componentes curriculares obrigatórios, e mais seis transversais, cujos especialistas consideram cada detalhe de sua área como absolutamente fundamental.

Se formos por esse caminho, chegaremos, sem dúvida, a um mínimo mega que aumentará o desânimo de nossa juventude, já tão perdida no emaranhado da proposta enciclopédica de nossas escolas.

Se conseguirmos chegar às expectativas essenciais de aprendizagem ao final do ensino médio, teremos dado um passo fantástico no sentido de reorganizar o currículo de todo o ensino básico. Com os parâmetros iniciais (todas as crianças alfabetizadas) e os finais (expectativas básicas ao término do ensino médio), ficaria mais fácil definir expectativas para os pontos críticos em que ocorrem mudanças na estrutura curricular o final da nona e da quinta séries.

O caminho poderia ser “de trás para a frente”. Já que, ao final de seus estudos básicos, um aluno necessitaria aprender no mínimo X, qual seria seu desempenho necessário ao final do fundamental e o que precisaria ter aprendido ao término do primeiro segmento?
A clareza sobre as expectativas, ao final de cada uma dessas etapas, possibilitaria um trabalho de correção de deficiências antes do início de nova fase, de forma a evitar o maléfico acúmulo de lacunas que leva quase sempre ao abandono.

Estabelecidas tais expectativas, teríamos também a possibilidade de restabelecer a lógica do processo, partindo delas para a revisão das matrizes de competência do Saeb e do Enem e, quem sabe, transformando o último num exame universal e obrigatório para o final do ensino básico.
* Wanda Engel, é superintendente-executiva do Instituto Unibanco
(Este artigo foi publicado no jornal Correio Braziliense)
Fonte: GIFE

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Censo 2010:Zona rural e pessoas além dos 65 anos elevam taxa de analfabetos

País tem 13,9 milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever, segundo Censo. Região com maior índice é o Nordeste

Zona rural e pessoas além dos 65 anos elevam taxa de analfabetosTexto: enviar por e-mail Zona rural e pessoas além dos 65 anos elevam taxa de analfabetos

Ler ou escrever um bilhete simples ainda não é tarefa possível para 13,9 milhões de brasileiros (ou 9,6% da população) com mais de 15 anos, segundo dados do Censo Demográfico 2010 publicados nesta quarta-feira, dia 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa, embora represente uma redução no índice de analfabetismo em relação ao levantamento de 2000, que era de 13,6%, mostra que o País ainda precisa alfabetizar 9,7 milhões de pessoas para alcançar a meta do Plano Nacional de Educação e acordada com a ONU para 2015, de ter apenas 6,7% de analfabetos.

Se consideradas na amostra as crianças com mais de 10 anos, idade em que elas já deveriam estar alfabetizadas, a taxa reduz um pouco, para 9% da população ou 14,6 milhões de pessoas sem saber ler e escrever. Entre os de 10 a 14 anos, em 2010, havia 671 mil não alfabetizados, uma taxa de 3,9%, e entre os jovens que têm de 15 e 19 anos chega a 2,2%.


Evolução da taxa de analfabetismo

Índice de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever desde 1940
ver:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/zona-rural-e-pessoas-alem-dos-65-anos-elevam-taxa-de-analfabetos/n1597369785448.html

Taxa de analfabetismo por regiões
Renda x alfabetização

A renda é outro fator que influencia diretamente o nível de alfabetização do brasileiro. Levando-se em conta as pessoas com mais de 10 anos sem rendimento ou ganhando até um quarto do salário mínimo per capita, a taxa de analfabetismo é de 17,6%. No entanto, entre os que têm rendimento domiciliar por pessoa de 1 a 2 salários mínimos, essa taxa cai para apenas 3,5%, chegando a 1,2% entre os que ganham de 2 a 3 salários e quase zerando nos que recebem mais de 5 salários (0,4%).
Fonte: Portal iG

Maioria, pretos e pardos recebem quase a metade do que brancos

Maior desigualdade de rendimentos entre brancos e pretos do País aparece em Salvador, a capital mais negra do Brasil. Analfabetismo é três vezes maior que entre brancos

Pela primeira vez na história dos censos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria da população brasileira se classificou como pertencentes às raças preta e parda. Mesmo assim, os rendimentos de pessoas dessas raças ainda seguem bem abaixo do que as registradas entre brancos e amarelos.

Pretos e pardos recebem quase a metade que brancos

Segundo os números divulgados nesta quarta-feira, os brasileiros que se dizem pertencer a raça amarela (orientais-asiáticos) recebem os melhores rendimentos mensais (R$ 1.574). Próximo aos amarelos estão os brasileiros de raça branca, com rendimento médio de R$ 1.538 por mês, quase o dobro do valor relativo aos grupos de pretos (R$ 834), pardos (R$ 845) ou indígenas (R$ 735).

De acordo com o Censo 2010, as maiores desigualdades entre os rendimentos médios e as raças estão nos municípios com mais de 500.000 habitantes. A diferença de rendimentos entre brancos e pretos são maiores na capital mais negra do País, Salvador (3,2), em Recife (3,0) e em Belo Horizonte (2,9). Entre brancos e pardos, São Paulo (2,7) aparece no topo da lista, seguida por Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre, onde brancos têm um rendimento 2,3 vezes maior do que pardos.

Segundo o estudo, dos mais de 191 milhões de habitantes do País, 91 milhões se classificaram como brancos (47,7%), 15 milhões como pretos (7,6%), 82 milhões como pardos (43,1%), 2 milhões como amarelos (1,1%) e 817 mil indígenas (0,4%).

País conhecido pela miscigenação, o Brasil também é marcado por algumas concentrações de raça. Das 20 cidades com a maior proporção de brancos, todas estão na região Sul. Santa Catarina (84%), Rio Grande do Sul (83,2%) e Paraná (70,3%) são os Estados com a maior proporção e brancos. Os Estados que possuem menos brancos estão na região Norte, com Roraima (20,9%), Amazonas (21,2%) e Pará (21,8%).

A Bahia é o Estado que tem a maior população que se declara como preta no Brasil, com 3,11 milhões de pessoas, 17,1%. Entre os pardos, os Estados com as maiores proporções são o Pará (69,5%), o Amazonas (68,9%) e o Maranhão (66,5%). Roraima tem a maior população indígena do Brasil (11%).

Alfabetização

No que se refere à alfabetização da população, nos últimos anos, houve uma diminuição das taxas de analfabetismo no País para todas as categorias de cor ou raça. Apesar disso, ainda existem grandes diferenças entre as regiões.

O Censo 2010 revela que a taxa nacional de analfabetismo no Brasil para as pessoas de 15 anos ou mais de idade é de 9,6%. Mas quando se é analisado entre os grupos de cor ou raça, os números se diferem bastante. Tanto os grupos de pretos (14,4%) quanto os de pardos (13,0%) mostram um percentual de analfabetos quase três vezes maior do que o dos brancos (5,9%).

Cidades com as maiores proporções de pessoas de cor ou raça branca Cidades com as maiores proporções de pessoas de cor ou raça preta Cidades com as maiores proporções de pessoas de cor ou raça parda Montauri/RS - 99,2% Antônio Cardoso/BA - 50,7% São João da Ponta/PA - 90,1%
Três Arroios/RS - 99,2% Lajeado/TO - 47,5% Jardim de Angicos/RN - 88,3%
Leoberto Leal/SC - 99,0% São Gonçalo Campos/BA -42,0% Anama/AM - 87,9%
Boa Vista do Sul/RS - 98,9% Conceição da Feira/BA - 41,3% Tracuateua/PA - 87,6%
Morrinhos do Sul/RS - 98,5% Cachoeira/BA - 40,7% Nhamunda/AM - 87,1%
IBGE

Cidades com as menores proporções de pessoas de cor ou raça branca Cidades com as menores proporções de pessoas de cor ou raça preta Cidades com as menores proporções de pessoas de cor ou raça parda
Uiramuta/RR - 0,9% Cunhataí/SC - 0,0% Montauri/RS - 0,6%
Normandia/RR - 4,1% Nova Candelária/RS - 0,0% Três Arroios/RS - 0,7%
Serrano do Maranhão/MA - 4,3% Leoberto Leal/SC - 0,1% Iomere/SC - 0,7%
Amatura/AM - 4,4% Witmarsum/SC - 0,1% Leoberto Leal/SC - 0,8%
Santa Isabel Rio Negro/AM- 4,5% Três Arroios/RS - 0,1% São Bonifácio/SC - 0,9%
IBGE

Fonte: Portal iG

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Professores estão excluídos do debate público sobre política educacional na América Latina, segundo pesquisa

*Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil


São Paulo – Os professores estão fora do debate público sobre a educação e suas vozes não estão presentes nas coberturas jornalística da América Latina, segundo pesquisa do Observatório da Educação feita em 18 jornais do continente. Foram analisadas mais de 1.200 reportagens de maio a julho deste ano. As matérias indicam que as políticas públicas implantadas, os novos temas, disciplinas e materiais para as aulas são modificados sem que os professores sejam consultados sobre a política educacional.

“O professor é sempre um personagem e nunca uma fonte para balizar a política pública. E a má qualidade do ensino é sempre atribuída a eles. Estão sendo responsabilizados, mas não têm seu direito de resposta”, disse Fernanda Campagnucci, editora do Observatório da Educação, que participou do lançamento de Rede pela Valorização dos Docentes Latino-Americanos, hoje (9), na capital paulista.

Segundo Fernanda, a análise indicou que entre os temas mais comentados nos jornais estão a qualidade, seguida dos sistemas de avaliação, problemas de infraestrutura e violência nas escolas. Depois aparece a questão das tecnologias de informação na educação. “Nesse caso, dependendo do enfoque, entra em conflito com o docente, porque tem problemas de informação e uma ideia de que o aluno não precisa do professor para aprender porque consegue aprender sozinho com o computador”. Outro problema destacado nas reportagens analisadas são as greves e paralisações.

A vice-presidente da Internacional de Educação da América Latina, Fátima Aparecida Silva, disse que no geral a categoria dos professores é composta principalmente por mulheres, que chegam a ser 80% no ensino infantil e médio, enquanto no superior há mais homens. Além disso, apontou que os professores estão envelhecendo ao redor do mundo, já que a média de idade é de 45 anos. “A profissão não atrai mais gente jovem. Nos últimos dez anos, os mais novos ficam cerca de quatro anos dando aula até encontrar outra ocupação melhor.”

A ausência de formação é presente em todos os países, assim como a fata de um processo de negociação que traga valorização para a profissão, com diferenças entre a zona rural e urbana, tanto na formação quanto na remuneração. “Quando conversamos com os professores que vivem o dia a dia da aula, percebemos que eles reclamam ainda do número excessivo de alunos em sala de aula e da falta de participação nas políticas públicas, além da ausência de plano de carreira e do ressentimento por serem culpados pela má qualidade educacional.”

A coordenadora do Comitê Diretivo da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (Clade), Camila Croso, disse que tem notado a tendência de desvalorização dos trabalhadores da educação, além do desprestígio e do processo de culpabilização e criminalização. “São tendências muito preocupantes, mas há também processos de resistência a tais tendências. Mas se sobressai o conjunto desvalorização, desprestígio e criminalização.”

Ela destacou ainda a tendência à privatização traduzida no nome de parcerias público-privadas, que aponta para outro lado, procurando ser atrativa. Disse também que há um marcante discurso sobre resultados na aprendizagem que não avalia os rumos da educação, mas dentro do foco de escola como fábrica de seres homogêneos montados para o mercado de trabalho.

“Esse sistema de ranqueamento é preocupante porque o resultado é medido sobre o quê? Aí voltamos ao ponto de partida que é perguntar para que serve a educação. Toda análise parte do aluno homogêneo que tem que responder ao mercado de trabalho”, assinalou Camila.

Ele também reforçou que há uma criminalização de professores e até dos alunos. “Há uma perda de noção do coletivo, porque há ataque aos sindicatos. Assim individualiza os professores e coloca o sistema de avaliação com prêmio e castigo. Desvaloriza o professor, porque leva a política de ensinar para o teste, para ir bem na prova. Adapta o currículo, se articula como o não protagonista do fazer pedagógico.”.

Guillermo Williamson, da Universidad de La Frontera, do Chile, disse que em seu país a educação apresenta cifras de desigualdade e que não há gratuidade para o ensino. Lá, as universidades são pagas ou se têm bolsas de estudo para os pobres. “No Chile, 40% dos jovens podem ir à Universidade, mas se a família tem dois filhos precisa escolher qual deles pode ir ter o ensino superior”.

Segundo ele, assim como no Brasil. os jovens estão desistindo de ser professores por conta da precarização do ensino. “Temos que trabalhar fortemente na educação pública estatal e podemos buscar a gestão social com cooperativas mistas com o Estado”. Para ele é preciso retomar a função do professor, que em sua avaliação é ensinar os alunos e ser um mestre. Além disso ele destacou que é preciso que o professor recupere sua autoridade em sala de aula.
Edição: João Carlos Rodrigues
Fonte:Agência Brasil



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Educação Integral: o que isso significa para os estudantes?

Plano prevê ampliação da jornada escolar em 50% das instituições da rede pública até 2020

Educação Integral demanda maior diálogo entre educadores e estudantes
11 de agosto é o Dia Nacional do Estudante

O Plano Nacional de Educação 2011/2020, em tramitação no Congresso Nacional, tem como meta implementar o ensino em tempo integral em 50% das escolas da rede pública do Brasil até 2020. Se a meta for aprovada, haverá muito trabalho pela frente. De acordo com o Censo Escolar 2010, no ano passado apenas 4,7% das matrículas da rede pública foram para a Educação Integral. Além da necessidade de estruturar as escolas para que elas possam oferecer atividades de qualidade com a ampliação da jornada, outro desafio é tornar as horas a mais na escola - e nos outros ambientes da Educação Integral - atraentes aos estudantes.

Para o coordenador geral de ações educacionais complementares do Ministério da Educação (MEC), professor Leandro Fialho, uma das formas de fazer com que os estudantes não vejam o tempo a mais na escola como algo chato, é criar espaços de diálogo, inclusive na hora de decidir quais atividades oferecer. “As políticas públicas são feitas para que haja um protagonismo das crianças, dos estudantes nas escolhas das atividades. Se elas não apresentarem consonância com os interesses deles, pode acontecer uma evasão alta”, afirma.

A importância da Educação Integral

Segundo a coordenadora do Programa de Educação do Unicef Brasil, Maria de Salete Silva, aumentar a jornada deve significar repensar o tempo da escola, o que a criança faz e como o professor articula a aprendizagem e todas as atividades que são ofertadas. Assim, a Educação Integral deve ser pensada de forma que complemente o aprendizado do estudante, proporcionando um amplo desenvolvimento humano, mas sem deixar de lado o currículo formal.
A diretora do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG), Tânia Margarida Lima Costa, conta que o CP começou a implementar a Educação Integral este ano, e já é possível perceber algumas mudanças positivas nos estudantes. “Eu tenho percebido na conversa com alunos e pais que os estudantes estão mais envolvidos com a escola. Há uma mudança de comportamento no sentido de aproveitar as oportunidades de aprendizagem”, relata.

As atividades

Quando uma escola começa a implementar a Educação Integral, há uma mudança na rotina de todos os envolvidos. “O professor tem que planejar. Se ele tinha como ênfase a leitura de texto e aumentou a carga horária, não dá pra trabalhar só com a leitura, tem que pensar em atividades que são mais interativas”, explica Tânia Margarida Lima Costa.

Tânia conta que a escolha das atividades é baseada principalmente no que os professores percebem que os estudantes precisam, como reforço em determinada disciplina ou atividades de socialização para favorecer a interação entre os estudantes. “Nossa referência foi o que os professores apontaram sobre as necessidades dos meninos. O ideal é a gente fazer esse levantamento e trabalhar tanto com o que eles precisam, quanto com o que eles gostariam”, afirma.

Leandro Fialho considera fundamental a realização de atividades que abordem assuntos relacionados à comunidade e ao dia-a-dia dos estudantes. “Isso favorece a participação do estudante e influencia na sala de aula porque ele vai desenvolvendo a autonomia para debater as questões do cotidiano. Isso rompe com aquela escola que a gente não deseja, em que o aluno é um sujeito passivo. Ela dá autonomia para que eles passem a opinar sobre o que está acontecendo na sala de aula”, afirma.

Experiência em Escola Integrada

Quando perguntado quais atividades gostaria de ter durante o tempo a mais que fica na escola, Leonardo José, de 12 anos, já tem a resposta na ponta língua: “natação. Todo mundo ia entrar. Culinária ia ser bom também, eu chegava em casa e ia poder cozinhar”. Leonardo é estudante da sexta série da Escola Municipal Alcida Torres, no bairro Taquaril, em Belo Horizonte e, desde o ano passado, participa do projeto Escola Integrada.

A monitora da oficina de artesanato e auxiliar da professora comunitária da Escola Alcida Torres, Mércia Carneiro, reconhece que é difícil atender a todos os pedidos dos estudantes até por questão de estrutura para as atividades. Porém, ela garante que sempre há um diálogo com eles explicando porque uma proposta foi atendida ou não.

Mércia relata que já foram realizadas algumas atividades em virtude do interesse dos estudantes. “Sempre que os alunos reivindicam, a coordenadora passa para o oficineiro. A questão da sexualidade é muito aflorada na adolescência e as meninas estavam com muitas dúvidas. Aí a gente fez uma semana de trabalho com eles”, explica. Os oficineiros deixaram uma caixinha para que os estudantes colocassem as dúvidas anonimamente e, no final da semana, a caixa foi aberta e as perguntas respondidas.

SUGESTÕES DE FONTES- Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
Maria de Salete Silva, coordenadora do Programa de Educação do Unicef
(61) 3035-1983 - assessoria de comunicação
-Ministério da Educação (MEC)
Leandro Fialho, coordenador geral de ações educacionais complementares (MEC)
(61) 2022-7520 / 7530
-Tânia Margarida Lima Costa, diretora do Centro Pedagógico da UFMG
(31) 3409-5183
- Escola Municipal Alcida Torres
Mércia Carneiro, monitora da oficina de artesanato e auxiliar da professora comunitária na Escola Alcida Torres
Estudantes que participam do projeto Escola Integrada na Alcida Torres
(31) 3277-7481
INFORMAÇÕES
Oficina de Imagens
Eliziane Lara / Gabriella Hauber
(31) 3465-6801
(Fonte: Oficina de Imagens)

Fonte: Portal ANDI Comunicação e Direitos

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Fundação Abrinq - Save the Children lançou campanha contra mortalidade infantil

A campanha Por Todas as Crianças foi apresentada durante coletiva de imprensa, no dia 5 de outubro, na sede da Fundação Abrinq - Save the Children às 14 horas. Na ocasião, foi entregue um estudo com informações e indicadores mais recentes sobre mortalidade infantil, na infância e materna. A meta é de que os Objetivos do Milênio 4 e 5 da ONU sejam alcançados e, que as taxas de mortalidade infantil (0 a 1 ano), na infância (0 a 5 anos) e a mortalidade materna sejam reduzidas até 2015.

Especialistas da Fundação estiveram disponíveis para perguntas.

Realizada em mais de 25 países, a ação que tem como lema Nenhuma Criança Nasce para Morrer, é alinhada com os objetivos de desenvolvimento do milênio quatro e cinco da ONU. Em nosso País, o objetivo é reduzir as mortalidades infantil (0 a 1 ano), na infância (0 a 5 anos) e materna.

De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, em 2009 morreram no Brasil 50.033 crianças de 0 a 5 anos, isto é, 137 crianças por dia. E o mais preocupante: 33.604 ocorreram por causas evitáveis. Por esta razão e disposta a lutar pela diminuição desses números, a Fundação Abrinq – Save the Children desenvolveu a campanha Por Todas as Crianças, iniciativa que apresenta a necessidade de uma diminuição na taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos por doenças facilmente evitáveis.

No Brasil, a Campanha será desenvolvida em âmbito nacional. No entanto, a região priorizada como polo da Campanha será o Semiárido Nordestino que, somando esforços com o Programa Criança com Todos os Seus Direitos, buscará diminuir os índices de mortalidade materna, neonatal e infantil em uma das regiões mais pobres do país.
Mais informações no site da campanha Por Todas as Crianças.
(Fundação Abrinq)
Fonte: Portal ANDI Comunicação e Direitos

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Como ensinar seu filho a ser uma 'criança-cidadã'

Dar o exemplo é a principal maneira de mostrar às crianças como elas podem – e devem – se comportar socialmente

Criança-cidadã: espírito de equipe e respeito podem ser passados desde cedo

Dentro e fora de casa, inevitavelmente, o comportamento dos pais influencia o dos filhos. Se você não está consciente disso, pense nas seguintes situações: será que pedir para a criança contar uma mentirinha ou deixar um carrinho de supermercado atrapalhando a passagem de outros veículos são bons exemplos? Se quiser criar uma criança socialmente boa, que respeita os outros, a resposta é não.

Segundo a educadora Adozinda Kuhlmann, que recebeu o título de Cidadã Paulistana em 2007, aos seus 90 anos, os exemplos que os pais dão funcionam muito melhor do que as regras. “Nós nascemos para conviver, e respeitando as pessoas com quem você convive, o sentimento social de todos ao redor acaba se aprimorando”, revela.

Informação, debate e exemplo

Para que uma criança adote uma postura socialmente correta e viva bem em sociedade, primeiramente é preciso que os pais reflitam sobre o assunto. Segundo Daniela de Rogatis, coordenadora da Companhia de Educação , que auxilia pais na educação dos filhos, a criança vai acompanhar o modo como os pais se comportam na vida social. “Meu filho não será gentil se eu não for gentil, se a gentileza não for um valor dentro de casa”, diz. Por isso, ela explica que quando tal comportamento passa a fazer parte do dia a dia da criança, ele passa a ser natural para ela.

No entanto, o tratamento dos pais para com os filhos também faz uma grande diferença. A psicóloga infantil Beatriz Otero, da Clínica Multidisciplinar Elipse , diz que não adianta apenas dizer ao seu filho, por exemplo, que é feio mentir. “Se ele se comporta de uma maneira errada, o ideal é conversar, explicar a situação, as consequências daquele comportamento”, explica.

De acordo com Cláudia Porto, editora do Mingau Digital , site criado para crianças, pais e professores, famílias que aceitam qualquer comportamento de um filho não estão contribuindo para que ele cresça emocionalmente saudável. “E muito menos para que ele tenha uma vida feliz quando adulto”, completa.

Levar questões de sustentabilidade para dentro de casa pode proporcionar à criança uma noção maior de respeito à diversidade e ao meio ambiente. “O que é sustentável pode ser abordado em diversos aspectos, principalmente a questão do consumo, de como lidamos com as coisas dentro de casa”, afirma Rogatis. Você sempre trata lixo como lixo ou aproveita a caixa do brinquedo para outra coisa? Se uma criança aprende que tudo pode ser aproveitado, ela passa a incorporar esta noção. Assim, os pais abrem mais espaço para discutir sobre o que é ser socialmente saudável.

Fora de casa

Para uma criança adotar uma atitude generosa em relação ao mundo, é preciso que os pais tenham paciência e deem importância para o assunto. Porém, há diversas iniciativas que também podem ser tomadas, como mostrar à criança que não somente os pais agem de determinada forma, mas pessoas que estão no meio social em que ela vive, seja professores, pais dos amigos, outros parentes. “Uma tia que se oferece para ensinar a empregada a ler, um avô que ajuda a consertar brinquedos, isso tem um valor inestimável para a criança”, revela Porto.

Além disso, ele indica que, se for possível, é bom envolver a criança num projeto social ou ambiental. “Mas tem que ser um projeto que ajude a resolver um problema, e não assistencialista”, explica. Por exemplo: participar de um mutirão para limpar a praia, plantar mudas em áreas degradadas, ajudar a pintar um orfanato. Segundo a especialista, atitudes como estas farão com que a criança se sinta bem e ficará mais fácil para elas adotarem essa prática.

Se a escola que a criança estuda também procura ensiná-los sobre o que é socialmente benéfico e se preocupa com projetos sócio-ambientais, é mais uma oportunidade para a criança refletir sobre as responsabilidades que deve ter no meio em que vive. Com três filhos pequenos de diferentes idades – nove, seis e cinco anos –, Rogatis conta que eles também estão inseridos neste aprendizado; e também levam reflexões para dentro de casa. “Na escola eles obtêm bons exemplos, como a questão da economia de água que eles incorporaram e trouxeram para casa”, afirma. Ela acredita que, em alguns aspectos, eles refletem até melhor do que os adultos sobre que conduta deve ser tomada.

Respeitar a criança

Segundo Adozinda Kuhlmann, é preciso ter conhecimento do seu filho para passar para ele valores bacanas. “Os pais precisam respeitar e saber o que se passa com o filho sempre”, afirma. Se ele também for respeitado, será mais fácil respeitar o próximo.

Além disso, ela explica que não adianta querer cercear a criança, ficar em cima para que ela faça isso ou aquilo. “É preciso explicar o que acontece, as razões para aquilo e as consequências dos atos”, completa.

Com o trabalho das escolas, ONGs e até mesmo da mídia, as crianças hoje estão mais informadas sobre as questões da cidadania. “Elas estão num ambiente que proporciona oportunidade para ser socialmente melhor”, afirma Rogatis. Mas os pais também devem aproveitar este momento para refletirem sobre o próprio papel no tema e, assim, passarem uma postura mais sustentável para os filhos – sempre com naturalidade.

6 dicas práticas

- Adote um animalzinho carente. Isso ensina a criança desde cedo a ter mais compaixão e a cuidar do próximo

- Dê o exemplo primeiro. Não adianta xingar as pessoas no trânsito e depois exigir que o seu filho não xingue o amiguinho

- Ensine o seu filho a cuidar das coisas – guardar os brinquedos, arrumar a casa no fim do dia, não jogar coisas boas fora

- Leve a criança com você quando for ajudar uma ONG ou doar os brinquedos delas para crianças carentes

- Recicle o lixo, não gaste muita água, não deixe luzes acesas à toa – tudo isso acaba virando hábitos socialmente saudáveis para seu filho

- Seja gentil sempre que possível: dê lugar aos mais velhos na fila, ajude alguém que esteja perdido na rua, não maltrate garçons ou atendentes (ainda que algo tenha saído errado)
Fonte: Portal iG

''Vivemos a derrota do neoliberalismo e a tragédia da esquerda'', afirma Negri

“Chegamos a um momento que a produção se tornou cada vez mais imaterial. Sempre haverá uma necessidade de elementos ou momentos hierárquicos para que o valor produzido possa ser coletado e classificado, mas já não há nenhuma necessidade da propriedade privada como centro da produção e do desenvolvimento”. O comentário é do Antonio Negri em entrevista ao grupo espanhol autogestionário La Tabacalera. A tradução é de Haroldo Gomes e reproduzido em seu blog, 08-10-2011.

Eis a entrevista.

O que você sabe do 15-M?

Tenho ouvido falar muito do movimento, como qualquer outro. Tenho amigos que participam do mesmo desde o início. Nasceu de forma espontânea, mas para avaliá-lo melhor teremos que esperar um pouco.

O que é pior nessa crise, a recessão econômica ou a desilusão ideológica que provocou?

A crise é verdadeiramente profunda. Poder-se-á sair dela, mas não será imediatamente, apenas quando houver uma mudança profunda. É uma crise nova por diferentes aspectos. É evidente que está modificando as abordagens ideológicas. As ferramentas que o capitalismo tem para sair da crise não são suficientes. No momento não temos meios para superá-la e devemos pensar em novas maneiras de escapar dela. Por enquanto, as idéias existentes estão um pouco embaçadas. Parece-me lógico e necessário que nasçam diferentes pontos de vista opostos ao capitalismo, como o 15-M. Mas devemos refletir sobre esses movimentos para ver aonde nos levam.

Qual é a alternativa ao sistema capitalista, que demonstra não estar interessado no benefício social?

Está claro que o desempenho do mercado caiu. Nos anos oitenta se pensava que o sistema capitalista de mercado era o único caminho, mas o sistema neoliberal está revelando sua verdadeira cara, a da tragédia mesma para o próprio mercado. Esses mecanismos capitalistas são terríveis no campo da desigualdade. A hierarquia do poder capitalista introduz o declive dos estados e da civilização ocidental. Devemos pensar na superação do mercado e das atuais condições entre países ricos e países pobres, e acabar com as injustiças das condições da economia do desenvolvimento.

Diante dos pactos da política com o banco, em que estado de vulnerabilidade se encontra o cidadão?

Hoje o banco e o financeiro não são a cara feia do capitalismo porque são o capitalismo mesmo. Não existe o capitalismo sem o banco, não existe o capitalismo sem as finanças. Hoje não existe possibilidade de pensar num mítico capitalismo industrial, não existe o pequeno empreendedor que emprega pessoas. O Estado hoje está totalmente condicionado pelos mecanismos financeiros, que o absorvem por completo, de modo que não se pode pedir aos governos que nos salvem das finanças porque eles são os representantes das finanças.

Que papel tem o cidadão nessa situação crítica: deve sair à rua ou esperar que volte a normalidade?

O cidadão deve pensar e defender seu próprio destino. Apenas a capacidade de reorganizar a democracia o salvará. A democracia deve se renovar desde um órgão constituinte novo porque as Constituições existentes estão baseadas na propriedade privada. Devemos mudar as Constituições. Chegamos a um momento que a produção se tornou cada vez mais imaterial. Sempre haverá uma necessidade de elementos ou momentos hierárquicos para que o valor produzido possa ser coletado e classificado, mas já não há nenhuma necessidade da propriedade privada como centro da produção e do desenvolvimento. Tem que modificar o conceito mesmo de desenvolvimento. A produção já não pode estar voltada apenas para o lucro. Deve passar a frente, a produção do ser humano pelo ser humano. A propriedade privada não pode governar a democracia. A riqueza não deve seguir sendo como até agora. Já não serve produzir para ganhar, mas para partilhar.

Agora que você mencionou, como se imagina essa mudança das constituições dos estados, de forma radical, moderada?

Existem muitas experiências, violentas e tranquilas. Os métodos se inventam, não existem métodos predeterminados. Os estados estão completamente em crise. O Estado nunca quis ceder sua soberania, mas finalmente cede, por desgraça, às finanças. Como cidadão deve conquistar sua soberania? Provavelmente mediante um processo muito cansativo e longo. Podemos imaginar que haverá violência, enfrentamentos e conflitos. Quem está no poder não quer abandoná-lo e quem não tem o poder quer se apropriar dele.

Então, você crê que um movimento que saia às ruas a protestar ajuda a reforma da qual está falando?

Creio que sim porque um movimento, chamado Maio de 68 ou indignados ou acampados, incide sobre uma cena global que provocará o início das discussões. Não vai nos tirar da crise, logo, mas ajudará a refletir como sair dela. Construir-se-ão idéias novas sobre a representação, sobre a presença dos cidadãos, o modelo de cultura e dos instrumentos de comunicação e intelectuais relacionados com os recursos informáticos.
Todavia, os cortes do gasto social são tão graves que parece que o novo modelo de Estado que se avizinha tem pouco a ver com o que você indica. Na verdade, surge um muito mais cruel.
Quando falamos de superar o mercado, nos referimos a impor o imposto sobre heranças, de expropriar os ricos. O problema é muito simples. Não é difícil! Trata-se de decidir se se está de um lado ou de outro: seguir com um mercado que não funciona ou inventar uma nova linha de ação que está por chegar. A única coisa que estamos seguros é de que, se o mercado continua marcando as pautas, a crise continuará sempre para pior. Assim, trata-se de inventar uma saída que não é a que passa pelo massacre dos inocentes desse crise.

Você sente falta da tradição marxistat da revista Quaderni Rossi’ [Cadernos vermelhos], dos anos sessenta?

A saber, aquela tradição operária foi profundamente transformada nos anos setenta. A nova produção imaterial, intelectual, capitalista acabou com ela. Essa transformação deixou muito atrás a tradição marxista do Quaderni Rossi, éramos muito jovens então [risos].

Neste mundo, é possível outra Autonomia Operaia [Autonomia Operária]?

Hoje em dia não sei o que significa a categoria operária. A categoria do proletariado é uma extensão enorme. Hoje o problema realmente grave é a ausência de autonomia do desenvolvimento dessa figura social e de sua própria subjetividade. São homens e mulheres que querem ser mais livres e que não querem viver sem imaginação, sem criatividade, sem alegria. Essa é a principal discussão: a revolta contra o mercado deve ser a exaltação da singularidade e da liberdade. Liberdade, verdade e igualdade.

Agora que você citou, desapareceu do debate a preocupação em acabar com a desigualdade em favor do desenvolvimento da liberdade?

As forças do mercado se impuseram desde o início dos anos setenta: quando Nixon e Kissinger desvincularam o dólar do padrão ouro. Por outro lado, está o documento da Comissão Trilateral, no qual se diz que a democracia deve marcar os limites do liberalismo. Mas, isso se sabe desde sempre, só os jornalistas mudaram o significado da palavra liberdade para liberalismo.

Diante de um panorama como o que você descreve, o que a esquerda tem que fazer para ser capaz de reconduzir essa crise?

A esquerda está completamente absorvida pelo mecanismo do mercado e aterrorizada diante da tessitura de ter que sair desses mecanismos do próprio mercado para poder seguir sendo esquerda. Hoje vivemos a derrota do neoliberalismo e a tragédia da esquerda. Trata-se de inventar uma esquerda nova, que dê espaço a uma nova forma de pensamento. Tem que se reinventar a comunidade porque essa sociedade está dividida em duas categorias irreconciliáveis: ricos e pobres. Deve-se construir uma nova política.
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Cada sistema de ensino vai escolher como usar hora a mais

MEC não quer mais disciplinas na ampliação da jornada escolar para cinco horas/dia. Proposta para o Congresso não definirá modelos

O debate sobre a ampliação da jornada de aulas nas escolas brasileiras promete ser longo ainda. O Ministério da Educação já anunciou que quer aumentar em uma hora por dia o turno escolar no País e está formulando uma proposta de concretização da medida para enviar ao Congresso Nacional. O texto, que está sendo elaborado por técnicos da pasta com a ajuda de gestores municipais e estaduais, no entanto, deixará lacunas para serem respondidas depois.

O ministro Fernando Haddad disse em setembro que gostaria de ampliar o tempo que as crianças e os adolescentes brasileiros passam na escola. A proposta inicial era aumentar o número de dias letivos anuais. Segundo o ministro, a “pouca exposição a conhecimento” dos estudantes prejudica o aprendizado. Na última semana, o MEC promoveu uma reunião entre professores, gestores, parlamentares e especialistas sobre o tema.

É a partir das discussões dessa reunião que um grupo de trabalho – formado por técnicos do MEC e representantes de gestores municipais e estaduais – definirá a proposta oficial que vai para o Congresso Nacional. Ouvidos pelo iG, integrantes desse grupo contaram que o texto final não definirá, por exemplo, como as escolas devem utilizar essa “hora extra”.

A ideia é que opções sejam oferecidas, mas cada sistema de ensino escolha o modelo que mais se adequar à própria realidade. Entre as sugestões colhidas na reunião técnica estão: trabalhos de projetos interdisciplinares, aulas de reforço ou atividades culturais. “Ninguém quer mais tempo para as crianças copiarem mais coisas do quadro. Precisamos reinventar o tempo escolar. O grande debate deve ser em torno de qual projeto educativo cada escola quer traçar”, afirma Jaqueline Moll, diretora de Currículos e Educação Integral do MEC.

Segundo Jaqueline, o MEC vai sugerir que as escolas sigam as orientações do Conselho Nacional de Educação (CNE) para a educação integral na elaboração de seus projetos pedagógicos. O ministério não enviará um projeto de lei sobre o tema para o Congresso Nacional. Como já existem projetos tramitando na Câmara e no Senado sobre o tema, o MEC enviará um parecer ao deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) sobre o tema.

Lelo conta que há dez projetos sendo analisados em diferentes comissões do Congresso sobre a ampliação da jornada escolar. O deputado unirá as propostas e apresentará um substitutivo. O parecer do ministério, segundo ele, servirá como mais um subsídio. “Só houve um consenso na reunião: o de que não deveríamos aumentar os dias letivos. Acho que o ideal seria apresentarmos um conjunto de opções para que as escolas possam se adaptar a um deles”, diz.

O deputado admite que há muitos detalhes ainda para serem definidos. “Ninguém é contra mais tempo na escola, mas as visões gerais são muito díspares. Quero ouvir experiências que estão funcionando antes de fechar a proposta”, afirma Coimbra.

Adaptação em três anos

A presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, que participa do grupo de trabalho do MEC, conta que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) está fazendo um levantamento de quantas redes de ensino já oferecem as 1 mil horas anuais de aulas. De acordo com Cleuza, há muitos municípios que oferecem essa jornada ampliada já. “Precisamos saber o que falta para as outras redes implantarem também”, comenta.

Só com esses dados o grupo deve fechar o relatório. A expectativa dela é terminá-lo em novembro e encaminhar ao Congresso antes do recesso parlamentar. Ela conta que os gestores pediram aos parlamentares para não “inventarem mais disciplinas” para ocuparem essa hora a mais de aulas. “Temos de respeitar a autonomia dos sistemas. Mas não podemos ter mais disciplinas. Ouvir os educadores e os gestores nesse processo é fundamental”, afirma.

Para Cleuza, o prazo de adaptação que deve ser colocado na lei é de três anos. No máximo, pode ser ampliado para cinco. Mas ela ressalta, porém, que o aumento deve ser gradativo e só poderá ser concretizado com mais investimentos. “Infraestrutura é fundamental para isso. Temos de ter escolas para todos e ainda não temos. Aposto muito no Plano Nacional de Educação para isso”, diz.

Estrutura escolar

O horário de aulas das 11h às 15h, chamado de turno da fome e ainda praticado por muitos municípios para atender a demanda de alunos, terá de acabar. “É inaceitável que ainda haja alunos com menos de quatro horas diárias de aulas. Teremos de fazer um esforço para enfrentar as dificuldades que esses municípios e Estados enfrentam para acabar com esse turno”, ressalta a diretora do MEC.

Outra preocupação de quem participa das discussões é como garantir esse tempo maior de carga escolar para os estudantes do ensino noturno. Todos concordam que é impossível aumentar a carga horária diária. “Ainda não temos uma resposta sobre o que fazer no turno da noite. Precisamos discutir inclusive o que já é feito hoje, temos de pensar numa forma de dar significado ao ensino noturno”, admite Jaqueline.

Na opinião de Cleuza, é preciso rediscutir todo o planejamento para quem estuda à noite. Ela lembra que muitas redes têm matriculado adolescentes de 15 anos em cursos noturnos e não deveriam. Esse é mais um ponto que ficará aberto para discussões dentro do Congresso.
Fonte: Portal iG