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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Romances podem ajudar no ensino da Teoria da Relatividade

Produtos culturais, como os romances, podem auxiliar na compreensão dos estudantes nas aulas de Física Moderna. Estas obras podem preencher uma lacuna apontada por diversos pesquisadores, que avaliam como insuficiente ou incorreto o conteúdo sobre o tema disponível em livros didáticos, descreve o pesquisador Emerson Ferreira Gomes.

Albert Einstein também usou a imaginação para desenvolver sua teoria. Foto:Reprodução/Internet

No Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências da USP, o professor apresentou sua dissertação de mestrado O Romance e a Teoria da Relatividade: a interface entre Literatura e Ciência no Ensino da Física através da análise do discurso e da estrutura da ficção. Gomes, que é professor no ensino básico, chegou a utilizar contos e filmes em suas aulas de Física. Segundo ele, a receptividade dos alunos era boa, pois fugia do conteúdo matemático e formal da disciplina.

O trabalho analisa três romances escritos por cientistas que tratam da Teoria da Relatividade, tema amplamente disseminado na cultura e que desperta a curiosidade de alunos de ensino básico. O tempo e o espaço do Tio Albert, de Russell Stannard, apresenta didaticamente conceitos da Teoria da Relatividade, contando a história da jovem Gedanken, que recebe ajuda de seu tio Albert em seu trabalho de Ciências. Já Sonhos de Einstein, de Alan Lightman, mescla dados biográficos do físico alemão e ficção para contar a criação da Teoria da Relatividade. Por fim, Tau Zero, de Poul Anderson, é uma ficção científica em que 50 tripulantes viajam a caminho da estrela Beta Virginis, que fica a 32 anos-luz da Terra, numa nave de aceleração constante.

Base teórica

O estudo das obras toma como base teórica o modelo semiótico do linguista lituano Algirdas Julien Greimas e a análise do discurso derivada dos trabalhos do também linguista russo Mikhail Bakhtin. Gomes conta que as ferramentas conceituais utilizadas na pesquisa permitiram uma análise homogênea do texto e a percepção de um viés ideológico nas obras, como visões diferentes de ciência – O tempo e o espaço do Tio Albert propõe uma abordagem mais descontraída da Física – ou posicionamentos políticos dos autores em relação ao contexto histórico – Tau Zero foi escrito durante a Guerra Fria.

Para Gomes, com mais conhecimento sobre as obras e com uma metodologia melhor desenvolvida na pesquisa, as obras podem ser utilizadas com mais critério. “Em Tau Zero, pode-se trabalhar só com conceitos, mas também abordar questões históricas, do contexto da Guerra Fria, ou ainda do papel do cientista e da corrida espacial.”

Ao contrário de outras aulas da Física, a Teoria da Relatividade não pode ser comprovada por experimentos simples. Por isso, a imaginação do aluno, estimulada pelas ficções, é determinante na compreensão do tema. Nada mais adequado, já que, como destaca o pesquisador, a ciência também a utiliza em seus trabalhos: Galileu imaginava seus experimentos antes de realizá-los e o próprio Einstein desenvolveu situações imaginárias, partindo de um conjunto de verdades científicas, para poder formular a Teoria da Relatividade. “A ciência também é uma construção humana”, afirma Gomes.

Além de uma análise prévia sobre os produtos culturais que podem ser utilizados, o pesquisador ainda aponta outros eixos de contribuição trazidos por sua pesquisa, como novas formas de abordagem e ensino da Física Moderna, crescimento na interface entre arte e ciência e na alfabetização científica na sala de aula. E Gomes pretende levar esses estudos adiante: ele já realiza pesquisa de doutorado, agora estudando canções de rock que tratem de temas relacionados à Astronomia.

O trabalho teve a orientação do professor Luis Paulo de Carvalho Piassi, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). O Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências é formado pela Faculdade de Educação (FE), Instituto de Física (IF), Instituto de Química (IQ) e Instituto de Biologia (IB).


* Publicado originalmente no site Agência USP.
(Agência USP)

Fonte: Envolverde

domingo, 29 de julho de 2012

Nepal: "o topo do mundo"

Nepal (em nepalês: नेपाल ? [neˈpaːl]) é um país asiático dos Himalaias, limitado a norte pela China (Tibete) e a leste, sul e oeste pela Índia, e é um país sem costa marítima. A sua capital é Catmandu. No país se situa o Monte Everest, o pico mais alto da terra com 8 848 m, na fronteira norte com a China (Tibete).

As principais cidades desta nação são, além da capital, a cidade-lago de Pokhara e Lumbini, onde nasceu Sidarta Gautama, o Buda. Têm grande importância para o turismo, sendo reconhecidas pela UNESCO devido ao valor histórico e por lá se encontrar um grande acervo monumental.

A seguir algumas fotos do cotidiano nepalês


Após passeio de balão

Fotos: acervo pessoal


sábado, 28 de julho de 2012

Menos de 30% dos brasileiros são plenamente alfabetizados, diz pesquisa

Por Amanda Cieglinski*

Apenas 35% das pessoas com ensino médio completo podem ser consideradas plenamente alfabetizadas no Brasil e 38% da população com formação superior têm nível insuficiente em leitura e escrita. É o que apontam os resultados do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2011-2012, pesquisa produzida pelo Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa.

A pesquisa avalia, de forma amostral, por meio de entrevistas e um teste cognitivo, a capacidade de leitura e compreensão de textos e outras tarefas básicas que dependem do domínio da leitura e escrita. A partir dos resultados, a população é dividida em quatro grupos: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e plenamente alfabetizados.

Os resultados da última edição do Inaf mostram que apenas 26% da população pode ser considerada plenamente alfabetizada – mesmo patamar verificado em 2001, quando o indicador foi calculado pela primeira vez. Os chamados analfabetos funcionais representam 27% e a maior parte (47%) da população apresenta um nível de alfabetização básico.

“Os resultados evidenciam que o Brasil já avançou, principalmente nos níveis iniciais do alfabetismo, mas não conseguiu progressos visíveis no alcance do pleno domínio de habilidades que são hoje imprescindíveis para a inserção plena na sociedade letrada”, aponta o relatório.

O estudo também indica que há uma relação entre o nível de alfabetização e a renda das famílias: à medida que a renda cresce, a proporção de alfabetizados em nível rudimentar diminui. Na população com renda familiar superior a cinco salários mínimos, 52% são considerados plenamente alfabetizados. Na outra ponta, entre as famílias que recebem até um salário por mês, apenas 8% atingem o nível pleno de alfabetização.

De acordo com o estudo, a chegada dos mais pobres ao sistema de ensino não foi acompanhada dos devidos investimentos para garantir as condições adequadas de aprendizagem. Com isso, apesar da escolaridade média do brasileiro ter melhorado nos últimos anos, a inclusão no sistema de ensino não representou melhora significativa nos níveis gerais de alfabetização da população. “O esforço despendido pelos governos e população de se manter por mais tempo na escola básica e buscar o ensino superior não resulta nos ganhos de aprendizagem esperados.
Novos estratos sociais chegam às etapas educacionais mais elevadas, mas provavelmente não gozam de condições adequadas para alcançarem os níveis mais altos de alfabetismo, que eram garantidos quando esse nível de ensino era mais elitizado. A busca de uma nova qualidade para a educação escolar em especial nos sistemas públicos de ensino deve ser concomitante ao esforço de ampliação de escala no atendimento para que a escola garanta efetivamente o direito à aprendizagem ”, resume o relatório.

A pesquisa envolveu 2 mil pessoas, de 15 a 64 anos, em todas as regiões do país.

Os quatro níveis de alfabetização identificados pelo Inaf 2011-2012 são: analfabetos (não conseguem realizar tarefas simples que envolvem leitura ainda que uma parcela consiga ler números familiares), alfabetizados em nível rudimentar (localizam uma informação explícita em textos curtos, leem e escrevem números usuais e realizam operações simples, como manusear dinheiro).
Há também os alfabetizados em nível básico, que leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo com pequenas inferências, leem números na casa dos milhões e resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações.
Por fim, os alfabetizados em nível pleno, que leem textos longos, analisam e relacionam suas partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas, mapas e gráficos.

Fonte: Agência Brasil.

sábado, 21 de julho de 2012

Ao Entardecer – Filme

http://youtu.be/AOb_k9L8sIQ

Ann Lord (Vanessa Redgrave) decide revelar às suas filhas Constance(NatashaRichardson) e Nina (Toni Collette) um segredo há muito guardado: que amou um homem chamado Harris (Patrick Burton) mais do que tudo em sua vida.

Desnorteadas, as irmãs passam a analisar a vida da mãe e delas mesmas a fim de descobrir quem é Harris. Enquanto isso Ann relembra um final de semana ocorrido 50 anos antes, quando veio de Nova York para ser a madrinha de casamento de sua melhor amiga da escola, Lila (Mamie Gummer). Lá ela conhece Harris Arden, amigo íntimo da família de Lila, por quem Ann se apaixona.

Elenco: Meryl Streep, Glenn Close, Toni Collette, Vanessa Redgrave, Claire Danes,
Natasha Richardson.
Direção: Lajos Koltai
Gênero: Drama
Duração: 117 min.
Distribuidora:Europa Filmes
Ano: 2008

Sinopse:
Um elenco de grandes atrizes nunca antes reunidas no cinema estrela este drama baseado no popular livro de Susan Minot.

Uma viagem emocional sobre um amor eterno e o profundo laço entre mãe e filha, 'Ao Entardecer' reúne gerações de mulheres em um conto vivido em dois momentos, a juventude de duas grandes amigas, e seu reencontro nos dias dehoje, ao lado das filhas já crescidas.

Curiosidades:
» Drama baseado no popular livro de Susan Minot.
»Todo o elenco da produção juntos soma 25 indicados ao Oscar.

Fonte: Adoro Cinema

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Inovar ou imitar, eis a questão

Por Thomaz Wood Jr.

Empresas e mídia de negócios promovem o culto à inovação. Para pesquisador norte-americano, deveríamos, contudo, prestar mais atenção à imitação. Foto: Yto/Flickr

Uma edição recente do New York Times Magazine publicou 32 inovações que vão “mudar o nosso futuro”. A lista contém itens curiosos. Cientistas desenvolvem roupas elétricas, capazes de gerar energia com base nas diferenças de temperatura entre partes do corpo. Muito útil para carregar fones celulares. Resta ver quantos dias precisaremos usar a mesma camiseta para completar a carga.

O Chaotic Moon Labs, centro de pesquisa e desenvolvimento, projeta um novo carrinho de supermercado, que vem com um tablet integrado e usa o sistema Kinect, da Microsoft. O fiel transportador absorve o perfil do cliente e o segue pelas alamedas do consumo, indicando os itens a ser comprados, advertindo contra violações de dieta e efetivando automaticamente as compras. Resta saber se ele poderá moderar os impulsos de consumidores compulsivos.

A empresa de design Frog pretende desenvolver computadores que poderão projetar múltiplas telas em diferentes superfícies, permitindo o trabalho simultâneo em vários assuntos. Imagine, caro leitor, o escritório do futuro, com 100 ou 200 funcionários a projetar suas telas de trabalho no teto, no chão, nas costas do vizinho. Vai ser um espetáculo.

Kazutaka Kurihara e colegas criaram o SpeechJammer, a arma do silêncio. Quando acionada contra um falador, ela grava a voz da pessoa e a reproduz com um atraso de 100 milissegundos. A ação dispara um processo cerebral que emudece o interlocutor. Os inventores esperam que sua criação ajude a promover a paz mundial.

Criatividade e inovação são ingredientes básicos do capitalismo. Criar novos produtos, serviços e processos, e transformar as criações em negócios ajudam a manter a grande máquina jovem e saudável. Individualmente, para as empresas, é uma questão de sobrevivência. Inovar permite sair à frente e ganhar com a vantagem econômica de serem únicas, por algum tempo.

Significativamente, nos últimos anos a inovação ganhou status de fetiche e se transformou em objeto de culto. Livros disseminam casos de sucesso, cursos ensinam executivos a inovar, eventos celebram o tema e prêmios reconhecem os maiores talentos. Todos querem ser o próximo Steve Jobs. Até mesmo organizações públicas e sociais entraram na onda.

Oded Shenkar, professor da Ohio State University de consistentes credenciais acadêmicas, seguiu caminho contrário. Seu livro – Copycats: Melhor Que o Original (Editora Saraiva) – celebra a cópia, não o original. O pesquisador mostra como os seguidores conseguem gerar valor copiando os originais. Coerentemente, seu argumento também é copiado. Theodore Levitt, um decano da Administração, escreveu há tempos que a imitação está mais presente nas empresas que a inovação e é o caminho mais direto para o crescimento e os lucros.

Shenkar observa que a história empresarial está cheia de exemplos de imitadores que tiveram mais sucesso que os criadores originais. A RC Cola introduziu refrigerantes dietéticos, mas foi logo copiada pelas gigantes Coca-Cola e Pepsi. A Sony introduziu a fotografia digital, mas perdeu espaço para outros fabricantes. O Diners Club emitiu o primeiro cartão de crédito, mas viu seu mercado ser dominado pelos concorrentes. A imitação é a regra, e não a exceção.

O pesquisador argumenta que a imitação é uma capacidade estratégica que pode ser desenvolvida e aplicada com sucesso. Imitar significa copiar, replicar ou repetir uma inovação, seja um produto, seja um serviço, um processo ou um modelo de negócios. Não se trata de pirataria, embora a linha divisória seja tênue.

A imitação permite economizar custos em pesquisa, desenvolvimento e marketing. Reduz o risco do empreendimento, pois há um precedente de que o novo produto ou serviço tem aceitação entre os consumidores. Além disso, imitadores estão menos atados a tecnologias antigas e são menos complacentes e menos inebriados com o sucesso.

Empresas, eventualmente, ignoram os benefícios da imitação. Entretanto, para Shenkar, a velocidade da imitação está crescendo tanto ou mais que a velocidade da inovação. Para o autor, a imitação é consistente com a inovação e pode facilitá-la.

Copiar não é bom para o ego dos executivos, mas pode ser ótimo para o bolso dos acionistas. O iPod não foi o primeiro reprodutor de músicas. O conceito de tablet foi criado muitos anos antes do lançamento do iPad. Isso não impediu a Apple de dominar o mercado e capturar enorme valor. Não se pode negar a importância da inovação da empresa, mas seus lucros vêm de uma estratégica mais ampla, que orquestra inovação com imitação, combinações inteligentes de tecnologias, uma estratégia inteligente de marca e fabricação na China

Fonte: CartaCapital

Criatividade no trabalho

No futuro, garantem os especialistas, criatividade vai ser a competência mais valorizada pelas empresas na hora de contratar profissionais

Thinkstock/Getty Images

Cultivar a criatividade no trabalho é um desafio para empresas e profissionais
Muitos pensadores modernos, como Domenico de Masi, por exemplo, vêm há algum tempo anunciando que à medida que as atividades mecânicas e repetitivas vão sendo absorvidas por processos automatizados, os profissionais serão cada vez mais incentivados a aplicarem seu potencial intelectual em atividades menos burocráticas e mais criativas.

No seu escritório ainda não lhe fizeram essa cobrança? Pode ser que não tenham feito com essas palavras, mas vão fazer. E logo.

Para Isabel Arias, professora do Centro de Inovação e Criatividade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), “se os gestores ainda não têm esse conhecimento, eles já têm o incômodo que vai desaguar nessa demanda”, observou.
Por isso, é bom se preparar e saber mais sobre o tema.

Todas as pessoas são criativas, mas muitas foram ensinadas a não acreditar nisso
A boa notícia: todas as pessoas são criativas. Você nunca achou que era criativo? Provavelmente é apenas porque foi convencido na infância ou na adolescência de que não era ou, o que é ainda pior, embora ainda bastante comum, que criatividade era coisa de artistas ou de inventores amalucados.

Hoje sabe-se que, assim como existem vários tipos de inteligência (visual, corporal, matemática, etc.), existem vários 'tipos de criatividade'.

Bob Souza
Rodolfo Garcia Vasquez, autor do curso “Processos Criativos no Ambiente de Trabalho, da Casa do Saber, em São Paulo.

O que se costuma chamar criatividade é, na verdade, um processo com muitas etapas
Rodolfo Garcia Vasquez, diretor do grupo teatral “Os sátiros”, e autor do curso “Processos Criativos no Ambiente de Trabalho”, realizado na Casa do Saber, em São Paulo explica. "O processo criativo é composto por várias etapas. Começa pela fase de questionamento, onde se identifica o problema a ser resolvido; depois passa para uma etapa de investigação, composta tanto por pesquisa, quanto por imaginação; segue-se o momento da ‘eureca’, em que a lâmpada se acende e você sente que afinal teve uma 'ideia', um insight de criatividade; por fim, a etapa de concretização, na qual é desenvolvida a estratégia para colocar a ideia em prática. Cada um de nós vai ter mais fluência em uma dessas etapas e essa avaliação é fundamental para você começar a desenvolver sua criatividade."

As "ideias-eureca" não entram assim prontas e acabadas no nosso cérebro

Para entrarmos nos detalhes é preciso acabar com outro mito: o de que as ideias surgem de uma vez no nosso cérebro, prontinha, como aquela lâmpada desenhada sobre a cabeça dos personagens de desenho animado.

Outro ponto importante é que as grandes ideias levam algum tempo para se desenvolver. O momento de ‘eureca’ não acontece se você ficar ininterruptamente destrinchando uma questão. Conceder momentos de descanso à mente é importante para relaxar e permitir que o inconsciente trabalhe uma questão. Isso acontece porque grandes ideias são formadas a partir da observação e da união de conceitos que, aparentemente, não tem uma ligação entre si. Se a solução virá em 10 minutos, 10 dias, 10 meses ou 10 anos é algo impossível de precisar.

É claro que existem formas de tentar controlar ou acelerar esse processo. Conversar com outras pessoas por exemplo. E por isso as empresas investem tanto em sessões de “brainstorming” (termo oriundo da publicidade e que significa, literalmente, “tempestade de ideias”), onde todos podem expor suas ideias sem constrangimentos nem script prévio seja para resolver problemas, criar novos produtos ou bolar novas estratégias.

Nessa hora, se você é tímido, pode levar alguma vantagem. Como, a rigor, os tímidos têm uma maior capacidade de observação, eles podem ter grandes sacadas. Mas vão precisar formulá-las na frente dos outros, o que costuma ser um imenso desafio para os tipos mais introvertidos.

Mulheres também têm uma certa tendência a se saírem melhor nesses processos. E, aparentemente, essa pequena vantagem está relacionada à resiliência necessária para equilibrar vida acadêmica, profissional e pessoal, segundo Isabel. “Não é que os homens não sejam criativos, é só um pontinho a favor da mulher”, avalia a professora.

Outra técnica desencadeadora de ideias que as empresas costumam utilizar é o walkabout, Steve Job, por exemplo, costumava adotar essa estratégia, que consiste em estimular pessoas de áreas diferentes a conviver para trocar ideias sobre novos projetos ou problemas que precisem de soluções inovadoras. Muitas empresas adotam o “cantinho do café” para promover esses ‘encontros’ estimulantes entre as áreas.
Para fomentar a criatividade, as empresas modernas também estão adotando novas estratégias para lidar com erros. “A curiosidade e a coragem de se permitir errar são importantes motores da criatividade”, diz Isabel Arias. “Não se pode deixar a coisa ficar no mundo das ideias, Thomas Edison fez diversas tentativas antes de conseguir elaborar a lâmpada. Foi muito suor e um longo caminho”, avalia.

Como conseguir manter uma disposição de espírito favorável ao surgimento de novas ideias?

Divulgação
Flávia Lippi, autora do livro “Coaching da criatividade” (Matrix Editora)

Perguntas provocativas para 'acender' sua capacidade de pensar 'fora da caixa''

Flávia Lippi, escritora, comunicadora multimídia, master coach pelo Behavioral Coaching Institute – EUA e autora do livro “Coaching da criatividade” (Matrix Editora) propõe que o leitor tenha à mão as 100 “perguntas poderosas”, que remetem ao modelo filosófico de Sócrates. O filósofo grego usava perguntas simples para levar seus ouvintes a questionarem o senso comum e seus próprios preconceitos, aprenderem a pensar por si mesmos e, consequentemente, ousarem ter ideias novas. “Quando as perguntas são bem colocadas podem trazer à tona informações que estão adormecidas em cada um”, explica Flávia.

O método de Flávia retoma pontos fundamentais do processo criativo como o autoconhecimento e a observação. E aí, pronto para as “perguntas poderosas”?
Segundo a coaching não há uma ordem correta para responder as perguntas, nem existem respostas ou resultados corretos. As perguntas são provocações que estimulam você a refletir de um jeito diferente sobre temas comuns. Comece pela que achar melhor, mas tente aceitar o desafio proposto por todas. Você pode responder por escrito ou não conforme se sentir mais confortável.

Quem você pensa que é?
A criatividade de outras pessoas mobiliza você?
Você tem uma lista de coisas que gostaria de criar?
Como motor da criatividade, você usa mais as experiências ou as percepções?
Você deixa o estresse da entrega de um trabalho bloquear a sua capacidade de criar?
Você já experimentou escrever com a mão contrária àquela com que escreve?
O que existe ao seu redor neste momento?
Você acredita na frase “tem gente que não consegue nem desenhar uma casinha”?
Já agradeceu alguém hoje por essa pessoa ter dedicado alguns segundos da vida dela para opinar sobre alguma coisa que você tenha acabado de criar?

Se existem meios de estimular a criatividade, existem também atitudes que, por outro lado, espantam rápida e definitivamente a centelha de uma boa ideia
Pedimos aos especialistas ouvidos nessa matéria uma relação dos 'creativity killers', aquelas atitudes ou sentimentos que atrapalham o surgimento de ideias criativas, confira o resultado:

Falta de autoconhecimento;
Fechar-se para o novo;
Não saber ouvir;
Não saber expressar o que você gostaria de uma forma adequada;
Não acreditar nas próprias ideias e alimentar uma atitude derrotista;
Aceitar que outra pessoa, seja ela quem for, consiga desestimulá-lo;
Não anotar ideias quando elas surgem – segundo Flávia Lippi, as ideias só duram em nosso cérebro de três a trinta segundos, por isso é muito comum quando somos interrompidos não conseguirmos mais lembrar o que estávamos falando. Para anotar valem caderneta, agenda, smartphone, etc. Mas é importante que você tenha esse recurso sempre à mão.

Internet, sim ou não?

A internet pode matar a criatividade? O escritor americano Nicholas Carr, autor do livro “The shallows – What the internet is doing to our brains (Os superficiais – O que a internet está fazendo ao nosso cérebro)”, argumenta que a exposição constante às mídias digitais está nos deixando menos inteligentes, mais superficiais e mais distraídos. Segundo ele, conhecimentos que antes acumulávamos na mente, agora não nos preocupamos em gravar porque temos o “google” que 'lembra' de tudo por nós. Com isso o cérebro vai ficando preguiçoso. O excesso do uso do Facebook e do Twitter acabariam impedindo nossa mente de conseguir assimilar um livro. Segundo o autor americano, corremos o risco de perder progressivamente nossa capacidade de raciocínio.

Manoel Belém, físico, empresário ligado ao setor de inovação e fundador da Spacetrip4us, incubadora de projetos na área de tecnologia espacial bseados em crowsourcing, discorda: “Qual o sentido de usar a memória para lembrar disso ou daquilo, coisa que qualquer máquina simples faz? Isso é subutilizar o intelecto humano”, observa. “A tecnologia é um instrumento como qualquer outro. Há quem a transforme em uma vantagem competitiva e existe quem se deixe aniquilar por ela”, conclui. Belém ainda destaca o fato de a internet nos permitir pesquisar e conviver com gente de todo o mundo, fato que aumenta exponencialmente as oportunidades para quem busca desenvolver novas ideias.

Imagine, sonhe acordado, vá viajar
“Imagine – How Creativity Works” (Imagine – Como funciona a criatividade, em uma tradução livre), é o último livro de Jonah Lehrer, um jovem neurocientista de 30 anos, com interesses divididos entre psicologia, literatura, filosofia e ciência e que escreve sobre inovação para algumas das mais importantes publicações do mundo, como a revista Wired, a Scientific American Mind e a New Yorker. Nesse seu último livro, que deve ser publicado no Brasil pela Companhia das Letras, Lehrer destaca o papel do inconsciente no processo criativo e demonstra como grandes ideias surgiram a partir da adaptação de coisas que já existiam.

Um dos casos que ele relata em seu livro é o do surgimento do post-it. Arthur Fry, um executivo da 3M, em plena igreja, se aborrecia com o fato de suas marcações em papel na Bíblia caírem frequentemente. Foi quando ele lembrou-se de uma cola que um colega havia desenvolvido e que mal sustentava duas folhas de papel juntas. Ele somou as duas coisas et voilá! Estava criado um excelente marcador de textos!

Para ele, o 'tipo criativo' não existe. A criatividade é um processo mental complexo e cheio de etapas que todos podem aprender a 'usar' de forma mais eficiente. Mas para isso, você deve cultivar sem medo alguns hábitos, como aprender a relaxar, pensar feito criança, sonhar acordado e adotar o ponto de vista de um marciano diante de qualquer problema (viajar às vezes resolve!).

Fonte: Portal iG

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Peru: documentário e fotos

Misterios de Machu Picchu - proximo documental sobre la ciudadela inca Machu Picchu
Lima
Cuzco
Rumo a Machu Picchu
Vale dos Reis
Lima - Entardecer
Lima - Por do sol no Oceano Pacífico
Lima - anoitecendo
Fotos: acervo pessoal

terça-feira, 17 de julho de 2012

"Não achei justo desistir do meu sonho"

Alguns desafios da futura médica Vanessa são os mesmos enfrentados pela primeira mulher do País a se formar na profissão

Foto: Bruno Zanardo/Fotoarena
Vanessa Santana nas escadas da Santa Casa de São Paulo, onde é bolsista e estuda medicina

As histórias de Maria Augusta e Vanessa com a medicina são separadas por 132 anos. Mesmo com o centenário de diferença – marcado por sutiãs queimados em praças públicas e inúmeras conquistas femininas – estas duas mulheres superaram obstáculos semelhantes para fazer da carreira médica suas escolhas.

Em 1875, Maria Augusta Generoso Estrela tinha 16 anos e colocou na cabeça que entraria em uma escola de medicina, local proibido para as mulheres da época.
Boa aluna, a jovem deixou a família no Rio de Janeiro para ter acesso aos estudos em Nova York, onde o ingresso das estudantes já era permitido. Os valores seriam bancados com o salário do pai comerciante.

Ela contrariou a segregação feminina e superou os insultos da sociedade. “Desertora e infiel” eram só alguns dos adjetivos disparados nas rodinhas do comércio, igreja e salões da época.

Depois de protestos, cartas e súplicas (os dotes do pai já eram insuficientes para arcar os preços da universidade no estrangeiro), ela conquistou uma bolsa de estudos custeada pelo Império de Pedro II. Conseguiu concluir a graduação em Nova York e voltar ao Brasil em 1879, com o diploma.

Seu feito inédito abriu caminho para outras mulheres não precisarem ir ao exterior para cursar medicina. No mesmo ano em que Maria Augusta tornou-se a primeira médica do País, o governo autorizou a entrada de todas as interessadas nas faculdades médicas.


Foto: Faperj/reprodução de jornal
Maria Augusta Estrela, a primeira médica do País, formada em 1879

Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), a “invasão” delas foi paulatina na profissão. Em 1920, só uma mulher se formou em universidade médica. Em 1970, 743 ingressos foram registrados. No ano 2000, o número salta para 5.714 e cresce para 7.171 em 2007.

Entre estas 7 mil, estava Vanessa Santana, na época com 24 anos, nascida em Bom Jesus da Lapa, interior da Bahia. Para fazer parte desta estatística, ela também precisou superar descrenças.

"Negra, nordestina e pobre não poderia sonhar com o jaleco e o estetoscópio", já chegaram a insinuar.

Vanessa também precisou deixar a família e a cidade natal, viajar até São Paulo e, então, ter acesso ao estudo universitário. Para isso, agarrou com todas as forças a bolsa de estudo que ganhou do governo por quase gabaritar na prova de seleção para a Santa Casa de SP (instituição privada de ensino). E, assim, deve estar formada como médica em 2013, num momento em que as mulheres já representam 52% dos novos profissionais da área, mas ainda com desafios de gênero a serem vencidos.

Degraus

“Vencemos muitas batalhas, mas temos outros tantos espaços para galgar”, acredita Marilene Melo, presidente da Associação Brasileira de Mulheres Médicas, patologista pela Universidade de São Paulo (USP), “sessenta em poucos anos” – define desta forma a sua idade. Ela conta que na sua época de estudante eram 8 mulheres na classe para 80 homens.

Foto: Divulgação/Denison Moreira
Ellen com uma paciente: música para a alma

“Hoje as meninas são maioria nas salas de aula e, depois de formadas, a questão salarial, de modo geral, não apresenta diferença entre os gêneros”, acredita Marilene.

“Por outro lado, ainda é preciso mais igualdade na academia, nos cargos de professores universitários e nas direções de sociedade médicas, terrenos dominados pelos homens”.

Enquanto arrumava a única mala, só com roupas leves e adequadas para o calor do interior baiano, “mas completamente insuficientes para o frio polar que faz em São Paulo”– percebeu Vanessa Santana assim que colocou os pés na Rodoviária do Tietê – a então recém-aprovada no curso de medicina imaginava os desafios que teria de enfrentar durante e após a conclusão da graduação.

De forma intuitiva, antes de fechar o zíper da mochila, colocou o livro “Arte da Guerra”, de Sun Tzu, leitura que a acompanhou durante as 28 horas de viagem. Até chegar à Faculdade de Medicina da Santa Casa já tinham sido tantos degraus, mas Vanessa sabia que a aprovação no vestibular era só o início da escada.

“Fui fruto de uma gravidez inesperada e, por não ter condições de cuidar de mim, minha mãe passou a criação para meus avós”, lembra Vanessa.

“Tivemos problemas financeiros sérios, precisei estudar em escola pública e, no ensino médio, após vencer um concurso de redação, ganhei bolsa integral para um colégio particular. Nunca pensei em ser outra coisa na vida a não ser médica. Mas o descrédito era tão grande, que influenciada por frases do tipo ‘medicina é para rico’ acabei prestando vestibular para outras carreiras.”

“Até cursei biologia por seis meses, mas não achei justo desistir do meu sonho . Uma amiga me inscreveu no ProUni para medicina. Passei”, relembra.

Com muito medo, mas com vontade maior do que receio, Vanessa fez da sua primeira aula em um auditório na Santa Casa, rodeada por 100 outros “bixos”, o dia mais feliz da sua vida.

Abdicou de comprar tênis e roupas da moda (só blusas de frio) para investir em livros. Participou de todos os programas de extensão da Santa Casa e, para isso, passou a dormir apenas 4 horas por noite. Como não abre mão de passear, sair para dançar e escutar Chico Buarque e Luiz Gonzaga, ela frequenta as bibliotecas de madrugada, pois é preciso trabalhar para custear a república que divide com outras três colegas.

Meu lugar

A multiplicidade de tarefas de Vanessa e a sobrecarga para dar conta de tudo, avalia Maria de Fátima Pinto Caetano – representante das mulheres médicas de São Paulo–, são pontos comuns com outras estudantes de medicina e também entre as já diplomadas.

“Elas abrem mão do autocuidado, típico em profissionais da área, mas reforçado pelo fato do sexo feminino em geral cuidar do outro e esquecer de si”, define Maria de Fátima.

“Este, para mim, é o grande desafio da médica atual. Ter espaço para tratar dela própria, assim melhorar o tratamento dos pacientes e talvez influenciar mulheres de qualquer cargo a não negligenciarem a própria saúde”, complementa.

Vânia Melhado, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, enxerga com otimismo esta necessidade de mudança de postura. Ela, que apesar de instância máxima da entidade é uma espécie de “bendito fruto” (já que a maior parte dos médicos aeroespaciais é militar, portanto, homem), afirma que já vê o espírito em suas alunas.

“Dou aula na Santa Casa e percebo que as meninas estão em busca da realização pessoal e, por ela, batalham muito. Enxergo que cada vez mais conseguem equilibrar o desejo da vida familiar com o a da profissional e não se intimidam com obstáculos. Também sabem da importância de olhar para seus próprios desejos”, diz.

Vanessa Santana, quando deixou os avós com coração apertado em Bom Jesus da Lapa, ouviu os próprios desejos.

“Entro na reta final da graduação sem saber o que fazer como especialização. Sou apaixonada por medicina, gosto de tudo”, diz ela dando de ombros para os comentários de que precisa “alisar o cabelo enrolado para combinar mais com o cargo de médica” – como já disseram algumas colegas. E assim como Maria Augusta Generoso Estrela já sabia em 1875 que escola médica era espaço de mulher, Vanessa, em 2012, tem a plena certeza de que escola de medicina é "o lugar de mulher, pobre, negra e nordestina", diz, com orgulho.

Fonte: Portal iG

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O Pecado de Hadewijch

"Pode uma forte devoção a Deus chocar até mesmo aos religiosos? Amar a Deus pode ser pecado?" Amanda Aouad

"...a inabilidade em lidar com o desejo transforma, perversamente, todo o nosso modo de encarar o mundo." Marcelo Hessel

... "Não é necessário se afastar do mundo para se aproximar de Deus",", diz a madre do convento.


http://youtu.be/Is0W-y8rbUQ

O Pecado de Hadewijch
Hadewijch
França , 2009 - 120 minutos
DramaDireção:
Bruno Dumont Roteiro:
Bruno Dumont Elenco:
Julie Sokolowski, Yassine Salime, David Dewaele, Karl Sarafidis

*Amanda Aouad

Estranhas são as vias do Amor:
e bem o sabe quem as quer seguir:
muitas vezes ele perturba o coração seguro:
quem ama não encontra constância.
Aquele a quem a Caridade
toca no fundo da alma
conhecerá muita hora de desolação.
Fonte: HADEWIJCH DE ANTUÉRPIA (séc. XIII) - POEMAS ESPIRITUAIS.Tradução de João Barrento

Pode uma forte devoção a Deus chocar até mesmo aos religiosos? Amar a Deus pode ser pecado? No século 13 uma cristã ousou declarar seu amor platônico ao Criador, um sentimento quase carnal que necessitava sentir sua presença ao seu lado. Hadewijch de Antuérpia expôs seu amor em líricas místicas de amor. E segundo ela, “Todos nós desejamos ser deuses com Deus, mas Ele sabe que poucos desejam ser homens com Ele em sua humanidade, carregar a cruz com Ele, ser pregado nela com Ele e pagar o débito da humanidade”

Bruno Dumont pegou a história dessa cristã holandesa e, de certa forma, transportou para França atual na figura da jovem Celine. Em um roteiro não linear e pouco claro, ele nos mostra uma garota rica que se interna em um convento, mas escandaliza até mesmo a madre superiora com seu excesso de fé. É enviada para o mundo, mas não consegue viver, porque o amor a Deus a sufoca. Conhece dois irmãos muçulmanos Nassir e Yassine, conhecendo outra forma de servir a Deus, tão fanática quanto o seu íntimo, nem por isso, benéfica. Ou seria? Mas, o interessante é que o roteiro não deixa claro o que vem antes ou depois, pode dar margens a interpretações. Afinal, há uma culpa em Celine que não é explicada, há uma necessidade de se limpar, purgar pecados que nem compreendemos quais. No início do filme ela está jejuando, por exemplo. E há também a figura do operário da igreja que é preso. Por quê? E quando?

Independente dos questionamentos, Bruno Dumont nos dá um filme quase naturalista. Temos poucas inserções de música extra-diegética, por exemplo, praticamente apenas na parte final entram trilhas sonoras. O restante é apenas som da própria cena. O ritmo é bastante lento, com planos longos e momentos de contemplação. Somos apresentados a um show e vemos a música ser tocada na íntegra, boa parte com o enquadramento na banda e apenas os segundos finais com Celine dançando e Yassine tentando beijá-la. Depois temos Celine visitando uma Igreja e assistindo a um ensaio da banda cristã. Aqui também, a música vai na íntegra, com a câmera primeiro um bom tempo parada nos músicos, depois no rosto de Celine maravilhada.

O primeiro ato quase não tem diálogos, as cenas são todas visuais. Tudo é contemplativo e, com isso, reflexivo. Somos obrigados, enquanto espectadores, a pensar naquelas situações, não somos conduzidos pelo ritmo frenético dos diálogos ou cortes rápidos. Ficamos ali, parados, junto à protagonista e nosso pensamento voa em busca de significados. Observamos com mais detalhes os cenários, os figurinos, as expressões de cada ator. Tudo pode ser uma pista para compreender aquela história que não se preocupa em nos explicar nada. Assim como a vida. Ela simplesmente acontece e ficamos refletindo sobre cada acontecimento.

O filme só apela para o explícito na cena em que Celine vê o convento de longe, já ao lado de Nassir. Seu rosto de ilumina com uma luz artificial intensa e quando Nassir diz que eles têm que ir embora, a luz se apaga com a mesma rapidez com que a expressão da atriz muda. Não precisava disso. A gente já tinha entendido o recado. O foco, claro, é a fé. A fé de Celine em seu amor platônico. A fé de Nassir e sua explicação nas armas. A fé de Yassine que acha natural crer e amar a Deus, mas sem desespero ou fanatismo. A fé de cada ser mais ou menos religioso que passa por aquela história. Em dado momento, Celine reclama a ausência do Cristo ao seu lado. E Nassir diz que "Cristo não está ausente, está invisível. Se tem fé, ele está aqui." Essa é a síntese de tudo, invisível não é sinônimo de ausente. É uma cena bonita, Bruno Dummont nos mostra esse muçulmano com idéias tão radicais, mas com uma lógica simples que parece verdadeira a qualquer ouvido. Basta ter fé, para Deus estar a seu lado. E assim, cada homem vive com a sua própria verdade. Nem certo, nem errado.

O Pecado de Hadewijch é um filme bem feito dentro do seu propósito. Pode ser cansativo para os olhos acostumados a obras com ritmo mais acelerado onde a ação dita as regras. E quando falo ação não me restrinjo a correria dos filmes de gênero, mas ao ato de atuar, de acontecimentos. Esse é um filme de pausas. Quase um retrato de um cotidiano bem peculiar. Nos faz pensar. E isso, em um mundo em que as respostas chegam cada vez mais mastigadas, já é bem interessante.

*Mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA na linha de pesquisa em Análise de Teleficção, é formada em Publicidade e Propaganda, roteirista e especialista em Cinema pela UCSal. Fez ainda quatro cursos de crítica cinematográfica ministrados por Pablo Villaça, Francis Vogner, Cláudio Marques e João Carlos Sampaio. Membro da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos.
Fonte: Cine Pipoca Cult

Crítica: O Pecado de Hadewijch

* Marcelo Hessel

Bruno Dumont faz o seu filme mais acessível, mas as perturbações continuam
Saber que desejos latentes são uma constante nos filmes de Bruno Dumont tira um pouco do mistério do flashback final de O Pecado de Hadewijch (Hadewijch), mas não compromete a sessão desta que é uma acessível porta de entrada para o cinema do premiado diretor francês.

O filme abre com uma reforma dentro de um convento. Desce de guindaste uma armação para empilhar caixas que tem a forma de uma cruz de ponta-cabeça. Uma noção "invertida" do que é o cristianismo fará, minutos depois, a jovem Celine (Julie Sokolowski) ser expulsa do convento.

Na sua justificativa, uma freira diz que a noviça rebelde é uma "caricatura de religiosa": afeita a penitências, Celine jejua o tempo todo, expõe-se ao frio do campo aberto etc. A freira decide que o melhor para a menina, no momento, é voltar à sociedade. "Não é necessário se afastar do mundo para se aproximar de Deus", diz a madre do convento.

Em Paris, desenrola-se então uma trama de causalidades bastante claras, para os padrões de Dumont. Celine, filha de um ministro francês, moradora de uma mansão na ilha Saint-Louis, no coração da cidade, conhece num café um adolescente desocupado da periferia, islâmico, de ascendência árabe. A cena em que Celine o convida para almoçar com os pais só didatiza o choque social.

Dá para entender daí que Celine escolhera a religião para renegar uma herança social que a constrange. Mas o fato é que a menina, seja em Paris ou nos conjuntos habitacionais dos banlieues que ela passa a frequentar, continua sofrendo das mesmas mazelas existenciais que a vitimavam no convento. A fé como consolação não serve para Celine. Bem ao modo Dumont, emoções não ditas comem personagens por dentro, e com Celine isso se traduz em martírio.

O Pecado de Hadewijch lida com temas complexos (o diretor deixa o interior da França e discute de frente o fosso que divide a capital) e controversos (falar de islamismo por si só hoje exige disposição), mas, assim como os longas anteriores do cineasta, que abordam desde crimes hediondos até os excessos da guerra, na essência Dumont está interessado no desejo. Mais especificamente, em como essa inabilidade em lidar com o desejo transforma, perversamente, todo o nosso modo de encarar o mundo.
Fonte: Omelete

domingo, 15 de julho de 2012

O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil)

Assisti à primeira vez a esse filme quando estava em Valencia na Espanha em 2009 na companhia de minha amiga Chelo.Tornei a vê-lo recentemente.É lindo!

http://youtu.be/kckejxrCDI0

The Painted Veil (O Véu Pintado (título em Portugal) ou O Despertar de uma Paixão (título no Brasil)) é uma co-produção cinematográfica dos Estados Unidos da América e da China, de 2006, filmada em Guilin, na região chinesa de Guangxi. Baseada no livro homônimo de William Somerset Maugham, se passa nos anos 20 e conta a história de um jovem casal europeu que se casa por motivos errados e parte para morar em Xangai. Houve duas versões anteriores: a primeira em 1934, estrelada por Greta Garbo; a segunda em 1957, recebeu o título de "The Seventh Sin", tendo Eleanor Parker no papel principal.

Assim como muitas heroínas românticas – em uma época em que o casamento era visto como uma verdadeira obrigação para as mulheres –, Kitty Fane (Naomi Watts) colocou na sua cabeça que só se casaria por amor. No entanto, na medida em que ficava mais velha, maior era a preocupação (especialmente de sua mãe) com o fato de que Kitty continuava solteira. Quando a irmã mais nova dela consegue um noivo, Kitty acorda para a realidade e aceita a proposta de casamento do bacteriologista Walter Fane (Edward Norton) – um homem que ela mal conhece e, principalmente, não ama.

Começar uma vida nova a dois é sempre muito difícil, não importa a circunstância. Imagine então se você for “obrigada” a ir a um novo país (China), aonde você não conhece a língua, a cultura e se sente entediada. A vida de Kitty se torna um pouco mais interessante quando ela conhece Charlie Townsend (Liev Schreiber), um homem completamente diferente de Walter e com quem Kitty começa a ter um romance. Walter, que mantinha as esperanças de que, um dia, Kitty viesse a amá-lo também cai na realidade e, num ato totalmente intransigente, embarca com sua esposa para um vilarejo chinês completamente arrasado por uma epidemia de cólera.

É a partir deste momento que o filme “O Despertar de uma Paixão”, do diretor John Curran, começa a ficar bem interessante. A partir do ato da traição, Curran começa a trabalhar com vários temas que foram vistos em seu trabalho anterior, o drama “Tentação” (que também contava com Naomi Watts no elenco). São eles: a culpa que Walter sente por ter sido tolo em acreditar que poderia ser feliz ao lado de Kitty; e a visão um tanto realista que Kitty tem sobre toda a vida que leva ao lado de Walter – chama a atenção o fato de que, em nenhum momento, ela demonstra arrependimento pelos seus atos. O verdadeiro interesse dela é tentar convencer Walter de que é a distância existente entre os dois a principal causa pela infelicidade profunda que eles experimentam.

No geral, “O Despertar de uma Paixão” é um filme sobre a jornada de Kitty, que deixa de ser uma mulher mimada, e cresce para se tornar alguém que entende que amor e obrigação andam um ao lado do outro. O filme consegue passar isso de maneira perfeita para a platéia, através da congruência das atuações excelentes de Edward Norton e Naomi Watts (bem como do elenco de apoio formado por Liev Schreiber, Toby Jones e Diana Rigg), da ótima direção de John Curran, da belíssima fotografia de Stuart Dryburgh e da trilha sonora vencedora do Globo de Ouro composta por Alexandre Desplat – “A La Claire Fontaine” não é uma música do compositor francês, mas a parte final de “O Despertar de uma Paixão” ao som desta canção tem que ser uma das mais belas sequências do ano passado: as palavras “Il y a longtemps que je t’aime. Jamais je ne t’oublierai” ficaram comigo por um bom tempo.

O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, China, EUA, 2006)
Diretor(es): John Curran
Roteirista(s): Ron Nyswaner
Elenco: Naomi Watts, Edward Norton, Liev Schreiber, Toby Jones, Diana Rigg, Catherine An, Bin Li, Anthony Wong Chau-Sang, Bin Wu, Alan David, Marie-Laure Descoureaux, Sally Hawkins, Juliet Howland, Lorraine Laurence, Johnny Lee

Fonte: Cinéfila por Natureza

sábado, 14 de julho de 2012

Livro trata de arabismo no Brasil e Portugal

Um novo livro, lançado (há um certo tempo) pela editora carioca Almádena, traz artigos de alguns dos maiores especialistas brasileiros e portugueses em cultura árabe. A obra se chama Arabismo: um tema e suas representações no Brasil e em Portugal e reúne o pensamento e experiências de intelectuais que participaram do 1º Simpósio de Arabistas Luso-Brasileiros, que aconteceu em 2009, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


A Almádena é uma editora especializada em temas árabes e lançou o livro, sua última publicação, no final do ano passado. Entre os autores de artigos da obra estão Mamede Mustafa Jarouche, da Universidade de São Paulo (USP), que aborda a tradução da obras Livro das Mil e Uma Noites, a professora Paula da Costa Caffaro, que conta sua experiência no ensino de português em Damasco, na Síria, e Arlene Clemesha, professora da USP que trata das representações da história árabe contemporânea.

Ainda Godofredo de Oliveira Neto, presidente da Comissão de Língua Portuguesa do Ministério da Educação (MEC), escreve sobre a comissão e a língua portuguesa em países árabes, e Adriano Jordão, diretor do Instituto Camões, aborda a docência da língua e cultura portuguesa em países árabes. Segundo João Baptista Vargens, organizador da obra com Paula da Costa Caffaro e dono da editora Almádena, o livro está dividido nas áreas de Ensino, Tradução, História, Filosofia e Pensamento.


Os artigos foram escritos a partir das discussões do simpósio do Rio tanto por palestrantes como por integrantes de mesas redondas. O encontro é uma promoção conjunta dos setores de Língua Árabe da UFRJ e da USP, e deve ocorrer a cada dois anos. O próximo está previsto para este ano, no segundo semestre em São Paulo, segundo Vargens, e o de 2013 em Lisboa, Portugal.

O livro da Almádena tem 200 páginas e pode ser adquirido pelo site da editora.

(Isaura Daniel - Agência de Notícias Brasil - Árabe)

Fonte: operamundi

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Jovens prodígios prometem ferramenta revolucionária para Educação

Após abandonar carreiras promissoras no mercado financeiro, brasileiros desenvolvem site com ambiente personalizado de ensino

Ainda em fase de testes, o site Geekie já é visto como promessa de contribuição tecnológica para melhorar o processo de ensino e aprendizagem nas escolas. A ferramenta ainda é pouco detalhada. Sabe-se apenas que será um simulador com para diagnosticar com mais precisão as dificuldades dos alunos com ares de vídeo game. O trunfo que valoriza o projeto antecede o produto: o currículo dos idealizadores.

Primeiros colocados nos vestibulares e aprovados para cursos de especialização em algumas das melhores instituições do mundo, os fundadores abandonaram carreiras promissoras no mercado financeiro para se dedicar à ferramenta. “A gente sempre quis fazer algo que impactasse a educação e depois de muita conversa e planejamento acreditamos que podemos realmente fazer isso”, diz Claudio Sassaki, filho de professora aposentada da rede pública que passou em 1º lugar em Arquitetura e Urbanismo na Universidade de São Paulo (USP), se formou e foi para Stanford cursar MBA e mestrado em Educação.

Apesar da formação, Sassaki foi atraído para bancos de investimento com Goldman Sachs e Credt Suisse. Foi em cargos importantes nestas empresas que parte dos novos parceiros. Entre eles, Eduardo Bontempo – formado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e que cursava o mestrado no Massachussetts Institute of Tecnology (MIT) – e Alfredo Sandes – graduado em Engenharia Eletrônica pelo ITA, onde foi aprovado em 1º lugar, após ser o melhor aluno de Sergipe durante os três anos do ensino médio e membro das fundações Estudar e Roberto Rocca.

Além dos três, a equipe conta com talentos da área de desenvolvimento e colaboradores pedagógicos entusiasmados com a ideia. Também são parceiros nesta fase piloto, instituições públicas e privadas que já testam o produto em diferentes regiões do País.

Bontempo diz que há anos os colegas conversavam sobre como a tecnologia, que já é indispensável em tantas áreas, participava muito pouco da Educação. No MIT ele era um dos coordenadores de um grupo que investigava o sistema escolar brasileiro e, segundo conta, as conclusões eram melhores do que a percepção média dos brasileiros. “De forma alguma via-se o Brasil como atrasado. Alguns indicadores eram até tidos como modelos possíveis para outros países. Mas em relação a tecnologia ainda há um caminho longo a percorrer”, conta.

“Não temos a pretensão de ser um Khan brasileiro”
Sassaki diz que a intenção não é fazer algo parecido com a Khan Academy, por exemplo, que massificou o conteúdo ao disponibilizá-lo de forma simples e gratuita na internet. Pelo contrário, a proposta é personalizar. “Nós admiramos muito as pessoas que deram o passo da massificação, mas não temos a pretensão de ser o Khan brasileiro.”

Segundo os idealizadores, o novo site se inspira em games para manter o interesse dos jovens e chegar a resultados mais precisos. “O jogo é a linguagem do jovem. Mantém o desafio e tem maior tolerância ao erro. Isso é fundamental para que as pessoas façam tentativas”, comenta Sassaki, dando pistas de como será dado o diagnóstico.

Os testes começaram com turmas pequenas e ganham escala nas próximas semanas. As escolas que participam do projeto piloto recebem o apoio pessoal de membros da equipe Geekie. A intenção é ter um ambiente que se adapte ao que aluno sabe ou não e possa ajudar tanto a ele quanto seu professor. “Queremos, mais ainda, precisamos, trazer os professores para o nosso lado. E a recepção tem sido boa. Todo professor quer fazer um bom trabalho e acaba gostando do que o ajuda”, diz.

Fonte: Portal iG

quinta-feira, 12 de julho de 2012

É preciso descer do pedestal para entender a Nova Classe Média

*Renato Meirelles

Em dez anos, algumas mudanças econômicas colocaram o Brasil num patamar evolutivo. Muitos brasileiros, antes considerados de baixa renda, conseguiram acesso ao crédito através de empregos formais que contribuíram para o aumento da renda familiar. Essa rede de mudanças permitiu a este cidadão dar boas vindas a um estilo de vida mais consumista. Os sonhos são hoje possíveis de serem concretizados.
A Nova Classe Média valoriza cada vez mais a qualidade dos produtos que consome.Foto: Agência Brasil

O que esse brasileiro percebeu é que pode tornar a sua vida mais confortável através de bens de consumo que podem ser adquiridos de imediato sem torrar todo seu orçamento. O crédito possibilitou essa virada e consolidou o que chamamos de Nova Classe Média Brasileira.

Também conhecida por Classe C, a NCM representa a maioria de consumidores em todas as categorias de consumo: móveis e eletrodomésticos, alimentação e bebidas, roupas e calçados, entre outros.

O acesso a serviços também tem a liderança deste novo consumidor, que pode agora ser visto em ambientes nunca antes frequentados, como nos saguões dos aeroportos, shoppings, cinemas e academias. E essa presença impactante de consumidores com códigos diferentes contribuiu não apenas para movimentar a economia do país, mas para gerar incômodo da antiga classe média (Classes A e B) que viu seu espaço, antes exclusivo, invadido por uma superpopulação que antes “não existia” na prática.

Além do preconceito causado pelo aumento do número de pessoas em lugares antes restritos, a elite também demonstra preconceito em relação às diferenças cognitivas existentes entre as classes sociais.

Realizamos uma pesquisa online no segundo trimestre de 2011 que comprova isto: 55,3% da elite afirmou que deveria haver produtos diferenciados para ricos e pobres e 48,4% acredita que a qualidade dos serviços piorou com o maior acesso a população.

E esta mesma fatia social que repudia a chegada da classe C é aquela que está à frente das grandes empresas e agências de publicidade, o que torna mais difícil ainda atingir este público, pois para isto é preciso ter humildade e quebrar esta barreira.

Os empresários precisam enxergar que há tempos a classe C deixou de ser um nicho de mercado e olhar pra ela com outros olhos, até porque ela representa 53,9% da população brasileira. São 104 milhões de consumidores ignorados, sendo que os próprios comerciais de tevê são destinados para o público A/B.

O grande erro é achar que a Nova Classe Média deseja ser como a elite. Esse cara deseja sim melhorar de vida, mas não se espelha no rico, que considera perdulário, e sim no vizinho, que acabou de comprar um carro, por exemplo.

Outro equívoco é querer empurrar produto baratinho e vagabundo para este consumidor.
A Nova Classe Média valoriza cada vez mais a qualidade dos produtos que consome e não se importa de pagar um pouco a mais para garantir isto. É um mercado que trabalha muito bem com a relação de custo benefício, até porque, na hora de lavar a roupa suja, o que conta não é o preço do sabão em pó, mas a sua eficácia e durabilidade, e isso a dona de casa da Classe C sabe muito bem.

Estes aspectos comportamentais fazem toda a diferença para elaborar estratégias acertadas de negócios, e por isso acredito que é preciso descer do pedestal e entrar em contato com a realidade desse público, que nós aqui do instituto Data Popular chamamos de Brasil de Verdade.

*Sócio-Diretor do Data Popular , é considerado um dos grandes especialistas em mercados emergentes. Comunicólogo com MBA em gestão de negócios pela ESPM, foi colaborador do livro "Varejo para Baixa Renda”, publicado pela Fundação Getúlio Vargas e autor do livro “Um Jeito Fácil de Levar a Vida - O guia para Enfrentar Situações Novas Sem medo”, publicado pela editora Saraiva

Fonte: CartaCapital

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O Brasil e a Educação

O que quebrará o País?

Vladimir Safatle

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nos últimos dias que a elevação dos gastos com a educação ao patamar de 10% do Orçamento nacional poderia quebrar o País. Sua colocação vem em má hora. Ele deveria dizer, ao contrário, que a perpetuação dos gastos em educação no nível atual quebrará a Nação.


Alunos de universidades públicas de todo país se reúnem em frente ao Museu Nacional da República para reivindicar uma audiência o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Foto: Agência Brasil

Neste exato momento, o Brasil assiste a praticamente todas as universidades federais em greve. Uma greve que não pede apenas melhores salários para o quadro de professores e funcionários, mas investimentos mais rápidos em infraestrutura. Com a expansão do ensino universitário federal, as demandas de recurso serão cada vez mais crescentes e necessárias. Isto se quisermos ficar apenas no âmbito das universidades públicas.

Por trás de declarações como as do ministro, esconde-se a incompreensão do que é o próximo desafio do desenvolvimento nacional. Se o Brasil quiser oferecer educação pública e de qualidade para todos precisará investir mais do que até agora foi feito. Precisamos resolver, ao mesmo tempo, problemas do século XIX (como o analfabetismo e o subletrismo) e problemas do século XXI (como subvenção para laboratórios universitários de pesquisa e internacionalização de sua produção acadêmica). Por isto, nada adianta querer comparar o nível de gasto do Brasil com o de países com sistema educacional consolidado como Alemanha, França e outros. Os desafios brasileiros são mais complexos e onerosos.

O investimento em educação é, além de socialmente importante, economicamente decisivo. O governo ainda não compreendeu que o gasto das famílias com educação privada é um dos maiores freios para o desenvolvimento econômico. Vivemos em um momento no qual fica cada vez mais clara a necessidade de repactuação salarial brasileira. A maioria brutal dos empregos gerados nesses últimos anos oferece até um salário mínimo e meio. A proliferação de greves neste ano apenas indica a consciência de que tais salários não podem garantir uma vida digna com possibilidade de ascensão social.

Há duas maneiras de aumentar a capacidade de compra dos salários: aumento direto de renda ou eliminação de custos. Nesse último quesito, os custos familiares com educação privada são decisivos. A criação de um verdadeiro sistema público de educação seria o maior aumento direto de salário que teríamos.

O governo teima, no entanto, em não perceber que o modelo de desenvolvimento conhecido como “lulismo” está se esgotando. Lula notou que havia margem de distribuição de renda no Brasil sem a necessidade de acirrar, de maneira profunda, conflitos de classe. De fato, sua intuição demonstrou-se correta. Mas o sucesso momentâneo tende a cegar o governo para os limites do modelo.

Com a ascensão social da nova classe média, as exigências das famílias aumentaram. Elas querem agora fornecer aos filhos condições para continuar o processo de ascensão, o que atualmente passa por gastos em escola privada. Esses gastos corroem os salários, além de pagar serviços de baixa qualidade. A escola brasileira, além de cara comparada a qualquer padrão mundial, é ruim.

É fato que o aumento exponencial dos gastos em educação coloca em questão o problema do financiamento do Estado. Ele poderia ser resolvido se o governo tivesse condição política para impor uma reforma tributária capaz de taxar grandes fortunas, transações financeiras, heranças e o consumo conspícuo para financiar a educação. Lembremos que, com o fim da CPMF, o sistema de saúde brasileiro viu postergado para sempre seus sonhos de melhora.

Tais condições exigiriam um tipo de política que está fora do espectro do lulismo, com suas alianças políticas imobilizadoras e sua tendência em não acirrar conflitos de classe. O Brasil paulatinamente compreende a necessidade de passar a outra etapa e, infelizmente, poucos são os atores políticos dispostos a isto.

Fonte: CartaCapital

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Último dos Moicanos

O Último dos Moicanos
Titulo Original: The Last of the Mohicans
Diretor: Michael Mann
Atores: Daniel Day-Lewis, Russell Means, Eric Schweig, Wes Studi, Madeleine Stowe, Jodhi May

Baseado no romance homônimo de James Fenimore, O Último dos Moicanos é um épico recheado de amor e batalhas durante a Guerra dos Sete Anos. Este remake do clássico de 1936 dirigido por Randolph Scott ficou a cargo de Michael Mann (O Informante e Fogo Contra Fogo).

A costa leste da América do Norte é alvo da disputa entre ingleses e franceses nos anos de 1756 a 1763. O filme conta a história da guerra, em que ambas as partes buscaram alianças com as comunidades indígenas para conquistar a posse das terras.

Nathaniel Hawkeye (Daniel Day Lewis, de Em Nome do Pai e Meu Pé Esquerdo) é um jovem americano adotado e criado por uma família de índios moicanos. Junto com a tribo de Nathaniel, o território é também habitado por uma comunidade de colonos que não tem nenhuma simpatia pela Coroa Britânica.

Mas a guerra está cada vez mais perto, e os colonos e índios são convencidos a integrar milícias favoráveis ao exército inglês, que domina seu território. Eles aceitam, sob a condição de serem dispensados da função caso suas famílias corressem perigo.

Nesse contexto, Nathaniel encontra as filhas do coronel inglês Munro (Maurice Roeves), encarregado pela defesa do forte William Henry. A mais velha, Cora (Madeleine Stowe, de Tocaia e Short Cuts Cenas da Vida), chama sua atenção e a paixão de ambos torna se evidente, tendo como pano de fundo o terror da guerra. Mas ele tem um sério concorrente: um oficial inglês que pretende pedi Ia em casamento.

Contra o exército inglês, os colonos e alguns nativos, está a violenta tribo dos Yurons, aliada dos franceses. Todos correm perigo. O ódio mortal da tribo Yuron se dirige especialmente ao coronel britânico Munro, que foi o responsável pela chacina da família de um dos seus chefes guerreiros. Para conseguir a vingança, eles juntam se às tropas francesas.

As famílias dos colonos começam a ser atacadas pelos Yurons mas, desrespeitando o combinado, os ingleses não informam os integrantes das milícias. Nathaniel descobre e trata de aconselhar aos colonos que retornem para suas casas. O coronel Munro manda prendê lo por incitação de motim.

Neste meio tempo, o oficial interessado em Cora percebe que, de fato, ela e o jovem moicano estão apaixonados. Se resta alguma esperança em casar se coro uma das filhas do importante coronel, o oficial a perde rapidamente: pois a irmã da moça teias seus olhos fixos no irmão adotivo de Nathaniel.

Mas o romance passa para um plano secundário: todos começam a ter problemas coro a guerra. Emboscadas são armadas e nem todos conseguem se salvar. Ódio, vingança, tragédias, morte estão presentes nesse filme inesquecível.

Tema do filme O Último dos Moicanos
http://www.youtube.com/v/ygNuRpwZqRU&hl=pt_BR&fs=1&">

Cena
http://youtu.be/wlOYfsVOTP4

domingo, 1 de julho de 2012

Petra monumental

A monumentalidade de Petra por si só já compensa ir à Jordânia

Petra

“Ela não parece trabalho da mão criativa do homem...,
...mas da rocha nasce como mágica,
Eterna, silenciosa, bela, só!...
Não, não é branca como o altar dórico
Em que Atenea celebrava seus ritos divinos,
Nem cinza como uma catedral...
É rosa e vermelha...
Faça-me igual à maravilha,
Zelosamente guardada pelo Sol do Leste,
Uma cidade rosada,
Tão antiga quanto o tempo...”
Do poema Dean Burgon do Prêmio Newdigate, "Petra", 1845

(*) Dean Burgon (John William Burgon - 1813 - 1888), nasceu em Smyrna, Turquia, filho de um mercador turco e uma mulher grega. Burgon formou-se em 1845 na Worcester College, em Oxford – Inglaterra, ano em que ganhou o prêmio Newdigate por seu poema “Petra”, que descreveu como ninguém, ainda que a jamais tenha visto.




Ladrões de Bicicletas - Vale a pena assistir ou rever


http://youtu.be/5K9SLjVuP-c

http://youtu.be/Myo2vOIGvLQ

Depois de muitas tentativas goradas, no catastrófico cenário de destruição do pós-guerra em Itália, Antonio Ricci consegue um emprego como colador de cartazes,para o qual é condição indispensável , possuir uma bicicleta, mas ele e a sua família, há meses na miséria, tinham empenhado a sua única bicicleta. Assim que conta à mulher a perspectiva de emprego, esta decide penhorar os lençóis de sua cama para poder levantar a bicicleta para o marido poder trabalhar. Mas, para piorar a situação, no seu primeiro dia de trabalho, a bicicleta é roubada, simbolicamente no preciso momento em que colava um cartaz de uma starlette do cinema americano


Ladrões de Bicicletas, um filme de Vittorio di Sica de 1948, é a história desse pobre pai de família desempregado que, sem a bicicleta que é o seu instrumento de trabalho, perderá o emprego e voltará à condição de desempregado sem futuro previsível. A bicicleta assume-se como metáfora da tecnologia que se interpõe entre o individuo e as suas condições vitais de sobrevivência. Torna-se necessário submeter-se ao fetiche do uso dos meios de produção que não possui nem controla para que o operário tenha acesso ao trabalho assalariado. A burguesia coloca o proletariado em disputa entre si: “se você tem uma bicicleta, eu também tenho!, o emprego pode ser meu!”. Marx e Engels na “Ideologia Alemã” descreveram a situação: “Esta contingência apenas é engendrada e desenvolvida pela concorrência e pela luta dos indivíduos entre si. Assim, na sua imaginação, os indivíduos parecem ser mais livres sob a dominação da burguesia do que antes, porque as suas condições de vida parecem acidentais; mas, na realidade, não são livres, pois estão mais submetidos ao poder das coisas”

Face à fatalidade Ricci decide então denunciar o roubo junto à polícia, que não o leva a sério, aconselhando-o que a procure ele mesmo. Com o seu pequeno filho Bruno ao lado, ele começa então a difícil tarefa de localizar a bicicleta pelas movimentadas ruas de Roma. Nessa caminhada desfila então aos olhos do espectador de forma documental o verdadeiro estado das coisas no país inteiro: a crise económica, o desemprego, a superstição, a miséria e a promiscuidade. No final, num momento de desespero, Ricci tenta roubar uma bicicleta da porta de uma fábrica, sem sucesso, sendo preso e humilhado à vista do pequeno Bruno...


"Ladrões de Bicicletas" é uma obra única de puro realismo, um documentário rodado ao vivo com amadores. Genuíno, descrevendo situações do dia-a-dia, de personagens comuns vividas por actores não-profissionais, filmado nas ruas, sem recursos nem efeitos de estúdio. O cenário é o da fome, da penúria - a vergonha da criança por ser pobre é confrangedora – é o ser humano face à perda de dignidade, impotente perante situações de irracionalidade. Óscar de melhor filme estrangeiro é uma obra prima incontornável. Um dos grandes clássicos do cinema. Passa hoje na Cinemateca. Mas, para quem não puder ver em formato de sala, há uma versão completa no you-tube

Fonte: Xatoo