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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Projeto para criar escola sem professores ganha prêmio de US$ 1 milhão


Educador indiano Sugatra Mitra, que incentiva crianças a aprenderem sozinhas, ganhou o Ted Prize

 iG SP 

Uma “escola na nuvem” sem professores, mas em um ambiente que estimula a criatividade, onde as crianças podem explorar e aprender sozinhas e ensinar umas às outras usando recursos disponíveis via internet é o projeto premiado pelo TED com US$ 1 milhão (cerca de R$ 2 milhões) para se tornar realidade.

O modelo, baseado em experiências realizadas pelo indiano Sugatra Mitra desde 1999 será aplicado em um laboratório na Índia e contará com uma rede de educadores, professores aposentados e outras pessoas engajadas em mudar a forma como as crianças aprendem.


Buraco na Parede: Alunos aprendem a usar computadores somente pela criatividade na Índia

 “Meu desejo é o de ajudar a projetar o futuro da aprendizagem, apoiando crianças de todo o mundo a desenvolverem seu deslumbramento inato e trabalhar juntos”, disse o educador em conferência no evento anual da instituição sem fins lucrativos que promove a disseminação de ideias, na Califórnia, Estados Unidos, na terça-feira.
O primeiro experimento realizado por Mitra para chegar à convicção de que o “conhecimento é obsoleto” e de que vivemos na “era da aprendizagem” foi realizado através de uma parede, onde o então professor de programação colocou um computador através de um buraco que dava em uma favela. Sem fornecer instruções, deixou o equipamento disponível para crianças mexerem nele. Oito horas depois, essas crianças que nunca haviam tido acesso à tecnologia estavam fazendo buscas e ensinando seus pares a fazerem o mesmo.
A experiência, que foi chamada de “Buraco na Parede”, foi repetida várias vezes em diversas comunidades rurais e urbanas pobres da Índia em níveis de dificuldade diferentes, sempre com o mesmo resultado. Estimuladas, as crianças conseguiam aprender sozinhas e disseminavam o conhecimento entre elas.


Reprodução
Educador indiano Sugatra Mitra tem plano de construir o futuro do aprendizado

Atualmente, Mitra lidera uma evolução desse projeto, o “ Vovó em Nuvens ", no qual professores e outros profissionais aposentados orientam estudantes pelo Skype. Mas eles não dão aulas, apenas fazem o papel da vó, que, segundo Mitra, é o de encorajamento.
Para o “Escola na Nuvem”, Mitra também espera que pessoas ao redor do mundo que acreditam na “autoaprendizagem” criem experiências semelhantes em casa, praças, pubs ou qualquer outro lugar e compartilhem seus resultados. Os aprendizados do laboratório serão oferecidos de forma gratuita para serem replicados.

TED Prize é concedido anualmente a pessoas visionárias com projetos inspiradores para mudar o mundo. 

Veja a conferência de Sugatra Mitra (em inglês)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Escolas empobrecidas: sem História nem Geografia


A escola vive uma profunda crise de legitimidade*. O mundo mudou, ficou complexo, novas demandas surgiram. Os estudantes na escola também são outros, diversos na origem e nos interesses. Os professores carecem de condições para um trabalho digno. A sociedade alterou suas expectativas referentes à escola e, assim, criou-se um complicado jogo de múltiplas contradições e, para essa complexidade, não cabem respostas e políticas simplistas.



Foto: Celso Júnior/AE

Afinal, para que a escola existe? Para formar adequadamente as gerações futuras ou para preparar os estudantes para avaliações externas como Enem, Saresp, Prova Brasil, Pisa etc.?

A que se destinariam os conhecimentos? Deveriam eles compor um mosaico para criar curiosidades, desejos e perguntas nos estudantes ou só serviriam para produzir informações para uso em testes de avaliação?

Nós, pesquisadoras de educação, ficamos mais uma vez perplexas ao nos depararmos com a nova proposta curricular do ensino público do Estado de São Paulo. Para bem aprender o Português e a Matemática, sugere-se excluir os conhecimentos de História, Geografia e Ciências do 1º ao 3º ano e manter 10% dessas disciplinas no 4º e 5º anos do currículo básico. Por essa nova proposta, ficou assim decretado: doravante, por meio desse novo currículo básico, as crianças de escolas públicas estaduais só receberão, até o 3º ano, aulas de Português e Matemática! Partindo do pressuposto evidentemente errôneo de que um conhecimento atrapalha o outro, as aulas de História, Geografia e Ciências serão eliminadas do currículo desses estudantes.

Como consequência dessa política, nas escolas de tempo integral, o aluno terá aulas em um período e, no outro, oficinas temáticas das diferentes áreas do conhecimento, algumas obrigatórias e outras eletivas escolhidas de acordo com o projeto pedagógico da escola.
À primeira vista, esse currículo está “rico” e diversificado; no entanto, pelo olhar sério e comprometido, ele estará fatalmente fragmentado. Primeiramente porque verificamos que as oficinas obrigatórias também não objetivam, do mesmo modo, um trabalho com História, Ciências e Geografia; pelo contrário, voltam-se novamente para a Matemática e para o Português.

Além disso, como trabalhar a oficina optativa, por exemplo, de Saúde e Qualidade de Vida sem os fundamentos das ciências? Intriga a essa altura saber: por que oficinas e não estudo contínuo? O que se ganha com isso? Vários equívocos nos saltam aos olhos! O primeiro deles é considerar que o conhecimento de algumas áreas é acessório, ocupa espaço e ainda impede o bom aprendizado do Português e da Matemática!

As concepções de escrita e leitura, por exemplo, acabariam por ser responsabilidade exclusiva de uma única disciplina do currículo. Não seria essa uma visão muito simplista de aprendizagem, pois parece supor que o estudante não desenvolve processos de escrita e leitura também em outras disciplinas?

Outro equívoco é a suposição de que para estudantes de escola pública o mínimo basta! Para que sofisticar com lições da história, da natureza e do lugar do nosso povo? Conhecimento científico seria enfim útil para quê?

A aprendizagem não ocorre por partes. O aprendizado é todo ele integrado e sistêmico. Um bom ensino de História expande o pensamento e as referências e o estudante, assim, tem condições para perceber relações de fatos, tempo e espaço, tão necessárias à aprendizagem matemática.

A Geografia leva nossos pensamentos para viajar em outros espaços; possibilita compreender a diversidade das sociedades, conhecer e apreciar a natureza, aprender a observar e a estabelecer conexões entre lugares e culturas. Mergulhados, assim, nesses novos referenciais, os estudantes podem compreender melhor a própria realidade e encarar suas circunstâncias com pleno envolvimento. Isso certamente repercutirá na sua vida e no seu aprendizado, com consequência, por exemplo, em estudos simbólicos e gráficos.

Como deixar de aproveitar a natural curiosidade das crianças, seu espírito exploratório, suas perguntas intrigantes acerca dos fenômenos da natureza e, dessa forma, tecer as bases de um fundamental espírito científico, que por certo ajudará a compreender a Matemática e a recriar o Português?

Será que a estratégia de oficinas, ao invés do estudo contínuo, dará conta de captar tal complexidade e também de tornar possível um processo de ensino-aprendizagem que seja capaz de construir os conhecimentos de Geografia, História e Ciências que ficaram tão diminuídos no currículo básico?

De nosso ponto de vista entendemos que a questão não é separar para empobrecer. O que vale é democratizar as possibilidades de ser e de estar melhor no mundo. E para que isso aconteça precisamos da integração total de saberes e práticas.

As crianças de classe social mais favorecida possuem, antes já de chegar à escola, uma gama infindável de vivências. As crianças de classe popular, em sua maioria, chegam já à escola destituídas desse capital cultural. Possuem outras ricas e profícuas experiências que, nem sempre, são valorizadas e transformadas na escola. No entanto, o importante é trabalhar pedagogicamente com essas experiências de modo a transformá-las em vivências socialmente válidas. Pensamos que o fundamental é ampliar as oportunidades ao invés de restringi-las; para tanto, a experiência com as diferentes áreas do conhecimento é essencial.

Preocupa-nos o risco de a função da escola, para as crianças dos anos iniciais, limitar-se, a partir da reforma proposta, ao ensino das habilidades mínimas de leitura e escrita e de cálculo, retirando-se as cores e os sabores das descobertas que se fazem no contínuo do seu desenvolvimento. Preocupa-nos que esse projeto ganhe força e se concretize em outros níveis de ensino e em outros Estados. Preocupa-nos que as oficinas contribuam mais para o esvaziamento dos conteúdos do que para a construção de conhecimentos. O que será da nossa escola pública, então? Um reducionismo dos conhecimentos, um estreitamento das concepções de ensino-aprendizagem? O objetivo final será a quantificação em detrimento da qualidade? E, se atingir índices é o foco dos processos de ensino-aprendizagem, o que isso realmente significa? Qual é a verdadeira motivação da política educacional implícita nesse movimento?

As autoras Maria Amélia Santoro Franco (Unisantos), Valéria Belletati (Instituto Federal de São Paulo), Cristina Pedroso (USP/FFCLRP) são doutoras em Educação e Ligia Paula Couto (Universidade Estadual de Ponta Grossa) é doutoranda em Educação. Todas são pesquisadoras do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação do Educador (GEPEFE) – FEUSP.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Os 7 mandamentos da tolerância religiosa

Bons conselhos para conseguir conviver em paz com amigos, parentes ou colegas de religiões e crenças diferentes das suas

Julia Batista, especial para o iG SP 

Getty Images
Não misture amizade e religião, a combinação nunca dá certo

A velha máxima “futebol e religião não se discutem” deveria pautar qualquer conversa, seja em família, entre amigos e colegas de trabalho. Avós e manuais de comportamento desde sempre ensinam isso.

E especialistas reforçam: proselitismo fora da comunidade religiosa é deselegante, chato e inconveniente. E pode até caracterizar crime. “As pessoas precisam se convencer da importância de respeitar a crença de cada um”, afirma a consultora de etiqueta Dóris Azevedo, autora de “Etiqueta e Contra-etiqueta ”.

Não se intimide numa situação constrangedora envolvendo proselitismo ou evangelização

Tolerância religiosa começa dentro de você. Respeite seu direito de ser diferente e não tenha medo de assumir sua liberdade mesmo diante dos amigos mais íntimos.

Como lidar então com aquela amiga, parente ou colega que insiste na pregação?
“Você tem o direito de dizer clara e firmemente: ‘eu não quero falar sobre o assunto’, mas também pode optar por uma brincadeira para tornar um pouco mais ‘light’ a 'saia justa'”, aconselha a consultora.

Ela conta que já passou por este tipo de situação algumas vezes. Em uma delas, por exemplo, Dóris estava doente na cama de um hospital, quando uma senhora se aproximou com a Bíblia. A reação da consultora foi tão imediata quanto inesperada. Ela gritou “Socorro, estão me convertendo!”. Todos os presentes riram e o episódio virou piada
.
Intolerância religiosa não é só um constrangimento, pode ser crime 

Brincadeira à parte, o assunto é sério. Liberdade religiosa existe e está garantida na Constituição, mas na prática isso nem sempre acontece. E os estudiosos estão preocupados com o avanço de ideias menos liberais e intolerantes. “A liberdade religiosa está ameaçada no País e a justiça religiosa também”, afirma a antropóloga Débora Diniz, autora do livro “ Laicidade e Ensino Religioso no Brasil ”.

“Segmentos religiosos mais intolerantes perseguem outras religiões”, acrescenta Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa .

A Comissão, organizada pela sociedade civil e sem vínculo com intituições governamentais, promove, desde 2008, a Caminhada contra Intolerância Religiosa . Ela acontece na praia de Copacabana, no Rio, no segundo domingo de setembro. A última edição reuniu cerca de 180 mil pessoas, segundo Ivanir. O resultado pode ser visto no livro, lançado em janeiro, “ Caminhando a gente se entende ”, que reúne fotos das caminhadas e textos de representantes de diversas crenças.

Mesmo a Constituição Brasileira sendo laica e protegendo a liberdade de expressão, o credo e o não-credo, a intolerância religiosa cresce e tem marginalizado determinadas crenças e seus seguidores, em especial as religiões de matriz afro-brasileira, como o candomblé e a umbanda.

“Politicamente, existe um favorecimento ao cristianismo, que oprime e impede que as minorias religiosas e as organizações não-religiosas dedicadas à difusão de uma cultura de tolerância ocupem espaços e tenham voz”, analisa Débora.

Para a antropóloga, a TV acaba favorecendo essa visão. As religiões petencostais e neopetencostais, estão se firmando no Brasil como as “religiões eletrônicas”, por causa do espaço que foram conquistando na TV aberta, em rádios e jornais. Para a antropóloga, esses programas religiosos são uma 'ameaça à liberdade de expressão'.

“As pessoas consomem, prioritariamente, a programação da TV aberta, concedida pelo estado laico a alguns grupos de comunicação, que vendem seus espaços para as igrejas milionárias. Isso quando as próprias organizações religiosas não acabam comprando diretamente canais de televisão. O público fica sem alternativa e sem acesso à informação de qualidade e, consequentemente, sem ferramentas para a formação de opinião”, reflete.

No dia a dia, a melhor forma de exercitar a tolerância religiosa é abrir espaço para a liberdade de crença e deixar cada um viver sua fé.

Os 7 mandamentos da boa convivência religiosa:

Trate os outros como você quer ser tratado


Este é o principal ensinamento de qualquer religião, credo ou filosofia. Não quer ser desrespeitado por suas escolhas, então não desrespeite o próximo. “Respeite para ser respeitado é a principal dica”, aconselha Dóris.

Respeite a crença religiosa dos outros 

Conseguir aguentar o fato de que os outros podem ter opiniões diferentes das nossas é pré-requisito para a boa convivência humana . Lembra do início da matéria? Futebol e religião não se discute. No caso da religião, não se discute e se respeita. “Tolerância uma hora ou outra pode se tornar intolerância. Deve haver respeito”, conclui Pai Gumarães de D’Ogum, presidente da Associação Brasileira de Templos de Umbanda e Candonblé.

Não brinque nem desrespeite as práticas religiosas dos outros.

Sua amiga muçulmana cobre-se com um véu? Não cabe a você fazer piada, criticar ou, pior ainda, fazer  comentários maldosos sobre essa prática. No máximo, tente entender o ponto de vista dela. Talvez você até se surpreenda.

Cuidado com a forma como você se aproxima de símbolos e rituais de outras religiões. 

Você pode até achar que não existe diferença nenhuma entre a imagem de Nossa Senhora, vestida de azul dentro do oratório que enfeita a escrivaninha da sua colega, e qualquer outro objeto ou enfeite, mas existe e é grande. Evite comentários, na dúvida, nem toque. Vale perguntar, desde que a curiosidade seja legítima, sem resquício nenhum de brincadeira.

Não deixe diferenças religiosas afastarem você da sua família.

Família não tem que comungar a mesma religião, admita que num país como o nosso, de maioria cristã, mas onde o sincretismo é forte, cada membro da família pode serguir um rumo diferente e conviver em harmonia dentro de padrões pré-estabelecidos de comum acordo, por exemplo, no Natal segue-se a tradição cristã, no Ano-novo a família se reúne para levar flores para Yemanja.

Monitore o ensino religioso do seu filho. 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) tornou obrigatório o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras. Isso favorece a tal discussão de ideias e a troca de informações, mas também pode criar espaços permeáveis ao proselitismo. Converse com seu filho sobre isso

Evite enviar e repassar correntes religiosas por email e redes sociais

Bloquear o amigo virtual, deletar emails e cancelar assinatura são opções para não receber mensagens religiosas e de pregação.

Intolerância religiosa é crime 

A Lei n.º 7.716/89 (Lei Caó) do Código Penal diz : a) ofender alguém com xingamentos relativos à sua raça, cor, etnia, religião ou origem. (Art. 140 do Código Penal (injúria), com a qualificadora do §3º. Pena: um a três anos de reclusão). Inclui-se aqui o ato de ofender alguém com xingamentos à sua religião. 


Em São Paulo, ocorrências de natureza preconceituosa podem ser registradas na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. A ONG Liberdade Religiosa auxilia vítimas de intolerância religiosa a procurarem seus direitos

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Ateus são mais motivados pela compaixão do que religiosos, diz estudo

Estudo da Universidade da Califórnia questiona associação entre generosidade e religião


Thinkstock/Getty Images
Ateus são mais propensos a agir por compaixão do que religiosos, segundo estudo

“Ama o teu próximo” é a regra de ouro de quase todas as religiões. Mas uma nova pesquisa da Universidade da Califórnia, em Berkeley, sugere que religiosos estão menos propensos a ajudar estranhos do que ateus, agnósticos e pessoas menos religiosas.

Em três experimentos, os pesquisadores descobriram que o sentimento de compaixão sempre levava as pessoas não religiosas a serem mais generosas do que as religiosas. Os resultados do estudo foram publicados na edição mais recente da revista científica Social Psychological and Personality Science.

A pesquisa desafia uma suposição generalizada de que os atos de generosidade e caridade são em grande parte movidos por sentimentos de empatia e compaixão. A ligação entre a compaixão e a generosidade se mostrou mais forte para aqueles identificados como não-religiosos ou menos religios os .


“No geral, achamos que para as pessoas menos religiosas ajudar o outro ou não depende da força de sua ligação emocional com a outra pessoa ” , disse o psicólogo social Robb Willer, da Universidade da Califórnia, um dos autores do estudo. “Os mais religiosos, por outro lado, podem fundamentar a sua generosidade menos em emoção e mais em outros fatores, como doutrina, uma identidade comum ou preocupações de reputação.”
No estudo, compaixão foi definida como a emoção sentida quando uma pessoa vê o sofrimento de outras, que então a motiva a ajudar, geralmente assumindo os riscos ou custos pessoais da ajuda. 

O estudo focou apenas na ligação entre religião, compaixão e generosidade, sem examinar diretamente as razões pelas quais pessoas muito religiosas são menos compelidas a agir por compaixão do que outras. Contudo, os pesquisadores levantam a hipótese de que pessoas profundamente religiosas podem se guiar mais pelo senso de obrigação moral do que os não religiosos.
“Testamos a hipótese de que a religião mudaria como a compaixão impacta o comportamento generoso”, disse Laura Saslow, autora principal do estudo. A pesquisadora se interessou pelo tema quando um amigo não religioso lamentou só ter feito doações para o Haiti depois de ver um vídeo tocante de uma mulher sendo salva dos destroços do terremoto e não por uma compreensão racional de que era necessário ajudar naquele momento.

A pesquisadora se interessou pelo tema quando um amigo não religioso lamentou só ter feito doações para o Haiti depois de ver um vídeo tocante de uma mulher sendo salva dos destroços do terremoto, e não por uma compreensão racional de que era necessário ajudar naquele momento.

“Quis replicar essa situação – um ateu fortemente influenciado pelas suas emoções num ato de generosidade com estranhos – em três estudos amplos e sistemáticos”, disse Saslow. 

No primeiro experimento, os pesquisadores analisaram informações de uma pesquisa com mais de 1.300 adultos norte- americanos. E les avaliaram quanto a compaixão motivou os participantes religiosos e não religiosos a fazerem caridade em situações como doar dinheiro ou comida para um sem-teto . O s menos religiosos ou ateus saíram na frente. “Os resultados indicam que, embora a compaixão seja associada com ações sociais em todos os participantes, essa relação é particularmente forte nos indivíduos menos religiosos”, relata o estudo.  

No segundo experimento, 101 adultos americanos assistiram um de dois vídeos : um emocionalmente neutro ou outro que mostrava crianças pobres. Na sequência, eles receberam 10 dólares fictícios e foram orientados a dar qualquer quantidade de dinheiro a um estranho. Os menos religiosos deram mais dinheiro a estranhos do que os mais religiosos.
“O vídeo indutor de compaixão teve um grande efeito na generosidade desses participantes”, disse Willer. “Mas não fez muita diferença para os participantes mais religiosos.”
No experimento final, mais de 200 estudantes universitários foram questionados sobre como se sentiam no momento. Na sequência, participaram de um jogo em que receberam dinheiro para compartilhar ou não com um estranho. Numa das rodadas, os pesquisadores disseram a cada estudante que ele tinha recebido dinheiro de outro participante e que , se quisesse, poderia devolver à pessoa uma parte do dinheiro. Os participantes menos religiosos e com mais compaixão foram os mais inclinados a dividir o que tinham ganh o com estranhos do que outros.

“A pesquisa sugere que embora pessoas menos religiosas tendam a ser encaradas com mais desconfiança, ao sentir compaixão, eles podem ser inclusive mais propensos a ajudar os outros do que pessoas religiosas”, disse Willer.

do iG/SP

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Minha idade é assunto meu

O peso psicológico e social dos aniversários pode ter um impacto limitador na vida das pessoas. A solução é se livrar dos estigmas

Carina Martins, iG SP

A recusa da jornalista Glória Maria em revelar sua idade já se tornou célebre. Para ela, isso não é assunto. Mas as pessoas continuam perguntando e querendo avaliar se ela está "bem" para a faixa etária, seja lá o que isso signifique. E, enquanto perguntam, nos últimos dois anos a jornalista tirou um período sabático, reorganizou sua carreira, namorou e tornou-se mãe. Não é pouca coisa em nenhuma fase da vida. Na semana passada, fez aniversário: 61 anos( a matéria em tela é de 22/08/2010).

http://gente.ig.com.br/materias/2010/08/16/gloria+maria+comemora+seus+61+anos+em+shopping+carioca+carolina+dieckmann+tambem+celebrou+os+3+anos+do+filho+jose+por+la+9564859.html, supostamente.Será que teria feito tanta coisa se tivesse passado o mesmo período contando aniversários e com medo da faixa oficial da "terceira idade"?


AgNews
Gloria Maria caminha pela orla com as filhas e não dá satisfação sobre sua idade
Sim, os números podem causar tanto ou mais impacto psicologicamente do que na quantidade de rugas. "Depende da forma como as pessoas encaram as coisas. Nossa sociedade valoriza a juventude e as datas acabam pesando. Quantas garotas que chegam aos 30 anos solteiras me procuram desesperadas e se casam com o primeiro tonto que aparece?", diz a psicóloga Olga Tessari, autora do livro "Dirija Sua Vida Sem Medo" (Ed. Letras Jurídicas).

A ideia de que existem coisas permitidas, proibidas e obrigatórias direta e exclusivamente relacionadas à idade cronológica pode causar danos que vão desde escolher um marido qualquer, como no caso das pacientes de Olga, até prejuízos reais à saúde. Um estudo realizado pela North Carolina State University mostrou que idosos tinham um desempenho muito pior em testes de memória quando tinham sua idade apresentada como um fator relevante. Aqueles que diziam acreditavam que idosos tinham memória ruim iam ainda pior.


Agnews/Wallace Barbosa
Gloria Maria brinca com as filhas na orla do Leblon, Rio de Janeiro
Para evitar um desgaste desnecessário além dos inevitáveis cabelos brancos (que, como qualquer outra consequência de envelhecimento, chegam para cada um em idade e quantidade diferente), Olga sugere que as pessoas, especialmente as mulheres, se permitam descartar o julgamento que os outros podem fazer da data impressa em seu RG. "A pessoa que vive em função da idade na verdade está preocupada com a opinião dos outros. Quem não revela a idade ou não pensa nisso pouco se importa com o que os outros falam", diz. Não se importa com o que os outros falam nem com as metas estabelecidas externamente para cada faixa etária.

Mas mentir o número de aniversários é ainda pior. "Se você mente, é porque tem medo da crítica do outro", alerta a psicóloga. A solução, portanto, seria fazer como Gloria Maria e tratar a idade como assunto realmente pessoal. "Ou assumir e deixar claro que se os outros acham que você deveria estar fazendo na sua idade não te interessa", diz.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Solidão ou solitude?


Estar desacompanhado pode ser o céu ou o inferno: depende da disposição para se encontrar consigo mesmo

Verônica Mambrini, iG SP |

Uma viagem solitária faz você ficar mais próximo de si mesmo. E ainda que você esteja num local deserto, o sentimento de solidão fica longe”, diz o ex-advogado Arthur Simões, 29 anos. Ele sabe do que está falando: por 3 anos e dois meses, pedalou pelo mundo. Foram 35 mil quilômetros percorridos e uma boa parte do tempo, Arthur esteve sozinho. “Atravessei regiões desérticas ou mesmo países em que não cruzava com pessoas que falassem qualquer um dos idiomas que eu conheço. No Atacama, passei dias e dias sem ver ninguém”, conta.

Arthur Simões
Arthur Simões em Bolívia, no Salar de Uyuni. Nos três anos da viagem, ele passou longos períodos sem companhia

Acostumado a praticar ioga e meditação, ele garante que foi tranqüilo. “Uma viagem solitária inevitavelmente leva você para um mergulho interior. E as pessoas nem sempre estão interessadas nesse tipo de questionamento. O mundo vira um espelho onde você vê o seu reflexo”, afirma.

Esse sentimento experimentado por Arthur dificilmente se assemelha com nossa visão de senso comum de solidão, mas se aproxima da definição que o Dicionário Houaiss dá de “solitude”, uma variante da palavra ‘solidão’, com foco nos seguintes aspectos: retiro, isolamento, privacidade, reclusão, mas sem sofrimento ou angústia.

Na volta da viagem, em 2009, Arthur levou cerca de um ano para se readaptar à rotina, restabelecer amizades, contatos, rotinas. “Talvez minha viagem tenha sido solitária para eu descobrir que o bem mais precioso são meus amigos.” É como se os períodos de solidão ajudassem a viver melhor na companhia dos outros.

Para Hélio Deliberador, professor do Departamento de Psicologia Social da Pontifícia Universidade de São Paulo, é necessário e saudável estar só. “É uma condição humana essencial. São momentos em que você é retirado da situação peculiar dos homens que é de ser com os outros”, diz. “A gente nasce ligado ao outro, somos gestados dentro de alguém, ligados pelo cordão umbilical. Mas no momento final da vida a gente faz o caminho contrário, em direção à morte, que é solitário”, diz. Esse tipo de solidão, contudo, é diferente, do estado de isolamento ou de alheamento, por retraimento ou inibição, que gera sofrimento.

Mesmo em tempos de redes sociais com centenas de amigos e excesso de estímulos e informação, o sentimento de solidão bate forte nessa época do ano(Natal, Ano Novo).

“Isso acontece porque vínculo significa qualidade, não quantidade”, afirma Deliberador. “Na internet, por exemplo, posso ter uma rede de amigos extensa, mas não significa que eu tenha um contato qualitativamente saudável com o outro.” Ou seja, não é o número de pessoas ao redor que define se alguém é ou não solitário, mas a sua capacidade de criar vínculos.

Estar sozinha foi uma experiência tão boa para a doutoranda em lingüística Maíra Avelar, 27 anos, que ela vive agora o dilema contrário: como lidar com a divisão de espaço.

Depois de morar sozinha por 4 anos, casou-se e está aprendendo a se adaptar ao outro. “Eu preciso muito da minha privacidade, adorava morar só”, conta. “Para quem nunca teve o sonho de se casar e nunca viu casamento como realização, é difícil abrir mão de ser sozinha”, afirma. “Eu sou bem sociável, tenho muitos amigos e não fico isolada, mas preciso muito do meu tempo e de espaço para estar comigo”, diz.

Casada há 3 meses, Maíra está se adaptando à convivência intensa, já que, além de viverem juntos, ela e o marido trabalham em casa, num home office.

Embora curta estar só, ela reconhece que não é para qualquer um. “Sozinho, você tem que se confrontar consigo mesmo. Pensar sobre sua vida fica inadiável e não tem em quem descontar frustrações”, afirma.

“É um tipo de solidão muito positiva, que leva você a se reconstruir e a enxergar o seu papel nas relações em que vive. A gente não é nem um pouco estimulado a isso. No geral, as pessoas têm tanto medo de ficar sozinhas que nem experimentam.”

A psicanalista Diana Corso lembra que a solidão é uma experiência recente na história da humanidade. “Se sentir sozinho depende de se sentir isolado do contexto. No mundo pré-individualismo, não existia isso. Você estava o tempo todo com Deus, com a família”, afirma.
Ela define a solidão como essa sensação de não ter importância, de não ter um lugar no mundo ou no coração dos outros – até a crença em um anjo da guarda, por exemplo, cria uma sensação de amparo. “A ideia de transcendência faz você se sentir menos só.”

A experiência de estar sozinho se torna incômoda justamente por nos colocar em contato com o que temos de repertório interior. Num mundo acelerado e repleto de estímulos de consumo é fácil sentir que temos pouco. “A sensação que se tem é de constante insuficiência. Como se o que temos por dentro não fosse validado pelo mundo, como se fosse muito pouco”, lembra Diana.

Não à toa, muitas pessoas não conseguem se desligar das redes sociais, do celular, da presença constante de amigos e da família nem mesmo para atividades prosaicas, como ir ao cinema ou fazer uma refeição. Assim como a psicoterapia, a solidão é um exercício de aprender a valorizar o que se tem. Melhor ainda se ela for uma pausa para o retorno ao estado de estar junto, como acredita Deliberador.

“Pela nossa natureza, temos sempre outros no cenário, é da nossa natureza construir relações de amor e amizade. Não tem sentido uma festa que a pessoa faz para ela mesma.” Mas a festa é melhor quando a casa está arrumada.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Por uma sociedade melhor, meninos deveriam brincar de boneca e de casinha



Tenho dado bonecas de pano de presente para filhos de alguns amigos. Há algumas lojas que vendem brancas, negras, indígenas, asiáticas.

Diante do estranhamento dos pais (“Ah, mas ele é menino!”), tento explicar que brincar de boneca e de casinha deveria ser algo incentivado a ambos os sexos.

Formaríamos homens mais conscientes e menos violentos se eles entendessem, desde cedo, que cuidar de bebês, cozinhar, limpar a casa não são tarefas atreladas a um gênero, mas algo de responsabilidade do casal. Não há nada mais anacrônico do que tomar como natural que o homem deve sair para caçar e a mulher ficar cuidando da tenda no clã. Em alguns países, após um período inicial de licença maternidade básica, o casal escolhe quem continua fora do trabalho para cuidar do pimpolho. Podem decidir, por exemplo, que ele ficará em casa e ela irá para a labuta.

Enquanto isso, damos armas e espadas de brinquedo para os meninos. Dia desses, vi um par de pequeninas luvas de boxe expostas em uma loja – para lutadores de seis anos. Evoluímos como sociedade, mas continuamos fomentando a agressividade entre eles como se fosse algo bom. A indústria de brinquedos, com raras exceções, trabalha com essa dualidade “meninas precisam aprender a cuidar da casa e ficar bonitas para os meninos” e “meninos precisam aprender a governar o mundo”. Quem quer romper com isso encara certa dificuldade para encontrar produtos.

O filho de um amiga ganhou de presente um kit de panelinhas, prato e talheres de brinquedo. Ele adora. Mas foi duro encontrar um modelo que não tivesse estampas com desenhos de meninas. Isso sem contar as caixas, que trazem garotas brincando de cozinha, como se o produto não pudesse ser utilizado por garotos também. Isso sem falar dessa imbecilidade de que rosa é cor de menina e azul de menino. Quando alguém começa a defender esse maniqueísmo pobre, dá uma preguiça…

Brinquedos não deveriam trazer distinção de gênero. Ou como diz uma imagem que estava correndo o Facebook: “Como saber que um brinquedo é para menino ou para menina?” E faz uma pergunta: “Vibra?” Se a resposta for sim, não é para crianças. Se a resposta for não, vale para ambos os sexos.

O homem é programado, desde pequeno, para que seja agressivo. Raramente a ele é dado o direito que considere normal oferecer carinho e afeto para outro ser em público. Ou cuidar de bebês e da casa. Manifestar sentimentos é coisa de mina. Ou, pior, é coisa de “bicha”. De quem está fora do seu papel. Papel que é reafirmado diariamente: dos comerciais de produtos de limpeza em que só aparecem mulheres sorrindo diante do novo desentupidor de privadas até a escolha de determinados entrevistados por nós jornalistas, que também dividimos o mundo entre coisas de homem e de mulher. “Ah, mas o mundo é assim, japa.” Não, não é assim. Nós que não deixamos ele ser diferente.

Homens que trabalham no Brasil gastam 9,5 horas semanais com afazeres domésticos, enquanto que as mulheres que trabalham dedicam 22 horas semanais para o mesmo fim. Os dados são da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Com isso, apesar da jornada semanal média das mulheres no mercado ser inferior a dos homens (36 contra 43,4 horas, em termos apenas da produção econômica), a jornada média semanal das mulheres alcança 58 horas e ultrapassa em mais de cinco horas a dos homens – 52,9 horas – somando com a jornada doméstica. Ou 20 horas a mais por mês. Ou dez dias por ano.

A análise mostra também que 90,7% das mulheres que estão no mercado de trabalho realizam atividades domésticas. Enquanto isso, entre nós homens, esse número cai para 49,7%. Porque brincar de casinha é coisa de menina.

Trabalho doméstico não é considerado trabalho por nossa sociedade, mas sim obrigação, muitas vezes relacionado a um gênero, que tem o dever de cuidar da casa. Às vezes, o casal trabalha fora e, nesse caso, terceiriza-se o serviço doméstico para outra mulher, seja ela babá, faxineira ou cozinheira. Sem, é claro, garantir a elas todos os direitos trabalhistas porque, até o Congresso Nacional aprovar nova lei, são cidadãs de segunda classe. E, diante da possibilidade de pagar direitos trabalhistas a quem faz o trabalho doméstico, a classe média pira.

A disputa é no campo do simbólico e, portanto, fundamental. Todos nós, homens, somos inimigos até que sejamos devidamente educados para o contrário. E os brinquedos que escolhemos para nossos filhos fazem parte dessa longa caminhada a fim de garantir um mínimo de decência para com o sexo oposto.

Abaixo, vídeo de uma sensacional campanha do governo do Equador contra o machismo que traduz em imagens o que quero dizer:



AS PONTES DE MADISON (The Bridges of Madison County)

Filme para ver ou rever. Maravilhoso!



No verão de 1965, enquanto o marido e os filhos estão viajando, Francesca Johnson (Meryl Streep), uma fazendeira de Iowa, recebe a inesperada visita do fotojornalista da National Geographic Robert Kincaid (Clint Eastwood). Ele pede informações sobre as pontes de Madison, as quais deverá fotografar profissionalmente. Francesca fornece as informações, mas acaba se envolvendo com Kincaid. O romance é tão intenso quanto rápido: dura apenas quatro dias. Quando os filhos descobrem o amor secreto da falecida mãe, passam a questionar seus próprios casamentos.

 

FICHA TÉCNICA
Diretor: Clint Eastwood
Elenco: Clint Eastwood, Meryl Streep, Annie Corley, Victor Slezak, Jim Haynie, Sarah Kathryn Schmitt, George Orrison, Kyle Eastwood, Debra Monk, Phyllis Lyons.
Produção: Kathleen Kennedy, Clint Eastwood
Roteiro: Richard LaGravenese
Fotografia: Jack N. Green
Trilha Sonora: Lennie Niehaus, Clint Eastwood
Duração: 135 min.
Ano: 1995
País: EUA
Gênero: Romance


Música:

Lennie Niehaus - The Bridges of Madison County - Doe eyes


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Sexo combina com amizade?


Alguns acreditam que os prejuízos são grandes e outros defendem essa idéia

Regina Navarro Lins

Júlia vive um grande conflito em relação à sua amizade com Sávio: “Somos amigos e confidentes há muitos anos. Acho até que ele é a pessoa em quem mais confio. No final do ano passado, Sávio disse que sente tesão por mim e que se eu também sentir por ele, não vê motivo para não fazermos sexo. Na hora, achei que não tinha nada a ver. Mas agora tenho pensando nisso. Meu único medo é que, se transarmos, a nossa amizade acabe.”

Muitos têm a mesma preocupação que Júlia. Pensando nisso lancei a pergunta no meu site: É possível misturar sexo com amizade? Esta questão e as respostas obtidas fazem parte do livro “A Cama na Rede”, que lancei no final do ano passado.

Alguns acreditam que os prejuízos são grandes:

“Será que alguém consegue manter uma amizade, só amizade, sem que a relação sexual com o amigo torne-se um amor grande e profundo? Duvido! Se nesta relação houver um ardor muito grande e uma união carnal voluptuosa, a coisa ‘esquenta’ e não permanece puramente no plano das visitas ocasionais. Onde entra o sexo, pelo menos no caso feminino, as emoções crescem e a necessidade de um pelo outro também. Torna-se então muito difícil esperar que o telefone toque ou que ele a procure.”

“Estou vivendo uma relação de amizade e sexo e uma coisa eu digo: no começo é tudo maravilhoso, só que eu descobri que não quero só amizade. Além de tudo ele é casado e eu sei que vou sofrer bastante para sair desse relacionamento. Sei também que perdi o amigo.”

“Acredito que é muito difícil misturar amizade e sexo. Quando amigos decidem manter relações, as cobranças vêm como consequência. O grande problema é: como começar a namorar outra pessoa sem abalar a amizade? Neste momento estou vivendo isso: transo com minha melhor amiga e quero namorar outra pessoa. Estou sem conseguir raciocinar.”

“Quem é que disse que amizade e sexo podem se misturar? Ridícula essa ideia. Uma coisa jamais combinou com a outra, por mais que as ideias ‘modernosas’ de hoje tentem negar isso. Qualquer ser humano sabe que se você tem amizade com alguém e transa com esta pessoa, a amizade fica esquisita.”

Outros defendem essa ideia:

“Eu fiz sexo com um amigo e foi ótimo, ele se mostrou um excelente amante, além da segurança de se estar com alguém conhecido.”

“Já tive sexo com um grande amigo. Acredito que amor e sexo são dois sentimentos que nem sempre estão juntos, portanto, podemos ter só amizade por uma pessoa e desejá-la sexualmente. Pode-se levar esta amizade tranquilamente, sem preconceitos e cobranças, pelo resto da vida, desde que haja sempre o alicerce principal entre os dois envolvidos que é sem dúvida nenhuma, o respeito.”

“Tenho um relacionamento sexual intenso com um grande amigo. É perfeitamente possível não abalar a amizade. Há muito respeito entre nós, somos amigos e somos grandes amantes, mas uma coisa não atrapalha a outra. Não há cobrança, só respeito e amizade.”

“Eu tenho uma amiga de confidências, e já transamos algumas vezes. Temos uma atração física muito forte e quando nos encontramos, dependendo das circunstâncias, vamos para a cama. Mas somos totalmente independentes e respeitamos se o outro arrumar namorado (a), o que está ocorrendo no momento. Ela está namorando, mas mesmo assim somos bons amigos. Sabemos que se o namoro terminar podemos voltar para a cama. Assim é muito bom, sem compromisso social, que é o grande vilão nos relacionamentos dos casais.”

“Tenho um ótimo amigo... nos conhecemos na faculdade. Há seis anos ele tem uma namorada. Também tenho namorado, mas quando estou sozinha o procuro para conversar e sempre a gente acaba transando. Ele não me liga no outro dia, porque somos somente amigos. Nossa amizade é linda e eu o adoro. Na minha festa de casamento ele vai estar lá! Sempre será meu amigo. E pode ser que a gente continue a transar.”

****

Apesar de as mentalidades estarem mudando, muitos ainda acreditam que quem mistura amizade com sexo perde o amigo e o amante. É uma ideia muito difundida, que tem como origem a associação que se faz entre amor romântico e sexo. Há quem defenda que para haver sexo é necessário se estar vivendo um romance com tudo o que ele inclui: ciúme, possessividade, pavor que o outro se interesse por alguém, medo de ser trocado.

Essa crença de que amor e sexo têm que estar sempre juntos atinge principalmente a mulher. O homem não foi educado para ter que juntar as duas coisas. Muitas mulheres defendem que é da natureza feminina só desejar sexo quando existe amor, em mais uma manifestação de apoio à limitação da sexualidade da mulher.

Na realidade, amor e sexo são impulsos totalmente independentes, e é possível se experimentar prazer sexual pleno totalmente desvinculado das aspirações românticas.

Entretanto, ninguém pode esquecer que existe muito amor nas relações de amizade verdadeira. Não a mentira do amor romântico – que prega que os dois se transformam num só e que nada mais no mundo interessa –, mas aquele amor em que os amigos participam da vida uns dos outros, discutem seus problemas, suas questões existenciais, são solidários e são até mais importantes do que uma relação amorosa tradicional.

Entretanto, nem sempre se tem desejo sexual por um amigo. Como em todo amor, pode haver desejo ou não. Mas se houver? Qual o problema?


A amizade corre sérios riscos se um dos dois criar uma expectativa de relação com o outro diferente da amizade que sempre houve. Só porque há sexo, a pessoa se acha com o direito de controlar a vida do amigo, ser ciumenta, cobrar coisas. Nenhuma relação resiste a isso, ainda mais a de amizade, que se caracteriza justamente pela ausência de obrigações. O que ocorre é que muita gente pensa que é livre, que não está mais presa aos modelos que exigem um comportamento igual para todo mundo, mas de repente se descobre insegura, desejando uma relação tradicional. Não sabendo bem como explicar seus sentimentos, sai por aí dizendo que amizade e sexo não podem se misturar.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Tomates verdes fritos


Lindo  para ver ou  para  rever...

O filme é baseado no romance Fried Green Tomatoes At the Whistle Stop Cafe, de Fannie Flagg.

Título Original:
Fried Green Tomatoes

Sinopse: 
Evelyn Couch (Kathy Bates) é uma dona de casa emocionalmente reprimida, que habitualmente afoga suas mágoas comendo doces. Ed (Gailard Sartain), o marido dela, quase não nota a existência de Evelyn. Toda semana eles vão visitar uma tia em um hospital, mas a parente nunca permite que Evelyn entre no quarto. Uma semana, enquanto ela espera que Ed termine sua visita, Evelyn conhece Ninny Threadgoode (Jessica Tandy), uma debilitada, mas gentil senhora de 83 anos, que ama contar histórias. Através das semanas ela faz relatos que estão centrados em uma parente, Idgie (Mary Stuart Masterson), que desde criança, em 1920, sempre foi muito amiga do irmão, Buddy (Chris O'Donnell). Assim, quando ele morreu atropelado por um trem (o pé ficou preso no trilho), Idgie não conseguia conversar com ninguém, exceto com a garota de Buddy, Ruth Jamison (Mary-Louise Parker). Apesar disto Idgie era bem doce, apesar de nunca levar desaforo para casa. Independente, ela faz seu próprio caminho ao administrar uma lanchonete em Whistle Stop, no Alabama. Elas tinham uma amizade bem sólida, mas Ruth faz a maior besteira da sua vida ao se casar com Frank Bennett (Nick Searcy), um homem estúpido que espanca Ruth, além de ser secretamente membro da Ku Klux Klan. Inicialmente Ruth tentou segurar a situação, mas quando não era mais possível Idgie foi buscá-la, acompanhada por dois empregados. Idgie logo dá a Ruth um emprego em sua lanchonete. Por causa do seu jeito de se sustentar sozinha, enfrentar Frank e servir comida para negros no fundo da lanchonete, Idgie provocou a ira dos cidadãos menos tolerantes de Whistle Stop. Quando Frank desapareceu misteriosamente muitos moradores suspeitaram que Idgie, Ruth e seus amigos poderiam ser os responsáveis.

Elenco principal
Kathy Bates.... Evelyn Couch
Mary Stuart Masterson.... Idgie Threadgoode
Mary-Louise Parker.... Ruth Jamison
Jessica Tandy.... Ninny Threadgoode
Cicely Tyson.... Sipsey
Chris O'Donnell.... Buddy Threadgoode
Stan Shaw.... George
Gailard Sartain.... Ed Couch
Tim Scott.... Smokey Lonesome
Gary Basaraba.... Grady Kilgore
Lois Smith.... Mãe Threadgoode



Tomates verdes fritos inteiro e dublado



Trilha sonora

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Universalização da pré-escola traz grandes desafios aos prefeitos até 2016



Crédito: Banco de imagens

Até 2016, os municípios brasileiros terão um grande desafio: universalizar o atendimento na pré-escola para todas as crianças de quatro e cinco anos. Os prefeitos devem garantir a implementação da emenda constitucional 59 (lei nº 11.274), que define a educação básica obrigatória dos quatro aos dezessete anos. Para atingir tal objetivo, os gestores que assumiram as prefeituras neste ano terão que assegurar a todos os munícipes o direito à educação infantil, o que não engloba só a construção de novas escolas.

A professora e presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime do Rio Grande do Sul, Márcia Carvalho, acredita que o primeiro grande desafio é o trabalho de conscientização da comunidade para que matricule as crianças na escola quando completarem quatro anos. “A educação infantil também é importante para a formação das crianças. A luta pela universalização da pré-escola é antiga e seu maior objetivo é deixar as crianças cada vez mais cedo e por mais tempo dentro das escolas”, explicou.

Para tanto, segundo Carvalho, o primeiro passo é mapear as crianças moradoras do município que tenham essa faixa etária, verificar a taxa de natalidade e prever um crescimento populacional. “Os prefeitos devem pensar lá na frente, fazendo estatísticas para que o número de vagas possa atender plenamente as crianças até 2016.” De acordo com os dados divulgados em 2012 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef, no Brasil, ainda há cerca de 1,4 milhão de crianças de quatro e cinco anos fora da escola.

Entretanto, este não é o maior problema que os municípios enfrentarão. “O maior desafio é, ainda, a busca por recursos financeiros. O gestor público terá que buscar recursos não só para a construção de escolas de educação infantil, mas também para a manutenção. Afinal, uma instituição de ensino deve ter profissionais qualificados, professores com formação superior, infraestrutura adequada e segura, alimentação, entre outros fatores exigidos por lei”, contou. De acordo com o Censo Escolar 2011, dos 408.739 professores da pré-escola, apenas 232.626 possuem ensino superior e estão habilitados a lidar com crianças nesta faixa etária.

Segundo a Secretaria de Educação Básica – SEB do Ministério da Educação – MEC, o governo federal atende a demanda por recursos por meio de seus programas voltados à educação infantil. Um deles é o Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil – Proinfância, que prevê a construção de 5,5 mil creches e pré-escolas até 2014. Até o momento existem 1.195 instituições concluídas ou em fase de conclusão. Para 2013, está previsto investimento em mais 1,5 mil creches e escolas de educação infantil.

O município interessado em se beneficiar do Proinfância deve informar esta necessidade em seu Plano de Ações Articuladas – PAR e encaminhar eletronicamente os documentos pertinentes, via Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação – Simec. “O Proinfância é um dos mais eficazes programas de captação de recursos para a educação infantil”, informou Carvalho.

Além dele, os grupos que recebem o Bolsa Família, que têm em sua composição crianças de até seis anos de idade, podem pedir o benefício do Brasil Carinhoso, que reforça a transferência de renda  e, com isso, fortalece a educação com o aumento de vagas nas creches. Mais informações podem ser encontradas napágina do governo federal.

Há também o Programa Nacional de Educação do Campo – Pronacampo, que oferece apoio técnico e financeiro aos estados e municípios para implementação da política de educação do campo, desde a educação infantil até o ensino médio. O programa trabalha a educação contextualizada, promovendo a interação entre o conhecimento científico e os saberes das comunidades.

As prefeituras que se interessarem em buscar recursos do governo federal para a implementação de novas escolas podem procurar outros programas na página http://programasparamunicipios.portalfederativo.gov.br/.

Por Luana Costa / Blog Educação

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A nudez é uma forma eficaz de protesto?


Tirar a roupa em nome de uma causa ajuda a chamar a atenção ou atrapalha a luta? ...

Ricardo Donisete , iG SP | 

 “O protesto nu manda uma mensagem: ‘Esse corpo é meu, dele eu faço o que quiser e uso da forma que eu quero. Eu mando no meu corpo’”, afirma Sara Winter, organizadora do Femen Brazil

Com os seios desnudos e pedindo atenção para a violência contra a mulher, as ativistas do Femen Brasil protestaram na última quinta-feira (31/01/2013) no centro de São Paulo. No dia anterior, também seminus, desempregados fizeram uma manifestação contra os cortes nos serviços sociais na cidade de Bilbao, na Espanha.

Os dois protestos, separados por considerável distância não só geográfica, mas também de motivo, são representações claras de um fenômeno cada vez mais evidente: o uso da nudez para chamar a atenção para causas tão diversas que vão da desigualdade social ou de gênero a problemas cotidianos, como o desrespeito aos ciclistas no trânsito das grandes cidades.

“O protesto nu manda uma mensagem: ‘Esse corpo é meu, dele eu faço o que quiser e uso da forma que eu quero. Eu mando no meu corpo’”, afirma Sara Winter, organizadora do Femen Brazil, representação local de um movimento nascido na Ucrânia, em 2008.

Autora do livro “Corpo, Envelhecimento e Felicidade” (Civilização Brasileira), a antropóloga Mirian Goldenberg diz que o uso da nudez como protesto quebra expectativas. “Inverte o tradicional uso do corpo como uma mercadoria, vinculado ao sexo, especialmente no caso da mulher”, analisa. “Num protesto, você mostra o seu corpo como ele é e como você quer. O uso dele é feito como um gesto político, de liberdade”, completa.

Mas esse tipo de protesto nem sempre é bem visto. Numa entrevista ao site Opinião & Notícia, a socióloga Maria Lúcia Victor Barbosa, ex-professora da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Maringá, disse que essas manifestações são inócuas porque a nudez acaba chamando mais atenção do que a causa.

“Há formas de protesto mais inteligentes. Em alguns casos, vira deboche e até é prejudicial à causa”, pontuou Maria Lúcia sobre a nudez como forma de ativismo. E você, o que acha deste tipo de iniciativa? Dê a sua opinião na enquete.

Fotos:

A matéria traz também além de fotos, uma pesquisa.
Pesquisa: A nudez é uma forma eficaz de protesto?
Sim, o nu atrai a atenção das pessoas para a causaNão, o nu acaba chamando mais atenção do que a causa