Filarmônica de Boston
Por PapaMideNite3
O arrebatador final do oratório Elias do Felix Meldelssohn na interpretação da filarmônica de Boston, uma das 5 melhores orquestras do mundo, que aliás, agora em Janeiro terá a frente um jovem brasileiro no comando, o carioca Marcelo Lehninger.
Amy Winehouse
Love is a Losing Game
Fonte: Luis Nassif on line
Espaço para leitura, reflexão e debate sobre as várias facetas que compõem a totalidade da existência.
Quem sou eu
- Maria,viajante do Universo de passagem pelo planeta Terra
- "Quando começares a tua viagem para Ítaca, reza para que o caminho seja longo, cheio de aventura e de conhecimento...enquanto mantiveres o teu espírito elevado, enquanto uma rara excitação agitar o teu espírito e o teu corpo." ...Konstantinos Kaváfis,trad.Jorge de Sena in Ítaca
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Por ser muito antigo o quadro de comentário do blog, ele ainda apresenta a opção comentar anônimo, mas, com a mudança na legislação
....... NÃO SERÁ PUBLICADO COMENTÁRIO ANÔNIMO....
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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
A brasilidade de Marisa Letícia Lula da Silva
Uma justa homenagem à brasilidade de dona Marisa Letícia Lula da Silva contraposta à mentalidade colonial, ainda presente em considerável parte da mídia brasileira, que reproduzo do blog da Hildegard Angel.
Marisa Letícia Lula da Silva: as palavras que precisavam ser ditas
Foram oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de "a Cara" por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À "companheira" número 1 da República, muito osso, afagos poucos. Ah, dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E - pior de tudo - os boatos infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a família? Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve.
Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da mulher mãe de família em nossa sociedade. Depois, implicaram com o silêncio dela, a "mudez", a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão? Ah, mas tudo que "eles" queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar poderoso de doutorados e mestrados. Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia. E não são também em grande número aquelas que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?
Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade. Foi um apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente, decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de nossas preferências, nossa culinária, os jogos e brincadeiras. Prestigiando o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do casal lhes causasse desconforto. Imprensa colonizada e tola, metida a chique. Fazem lembrar "emergentes" metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza de um pau de sebo "arrodeado" de fitinhas coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o Brasil.
Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada. No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita. Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor!
Cobraram de Marisa Letícia um "trabalho social nacional", um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social. Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo. Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam.
Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos. Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece.
Lula e Marisa Letícia da Silva. Foto: reprodução
Marisa Letícia evoluiu ao longo do período em que foi primeira-dama. Na montagem acima, bons momentos em que demonstrou sua elegância.
Marisa Letícia soube valorizar o artesanato brasileiro na moda como nenhuma outra primeira-dama. Vejam, nos looks acima, a bolsa é de fuxico e as rendas são tipicamente brasileiras.
Com Michelle Obama. Duas lindas mulheres. Foto: reprodução
Marisa Letícia Lula da Silva: as palavras que precisavam ser ditas
Foram oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de "a Cara" por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À "companheira" número 1 da República, muito osso, afagos poucos. Ah, dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E - pior de tudo - os boatos infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a família? Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve.
Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da mulher mãe de família em nossa sociedade. Depois, implicaram com o silêncio dela, a "mudez", a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão? Ah, mas tudo que "eles" queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar poderoso de doutorados e mestrados. Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia. E não são também em grande número aquelas que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?
Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade. Foi um apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente, decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de nossas preferências, nossa culinária, os jogos e brincadeiras. Prestigiando o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do casal lhes causasse desconforto. Imprensa colonizada e tola, metida a chique. Fazem lembrar "emergentes" metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza de um pau de sebo "arrodeado" de fitinhas coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o Brasil.
Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada. No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita. Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor!
Cobraram de Marisa Letícia um "trabalho social nacional", um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social. Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo. Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam.
Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos. Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece.

Marisa Letícia evoluiu ao longo do período em que foi primeira-dama. Na montagem acima, bons momentos em que demonstrou sua elegância.



terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Ensino Médio em tempo integral

A base de uma nação próspera se contrói com uma educação de qualidade.
O ministro da Educação Fernando Haddad fala sobre quais serão as prioridades educacionais no governo Dilma.
Mantido no cargo, o ministro da Educação, Fernando Haddad, quer que a oferta de ensino médio em tempo integral, associado ao ensino técnico, seja uma das marcas do governo Dilma Rousseff. Ele apresentará à presidente um plano de ação para que estudantes de todo o país possam fazer o curso regular num turno e, no outro, o profissionalizante. "Vamos apresentar propostas nesse sentido: reforçar o ensino médio de tempo integral", diz Haddad. O plano terá como foco também a valorização do magistério e a educação infantil. Aos 47 anos, ele está à frente do Ministério da Educação desde julho de 2005. Antes, foi secretário-executivo da pasta, de janeiro de 2004 até virar ministro.
FERNANDO HADDAD: nos planos, concurso nacional para professores
Como será o MEC no governo Dilma?
FERNANDO HADDAD: É continuidade com inovação. Não faz sentido alterar a rota. Entendo que, para a educação brasileira, se nós levarmos em consideração o que foi anunciado em 2007 (no lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação), nossos compromissos foram honrados.
Quais serão as prioridades daqui para a frente?
HADDAD: Em primeiro lugar, a presidente Dilma assimilou com muita naturalidade um conceito que a sociedade reconheceu como forte, o bordão que não cansamos de repetir, que nossa política iria da creche até a universidade. Mas ela fez referência a três aspectos que me parecem importantes: a questão da educação infantil, a da juventude, com atenção especial ao ensino médio, e a da valorização do magistério.
O que o senhor pretende fazer na educação infantil?
HADDAD: É preciso mudar o ambiente da creche, da pré-escola, fortalecer essas unidades como estabelecimentos de ensino. Atender mais crianças, universalizar a pré-escola até 2016. Mas também atuar do ponto de vista qualitativo.
O MEC terá fôlego para fazer seis mil creches em quatro anos, como prometido?
HADDAD: Olha, conhecendo a presidente, eu diria que ela honrará seus compromissos com o país. Ela é bastante obstinada em relação à palavra.
O que o governo fará para tornar a carreira do magistério mais atraente?
HADDAD: O sistema de educação no Brasil, sobretudo o ensino fundamental, reagiu às políticas do Ministério da Educação positivamente. Assimilou a cultura da qualidade, do acompanhamento e do cumprimento de metas. Mas nós temos que reconhecer que esse ímpeto inicial vai encontrar, num médio prazo, um obstáculo, que é justamente a renovação do ambiente escolar.
Como atrair os melhores profissionais para o magistério?
HADDAD: Aí é que entra em cena um elemento que nós queremos trabalhar imediatamente, que é a ideia de uma prova nacional de concurso.
A ideia é que essa prova substitua os concursos realizados hoje por prefeituras e governos estaduais?
HADDAD: Sim. De posse do resultado, o professor poderá optar pelo sistema de ensino que oferece a ele as melhores condições de trabalho.
O que levará municípios e estados a adotarem os resultados da prova nacional?
HADDAD: Há uma grande vantagem: a seleção está pré-elaborada, basta abrir o edital e convocar (os professores), a partir dos resultados. E, obviamente, o professor que desejar exercer a profissão naquele município vai se inscrever. O magistério é uma categoria nacional, que nós temos que valorizar.
E de onde sairá o dinheiro para salários mais atrativos?
HADDAD: Na minha opinião, uma das razões pelas quais o pretexto da falta de recursos sempre aparece na mesa é o temor que existe de que isso não vai impactar a qualidade. Mas, se o gestor pode fazer uma seleção de docentes a partir do desempenho numa prova nacional de concurso, ele terá segurança de que as melhores condições oferecidas vão ter um impacto favorável na realidade da escola.
Quando será a prova?
HADDAD: A previsão é que ela aconteça no primeiro semestre de 2012.
No começo do governo...
HADDAD: Só para concluir, o terceiro ponto a que eu fiz menção é o ensino médio. Entendo que também nesse ponto nós demos passos importantes. Mas, no caminho da diversificação para atender mais e melhor às expectativas dos estudantes, sobretudo aqueles que estão fora da escola, temos que reforçar a concomitância do ensino médio com a educação profissional.
De que forma?
HADDAD: Em tempo integral. O estudante faz o ensino médio e a educação profissional em dois turnos, na mesma escola ou não. A forma concomitante avançou pouco, e eu penso que nós devemos apostar na concomitância. Porque aí você compatibiliza a necessidade do jovem que cursa o ensino médio de se profissionalizar, porque muitos deles precisam de uma profissão, em função das condições socioeconômicas da família. E você incrementa a educação de tempo integral, porque o jovem vai permanecer dois períodos na escola e não apenas um. Vamos sugerir medidas à presidente nessa direção.
Que medidas?
HADDAD: Não posso antecipar, porque vou apresentar o plano geral para a presidente para que ela avalie antes de qualquer anúncio. Vamos apresentar propostas nesse sentido: fortalecer o ensino médio de tempo integral. Tenho certeza de que nós temos condições para isso.
Com o atual orçamento?
HADDAD: Isso é o que nós vamos...
É o ponto mais difícil?
HADDAD: Por incrível que pareça, não passa só por isso. Passa muito mais por um rearranjo das forças que atuam na área da educação profissional do que propriamente por mais orçamento.
Quando o senhor terá essa conversa com a presidente?
HADDAD: O mais rapidamente possível, porque ela certamente vai começar a despachar com todos os ministros. Então, vamos apresentar um plano de trabalho para que seja validado, e a gente possa iniciar esse novo capítulo.
Fonte:O Globo - Demétrio Weber
O ministro da Educação Fernando Haddad fala sobre quais serão as prioridades educacionais no governo Dilma.
Mantido no cargo, o ministro da Educação, Fernando Haddad, quer que a oferta de ensino médio em tempo integral, associado ao ensino técnico, seja uma das marcas do governo Dilma Rousseff. Ele apresentará à presidente um plano de ação para que estudantes de todo o país possam fazer o curso regular num turno e, no outro, o profissionalizante. "Vamos apresentar propostas nesse sentido: reforçar o ensino médio de tempo integral", diz Haddad. O plano terá como foco também a valorização do magistério e a educação infantil. Aos 47 anos, ele está à frente do Ministério da Educação desde julho de 2005. Antes, foi secretário-executivo da pasta, de janeiro de 2004 até virar ministro.
FERNANDO HADDAD: nos planos, concurso nacional para professores
Como será o MEC no governo Dilma?
FERNANDO HADDAD: É continuidade com inovação. Não faz sentido alterar a rota. Entendo que, para a educação brasileira, se nós levarmos em consideração o que foi anunciado em 2007 (no lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação), nossos compromissos foram honrados.
Quais serão as prioridades daqui para a frente?
HADDAD: Em primeiro lugar, a presidente Dilma assimilou com muita naturalidade um conceito que a sociedade reconheceu como forte, o bordão que não cansamos de repetir, que nossa política iria da creche até a universidade. Mas ela fez referência a três aspectos que me parecem importantes: a questão da educação infantil, a da juventude, com atenção especial ao ensino médio, e a da valorização do magistério.
O que o senhor pretende fazer na educação infantil?
HADDAD: É preciso mudar o ambiente da creche, da pré-escola, fortalecer essas unidades como estabelecimentos de ensino. Atender mais crianças, universalizar a pré-escola até 2016. Mas também atuar do ponto de vista qualitativo.
O MEC terá fôlego para fazer seis mil creches em quatro anos, como prometido?
HADDAD: Olha, conhecendo a presidente, eu diria que ela honrará seus compromissos com o país. Ela é bastante obstinada em relação à palavra.
O que o governo fará para tornar a carreira do magistério mais atraente?
HADDAD: O sistema de educação no Brasil, sobretudo o ensino fundamental, reagiu às políticas do Ministério da Educação positivamente. Assimilou a cultura da qualidade, do acompanhamento e do cumprimento de metas. Mas nós temos que reconhecer que esse ímpeto inicial vai encontrar, num médio prazo, um obstáculo, que é justamente a renovação do ambiente escolar.
Como atrair os melhores profissionais para o magistério?
HADDAD: Aí é que entra em cena um elemento que nós queremos trabalhar imediatamente, que é a ideia de uma prova nacional de concurso.
A ideia é que essa prova substitua os concursos realizados hoje por prefeituras e governos estaduais?
HADDAD: Sim. De posse do resultado, o professor poderá optar pelo sistema de ensino que oferece a ele as melhores condições de trabalho.
O que levará municípios e estados a adotarem os resultados da prova nacional?
HADDAD: Há uma grande vantagem: a seleção está pré-elaborada, basta abrir o edital e convocar (os professores), a partir dos resultados. E, obviamente, o professor que desejar exercer a profissão naquele município vai se inscrever. O magistério é uma categoria nacional, que nós temos que valorizar.
E de onde sairá o dinheiro para salários mais atrativos?
HADDAD: Na minha opinião, uma das razões pelas quais o pretexto da falta de recursos sempre aparece na mesa é o temor que existe de que isso não vai impactar a qualidade. Mas, se o gestor pode fazer uma seleção de docentes a partir do desempenho numa prova nacional de concurso, ele terá segurança de que as melhores condições oferecidas vão ter um impacto favorável na realidade da escola.
Quando será a prova?
HADDAD: A previsão é que ela aconteça no primeiro semestre de 2012.
No começo do governo...
HADDAD: Só para concluir, o terceiro ponto a que eu fiz menção é o ensino médio. Entendo que também nesse ponto nós demos passos importantes. Mas, no caminho da diversificação para atender mais e melhor às expectativas dos estudantes, sobretudo aqueles que estão fora da escola, temos que reforçar a concomitância do ensino médio com a educação profissional.
De que forma?
HADDAD: Em tempo integral. O estudante faz o ensino médio e a educação profissional em dois turnos, na mesma escola ou não. A forma concomitante avançou pouco, e eu penso que nós devemos apostar na concomitância. Porque aí você compatibiliza a necessidade do jovem que cursa o ensino médio de se profissionalizar, porque muitos deles precisam de uma profissão, em função das condições socioeconômicas da família. E você incrementa a educação de tempo integral, porque o jovem vai permanecer dois períodos na escola e não apenas um. Vamos sugerir medidas à presidente nessa direção.
Que medidas?
HADDAD: Não posso antecipar, porque vou apresentar o plano geral para a presidente para que ela avalie antes de qualquer anúncio. Vamos apresentar propostas nesse sentido: fortalecer o ensino médio de tempo integral. Tenho certeza de que nós temos condições para isso.
Com o atual orçamento?
HADDAD: Isso é o que nós vamos...
É o ponto mais difícil?
HADDAD: Por incrível que pareça, não passa só por isso. Passa muito mais por um rearranjo das forças que atuam na área da educação profissional do que propriamente por mais orçamento.
Quando o senhor terá essa conversa com a presidente?
HADDAD: O mais rapidamente possível, porque ela certamente vai começar a despachar com todos os ministros. Então, vamos apresentar um plano de trabalho para que seja validado, e a gente possa iniciar esse novo capítulo.
Fonte:O Globo - Demétrio Weber
sábado, 1 de janeiro de 2011
Dilma: "Sou a presidenta de todos os brasileiros"

Dilma toma posse: “Sou a presidenta de todos os brasileiros”
No Congresso Nacional, a primeira mulher a comandar o Brasil reforçou o compromisso com a erradicação da pobreza e a coordenação com os países emergentes. Foto: Agência Brasil
O Brasil tem, oficialmente, uma mulher no comando. Dilma Rousseff tomou posse na tarde deste sábado 1 em Brasília. A presidenta assinou o termo de posse no Congresso Nacional às 15h. Apesar da forte chuva que caiu na capital federal, milhares de pessoas aguardaram na Esplanada dos Ministérios para acompanhar a transmissão do cargo. A passagem da presidenta em carro aberto, no entanto, precisou ser cancelada por conta do temporal. Ela fez o percurso no Rolls Royce presidencial, mas com a capota fechada.
Após o cortejo inicial, a presidenta e o vice, Michel Temer, chegaram ao Congresso Nacional, entrando pela chapelaria, devido à chuva. Recepcionados pelo presidente do Senado, José Sarney, e da Câmara, Marco Maia, eles eram aguardados pelos convidados, entre eles, autoridades estrangeiras como Hugo Chávez, presidente da Venezuela, e Felipe de Bourbon, príncipe das Astúrias.
A presidenta iniciou seu mandato com um discurso no plenário do Congresso. Dilma começou enaltecendo as mulheres e o fato de ser a primeira a ocupar a presidência da República: “Hoje será a primeira vez que a faixa presidencial cingirá o ombro de uma mulher. Sinto uma imensa honra por essa decisão do povo brasileiro. Sei que meu mandato deve incluir a tradução mais generosa dessa ousadia do voto popular. Meu compromisso supremo é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos”
Emocionada, Dilma falou sobre Lula: “Venho para consolidar a obra transformadora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem tive a mais vigorosa experiência política da minha vida”. A presidenta afirmou que Lula foi “um presidente que mudou a forma de governar e levou o povo brasileiro a confiar mais em si mesmo e no próprio país”, e foi muito aplaudida ao lembrar do ex-vice-presidente José Alencar, internado em São Paulo para mais um episódio de sua luta contra o câncer: “Que exemplo de coragem e de amor à vida nos dá esse homem.”
Sobre o futuro, Dilma declarou que o país vive um dos melhores períodos da vida nacional, mas que é preciso manter a estabilidade econômica, controle rígido da inflação e combate ao desequilíbrio externo para que a situação se mantenha. Ela também prometeu incentivos ao setor privado de pequeno porte e afirmou que não fará “a menor concessão” em relação ao protecionismo econômico dos países ricos.
A presidenta também defendeu reformas e austeridade na máquina pública. “É tarefa indeclinável e urgente uma reforma com mudanças na legislação para fazer avançar nossa jovem democracia. Faremos um trabalho permanente e continuado para melhorar a qualidade do gasto público”. Dilma também citou o desafio de conduzir a exploração do petróleo da camada pré-sal: “O pré-sal é nosso passaporte para o futuro, mas só o será realmente se produzir uma síntese de avanço tecnológico, avanço ambiental e avanço social.”
A questão social, que tanto marcou os discursos de posse de Lula, foi trazida por Dilma: “A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos. Uma expressiva mobilidade social ocorreu nos dois mandatos do presidente Lula, mas ainda existe pobreza a envergonhar nosso país e a impedir a nossa afirmação plena como povo desenvolvido. Não vou descansar enquanto houver brasileiros sem alimentos à mesa”.
A respeito das relações externas, a presidenta mencionou fortalecimento das relações entre os países latino-americanos, do Mercosul e da Unasul. Citou as relações com África, Oriente Médio, Europa e Ásia. Por último, ressaltou a importância da relação com os Estados Unidos e afirmou que continuará mantendo um bom diálogo com Washington.
Encaminhando-se para o fim do discurso, Dilma fez um apelo à participação de todos os níveis de governo e setores da sociedade na condução do governo. “O destino de um país não se resume à ação de seu governo. Ele é o resultado do trabalho e da ação transformadora de todos os brasileiros e brasileiras”. Com a voz embargada, a presidenta “estendeu a mão” aos partidos de oposição e aos segmentos que não a apoiaram na campanha eleitoral. “A partir deste momento, sou a presidenta de todos os brasileiros.”
A lembrança dos companheiros de luta contra a ditadura foi muito aplaudida no Congresso: “Eu dediquei toda a minha vida à causa do Brasil. Entreguei minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor. Muitos da minha geração que tombaram pelo caminho não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles a alegria desta conquista e rendo-lhes minha homenagem. Esta às vezes dura caminhada me fez valorizar e amar muito mais a vida”
Dilma encerrou o discurso citando Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
Assim, tomou posse a primeira mulher a ocupar a cadeira de presidente da República Federativa do Brasil.
Fonte: CartaCapital(Felipe Corazza)
Da Catedral ao Palácio: saiba como será a posse de Dilma
Primeira presidenta eleita do País segue roteiro de antecessores e mantém informalidade de Lula
Confira o roteiro da posse de Dilma
A cerimônia de posse da presidenta eleita Dilma Rousseff não fugirá aos tradicionais protocolos. Às 14h30, ela seguirá no Rolls Royce presidencial da Catedral de Brasília até o Congresso Nacional. Ao seu lado, seguranças da Polícia Federal desfilarão a pé e 37 cavaleiros dos Dragões da Independência devem acompanhá-la. A primeira presidenta do Brasil pediu ao cerimonial que a escolta não lhe impedisse de ver as cerca de 20 mil pessoas esperadas para o evento.
Dilma pretende manter certa proximidade com a população que prestigiar a festa da posse no dia 1º. Não agirá como Luiz Inácio Lula da Silva, que, após receber a faixa presidencial no primeiro mandato, passeou em zigue-zague pelo canteiro central da Esplanada dos Ministérios. Mas quer desfilar em carro aberto antes e depois de receber o símbolo do chefe da nação. Só utilizará veículo fechado em casos de chuva – e vários atos do protocolo teriam de ser modificados (leia programação abaixo).
No Congresso Nacional, Dilma cumprirá os protocolos exigidos para a ocasião. Assinará termo de posse, fará seu primeiro discurso (estimado em 45 minutos) e será homenageada com 21 tiros de canhão. No Palácio do Planalto, se encontrará com o presidente Lula. O momento de despedida do ex-presidente promete emoções. Lula deixará a sede do Executivo ao som do Tema da Vitória, música famosa por embalar as conquistas do piloto Ayrton Senna na Fórmula 1.
Segurança
Na segurança do evento estarão empregados aproximadamente quatro mil homens e mulheres, civis e militares, oriundos das Forças Armadas, das Polícias, Bombeiros e Detran.
Para as atividades de segurança serão utilizadas cerca de 300 veículos e seis helicópteros, sendo um o Olho da Águia do Exército Brasileiro, que permitirá o monitoramento aéreo de todos os deslocamentos, além de 130 motocicletas com batedores que farão a escolta dos chefes de estado, chefes de governo e demais representantes estrangeiros, convidados para a cerimônia.
Ainda, serão mantidas tropas de choque do Exército e da PMDF em reserva e um Pelotão de Defesa Química, Biológica e Nuclear, da Brigada de Operações Especiais, também ficará em condições de ser empregado e realizar varreduras ao longo dos trajetos utilizados e em certas áreas específicas.
Companhias estrangeiras
Dilma receberá mais de 300 convidados estrangeiros. A maior comitiva será a venezuelana. Além de vir pessoalmente, Hugo Chávez traz para o Brasil seis ministros e uma vice-ministra. Ao todo, representantes de 132 delegações estarão presentes e, além de cumprimentar a presidenta eleita no Planalto, participarão de festa organizada para ela no Itamaraty, prevista para começar após os protocolos oficiais.
O modelo escolhido por Dilma para o dia da posse está guardado às sete chaves. Foi desenhado pela estilista gaúcha Luisa Stadtlander e deve ser pérola. O fato é que os vestidos de gala estão definitivamente abolidos. Como ocorreu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a festa será marcada pela informalidade. Lula não estará no evento. O então ex-presidente seguirá para São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde terá uma festa só dele.
Confira a programação para a posse:
- Às 14h30, Dilma segue no Rolls Royce conversível para o Congresso Nacional. A comitiva, que contará com o vice-presidente, Michel Temer, em outro veículo atrás do presidencial, sairá da Catedral de Brasília.
- Na rampa do Congresso, Dilma e Temer serão recebidos pelo presidente do Senado, José Sarney, e seguirão para o plenário da Câmara dos Deputados, onde presidenta e vice farão o juramento à Constituição e assinarão termo de posse. Dilma fará seu primeiro discurso.
- Do plenário, Dilma e Temer seguem para a rampa do Congresso novamente. Depois de ouvirem o Hino Nacional executado pela banda do Batalhão da Guarda Presidencial e serão homenageados com uma salva de 21 tiros de canhões do Exército.
- O próximo destino é o Palácio do Planalto. Novamente, presidenta e vice seguirão em carro aberto. Lá, os dois subirão a rampa externa do palácio, onde Lula os aguardará. Eles vão para o Parlatório e Lula passará a faixa presidencial para Dilma.
- Na sequência, Dilma vai para o interior do Planalto e receberá os cumprimentos das delegações estrangeiras. Por enquanto, 132 confirmaram presença. Após essa cerimônia, Dilma acompanha Lula até a rampa e ele se despedirá do cargo.
- Depois da despedida, Dilma falará pela primeira vez como presidenta à nação, no Parlatório do Palácio. Será um discurso mais breve do que o feito no Congresso Nacional. Por fim, ela volta ao palácio e dá posse aos novos ministros.
- Já presidenta e após todas as cerimônias protocolares, Dilma seguirá em carro aberto até o Palácio do Itamaraty, onde receberá convidados brasileiros e delegações internacionais em um coquetel. Como Lula, Dilma aboliu o black tie da festa e pediu traje “passeio”.
Chuva
Se o tempo continuar chuvoso em Brasília como ocorreu durante a semana, algumas cerimônias externas serão canceladas, como o desfile em carro aberto e os protocolos na rampa. O discurso no Parlatório, em princípio, será mantido mesmo com chuva. A menos que desabe um temporal, a população poderá ouvir o primeiro discurso de Dilma no local.
Fonte: Portal IG
Confira o roteiro da posse de Dilma
A cerimônia de posse da presidenta eleita Dilma Rousseff não fugirá aos tradicionais protocolos. Às 14h30, ela seguirá no Rolls Royce presidencial da Catedral de Brasília até o Congresso Nacional. Ao seu lado, seguranças da Polícia Federal desfilarão a pé e 37 cavaleiros dos Dragões da Independência devem acompanhá-la. A primeira presidenta do Brasil pediu ao cerimonial que a escolta não lhe impedisse de ver as cerca de 20 mil pessoas esperadas para o evento.
Dilma pretende manter certa proximidade com a população que prestigiar a festa da posse no dia 1º. Não agirá como Luiz Inácio Lula da Silva, que, após receber a faixa presidencial no primeiro mandato, passeou em zigue-zague pelo canteiro central da Esplanada dos Ministérios. Mas quer desfilar em carro aberto antes e depois de receber o símbolo do chefe da nação. Só utilizará veículo fechado em casos de chuva – e vários atos do protocolo teriam de ser modificados (leia programação abaixo).
No Congresso Nacional, Dilma cumprirá os protocolos exigidos para a ocasião. Assinará termo de posse, fará seu primeiro discurso (estimado em 45 minutos) e será homenageada com 21 tiros de canhão. No Palácio do Planalto, se encontrará com o presidente Lula. O momento de despedida do ex-presidente promete emoções. Lula deixará a sede do Executivo ao som do Tema da Vitória, música famosa por embalar as conquistas do piloto Ayrton Senna na Fórmula 1.
Segurança
Na segurança do evento estarão empregados aproximadamente quatro mil homens e mulheres, civis e militares, oriundos das Forças Armadas, das Polícias, Bombeiros e Detran.
Para as atividades de segurança serão utilizadas cerca de 300 veículos e seis helicópteros, sendo um o Olho da Águia do Exército Brasileiro, que permitirá o monitoramento aéreo de todos os deslocamentos, além de 130 motocicletas com batedores que farão a escolta dos chefes de estado, chefes de governo e demais representantes estrangeiros, convidados para a cerimônia.
Ainda, serão mantidas tropas de choque do Exército e da PMDF em reserva e um Pelotão de Defesa Química, Biológica e Nuclear, da Brigada de Operações Especiais, também ficará em condições de ser empregado e realizar varreduras ao longo dos trajetos utilizados e em certas áreas específicas.
Companhias estrangeiras
Dilma receberá mais de 300 convidados estrangeiros. A maior comitiva será a venezuelana. Além de vir pessoalmente, Hugo Chávez traz para o Brasil seis ministros e uma vice-ministra. Ao todo, representantes de 132 delegações estarão presentes e, além de cumprimentar a presidenta eleita no Planalto, participarão de festa organizada para ela no Itamaraty, prevista para começar após os protocolos oficiais.
O modelo escolhido por Dilma para o dia da posse está guardado às sete chaves. Foi desenhado pela estilista gaúcha Luisa Stadtlander e deve ser pérola. O fato é que os vestidos de gala estão definitivamente abolidos. Como ocorreu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a festa será marcada pela informalidade. Lula não estará no evento. O então ex-presidente seguirá para São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde terá uma festa só dele.
Confira a programação para a posse:
- Às 14h30, Dilma segue no Rolls Royce conversível para o Congresso Nacional. A comitiva, que contará com o vice-presidente, Michel Temer, em outro veículo atrás do presidencial, sairá da Catedral de Brasília.
- Na rampa do Congresso, Dilma e Temer serão recebidos pelo presidente do Senado, José Sarney, e seguirão para o plenário da Câmara dos Deputados, onde presidenta e vice farão o juramento à Constituição e assinarão termo de posse. Dilma fará seu primeiro discurso.
- Do plenário, Dilma e Temer seguem para a rampa do Congresso novamente. Depois de ouvirem o Hino Nacional executado pela banda do Batalhão da Guarda Presidencial e serão homenageados com uma salva de 21 tiros de canhões do Exército.
- O próximo destino é o Palácio do Planalto. Novamente, presidenta e vice seguirão em carro aberto. Lá, os dois subirão a rampa externa do palácio, onde Lula os aguardará. Eles vão para o Parlatório e Lula passará a faixa presidencial para Dilma.
- Na sequência, Dilma vai para o interior do Planalto e receberá os cumprimentos das delegações estrangeiras. Por enquanto, 132 confirmaram presença. Após essa cerimônia, Dilma acompanha Lula até a rampa e ele se despedirá do cargo.
- Depois da despedida, Dilma falará pela primeira vez como presidenta à nação, no Parlatório do Palácio. Será um discurso mais breve do que o feito no Congresso Nacional. Por fim, ela volta ao palácio e dá posse aos novos ministros.
- Já presidenta e após todas as cerimônias protocolares, Dilma seguirá em carro aberto até o Palácio do Itamaraty, onde receberá convidados brasileiros e delegações internacionais em um coquetel. Como Lula, Dilma aboliu o black tie da festa e pediu traje “passeio”.
Chuva
Se o tempo continuar chuvoso em Brasília como ocorreu durante a semana, algumas cerimônias externas serão canceladas, como o desfile em carro aberto e os protocolos na rampa. O discurso no Parlatório, em princípio, será mantido mesmo com chuva. A menos que desabe um temporal, a população poderá ouvir o primeiro discurso de Dilma no local.
Fonte: Portal IG
Dilma: uma mulher no comando do Brasil

“Um dia, lá no mundão, uma das donzelas da torre será presidente”
transposto do blog do Luiz Carlos Azenha
Rose Nogueira comprou uma camélia vermelha, para usar na posse de Dilma Rousseff. Com a camélia, pretende levar para a festa todas e todos que não puderam estar lá.
Rose e Dilma foram colegas de presídio Tiradentes, em São Paulo, durante o regime militar.
Naquela época, elas costumavam sonhar com a liberdade dizendo: “Um dia, lá no mundão…” vou fazer isso ou aquilo. “Um dia, lá no mundão…” serei assim ou assado.
“Um dia, lá no mundão”, diz Rose Nogueira por telefone, de Brasília, com seu tradicional bom humor, “uma das donzelas da torre será presidente”.
Ela ri de uma notícia que leu a bordo do avião, em O Globo, que fala nas 11 ex-companheiras de cela de Dilma, todas convidadas para a posse. Talvez estivesse se referindo a esta notícia.
Fica sem saber se o jornal tentou ser irônico ao falar em Grupo das Onze, já que os Grupos dos Onze foram os famosos “comandos nacionalistas” criados por Leonel Brizola, nos anos 60, para resistir ao golpe.
O fato é que Rose é uma mulher extraordinária da mesma forma que muitas mulheres o são. Extraordinária com as pequenas conquistas do dia-a-dia, consciente de que é o elo de uma corrente e que, portanto, é preciso persistir. Persistência não é o forte das mulheres?
“Se não fosse a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho, legislação trabalhista implantada pelo governo Vargas) do Getúlio, ela teria se matado de tanto trabalhar”[Rose sobre a avó, a tecelã Maria Ghilardi Guerra, exemplo de mulher batalhadora]
“Eu apanhava porque eu estava fedida de leite azedo” [Rose sobre a tortura. Quando ela foi presa, o filho era recém-nascido]
“Ela contribuiu mais do que qualquer outra para a mudança do Brasil” [Rose sobre a atuação de Dilma no ministério de Lula]
“Quando a gente tava lá na cadeia ficava muito claro que todas tinham vocação política. A Dilma era a pessoa onde mais isso aparecia. Porque ela tinha uma presença muito forte, ela tinha um equilíbrio nas análises das coisas que, embora ela tivesse 20, 21 anos, impressionava, francamente” [Rose, explicando depois que Dilma defendeu na cadeia a ampliação do mar territorial brasileiro de 12 para 200 milhas, uma proposta dos militares]
“Eu considero que quem fez a luta armada contra o povo brasileiro foi a ditadura” [Rose ao lembrar que milhões de brasileiros se opuseram ao regime militar e que os oportunistas costumam repetir, nos dias de hoje, o bordão usado no passado pelos militares, de que a resistência ao regime queria implantar no Brasil uma ditadura de esquerda]
“A gente naquela época era tratada como coisa” [Rose, sobre as mulheres nos anos 60]
Durante nossa conversa Rose Nogueira lembra que a classe operária brasileira se formou nos anos 30, especialmente com a chegada de imigrantes. E que nos anos 60, na geração dela, os filhos de imigrantes começaram a chegar à universidade. Razão pela qual havia muitos filhos de imigrantes na resistência ao regime militar. Gente que tinha ascendido socialmente mas mantinha sua solidariedade com os de baixo. Como foi, aparentemente, o caso dela.
A jornalista perdeu o pai aos 4 anos de idade. Foi morar com a avó, a Maria “que tinha guerra no nome”. Aliás, a avó de Rose não queria saber de batizar ninguém com o próprio nome. Dizia, “Maria tá condenada ao sofrimento”.
Maria contava que, para não perder o emprego, tinha “atrasado” o parto da mãe de Rose. Escondeu a gravidez com a cumplicidade do chefe. A mãe de Rose nasceu no domingo de Carnaval. Na quinta, dona Maria Guerra estava de volta ao emprego.
A vida de dona Maria foi tocada pela implantação, no governo Vargas, da CLT, quando a jornada de trabalho dela caiu de 14 para 8 horas diárias.
Mais tarde a maternidade assumiria ares dramáticos para a própria Rose. Quando ela foi presa o filho tinha 33 dias de vida. Ela narrou o episódio num livro. O Viomundo, faz algum tempo, reproduziu parte do texto de Rose, em que ela descreve a vida no presídio Tiradentes.
Foi deste período, também, a patética demissão de Rose Nogueira do jornal Folha da Tarde. Ela foi demitida por abandono de emprego quanto até as árvores da Barão de Limeira sabiam que a jornalista do Grupo Folha estava na cadeia. Aqui ela tratou do assunto.
Um caso sobre o qual a Folha ainda nos deve explicações, sem falar no empréstimo de viaturas para a Operação Bandeirantes.
O fato é que a geração de Rose subirá a rampa com Dilma Rousseff, no sábado, em Brasília. Junto com a memória da dona Maria Ghilardi Guerra, que faleceu aos 90 anos de idade. E, de certa forma, com todas as mulheres batalhadoras do Brasil, do passado e do presente.
Terminada a entrevista, Rose liga de novo, para complementar: diz que com a avó aprendeu a importância de combater as injustiças, mas que a militância mesmo começou aos 18 anos, quando se apaixonou por um militante do PCB. Amor + luta. Rima com mulher.
Lula: um presidente diferente

Presidente Lula:
meu reconhecimento por seu belo trabalho na Presidência da República do Brasil!
Que seu caminho continue sendo de amor e paz!
O presidente que não vai se transformar em vaso chinês
Que seu caminho continue sendo de amor e paz!
O presidente que não vai se transformar em vaso chinês
Por: João Peres, Rede Brasil Atual
São Paulo - “Um ex-presidente é mais ou menos como um vaso chinês: não tem utilidade nenhuma (…) Ele valeria muito se ele ficasse quieto e deixasse o futuro presidente governar o país com tranquilidade, sem dar palpite.”
Estocadas à parte, o autor da declaração acima sabe que esse desejo não irá se cumprir. Pelo contrário, quando deixar a Presidência da República, no dia 1º deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva será recebido com festa no retorno a São Bernardo do Campo. Mais que a celebração em si, vale o simbolismo de demonstrar que não é porque Lula sai do comando do país que deixa de ser reconhecido.
Lula tampouco deixará de ser importante. Nos últimos meses, foram muitas as vezes em que o presidente fez a tal citação do vaso chinês, talvez na tentativa de se forçar a acreditar que deixará de influenciar a vida política brasileira. Lula sabe que não será assim, e mais sinceras consigo são as palavras dos últimos dias. “Deixo apenas a Presidência, mas não pense que vão se livrar de mim, porque estarei pelas ruas desse país trabalhando e lutando para melhorar a vida desse país”, reiterou na última quarta-feira (29) em Recife.
Ex-presidente diferente
Há vários fatores para acreditar que Lula será um ex-presidente distindo dos demais ainda vivos – José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. A taxa de aprovação em 87% segundo o Ibope e a eleição da candidata apoiada por ele são dois dos vetores inéditos na vida política brasileira que fazem crer que a vida de Lula a partir de 2011 será diferente das rotinas dos antecessores.
Por um lado, o líder petista não parece vislumbrar a possibilidade de se candidatar a cargo eletivo no futuro, seja proporcional, seja majoritário. Lula rejeitou recentemente a possibilidade de ocupar cargos diplomáticos ou mesmo ser secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), como pediu o boliviano Evo Morales. Por outro lado, discrição parece difícil a um líder tão reconhecido e com um carisma que simplesmente não pode ser apagado – continuará a existir e, de certo modo, a ofuscar os que dividam as atenções com ele.
O cientista político André Singer defendeu que as linhas estabelecidas no governo Lula, de redução da pobreza e da desigualdade, vão guiar a política brasileira nos próximos anos. O professor avalia que a continuidade dessas propostas assegura, finalmente, voltar ao padrão interrompido pelo golpe de 1964. “A agenda de diminuição da pobreza e da desigualdade do governo Lula avançou por meio de uma estranha combinação de orientações antitéticas: de um lado, manteve linhas de conduta do receituário neoliberal e, de outro, adotou mecanismos de uma plataforma desenvolvimentista”, argumentou Singer em artigo publicado na edição de outubro da revista Piauí.
Isso explicaria, em parte, a migração da base de apoio de Lula – e do PT – das classes médias para as camadas mais pobres. Nesse aspecto, o presidente é um dos poucos políticos brasileiros ainda capaz de reunir massas em diferentes partes do país. Foram poucos os comícios de candidatos neste ano que não tinham Lula no palanque.
Nas últimas semanas de governo, por onde passa, Lula ainda reúne multidões que querem se despedir do líder. Foi assim no dia 23, quando foi realizado em São Paulo o último Natal com os catadores de materiais recicláveis e a população de rua, uma tradição mantida ao longo dos oito anos de governo e à qual Dilma Rousseff promete dar continuidade. O galpão lotado na zona norte de São Paulo abrigava verdadeiros fãs do presidente. “O senhor não esqueceu suas raízes, não esqueceu o que prometeu a seu povo”, lembrava a catadora Maria Lúcia Santos Pereira.
Desencarnar
Não é todo presidente que tem um povo que aceite ser chamado de “seu”. É a primeira vez em muitas décadas que um chefe de Estado brasileiro tem seu nome associado ao “ismo”: não houve itamarismo, collorismo nem fernandismo, mas há um lulismo que, como ressalta Singer, continuará presente mesmo que já não seja o ex-metalúrgico a ocupar o Planalto.
“Eu quero voltar ao Pacaembu para ver jogo do Corinthians, vestido de torcedor, encontrar os meus companheiros do sindicato e tomar uma cerveja, eu quero ser um homem comum...”, confessou em entrevista ao veterano jornalista Ricardo Kotscho, publicada na edição de dezembro da revista Brasileiros.
Kotscho, assessor do ex-sindicalista nas campanhas de 1989, 1994 e 2002, ressaltou por sua vez, em conversa com a Rede Brasil Atual, pouco antes do primeiro turno das eleições, que Lula era uma novidade na política brasileira quando apareceu e que hoje, três décadas depois, continua sendo algo novo, uma estranha soma de líder de massas e líder político, uma espécie de caminho do meio entre a esquerda ortodoxa e os movimentos pelegos.
“Lula é uma figura que alguém no futuro vai ter que explicar. Foi uma coisa absolutamente nova. Tem poucos casos no mundo de uma história assim. O Lula se tornou um líder mundial, reconhecido por todo mundo”, resumiu Kotscho.
Está aí um dos caminhos do presidente ao se “desencarnar” do mandato: já deu várias declarações no sentido de usar seu prestígio internacional para ajudar nações pobres.
Como disse Kotscho, só com o tempo será possível ter a dimensão correta – nem maior nem menor – da figura de Lula. Em algumas semanas, no entanto, saberemos o que o presidente fará com seu prestígio. O certo é que não ficará guardado no canto da sala, feito vaso chinês.
Estocadas à parte, o autor da declaração acima sabe que esse desejo não irá se cumprir. Pelo contrário, quando deixar a Presidência da República, no dia 1º deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva será recebido com festa no retorno a São Bernardo do Campo. Mais que a celebração em si, vale o simbolismo de demonstrar que não é porque Lula sai do comando do país que deixa de ser reconhecido.
Lula tampouco deixará de ser importante. Nos últimos meses, foram muitas as vezes em que o presidente fez a tal citação do vaso chinês, talvez na tentativa de se forçar a acreditar que deixará de influenciar a vida política brasileira. Lula sabe que não será assim, e mais sinceras consigo são as palavras dos últimos dias. “Deixo apenas a Presidência, mas não pense que vão se livrar de mim, porque estarei pelas ruas desse país trabalhando e lutando para melhorar a vida desse país”, reiterou na última quarta-feira (29) em Recife.
Ex-presidente diferente
Há vários fatores para acreditar que Lula será um ex-presidente distindo dos demais ainda vivos – José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. A taxa de aprovação em 87% segundo o Ibope e a eleição da candidata apoiada por ele são dois dos vetores inéditos na vida política brasileira que fazem crer que a vida de Lula a partir de 2011 será diferente das rotinas dos antecessores.
Por um lado, o líder petista não parece vislumbrar a possibilidade de se candidatar a cargo eletivo no futuro, seja proporcional, seja majoritário. Lula rejeitou recentemente a possibilidade de ocupar cargos diplomáticos ou mesmo ser secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), como pediu o boliviano Evo Morales. Por outro lado, discrição parece difícil a um líder tão reconhecido e com um carisma que simplesmente não pode ser apagado – continuará a existir e, de certo modo, a ofuscar os que dividam as atenções com ele.
O cientista político André Singer defendeu que as linhas estabelecidas no governo Lula, de redução da pobreza e da desigualdade, vão guiar a política brasileira nos próximos anos. O professor avalia que a continuidade dessas propostas assegura, finalmente, voltar ao padrão interrompido pelo golpe de 1964. “A agenda de diminuição da pobreza e da desigualdade do governo Lula avançou por meio de uma estranha combinação de orientações antitéticas: de um lado, manteve linhas de conduta do receituário neoliberal e, de outro, adotou mecanismos de uma plataforma desenvolvimentista”, argumentou Singer em artigo publicado na edição de outubro da revista Piauí.
Isso explicaria, em parte, a migração da base de apoio de Lula – e do PT – das classes médias para as camadas mais pobres. Nesse aspecto, o presidente é um dos poucos políticos brasileiros ainda capaz de reunir massas em diferentes partes do país. Foram poucos os comícios de candidatos neste ano que não tinham Lula no palanque.
Nas últimas semanas de governo, por onde passa, Lula ainda reúne multidões que querem se despedir do líder. Foi assim no dia 23, quando foi realizado em São Paulo o último Natal com os catadores de materiais recicláveis e a população de rua, uma tradição mantida ao longo dos oito anos de governo e à qual Dilma Rousseff promete dar continuidade. O galpão lotado na zona norte de São Paulo abrigava verdadeiros fãs do presidente. “O senhor não esqueceu suas raízes, não esqueceu o que prometeu a seu povo”, lembrava a catadora Maria Lúcia Santos Pereira.
Desencarnar
Não é todo presidente que tem um povo que aceite ser chamado de “seu”. É a primeira vez em muitas décadas que um chefe de Estado brasileiro tem seu nome associado ao “ismo”: não houve itamarismo, collorismo nem fernandismo, mas há um lulismo que, como ressalta Singer, continuará presente mesmo que já não seja o ex-metalúrgico a ocupar o Planalto.
“Eu quero voltar ao Pacaembu para ver jogo do Corinthians, vestido de torcedor, encontrar os meus companheiros do sindicato e tomar uma cerveja, eu quero ser um homem comum...”, confessou em entrevista ao veterano jornalista Ricardo Kotscho, publicada na edição de dezembro da revista Brasileiros.
Kotscho, assessor do ex-sindicalista nas campanhas de 1989, 1994 e 2002, ressaltou por sua vez, em conversa com a Rede Brasil Atual, pouco antes do primeiro turno das eleições, que Lula era uma novidade na política brasileira quando apareceu e que hoje, três décadas depois, continua sendo algo novo, uma estranha soma de líder de massas e líder político, uma espécie de caminho do meio entre a esquerda ortodoxa e os movimentos pelegos.
“Lula é uma figura que alguém no futuro vai ter que explicar. Foi uma coisa absolutamente nova. Tem poucos casos no mundo de uma história assim. O Lula se tornou um líder mundial, reconhecido por todo mundo”, resumiu Kotscho.
Está aí um dos caminhos do presidente ao se “desencarnar” do mandato: já deu várias declarações no sentido de usar seu prestígio internacional para ajudar nações pobres.
Como disse Kotscho, só com o tempo será possível ter a dimensão correta – nem maior nem menor – da figura de Lula. Em algumas semanas, no entanto, saberemos o que o presidente fará com seu prestígio. O certo é que não ficará guardado no canto da sala, feito vaso chinês.
Fonte: O Terror do Nordeste
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