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"Quando começares a tua viagem para Ítaca, reza para que o caminho seja longo, cheio de aventura e de conhecimento...enquanto mantiveres o teu espírito elevado, enquanto uma rara excitação agitar o teu espírito e o teu corpo." ...Konstantinos Kaváfis,trad.Jorge de Sena in Ítaca
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....... NÃO SERÁ PUBLICADO COMENTÁRIO ANÔNIMO....

terça-feira, 31 de maio de 2011

Há algo mais bobo na vida?


Há algo mais bobo na vida
do que chamar-se Pablo Neruda?

Por que não nasci misterioso?
Por que cresci sem companhia?

Com as virtudes que esqueci
posso fazer uma roupa nova?

Onde está a criança que fui
segue dentro de mim ou se foi?

Por que não morremos os dois
quando minha infância morreu?

Ontem, ontem disse a meus olhos
quando voltaremos a nos ver?

Em que janela permaneci
olhando o tempo sepultado?

O que olho de longe
é o que ainda não vivi?

O que me aguardava na Isla Negra?
A verdade verde ou o decoro?

Se estiver morto e não me der conta
a quem pergunto as horas?

Quem me mandou soltar
as portas de meu próprio orgulho?

Por que me movo sem querer
por que não posso ficar imóvel?

E se a alma me caiu
por que me segue o esqueleto?

Por que vou rodando sem rodas
voando sem asas nem penas?

Ou não será a vida um peixe
preparado para ser pássaro?

Onde termina o arco-íris,
em tua alma ou no horizonte?

Pablo Neruda, in "El libro de las preguntas"

Filme sobre o exílio de Pablo Neruda na Itália

O carteiro e o poeta

Por razões políticas o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) se exila em uma ilha na Itália. Lá um desempregado (Massimo Troisi) quase analfabeto é contratado como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondência do poeta, e gradativamente entre os dois se forma uma sólida amizade.

domingo, 29 de maio de 2011

Os bandos neoliberais

As hordas primitivas, selvagens, anárquicas e guerreiras evoluem, segundo Durkheim, como "o agregado social mais elementar", e de acordo com Freud são “regidas pela força e pelo desejo imperialista do pai”, estando ambas as formas já antes presentes em Engels que define as hordas como o embrião na gênese da propriedade (pelo ataque e pelo saque) e depois, já muito para cá do século XVI, da origem do Estado.

...

“o Bando, visto pelos antropólogos, é a organização social mínima, nomadizando em função das estações num território relativamente autônomo, agrupando grupos de uma ou várias famílias, não tendo uma contextura institucional, nem diferenciação funcional, nem estratificação, mas apenas alguns papéis temporários e não hereditários como o de caçador ou de xamã, que adquiriram temporariamente sobre o seu grupo uma influência limitada à gestão dos itinerários, das paragens, do consenso do grupo e das relações com os vizinhos. Se o chefe cometer erros ou der provas de arbitrariedade, todos se afastam dele e o bando torna-se demasiado restrito para garantir a sua própria subsistência”

“Introdução à Antropologia”, Claude Riviére, ediç. 70 pag. 128, (2010)
by xatoo


Por que é domingo

Deepest Blue
Give it Away



Taio Cruz

Higher ft. Travie McCoy


Nelly
Just A Dream

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O poder e a indecisão

O artigo é de um jornal de Portugal onde é analisada a indecisão dos portugueses sobre em quem votar na próxima eleição.
O texto é um bom pretexto para reflexão sobre os caminhos da Política como podemos observar no trecho destacado:

...O português "indeciso" não deixa de saber o que quer. Pode, por ira, desgosto, vingança ou desdém momentâneos, ausentar-se dos seus gostos e preferências. O absentismo é uma forma superior de protesto. Perante as combinações, os arranjos políticos vis, a mentira organizada e proliferante, o português compreendeu que o voto já não é a arma do povo...

O poder e a indecisão
por BAPTISTA-BASTOS
DN Opinião

Diz-se e escreve-se, por aí, que quarenta por cento de portugueses estão indecisos sobre quem votar. Creio, no entanto, que nesta análise (chamemos-lhe assim) reside algo de equívoco e de ambíguo. Na verdade, não há indecisos: há, isso sim, decisões voláteis. Cada um de nós, por orientação própria ou alheia, foi educado, "formatado" desta ou daquela maneira. Foucault, em Dits et Écrits, esclareceu muito bem essas relações de poder e de submissão, que talvez se possam sintetizar na existência das dinastias de operários, de economistas, de "gestores", de arquitectos.
As famílias de tipógrafos, de advogados, de médicos que se continuaram, são quase como as famílias de benfiquistas, de portuenses, de sportinguistas, de belenenses, que reelaboram os conceitos de pura vontade racional. O português "indeciso" não deixa de saber o que quer. Pode, por ira, desgosto, vingança ou desdém momentâneos, ausentar-se dos seus gostos e preferências. O absentismo é uma forma superior de protesto. Perante as combinações, os arranjos políticos vis, a mentira organizada e proliferante, o português compreendeu que o voto já não é a arma do povo.
As técnicas e as tecnologias que asseguram a coerção e os processos através dos quais as nossas vontades podem ser modificadas e alteradas desestabilizam o modo de ser e o comportamento de cada qual. Só assim se explica a manutenção no poder de grupos, clubes e partidos que têm conduzido as sociedades ao naufrágio. Portugal é um dos exemplos típicos.
Como em tudo o que se chama, agora, "identidades modernas", a verdade é um imbróglio, um enredo difícil de desembaraçar, e um modo de viver que se tornou aceitável e quase indiscutível. O diz que disse e não disse envolve práticas concretas, nas quais os mecanismos do poder foram, há muito, removidos da moral e da ética.
Temos de aceder (mas não aceitar) o torto princípio de que em nada existe independência, imparcialidade e objectividade. O carácter transversal e imediato desta anomalia invadiu, endemicamente, a nossa sociedade. O caso Sócrates pode ser "de estudo"; porém, Pedro Passos Coelho é um assunto de Estado: não possui ideias de seu, apenas ocorrências, escoradas em minúsculos incidentes. E está dito.

O poder, entre estes dois homens, é uma questão de relação subjectiva, um jogo comum de pequenas teimosias e de declaradas ambições. A tal "indecisão" dos portugueses é a imagem devolvida das pessoais indecisões daqueloutros. As fragilidades e os medos, os receios e as tibiezas são-lhes semelhantes. Sócrates, sem o suporte do aparelho e o fanatismo dos apaniguados pouco mais é do que um ser comum. Passos Coelho procura, entre os seus, que o execram ou desdenham, os sentimentos efusivos que fizeram de Sócrates o que foi. E já não é. Eles não criaram a "indecisão". Eles são a "indecisão".




quarta-feira, 25 de maio de 2011

Queda do Capitalismo Democrático

Eles dizem que pagam, mas toda a gente sabe que não terão meios para o fazer.

Hoje foi a vez do nóbel *Paul Krugman vir dizer que "Portugal não vai pagar a dívida". Os do tripé do Bloco Único sabem disso, portanto a jogada deve ser outra - estão à espera que se determine a falência do dólar para de seguida só pagarem 20 por cento ou menos do valor que devem. A jogada tem antecedentes, os EUA já a fizeram para limpar o défice após o tenebroso investimento na II Grande Guerra

*Prémio Nobel da Economia acredita que Grécia, Portugal e Irlanda não vão ser capazes de pagar a totalidade da sua dívida, ao contrário da Espanha.
By Xatoo

Sobre os acontecimentos na Espanha

Tranposto direto

ODiario.info
Miguel Urbano Rodrigues

As grandes mobilizações de “indignados” assumem como denúncia central a ausência de democracia autêntica. Neste início do século XXI, no contexto de uma gravíssima crise mundial de civilização, o capitalismo, em fase senil, cola o rótulo de democracia representativa a ditaduras da burguesia de fachada democrática.

Puerta del Sol

Os acontecimentos da Espanha, pelo seu significado, estão a polarizar a atenção da Europa e de milhões de pessoas noutros continentes. Em Washington, Berlim, Paris e Londres, o acampamento da Puerta del Sol, inicialmente encarado como iniciativa folclórica de jovens pequeno burgueses frustrados, gera agora preocupação.

Quando o chamado Movimento M-15 alastrou a dezenas de cidades do país e nas capitais europeias centenas de pessoas se manifestaram frente às embaixadas espanholas, a indiferença evoluiu para um sentimento de temor.
Porquê?

O protesto espanhol insere-se na crise global de civilização que a humanidade enfrenta, cujas raízes arrancam da crise estrutural de um sistema de opressão: o capitalismo.

Seria um erro concluir que os jovens que criaram o Movimento «Democracia Real Ya » são revolucionários e o seu objetivo é a destruição do regime. O M-15 atraiu gente muito diferente. Alguns nem sequer rejeitam a obsoleta e corrupta monarquia bourbônica. Mas rapidamente a contestação popular excedeu as previsões. O Movimento, após a repressão do primeiro dia, foi olhado quase com benevolência pelo PP e pelo PSOE os dois grandes partidos da burguesia. Mas, ao assumir proporções torrenciais, o protesto adquiriu os contornos de uma condenação do regime na qual as massas emergiam como sujeito histórico.

Na Puerta del Sol começaram a ouvir-se brados inesperados: «No al FMI »; «No a la farsa electoral»; «PSOE y PP, la misma gente!»; «No a las guerras de los EEUU!». Soou até a palavra «Revolução!»
Daí o medo.

Os jovens de Madrid sabem o que não querem, mas a grande maioria não tem uma ideia minimamente clara sobre o que fazer e como atuar. As reivindicações aprovadas a 20 de Maio, na Assembleia do acampamento, são moderadas, algumas ingênuas. Espontaneísta, o M-15 não acampa no centro de Madrid em função de uma estratégia de Poder.

Quando aquilo principiou, o que unia a multidão heterogênea de jovens pouco mais era que a recusa da caricatura de democracia. Terá sido uma surpresa para o pequeno núcleo inicial a adesão maciça de adultos, de desempregados, de reformados. Foi ainda numa atmosfera de confusão que surgiram as primeiras lideranças embrionárias, os porta-vozes do acampamento.

Jovens entrevistados pela imprensa internacional manifestaram espanto ao tomar conhecimento da repercussão internacional da iniciativa e das concentrações de solidariedade em cidades espanholas e europeias.

DE TUNIS A MADRID

O protesto dos «indignados» de Espanha foi obviamente inspirado pelo modelo da Tunísia e do Egito. Na época da comunicação instantânea, as redes sociais permitiram que em tempo rapidíssimo os apelos à concentração popular na Puerta del Sol fossem atendidos por milhares de jovens. A praça madrilena foi a Tahrir egípcia.

Tal como ocorrera no Norte de África, a exigência de «democracia» funcionou como motor da mobilização popular.

Mas enquanto nas rebeliões contra Ben Ali e Hosni Mubarak as massas reivindicavam liberdades, eleições livres, um parlamento tradicional, destruição de aparelhos repressivos, o fim de ditaduras ferozes e a sua substituição por regimes representativos similares aos da União Europeia, na Espanha a «democracia real ya» reclamada pelos «indignados» partia dialeticamente da recusa do figurino pelo qual se batiam os africanos.

O que para os árabes era ambição e sonho aparece hoje a muitos dos acampados da Puerta del Sol como caricatura da democracia, rosto de um regime cuja prática nega os valores e princípios que invoca, que concentra a riqueza numa ínfima minoria e promove o desemprego, amplia a desigualdade social.

Enquanto a burguesia tunisiana e egípcia se solidarizava com os rebeldes que se manifestavam contra Ali e Mubarak e o imperialismo rompia com os seus aliados da véspera, a burguesia espanhola, os partidos tradicionais e os poderosos da União Europeia condenavam os «indignados» peninsulares, identificando neles arruaceiros de um novo tipo.

Merece reflexão a dualidade antagônica da posição assumida pelo imperialismo americano. Na Casa Branca, o presidente Obama compreendeu que as reivindicações dos rebeldes da Tunísia e do Egipto não colidiam com a sua estratégia para a Região e, agindo com rapidez e eficácia, estimulou e aplaudiu nesses países a instalação de Governos de transição ditos democráticos, sob a tutela de personalidades militares e civis que, com poucas excepções, tinham servido as ditaduras eliminadas. Na Líbia, bombardeia Tripoli ; no Golfo, pede à Arábia Saudita que afogue em sangue rebeliões incômodas como a do Bahrein, sede da V Esquadra da US Navy.

O imperialismo encara, naturalmente, com desconfiança e apreensão o alastramento do protesto inorgânico dos jovens «indignados». Obama e o Pentágono interrogam-se sobre as consequências imprevisíveis de um movimento que condena com dureza o envolvimento da Espanha nas guerras asiáticas dos EUA.

ADESÕES INTERNACIONAIS

A direita arrasou o PSOE nas eleições municipais de domingo. Os acampados da Puerta del Sol reagiram com indiferença aparente aos resultados. «Eles não nos representam», declararam porta vozes do M-15, sublinhando que na engrenagem do poder, o PSOE e o PP, embora com discursos, histórias , percursos e bases sociais diferentes, praticam no governo políticas neoliberais muito semelhantes, e políticas externas caracterizadas pela submissão às exigências dos EUA e de Bruxelas.

Significativamente, o espaço e o tempo que os media espanhóis dedicaram durante a última semana aos «indignados» diminuíram drasticamente desde sábado. O tema quase desapareceu das primeiras páginas dos grandes jornais e do programa dos canais de televisão. A vitória do PP e o avanço das Autonomias monopolizaram a atenção de políticos, analistas e jornalistas do sistema.

Oposta é a atitude assumida pela maioria dos intelectuais progressistas. Na Espanha e também na América Latina, personalidades de prestigio, em artigos e entrevistas publicados em revistas Web de informação alternativa como Resumen Latino Americano e Rebelión e outras, expressam a sua solidariedade com os jovens do M-15 e refletem sobre o significado e as consequências da contestação.

Cito alguns exemplos expressivos.

O filósofo e escritor marxista Santiago Alba Rico, num artigo intitulado «La Qasba en Madrid» sublinhou que a Espanha «não é uma democracia». E acrescenta, realista: «Não haverá uma revolução em Espanha. Mas uma surpresa, um milagre, uma tormenta, uma consciência nas trevas, um gesto de dignidade na apatia, um ato de coragem na anuência, uma afirmação anti-publicitária de juventude, um grito coletivo de democracia na Europa, não é já um pouco uma revolução?»

Carlos Taibo, professor da Universidade Autônoma de Madrid, esteve na Puerta del Sol levando solidariedade, e dirigindo-se aos acampados disse ao saudá-los: «Os que aqui estamos somos, obviamente, pessoas muito diferentes. Temos na cabeça projetos e ideais diferentes. Mas conseguimos, apesar disso, chegar a acordo quanto a um punhado de ideias básicas». E, parafraseando Santiago Alba Rico, afirmou: «Aquilo a que na Espanha chamam democracia, não o é!».

O escritor italiano Carlo Frabetti escreveu: «Desde o protesto dos Goya de 2003 que não se conseguira um aproveitamento tão eficaz de contestação interna do sistema e a sua expressão cultural do espetáculo».

Atilio Borón, um sociólogo marxista argentino de prestígio internacional, dedica aos jovens acampados um artigo entusiástico intitulado «Os indignados e a Comuna de Paris». Lembra que aquilo que a democracia de Moncloa propõe para enfrentar a «crise é o despotismo do mercado, irreconciliável com qualquer projeto democrático». E, cedendo a um impulso romântico, conclui o artigo com estas palavras: «Se persistirem (os indignados) na sua luta poderão derrotar a prepotência do capital e, eventualmente, iniciar uma nova etapa na história não só da Espanha, mas da Europa».

Angeles Maestro, a destacada dirigente de «Corriente Roja», da Espanha, mais realista, salienta que os acampamentos em dezenas de cidades espanholas «têm um conteúdo anticapitalista» e neles ondula «uma multidão de bandeiras republicanas». Enfatiza o descrédito da montagem eleitoral e afirma que «As mobilizações maciças que se iniciaram em numerosas cidades do estado espanhol a 15 de Maio e que tiveram continuidade em acampamentos, assembleias e convocatórias para novas manifestações expressam o alto nível de indignação e raiva de uma juventude que não tem qualquer esperança de chegar a ter os direitos básicos que a Constituição pomposamente proclama: direito ao trabalho, à habitação, à educação e saúde publica de qualidade, a uma pensão digna, etc.».

Quanto ao futuro do Movimento, adverte como revolucionaria experiente: «Nos processos sociais não há atalhos. Se é um fato que a fagúlha da espontaneidade está sempre presente e serve para desencadear as mobilizações, somente o avanço da organização é a medida da acumulação de forças; e sem acumulação de forças as lutas leva-as o vento.»

AMANHÃ INCERTO

Esperanza Aguirre, a reeleita prefeita de Madrid, não esconde a sua hostilidade aos acampados. Se dela dependesse, declarou, ordenaria à Policia que expulsasse da Puerta del Sol os acampados. A repressão inicial foi esclarecedora da sua posição. Mas carece de poderes para recorrer à força.
Qual o desfecho do protesto dos «indignados»?
Por ora é imprevisível.
Vai persistir, transformando-se em desafio ao Poder?

Uma Assembleia, improvisada e tumultuosa como as anteriores, decidiu manter o acampamento até ao próximo domingo. Durante a semana os ativistas irão aos bairros. Depois se verá.

Em Barcelona e noutras cidades, as concentrações de protesto também não se dissolveram, mas os próprios organizadores admitem que o número de participantes diminua nos próximos dias.

Repito: os jovens «indignados» sentem dificuldade em definir um rumo para a luta que iniciaram. A maioria talvez não tenha consciência da complexidade do desafio lançado ao Poder.

Volto a citar Angeles Maestro: «O processo de confluência múltipla em torno a um programa comum somente poderá abrir caminho se criar raízes nas lutas operárias e populares. Em outras palavras, se a construção do referente político beber a seiva na luta de classes e demonstrar a sua utilidade para abordar um longo processo de acumulação de forças».

A consciência demonstrada pelos «indignados» de Madrid de que a «democracia representativa» é uma ficção no Estado Espanhol deve, porém, ser saudada como acontecimento importante no âmbito das lutas de massa europeias e não ignorada, subestimada ou mesmo criticada com sobranceria em atitudes irresponsáveis por alguns dirigentes de partidos de esquerda da União Europeia.

Não compartilho a euforia prematura de Atilio Boron, mas julgo oportuno reafirmar que a Espanha não é exceção na Europa. Não há democracia autêntica sem participação decisiva do povo. Na União Europeia um sistema mediático perverso e desinformador esconde a realidade. Os regimes existentes nos 27 diferenciam-se muito. Mas existe um denominador comum: a ausência de uma democracia autêntica. Neste início do século XXI, no contexto de uma gravíssima crise mundial de civilização, o capitalismo, em fase senil, cola o rótulo da democracia representativa a ditaduras da burguesia de fachada democrática.

Vila Nova de Gaia, 23 de Maio de 2011.

«Nenhum dos vossos partidos representa aquilo que queremos».

Fartos da fraude e da impunidade do Poder Financeiro e Económico, dos políticos corruptos e dos jornalistas e comentadores venais

Em Madrid, Zaragoça, Valência, Sevilha e em muitas outras cidades de Espanha, trabalhadores e desempregados, estudantes universitários e reformados, pais e filhos, juntaram as suas vozes numa só voz para deixar um recado aos seus políticos: «Nenhum dos vossos partidos representa aquilo que queremos».
by Xatoo

terça-feira, 24 de maio de 2011

Abdias Nascimento morre no Rio aos 97 anos

Eu sempre fui um negro desaforado” Abdias Nascimento

Li, na adolescência, o livro O Negro Revoltado,de Abdias Nascimento
Rapper MV Bill


Ativista histórico na luta contra o racismo, Abdias Nascimento, de 97 anos, morreu na noite da última segunda-feira (23), no Rio de Janeiro.

Jornalista, ex-deputado federal e ex-senador, Abdias estava internado no Hospital dos Servidores, no centro, vítima de problemas cardíacos.

Nascido em 1914, em Franca (SP), Abdias Nascimento começou cedo sua luta pela igualdade racial. Em 1936, ele foi preso por protestar contra a exigência de entrar numa boate da capital paulista pela porta dos fundos por ser negro.

Em 1944, já vivendo no Rio de Janeiro, ele fundou o Teatro Experimental do Negro. Marco na luta pela cidadania do artista negro, o grupo contribuiu para a formação profissional de dezenas de atores.

Durante o período da ditadura militar, ativista sofreu pressões e se exilou por 13 anos nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, Abdias Nascimento ingressou na vida política, tendo sido deputado federal, nos anos 80, e senador, de 1997 a 1999.

Em 1944, já vivendo no Rio de Janeiro, ele fundou o Teatro Experimental do Negro. Marco na luta pela cidadania do artista negro, o grupo contribuiu para a formação profissional de dezenas de atores.

Durante o período da ditadura militar, ativista sofreu pressões e se exilou por 13 anos nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, Abdias Nascimento ingressou na vida política, tendo sido deputado federal, nos anos 80, e senador, de 1997 a 1999.
...
Fonte: Portal iG

Abdias Nascimento - Memória Negra de Antonio Olavo



Abdias Nascimento - Espelho 2ª Parte



Abdias Nascimento - Espelho 3ª Parte


Dia Nacional do Cigano

Comemorado em 24 de maio, o Dia Nacional do Cigano é uma celebração recente no Brasil. A data foi instituída no calendário nacional por um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Ter uma data nacional dedicada à comemoração desta cultura pode ser o início de um processo de respeito e reconhecimento deste povo.

Fapy Lafertin
Aurore


Povo Cigano

*Tatiana Félix

Donos de uma cultura peculiar e secular, marcados pela unidade da vida em comunidade, mas, que fogem ao controle da sociedade tradicional por serem extremamente livres, os ciganos, também conhecidos como gitanos, zíngaros ou, na realidade, "Rhom" sempre foram perseguidos, excomungados e marginalizados.
Registros históricos indicam que este povo andarilho e nômade teria surgido por volta do século XVI A.C, quando começaram a imigrar da Índia. No Brasil, os indícios são de que os ciganos chegaram por volta do século XVII. Apesar de terem presença no catolicismo, os ciganos conhecem os mistérios da Mãe Natureza e praticam a Quiromancia.

A Pastoral dos Nômades, organismo da Igreja Católica, ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é a entidade que representa e apóia esta cultura. De acordo com o coordenador Nacional da Pastoral, Padre Wallace Zanon, existe no Brasil, cerca de 800 mil ciganos, vivendo, principalmente, nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul.

E para debater sobre os direitos deste povo, dando seqüência às celebrações pelo Dia Nacional dos Ciganos, comemorado ontem (24), é que será realizada amanhã (26), uma audiência pública no Senado Federal, para discutir a situação dos ciganos no Brasil.
Padre Wallace Zanon, que representará a pastoral em Brasília, disse que na ocasião, deverá ser debatida a necessidade de implementação de políticas públicas para essa comunidade, já que, embora a existência dos ciganos no Brasil date de meados do século XVII, a marginalização e o preconceito sobre eles, ainda é muito forte.
As principais reivindicações dos ciganos são: registro de nascimento e demais documentos necessários para o exercício da cidadania. Atualmente, muitos ciganos não conseguem tirar a identidade, certidão de casamento, título eleitoral, habilitação ou certidão de óbito.

Eles reivindicam também o direito de ir e vir livremente, sem serem importunados pela polícia. Vale lembrar que a característica dos ciganos é ser andarilho. Eles constituem uma etnia, pois, embora não tenham uma pátria, possuem sua própria língua, o romanês.

Padre Wallace comentou que a relação dos ciganos com a Pastoral dos Nômades é muito boa. "Eles (ciganos) confiam muito nos padres e na igreja. Eles nos procuram para a realização de batismos e casamentos", relatou.

Sobre o preconceito que sempre existiu em torno dos ciganos, padre Wallace faz um apelo: "Não se deve olhar o cigano como alguém diferente. Eles apenas têm sua cultura própria, seu modo de vestir próprio, mas, são também filhos de Deus. O povo cigano tem uma unidade muito grande entre eles e possuem valores essenciais, como família e indissolubilidade do casamento", declarou.
*Adital

segunda-feira, 23 de maio de 2011

55 regras básicas para a sala de aula

A arte de educar crianças - 55 Regras De Um Professor Premiado - Clark, Ron

Sextante

ISBN: 8575421751
Número de páginas: 176
Acabamento: Brochura
Dimensão: 21 x 14 x 1 ( Altura x Largura x Espessura)
Publicação: 2005
Edição: 1

Sinopse:

Publicado em 25 países e com mais de um milhão de exemplares vendidos, este livro não se destina somente a pais e professores - ele contém orientações que podem ser adotadas por qualquer pessoa, jovem ou idosa, da dona-de-casa ao médico, do político ao garçom. Ele trata de princípios sobre como vivemos, interagimos com os outros e apreciamos a vida.Movido por uma verdadeira obstinação em fazer a diferença na vida de cada um de seus alunos, o professor Ron Clark elaborou uma lista com as quatro verdades universais sobre as crianças e 55 regras com orientações básicas sobre boas maneiras dentro e fora da sala de aula.Por saberem exatamente o que se esperava deles, os alunos de Clark apresentaram uma extraordinária melhora em seu aprendizado ao mesmo tempo em que ganharam autoconfiança e respeito por si mesmos. Além de estudantes mais aplicados, tornaram-se pessoas bem-educadas, responsáveis por seus atos e preparadas para o convívio social.Como diz Carter, "essas regras não se destinam apenas a fazer com que as crianças se comportem - seu objetivo também é preparar os estudantes para o que os aguarda depois que deixam a sala de aula. Elas os capacitam a lidar com qualquer situação que possam encontrar e lhes dão confiança para isso."

Ron Clark - professor e pedagogo norte-americano

Assisti ao filme A História de Ron Clark / O Triunfo duas vezes.

Vale a pena em especial para quem se interessa por Educação e um bom enredo.


O filme conta atrajetória de Ron Clark,um professor e pedagogo norte-americano, que trabalhou com alunos desfavorecidos nas áreas rurais da Carolina do Norte e do Harlem, Nova Iorque. É conhecido pelos seus livros sobre crianças de ensino médio.(secundário)


Biografia

Clark foi educado na East Carolina University, da Carolina do Norte, através do programa de Fellows e aceitou um emprego em Aurora, Carolina do Norte, após a sua formatura em 1994. Quatro anos mais tarde, partiu para o Harlem desejando um emprego como professor num estabelecimento dessa área de Nova Iorque.

O projeto mais recente de Clark é a Ron Clark Academy, uma escola privada sem fins lucrativos, em Atlanta, Geórgia, onde os alunos seguem um currículo único. A escola também oferece aos alunos oportunidades de viagens internacionais e oferece oficinas de formação de professores para aprender mais sobre os métodos de Clark.

O primeiro ano que Clark passou no Harlem, foi o tema de um filme para televisão, “The Ron Clark Story”, (também conhecido como o “Triunfo de Ron Clark” na Austrália, Reino Unido e Filipinas), no qual a sua figura foi interpretada por Matthew Perry. Clark é conhecido pela sua capacidade de melhoria de resultados em testes usando métodos únicos e inovadores que incorporam inovação, criatividade e 55 regras de sala de aula.

Já esteve em vários programas de TV nos Estados Unidos, incluindo duas aparições no Oprah Winfrey Show, no qual Winfrey se referiu a ele como seu primeiro "Phenomenal Man". Clark recebeu a distinção “Professor Disney 2001”
A “Ron Clark Academy”

A “Ron Clark Academy” está alojada num armazém de tijolo vermelho localizado no sudoeste de Atlanta, Geórgia. Os alunos são de famílias pobres ou ricas. Clark tinha planeado construir a escola dez anos antes de conseguir começar a sua construção. Com o produto de seus dois livros: “The Essential 55” e “As excelentes 11”, Clark obteve um financiamento adicional para o projeto que acabou por custar mais de três milhões e meio de dólares norte-americanos. A academia foi criada em 25 de junho de 2007. As aulas começaram para os alunos em 4 de setembro de 2007.

Tecnologia e instalações

Cada sala de aula tem computadores portáteis, quadros interativos, câmaras digitais, projetores e equipamentos de áudio e vídeo.
Além das salas de aula equipadas tecnologicamente, a escola oferece aos um estúdio de gravação, uma câmara escura, uma biblioteca de dois andares, um ginásio, e um estúdio de dança. A “Ron Clark Academy” usa computadores doados em todas as salas de aula e escritórios Como resultado, os alunos podem estudar fotografia, produção de música e liderança empresarial.

População estudantil

Os alunos que frequentam The Ron Clark Academy vêm de uma variedade de origens, incluindo estudantes de famílias de elevada riqueza. Devem passar por um processo de seleção, para entrar na escola.

Os pedidos de inscrição dos alunos são revistos por Ron Clark e outros professores e os estudantes são selecionados para serem entrevistados pela escola. Se o aluno é aceito, os pais devem assinar um contrato de obrigação em que aceitem ser voluntários 10 horas do seu tempo de cada trimestre. Eles também têm que autorizar o seu filho para ir a viagens em campo obrigatório essenciais ao currículo.

Em 31 de outubro de 2008, os alunos da “Ron Clark Academy" foram nomeados a Pessoa ABC da Semana pela ABC World News Tonight. Como resultado, eles também foram convidados para se apresentar no 2009 WN2009.

Livros

Ron escreveu dois livros. O primeiro, chamado “The Essential 55”: um livro com regras do educador para descobrir que existe um estudante potencialmente bem sucedido em todas as crianças (2003). Esta obra está publicada em 25 países.

Em 2004, Ron Clark publicou “11 Excellent” ("As 11 excelentes"): qualidades que os professores e os pais devem usar para motivar, inspirar e educar as crianças.
Em Dezembro de 2008, Oprah Winfrey doou 365 000 dólares a Ron Clark pela sua profunda dedicação ao ensino.

Visão geral

A obra de Ron Clark é indiscutivelmente um enorme tributo à educação intercultural e cidadania, bem como à própria educação especial.
Ron Clark é também influenciado por autores da “Escola Nova”, embora isso não transpareça no que diz. Mas a ênfase no trabalho para além das matérias curriculares tradicionais, as viagens de estudo e a constituição da sua “Academia” lembram os autores/pedagogos da “Escola Nova”.

Por outro lado a vida de Ron Clark é um hino à crença na educabilidade do homem, não deixando de ter traços utópicos, dada a extrema generosidade do professor.

Durante a sua estadia no Harlem, teve dois empregos (foi empregado de um restaurante), pois desse modo custeava – a expensas próprias – muito do material que usava nas aulas. Sofreu um esgotamento físico e esteve muito doente, mas mesmo assim continuou a trabalhar.

É evidente que Ron Clark pode ser considerado um “filho de Rousseau”, mas o seu trabalho não é facilmente copiável por muitas pessoas, que não estão dispostas (nem têm que estar) a fazer os sacrifícios que Ron Clark fez.

Dele se pode dizer: “Quem não distingue uma criança de um telefone faz lembrar quem confunde a betoneira com a lata de tinta. Seja para esses a Educação Permanente, de preferência do berço ao túmulo. Enquanto não se realizar o muito provável futuro dos clones, o dever dos professores é lutar pelo sonho, ainda que considerem que têm razão contra a História, e que por isso mesmo lutam para perder.
Fonte: Wikipédia

Filme

Ser professor é bem mais que educar alguém, ou mesmo fazê-lo entender e compreender algo. Ser professor é saber despertar no seu semelhante as boas coisas da vida; é dizer sem falar: eu posso! Eu sei! Eu me amo e me respeito e eu tenho a certeza que vou vencer. No filme: "O Triunfo" há razão de ser professor é vista quando se tem desafios e se percebe que não são o que as crianças fazem ou dizem que serão os motivos de desistir de lecionar. Acreditar nas pessoas e no que elas têm de melhor é o que faz com que o professor se torne educador, mestre e exemplo

A História de Ron Clark / O Triunfo (The Ron Clark Story / The Triumph)


Sinopse

Matthew Perry é um jovem professor impaciente, porém talentoso, que deixa sua casa na zona rural da Carolina do Norte para se aventurar a dar aulas nas escolas de Nova York. Enquanto luta para manter seu otimismo ao se defrontar com um obstáculo após o outro, ele desistirá de tudo para retornar à sua casa com o rabo entre as pernas, ou realizará sua ambição e transforma o futuro de alguns dos mais difíceis e vulneráveis garotos da cidade?



Informações Técnicas

Título no Brasil: A História de Ron Clark / O Triunfo
Título Original: The Ron Clark Story / The Triumph
País de Origem: EUA / Canadá
Gênero: Drama
Classificação etária: 14 anos
Direção: Randa Haines
Elenco
Matthew Perry... Ron Clark
Judith Buchan... Snowden School Principal
Griffin Cork... Hadley
Jerry Callaghan... Ron Clark Sr.
James Dugan... Sr. Lively
Patricia Benedict... Jean Clark
C.J. Jackman-Zigante... Y'landa
Pete Seadon... Harried Principal
Melissa De Sousa... Marissa Vega
Aaron Grain... Jason
Brandon Smith... Tayshawn
Gerrick Winston... Sr. Solis
Ernie Hudson... Principal Turner
Jacey Mah... Ms Hill
Marty Ronaghan... Jackie Vasquez
Micah Williams... Julio Vasquez
Bren Eastcott... Badriyah
Baljeet Balagun... Badriyah's Father
Hannah Hodson... Shameika Wallace
Candus Churchill... Doretha Wallace
Isabelle Deluce... Alita
Lashonda Mitchell... Raquel
Marilyn Potts... Lunch Lady
Wally Houn... Chef
E.J. Bonilla... Hispanic Kid
Daniel Lee Robertson III... Dominican Kid
Pamela Crawford... Ms. Benton
Chris Enright... Superintendent
Marty Antonini... Howard
Patricia Idlette... Devina
Aziza Sindhu... ER Doctor
Patti Kim... Tisha
Crystal Balint
Jason Bush... Gang Member
Shannon Tuer... Substitute Teacher

Dedo na ferida

"Mas, ao invés de a aula ser um espaço em que se vai para saber o que é certo e correto, é preciso transformar a aula em um espaço de debate e discussão sobre a língua. Aí, sim, funciona porque, na ciência da linguagem, não há uma única resposta certa. O certo e errado só existe quando se reduz a língua à variante culta. Às vezes penso que os brasileiros foram treinados, por todas as situações históricas, a ser uma gente obediente, não criativa. Uma gente que está acostumada a perguntar se está certo ou errado. Não seria melhor perguntar: eu falei claro, eu escrevi claro?" *Ataliba de Castilho
...
Poder Online - Em entrevista ao iG, o professor Evanildo Bechara afirmou que, ao lidar com a questão da variedade popular em sala de aula, está se está tirando o do professor o elemento fundamental da educação: o interesse para aprender mais. Como o papel do professor entra nessa discussão?

Ataliba de Castilho – A questão que se deve levantar agora é: como vamos ensinar o padrão culto da língua a alunos que não vêm apenas da classe média urbana? Os professores de português, e aí o professor Bechara tem toda razão, jamais ensinariam um padrão que não seja de prestígio, que não seja o padrão culto. Ninguém quer que os seus alunos deixem de progredir em suas vidas. E para progredir, isso em qualquer sociedade humana, não só no Brasil, é preciso se conformar à classe de prestígio. Mas quando se transforma o ensino em uma lei geral, é que aparece o problema. Os alunos que não conhecem a variedade culta passaram a ir para a escola. E como agir? O professor faz de conta que não vê aquele aluno, que a língua dele não existe e que tudo o que ele fala está errado? Se agir desse jeito, o professor afastará o aluno do aprendizado. O ideal é que o professor leve os alunos a refletirem sobre os diferentes modos de dizer a mesma coisa. Foi isso que a autora do livro fez.
...
*Professor titular aposentado da USP e da Unicamp e um dos idealizadores do Museu da Língua Portuguesa, ele diz que os autores do livro didático Por uma vida melhor, que dedica um capítulo ao uso popular da língua, estão empenhados em discutir a amplitude e a criatividade da língua portuguesa, além do conceito de certo e errado estabelecido pela norma culta. O livro é adotado pelo MEC (Ministério da Educação) para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Kurt Cobain teria completado 44 anos

Kurt Donald Cobain (Aberdeen, 20 de Fevereiro de 1967 — Seattle, 5 de Abril de 1994) foi um cantor, compositor e músico estadunidense, mais conhecido como o vocalista e guitarrista da banda de rock Nirvana.

Nos anos seguintes à sua morte, Cobain foi lembrado como um dos músicos de rock mais famosos da história da música alternativa. Ele foi classificado pela revista Rolling Stone como o 12º maior guitarrista e o 45º maior cantor de todos os tempos e pela MTV em 7º lugar no "22 Melhores Vozes na Música". Em 2006, ele foi classificado na vigésima posição pela Hit Parader na sua lista dos "100 Maiores Cantores de Metal de Todos os Tempos".
Cobain foi um ícone do "grunge"*.

The Man Who Sold The World


*"Grunge"(às vezes chamado de Seattle Sound ou Som de Seattle) é um subgênero do rock alternativo, que surgiu no final da década de 80 no estado americano de Washington, principalmente em Seattle. É inspirado pelo hardcore punk, pelo heavy metal e pelo indie rock. Os temas das bandas nomeadas grunge geralmente estão relacionados com letras cheias de angústia e sarcasmo, entrando em temas como a alienação social, apatia, confinamento e desejo pela liberdade. A estética grunge é despojada em comparação com outras formas de rock, e muitos músicos grunge foram observados por suas aparências desleixadas e pela rejeição da teatralidade. As circunstâncias de sua morte, por vezes, tornam-se um tema de fascínio e debate. Desde sua estréia, o Nirvana, com Cobain como compositor, vendeu mais de 25 milhões de álbuns nos Estados Unidos, e mais de 50 milhões em todo o mundo.
Fonte: Wikipédia

domingo, 22 de maio de 2011

Revolução Espanhola

Mensagem para profunda reflexão...

Spanish Revolution



Nos sobran los motivos



19 dias y 500 noches

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Espanha - O grito mudo


@Samuel Rodriguez

Se nenhum imprevisto acontecer entretanto, quando forem 23:05, em Portugal (uma hora mais tarde em Espanha), sairá da Puerta del Sol um gigantesco «grito mudo» que assinalará o início do Dia de Reflexão que precede as eleições regionais e locais que terão lugar, no Domingo, em terras de nestros hermanos.

Lá, como desgraçadamente cá, protege-se a reflexão com proibições. E já é sabido que, neste caso, a «Junta Electoral Central» deliberou «Comunicar a todas las Juntas Electorales así como al Abogado General del Estado que las concentraciones y reuniones a las que se refieren las consultas elevadas a esta Junta son contrarias a la legislación electoral desde las cero horas del sábado 21 de mayo hasta las 24 horas del domingo 22 de mayo de 2011 y en consecuencia no podrán celebrarse.»

Perante esta deliberação oficial, o Movimento 15 de Maio decidiu não convocar manifestações para Sábado, mas «reivindica o direito a reflectir sem interferir no voto», ou seja a manter concentrações e acampamentos.

Regressando ao que está previsto para logo, o Movimento 15 de Maio pede a todos os participantes nas concentrações que levem uma espécie de mordaça e a tirem à hora indicada - cinco minutos depois da meia-noite – para que seja lançado aos céus o tal «grito mudo».

O que acontecerá então, ou mesmo antes, é difícil de prever. Zapatero diz que o governo actuará «com inteligência», não se sabe o que farão as autoridades para que «sejam garantidos todos os direitos e se respeite a jornada de reflexão», mas as últimas notícias vão no sentido de não ser usada violência para dispersar as concentrações. Ainda bem.

Seja como for, o que é absolutamente extraordinário e obsoleto é que estas democracias em que vivemos (tão mal, nos tempos que correm…) insistam nesta disparatada pausa de 24h antes de actos eleitorais para que os seus súbditos «reflictam»!

No caso vertente, como se os espanhóis não tivessem tido matéria e tempo para todas as reflexões deste mundo desde 15 de Maio, com dezenas das suas cidades politicamente activíssimas, com grande parte do mundo de olhos postos em Madrid, Barcelona ou Valência. No momento em que escrevo (6ª feira, 18:20, em Lisboa), existiram, estão em curso ou planeadas, acções de solidariedade com o Movimento 15 de Maio espanhol em 350 cidades de dezenas de países. E insiste-se em proteger o recato dos espanhóis para que votem… em sossego!

No dia em que se sabe que a Espanha reentrou no clube da bancarrota, é impossível não «ouvir», ao longe, os tais célebres acordes da orquestra do Titanic.
Fonte: Entre as brumas da memória

O mundo à espera de Madri



Espanha vai às ruas por uma “sociedade nova que dê prioridade à vida acima dos interesses econômicos e políticos”, inspirando outros movimentos e países. Para um modelo de revolução que levou apenas três meses para cruzar o abismo econômico e
demarcado pelo mar Mediterrâneo, parece um tanto óbvio que espalhar-se dentro das fronteiras da União Europeia é o menor dos saltos. Uma semana depois, poucos duvidam da #revoluçãoespanhola. O artigo é de Wilson Sobrinho.

Wilson Sobrinho, correspondente da Carta Maior em Londres

“Ninguém espera a #revoluçãoespanhola”, diz, citando Monty Phython e o formato hashtag consagrado no Twitter, um dos cartazes favoritos na praça Puerta del Sol em Madrid, onde milhares de manifestantes protestam contra o desemprego, a crise econômica e o sistema político espanhol. Embora chamar os acontecimentos atuais no país de “revolução” seja um certo atropelo no momento, a frase sintetiza com alguma precisão o movimento nascido para ser um evento de um dia de duração e que agora causa arrepios na espinha dos políticos ao ameaçar reencenar roteiros vividos em Tunísia, Egito, Iêmen, Barein, Siria, Marrocos, Líbia e outros. Desta vez, à margem norte do Mediterrâneo.

Há, em um relato feito pelo independente PeriodismoHumano.com, uma boa pista sobre a gênese do que vem acontecendo no país ibérico. “Tudo isso surge de uma iniciativa espontânea de um grupo de pessoas que decidiu dormir na praça depois de uma manifestação. Era fácil assim! Poderia ter sido eu ou você, mas foram essas 40 pessoas que iniciaram tudo”, disse uma voz anônima em meio aos manifestantes de Madri, na praça-tornada-quartel-general temporário dos descontentes, que agora já somam uma multidão.

No domingo passado, milhares de pessoas foram às ruas do país – uma semana antes das eleições municipais. Convocados pelo movimento Democracia Real Já, sob o slogan “não somos mercadorias nas mãos de banqueiros e políticos”, 130 mil pessoas protestaram em dezenas de cidades espanholas. “Esta mobilização foi o princípio de uma série de longo prazo”, dizia um comunicado publicado na terça-feira, quando os passos levavam a crer que a ocupação das praças seguiria em crescimento. “O que nos move é a firme convicção de aprofundar o caminho que começamos”.

“Somos pessoas que viemos livre e voluntariamente”, reforça outro manifesto publicado em tomalaplaza.net, site que reúne relatos das manifestações através da Espanha e em outros países onde cidadãos espanhóis se solidarizam. O texto, traduzido para mais de uma dezena de línguas por voluntários via internet, defende “uma sociedade nova que dê prioridade à vida acima dos interesses econômicos e políticos. (..) [Queremos] Demonstrar que a sociedade não adormeceu e que seguiremos lutando pelo que merecemos mediante a via pacífica”.

“É uma vitória inquestionável que uma organização criada há três meses seja capaz de mobilizar dezenas de milhares de pessoas em mais de 50 cidades da Espanha sem o apoio de nenhum partido político, de nenhum sindicato e de nenhum grande meio de comunicação”, analisa em seu blog o jornalista Ignacio Escolar, que graças à cobertura do evento que vem fazendo está recebendo 200 mil visitas por hora em seu site (www.escolar.net).

Era quarta-feira à noite quando o El País concedia “um salto de qualidade notável nas manifestações”. Nos primeiros dias, dizia o jornal madrileno “eram os jovens e as pessoas em contato com as redes sociais que foram à Puerta del Sol”. Agora juntam-se à aglomeração os “adultos, gente cuja informação chega através dos meios de comunicação tradicionais”. “A chama dos indignados se mantém viva. E não parece que irá se apagar até domingo. Tudo indica que irá além. Há muita gente que está farta”, reconhece o diário.

Com o crescimento do acampamento, grupos de trabalho foram formados – com voluntários cuidando da limpeza, da alimentação, do fornecimento de sinal de internet e da organização geral. Até uma enfermaria foi montada na praça Puerta del Sol. Além, claro, das discussões políticas.

Entre as ideias defendidas na praça, segundo relato de Periodismo Humano, estão a reforma da lei eleitoral, propondo o fim do financiamento privado das campanhas; maior participação popular na formatação dos orçamentos públicos; reformas trabalhistas, políticas e fiscais, com o aumento do imposto de renda nas camadas mais ricas da população; aumento do salário mínimo e maior controle sobre a atividade dos bancos. Sugestões que se somam a uma carta de propostas exposta pelo Democracia Real Já, que defendem medidas que preservem os serviços públicos de qualidade e reduzam os gastos militares, para ficar em dois exemplos.

Impasse

Diante de eleições regionais no domingo, a Junta Eleitoral Central votou pela proibição de manifestações durante o final de semana, sob o argumento de que o resultado das urnas poderia ser influenciado e distorcido pela presença dos manifestantes nas praças do país.

Em uma enquete conduzida pelo jornal Público, 95% das pessoas se mostraram contrárias à decisão da Junta Eleitoral. E mesmo pessoas ligadas à polícia – a quem caberá a missão de desalojar os “indignados” (como a imprensa espanhola vem chamado os manifestantes) – já se declararam contrárias à ideia de removê-los. “Seria um erro tremendo, um erro absoluto a polícia desocupar a praça”, disse o vice-secretário da Confederação Espanhola de Polícia, Lorenzo Nebrera, em um texto produzido pela Europa Press na tarde desta sexta-feira.

É improvável, porém, que a decisão desfaça os acampamentos e que os manifestantes voltem para casa. Pelo contrário, uma convocação de mobilização para os primeiros minutos da madrugada de sábado corre a internet, e a hashtags #nonosvamos é uma das favoritas.

“Queremos lembrar que não nos identificamos com nenhum partido político, nenhuma organização sindical ou social”, responderam os manifestantes em um comunicado, para logo em seguira convidar “todas as pessoas que queriam participar, que venham à [praça Puerto del] Sol ou às praças de suas cidades”.

Enquanto os populares cantam e gritam à espera do sábado que os proíbe de estar na rua, sem sinal algum de recuo, um fato inescapável que deve se verificar no decorrer dos próximos dias está exposto na capa do jornal Público. “Ontem era uma tendência. Hoje uma realidade. O movimento cidadão que desde domingo passado se concentra nas praças da Espanha, encontrou eco e vozes em todos os cantos do mundo”, observa o jornal. “De Los Angeles a Sidney passando pela Cidade do México, Helsinki, Budapeste e Roma. São mais de 230 [cidades com manifestações]”.

A maioria das manifestações formadas por cidadãos espanhóis demonstrando apoio aos seus pares. Porém, na Itália já há um embrião formado por italianos dispostos a levar as suas próprias angústias às ruas. “Decidimos unir as nossas convocatórias com as de Democracia Real Já porque a nossa situação não é muito diferente do que a espanhola”, disse um ativista, com manifestações programadas para Roma, Turin, Bolonha, Milão, Bari, Perugia, Trieste, Florença.

Para um modelo de revolução que levou apenas três meses para cruzar o abismo econômico e social demarcado pelo mar Mediterrâneo, parece um tanto óbvio que espalhar-se dentro das fronteiras da União Europeia é o menor dos saltos. Uma semana depois, poucos duvidam da #revoluçãoespanhola.

Clique aqui e confira o mapa das manifestações
http://www.thetechnoant.info/campmap/
Foto: Julio Albarran (http://www.flickr.com/photos/julioalbarran/)
Fonte: Carta Maior

O Gene dos escravos chama-se... Escola

...Assim se passam os anos mais importantes da vida a aprender coisas cujo único destino é o esquecimento.

O autor do texto questiona a função da Escola em Portugal, atribuindo a atual crise pela qual passa o país a uma educação voltada para a formação de empregados e não de jovens de mentalidade e conhecimento empresarial como exige o mundo atual.

Como sabem, andam por aí muitos chineses; já viram algum à procura de emprego? um Zinho que seja???
Há dias vi um documentário sobre a presença chinesa em África. Emigram da China para o coração de África.

Emigrar para o coração de África?? Isso faz algum sentido? Então lá há empregos para alguém??

Claro que não há empregos (há lá chineses empregados, mas esses não são propriamente emigrantes, são contratados na China para trabalharem em empresas chinesas), o que há lá é oportunidades! Os chineses não emigram à procura de emprego, emigram à procura de oportunidades. É assim que eles vão para África e criam pequenas empresas em todo o lado. Como são empresários eficientes, rapidamente acabam com a concorrência local e dominam a actividade económica.

Comparem agora com os portugueses; os portugueses vivem à procura de emprego; os portugueses emigram à procura de emprego; os portugueses fazem manifestações porque não têm emprego; o índice mais importante para os portugueses não é o número de empresas que abriu ou fechou, é a taxa de desemprego!

Não acham que há aqui uma diferença gritante?
Porque é que é assim?

A geração actual de chineses é maioritariamente filha de camponeses; os camponeses são empresários, não são empregados. Esta é uma geração com uma cultura de empreendedorismo.

Nos países mais evoluídos, a maioria das pessoas são empregados há já várias gerações. A cultura é a do empregado. Os professores das escolas são empregados filhos de empregados. Sem uma política de ensino pró-activa em favor do empreendedorismo, cria-se uma geração de empregados.

É o que se passa em Portugal. Tal política era muito conveniente no tempo de Salazar – os empresários, como o governante, eram os que já existiam e seriam sempre eles e suas famílias, governados pelo eterno Salazar. Portanto, a escola tinha de formar empregados, nunca empresários. A sociedade pretendia-se de classes. Os empresários já existiam, os futuros empresários seriam os filhos dos existentes.

Esta ideia é típica dos sistemas fascistas e afectou todos os países do sul da Europa.

Infelizmente, essa mentalidade ainda cá perdura. As únicas aulas de empreendedorismo que existem, ao que me informaram, destinam-se aos alunos que abandonam a escola... dado que assim ficam incapacitados de serem empregados, ensina-se-lhes então empreendedorismo, porque ou serão empresários ou ladrões...

Nos outros países evoluídos não é assim. Já viram um americano emigrar à procura de emprego? Já viram que os nossos vizinhos espanhóis têm uma taxa de desemprego muito maior do que a nossa e não parecem dar grande importância a isso? Há outras coisas mais importantes.

E porque é que não é assim nos outros países? Porque a escola se empenha em formar empresários. Ser capaz de formar uma empresa faz parte dos currículos escolares. Saber delinear um projecto e desenvolver todos os complexos passos necessários a uma actividade empresarial de sucesso. Saber isso não é muito mais importante do que saber classificar as plantas ou saber aquelas regras do português que não fizeram falta nem ao Camões nem ao Saramago???

Assim se passam os anos mais importantes da vida a aprender coisas cujo único destino é o esquecimento.

A nossa escola não se adaptou à democratização da sociedade, não incorporou a igualdade de oportunidades. Continua a funcionar para formar empregados para irem trabalhar nas empresas de... de quem? Dos “Senhores”? Para serem funcionários públicos? A lógica do nosso ensino parece ser mesmo esta: a escola pública forma... funcionários públicos.

Muitos anos a estudar para se ser escravo? Sem dúvida, é para isso que serve a nossa escola, para formar escravos. Ou acham que é para formar conquistadores do mundo?

Agora está na moda dizer que o futuro dos nossos filhos é emigrarem, serem «cidadãos deste mundo global». Uma treta!!! O futuro deles é esse porque o futuro deles é irem à procura de emprego onde existam empreendedores; esse é o Futuro que a escola lhes destinou, não é nenhuma fatalidade do destino.

Poderia surgir um «Bill Gates» em Portugal? A resposta é «não» por múltiplas razões mas a primeira é que um “neird” dos computadores que tenha uma boa ideia não vai saber fazer nada com ela – quando muito, poderá conseguir vendê-la a um americano empreendedor... ou mesmo a um espanhol...

Estão a perceber a importância de dotar os jovens de mentalidade e conhecimento empresarial?

É como na ginástica: se houver ginástica de massas, aqui e além surgirão ginastas de sucesso; se não houver ginástica para ninguém, isso não vai suceder por maior que seja a qualidade da «matéria prima».

Se a formação para o empreendedorismo for massificada, então surgirão empresários de sucesso que podem relançar a economia; se não existe formação para o empreendedorismo, não vão existir empresários de sucesso nem economia nem... país!

A força de um país reside nos seus empresários. Sejam pequenos, médios ou grandes. Não estou a referir-me aos gestores das grandes empresas cá instaladas, esses são empregados como os outros, estou a referir-me aos Nabeiros e tantos outros que iniciaram empresas. Claro que os empresários não existem sozinhos, claro que o valor duma sociedade não se resume aos seus empresarios, mas eles são vitais.

Dos marinheiros não reza a História a não ser pela mão dos Navegadores.

Só existe Futuro para Portugal se existir uma cultura de empreendedorismo

Fonte: Outra Margem

Deolinda
Parva Que Sou
[HQ]


Idem
Telejornal

Cobrança social no interior influencia bom desempenho no ensino

*Mateus Prado

A união da comunidade em prol de uma boa educação para os filhos contribui mais para as boas notas do que turmas pouco numerosas

A série de reportagens do iG Educação sobre os resultados das escolas de São Paulo no Saresp demonstrou que várias escolas públicas do interior já alcançam os resultados que desejamos que se tornarem universais e cheguem a todas as escolas do Estado.

O que faz com que escolas do interior, que, teoricamente, possuem menos infra-estrutura, consigam apresentar melhores resultados? Algumas das explicações aparecem nas reportagens do iG, como ter menos alunos por sala e estar mais próxima da comunidade e dos pais dos alunos.

Mas a razão vai além. A primeira preocupação de qualquer comunidade é com a sobrevivência. Cidades muito pobres do interior, apesar de também contarem com poucos alunos em sala de aula, não repetem o mesmo resultado. Nessas cidades, a preocupação com a sobrevivência afasta os alunos da escola ou os coloca somente de corpo físico nela, deixando a cabeça em outro lugar.

O fato é que o Brasil, nos últimos 20 anos, começou a vencer a luta contra a miséria. Houve um aumento significativo da renda média dos mais pobres, apesar de a renda nominal dos mais ricos não ter diminuído. O Brasil hoje continua sendo um dos países com mais desigualdades do mundo, mas a população mais pobre avança em sua renda nominal e milhões passam a formar uma nova classe média.

No interior, na medida em que caminhamos para a diminuição da preocupação das famílias mais carentes com a pobreza, começa a funcionar o Capital Social das comunidades. Mas o que é “Capital Social”?

Capital Social é a rede de relação entre as pessoas. A interação nessas redes gera, com o tempo, laços de confiança e colaboração, que ajudam a criar ambientes de inovação. Entre as famílias mais ricas, por exemplo, o Capital Social faz com que elas mantenham os melhores empregos e os maiores salários. É por isso, por exemplo, que alunos cotistas de universidades públicas costumam ter os melhores resultados médios durante o período em que estão no ensino superior, mas dificilmente atingem os maiores salários após a conclusão dos cursos. As redes de relação dos não-cotistas, a maioria oriunda de escolas particulares, colaboram para que eles atinjam com mais facilidade o sucesso profissional.

Só que as redes de relação funcionam também de outras formas. Em comunidades do interior, a relação entre as pessoas é muito maior. As pessoas se conhecem, se encontram nas ruas, na praça, na igreja, nas festas da cidade, no mercado, na padaria. Facilmente se reconhece o professor, o pai de aluno e os dirigentes de uma escola. A cobrança social é muito maior. A falta de um professor em um dia é rapidamente comentada por vários pais de alunos e também entre eles. Se a escola ficar sem professor de alguma matéria, a comunidade não tolera.

Pesquisas demonstram que as escolas religiosas costumam obter melhores resultados, relativos, dos seus alunos. Isso acontece porque pais, professores, dirigentes e alunos se encontram para além dos muros da escola. A convivência na igreja, nas atividades de lazer, sociais e culturais leva a uma cobrança mútua entre seus membros em relação à escola. As relações de confiança aumentam com o tempo, o Capital Social de cada membro e da comunidade religiosa aumenta e isso se reflete no rendimento dos alunos na escola. Dentro da igreja, sabe-se qual professor leciona mal, quais os materiais que faltam aos alunos, quais as novas tecnologias adotadas pela direção e todas as rotinas da escola. Essas escolas não precisam se aproximar da comunidade, simplesmente porque é a comunidade que ocupa "a escola".

No interior, guardadas as devidas proporções, acontece algo similar. Vencida a pobreza, é a educação dos filhos a maior preocupação das famílias. Soma-se a isso o fato de que a maioria dessas pequenas cidades nem tem escola particular. A classe média local coloca os filhos na mesma escola que as famílias de menor renda. E a classe média tem muito mais poder de pressão sobre as instâncias de decisão de uma escola, justamente porque o seu Capital Social tende a ser mais próximo desses professores e dirigentes.

Para finalizar, lembro que o que atrai bons professores é um bom salário. Professores ganham, em média, 60% a menos do que as pessoas com a mesma escolaridade em outras profissões, como já destaquei em vários artigos para o iG Educação. Como o salário do professor do estado é igual em todas as cidades, ele acaba sendo relativamente maior no interior. Certamente, o mesmo salário atrai melhores professores no interior do que nas cidades grandes do estado de São Paulo.
*Educador analisa o Enem, os vestibulares e o ensino brasileiro
Fonte: Portal iG

Conheça as escolas estaduais de São Paulo mais bem avaliadas

Turmas pequenas, treinamento focado e envolvimento dos pais e da comunidade são fatores que contribuem para bom desempenho
Marina Morena Costa

No interior do Estado de São Paulo, entre plantações de cana-de-açúcar, pés de laranja e estradas vicinais mal conservadas, estão as melhores escolas estaduais. Elas atingiram em 2010 os índices mais altos no Idesp, indicador de qualidade criado pelo governo paulista. Para conhecer as receitas de sucesso e ver o que dá certo na educação pública, a reportagem do iG visitou cinco escolas que não só tiveram os melhores desempenhos, como ultrapassaram a meta pretendida para 2030 pelo Estado, nota 6 no 9º ano do ensino fundamental e 5 no 3º ano do ensino médio.

As escolas Antonio Sanches Lopes, Rizzieri Poletti, Comendador Francisco Bernardes Ferreira, Pedro Mascari e Professor João Caetano da Rocha estão localizadas em cidades pequenas ou distritos rurais e têm em comum, principalmente, o número reduzido de alunos e a falta de equipamentos tecnológicos. Provam que a qualidade da educação passa por poucos alunos por professor e por um corpo docente presente, com vários anos de dedicação a mesma escola.
O treinamento focado no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) – prova do governo que avalia a aprendizagem dos alunos e compõem o Idesp, junto com dados de repetência e evasão – também garante o bom resultado. Apesar da prova não significar nada para os alunos em termos de nota ou bônus em vestibulares, os estudantes das “escolas campeãs” fazem a avaliação com empenho e dedicação. Para eles, é o nome da cidade e da escola que está em jogo.

Poucos alunos

Única escola da cidade de Balbinos, a Antonio Sanches Lopes, atingiu Idesp de 6,94 no 9º ano do ensino fundamental, o mais alto do Estado nesta etapa da educação. A diretora Maria Salete Balancieri é ex-aluna da escola e trabalha lá há 16 anos. Ela ressalta que a turma de 2010 contava com apenas 10 alunos e era muito boa. “Eles sempre se destacaram”, afirma.

Andrea Maria Garuzi, professora de geografia e história e também ex-aluna da escola, acompanha a turma desde o 5º ano do ensino fundamental. Para a professora, que já trabalhou em outras escolas maiores, a principal explicação para o bom desempenho é o número de alunos. “Em uma sala com 40 alunos você não consegue explicar a matéria. Não dá para vistar o caderno de cada um. Aqui a gente acompanha o aluno de perto”, diz.

Os alunos percebem o atendimento individualizado e sentem-se como se estivessem em uma escola particular. “O professor explica as dúvidas de mesa em mesa”, conta Taciana Beatriz Mota Neves, de 15 anos, aluna da turma que contribuiu para o alto Idesp.

A Antonio Sanches Lopes está sem laboratório de informática há mais de um ano por atraso na licitação, não oferece grade curricular diferenciada, não tem laboratório de artes, nem de ciências. Mesmo assim, para Taciana e a colega Camila Cristina Ribeiro, 15 anos, a escola oferece tudo que elas querem: bons professores. “A gente quer ser como eles”, diz Camila.

Alunos dedicados

A 150 quilômetros de Balbinos está a Rizzieri Poletti, única escola de ensino médio da pequena Cândido Rodrigues. A escola tem apenas seis turmas e atingiu o mais alto Idesp da rede, 5,81. No ano passado, apenas 15 alunos estudavam no 3º ano do ensino médio de manhã e 11 estavam no noturno. “Não temos problema de disciplina, é mais fácil trabalhar com poucos alunos. Aqui é o paraíso”, resume a professora de biologia e ex-aluna da escola, Tathiane Campero.
A coordenadora da Rizzieri Poletti, Doracy Izildinha Estruzani, docente na escola há 23 anos, se emociona ao lembrar o dia da aplicação do Saresp: “Só um aluno faltou e porque estava doente. Chorei em ver o empenho, a vontade, a dedicação deles em fazer a prova”, relata.


Na prática, o Saresp não significa nada para os alunos. Não reprova de ano, não dá pontos na nota final, nem bônus no vestibular, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os estudantes não têm como saber a nota que tiraram na prova, não recebem boletins de desempenho e a Secretaria não divulga os gabaritos. A Secretaria estuda a possibilidade do Saresp conceder pontos no vestibular das universidades públicas estaduais e das instituições de ensino superior que quiserem adotá-lo, mas nada de concreto foi anunciado até agora.

Mesmo assim, os alunos sentem-se na obrigação de “ir bem” porque se preocupam com o nome da cidade e da escola – em muitos casos onde seus pais e irmãos estudaram. “Essa nota é uma meta para a nossa turma”, diz Joseani, Zampieri, 16 anos, aluna do 3º ano do ensino médio.

Outro fator que faz efeito é a metodologia de ensino e o treinamento aplicado. As escolas ensinam o conteúdo das apostilas distribuídas pela Secretaria de Educação, material didático que uniformizou o currículo escolar na rede e no qual o Saresp é baseado. Pelo menos três simulados enviados pelas Diretorias de Ensino são aplicados ao ano. O desempenho de cada aluno é avaliado e os professores partem dele para atuar em cima das dificuldades apresentadas. Em turmas com no máximo 20 alunos, o trabalho fica mais fácil e eficiente.

Respeito

Companheirismo, colaboração e respeito. Professores e alunos apontam essas características como principais fatores do bom ambiente escolar e da disciplina. “Aqui nunca sai briga”, diz Fernando Zaniboni, aluno da Pedro Mascari, escola de um pequeno distrito de Itápolis, a 18 km do centro da cidade. Com 233 alunos, divididos entre manhã, tarde e noite, os alunos convivem durante o recreio, fazem atividades juntos, excursões e afirmam ser amigos.
Em 2010, a Pedro Mascari ficou em 3º lugar no Idesp do 9º ano do ensino fundamental (6,48) e em 4º no Idesp do ensino médio (5,17). “A gente se destacou nas duas etapas e se Deus quiser este ano vamos tirar um primeiro lugar”, torce Luis Fernando da Silva, 16 anos, aluno da turma do 3º ano do ensino médio.

Escola é da família
Referência de cultura, lazer e ponto de acesso à internet, as escolas são abraçadas pela comunidade, que utiliza bastante o espaço. Com o projeto “Escola da Família”, os jovens pararam de pular os muros nos fins de semana para usar a quadra, em muitos casos a única da cidade ou do distrito.

O programa do governo estadual, criado em 2003, chegou há pouco às escolas visitadas. A instituição abre as portas para a comunidade nos fins de semana, oferecendo atividades de esporte, cultura, saúde e trabalho, e jovens universitários ganham bolsas de estudo para trabalhar na escola. “Temos 10 ex-alunos trabalhando aqui. É um estímulo para eles continuarem os estudos”, avalia Marlene Eunice Cavalheiro Bueno Verdiani, diretora da João Caetano da Rocha, localizada em um distrito de Itápolis. Lá, o programa começou só neste ano.

A presença e a participação dos pais são estimuladas nas escolas “campeãs”. É devido a esta relação próxima com as famílias que as faltas e a evasão escolar são problemas menores nas escolas de cidades pequenas. Os educadores vão até a casa dos estudantes se eles faltam mais de um dia. Conversam com os pais, fazem o possível para que os alunos não abandonem os estudos. E como em cidade pequena praticamente todo mundo se conhece, ao avistar um aluno fora da escola no período de aula, os próprios moradores ligam para a escola e avisam a direção. “Aqui todo mundo cuida de todo mundo. O aluno é um ser humano, não um número”, diz Sandra Regina Veronesi Melo, professora de artes da Antonio Sanches Lopes.
Foto: Marina Morena Costa
Alunos do ensino médio querem manter o primeiro lugar da escola Rizzieri Poletti; nota foi de 5,81, a mais alta da rede

Fonte: Portal iG

“Ensino não deve viver em função de avaliações externas”

Deixando a polêmica sobre norma culta e livro do MEC em estado de hibernação, o tópico de hoje traz uma entrevista com especialista português em avaliação escolar. Trata-se de Domingos Fernandes que é professor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
Fernandes é mestre em Educação pela Universidade de Boston e doutor na mesma área pela Universidade Texas A&M, ambas nos Estados Unidos, e especialista em avaliação educacional.


“Ensino não deve viver em função de avaliações externas”
O pesquisador português Domingos Fernandes, especialista em avaliação escolar

Especialista português em avaliação escolar defende equilíbrio entre provas aplicadas na escola e as que não fazem parte do processo pedagógico

Avaliações externas como a Prova Brasil – aplicada pelo governo federal na rede pública de educação básica – e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) – prova trienal com alunos de 65 países – são realizadas para verificar o desenvolvimento das aprendizagens e do sistema de ensino. Apesar de utilizadas amplamente em muitos países, este tipo de avaliação pode estimular a organização do ensino quase exclusivamente em função das provas. “Isso não é positivo porque as provas não traduzem nunca a totalidade do currículo”, destaca o pesquisador português Domingos Fernandes em entrevista ao iG.

Professor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, Fernandes é mestre em Educação pela Universidade de Boston e doutor na mesma área pela Universidade Texas A&M, ambas nos Estados Unidos, e especialista em avaliação educacional. Para Fernandes, aprender, ensinar e avaliar são três processos indissociáveis e a melhora da aprendizagem dos alunos passa pela melhoria do ensino e da avaliação.

O treinamento para as avaliações externas, que não fazem parte do processo pedagógico, pode ser prejudicial à aprendizagem quando os sistemas educativos vivem em função delas. O professor acredita que é preciso “uma perspectiva avaliativa mais equilibrada entre as avaliações internas, aquelas que verdadeiramente podem ajudar os alunos a aprender, e as avaliações externas”.

Fernandes está no Brasil participando do 18º Congresso Internacional de Educação (Educador), que está sendo realizado no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, entre os dias 18 e 21 de maio. O tema da palestra do pesquisador será “Uma nova concepção de avaliação para que os alunos não percam o interesse pela escola”.

Leia a íntegra da entrevista concedida ao iG por email:

iG: O senhor acredita que o excesso de avaliações pode ser prejudicial aos alunos?
Domingos Fernandes: As avaliações externas, sem impacto no progresso acadêmico dos alunos, são utilizadas em muitos países do mundo. Embora os seus propósitos possam ser diferentes de país para país, elas são geralmente utilizadas como forma de regular as políticas públicas de educação e também como forma de verificar em que medida o currículo aprendido pelos alunos é congruente com o currículo proposto. O número de provas também varia sensivelmente. Penso que “o excesso de avaliações” externas, para utilizar a sua expressão, pode conduzir a um efeito ainda maior de “estreitamento do currículo”. Ou seja, pode desenvolver a tendência de organizar o ensino e a aprendizagem quase exclusivamente em função das provas e isso não é positivo porque os testes não traduzem nunca a totalidade do currículo.

iG: Existe uma periodicidade ideal para avaliar os alunos?
Fernandes: Não estamos perante uma ciência exata. Penso que, na verdade, ninguém estará em condições de dizer qual é o número ideal de provas externas. Tudo isso depende das políticas, dos valores, das culturas e dos contextos de cada país. Mas não parece haver vantagens em inundar as escolas e as crianças com muitas provas. O que julgo ser importante é que os sistemas educativos se organizem cada vez melhor para que todos os alunos possam aprender. E isso exige um sistema de avaliação global, integrado e consistente.

iG: O iG apurou que algumas escolas públicas estaduais do Estado de São Paulo treinam os alunos, aplicando simulados, para que seus estudantes tenham boas pontuações, o que consequentemente avalia bem a escola. Essa prática distorce os resultados ou estimula os alunos a aprenderem mais?
Fernandes: Eu diria que a prática de “treinar” os alunos para responderem bem aos itens das provas externas é corrente em todos os países. De certo modo, pode compreender-se que assim seja. O problema é quando os sistemas educativos vivem em função das avaliações externas e quando não há uma perspectiva avaliativa mais equilibrada entre as avaliações internas, aquelas que verdadeiramente podem ajudar os alunos a aprender, e as avaliações externas que, como já referi, têm outro tipo de propósitos (por exemplo, selecionar e certificar os alunos; avaliar as escolas e os seus professores; informar e regular as políticas).

iG: Consequentes resultados negativos em avaliações de desempenho podem desestimular estudantes e professores, em vez de estimular?
Fernandes: Podem realmente ter esse tipo de efeito. Mas também podem ter o efeito contrário. Tudo depende dos contextos gerais e particulares em que as coisas ocorrem. Tudo depende muito da utilização que se dá aos resultados das avaliações. Tudo depende das políticas educativas mais gerais e também das políticas locais. Os resultados das pesquisas parecem indicar que os alunos com mais dificuldades tendem a desmotivar-se mais facilmente do que os chamados bons alunos. Em todo o caso, também parece que a forma como as escolas e as famílias agem junto aos alunos pode ajudá-los a lidar melhor com resultados menos positivos.

iG: O ensino médio brasileiro é considerado a pior etapa da educação brasileira. Os dados de abandono são alarmantes – apenas 50% dos matriculados concluem os três anos desta fase – e não há avanço na qualidade na última década. Um dos principais problemas diagnosticados é a falta de interesse dos jovens estudantes na escola. De que forma uma nova concepção de avaliação pode colaborar para que os alunos não percam o interesse pela escola?
Fernandes: A questão não se prende exclusivamente com a avaliação. Prende-se, antes do mais, com a forma como o sistema educativo, as escolas e os professores organizam o funcionamento pedagógico das instituições de educação e de formação. Esta é a questão mais essencial de todas. Que projeto político-pedagógico somos capazes de conceber e pôr em prática? Que tarefas selecionamos para que os alunos possam aprender com compreensão? Os alunos têm oportunidade para participar ativamente no desenvolvimento das suas aprendizagens? Em suma, como é que nós desenvolvemos o currículo em cada escola para que todos e cada um dos alunos possam ir tão longe quanto lhe permitem as suas capacidades, os seus interesses e as suas legítimas aspirações. A avaliação que se pratica nas salas de aula tem que ter um propósito fundamental que se sobrepõe a todos os outros: ela tem que estar ao serviço de quem precisa aprender. Neste sentido, a avaliação é um processo que tem que estar intimamente relacionado com o ensino e com a aprendizagem. Só dessa forma a avaliação é eminentemente pedagógica, podendo ajudar os alunos a melhorar a sua auto-estima e, consequentemente, a reconciliarem-se com a escola. Convém voltar a referir que nós precisamos é de novas e inovadoras formas de organizar o ensino articulando-o inteligentemente com a avaliação e com a aprendizagem.

iG: Em 2010, Portugal foi o país da OCDE que mais progrediu no Pisa, alcançando a 21ª posição. Quais políticas e fatores contribuíram para este desempenho?
Fernandes: Nos últimos anos puseram-se em prática programas e medidas de política nos domínios da matemática, das ciências experimentais e da língua portuguesa. Tais programas abrangeram os professores do ensino básico e implicaram um apoio muito próximo, inclusivamente dentro das salas de aula. Tem havido, no âmbito destes programas e medidas, uma articulação próxima entre as instituições do ensino superior e as escolas do ensino básico e os seus professores. O chamado Plano de Ação para a Matemática (PAM), por exemplo, envolve três componentes: Formação, Acompanhamento e Produção e Distribuição de Materiais de Apoio. Seria exaustivo estar a detalhar o que tem sido feito em cada um daqueles domínios mas a verdade é que, pela primeira vez em muitos anos, o Ministério da Educação de Portugal decidiu agir de forma continuada, persistente e apoiada para melhorar o ensino, a aprendizagem e avaliação naquelas disciplinas. Julgo que os professores, apoiados nas suas salas de aula e trabalhando mais cooperativa e colaborativamente uns com os outros, acabaram por começar a utilizar abordagens pedagógicas mais consentâneas com o que se poderia desejar. Talvez por isso se possa explicar, pelo menos em parte, o tipo de resultados que refere.
Fonte: Portal iG

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Kremesse: uma poesia que foge à norma culta

Kremesse

Foi um dia de kremesse.
Depois de rezá três prece
Pr’a que os santo me ajudasse,
Deus quis que nós se encontrasse
Pr’a que nós dois se queresse,
Pr’a que nós dois se gostasse,

Inté os sinos dizia
Na matriz da freguesia
Que embora o tempo corresse,
Que embora o tempo passasse,
Que nós sempre se queresse,
Que nós sempre se gostasse.

Um dia, na feira, eu disse
Com a voz cheia de meiguice
Nos teus ouvido, bem doce:
Rosinha si eu te falasse…
Si eu te beijasse na face…
Tu me dás-se um beijo? – Dou-se.

E toda a vez que nos vemo,
A um só tempo perguntemo
Tu a mim, eu a vancê:
Quando é que nós se casemo,
Nós que tanto se queremo.
Pr’o que esperamo? p’ro quê?

Peguei no meu cravinote
Dei quatro ou cinco pinote
Burricido como o quê,
Jurgando, antes não jurgasse,
Que tu de mim nao gostasse,
Quando eu só amo a vancê.

Esperei outra kremesse
Que o seu vigário viesse
Pr’a que nós dois se casasse.
Mas Deus não quis que assim sesse
Pro mais que nós se queresse
Pro mais que nós se gostasse.

Vancê não falou comigo
E eu com vancê, pro castigo,
Deixei de falá também,
Mas, no decorrê do dia,
Vancê mais bem me queria
E eu mais te queria bem.

- Caboco, vancê não presta,
Vancê tern ruga na testa,
Veneno no coração.
- Rosinha, vance me xinga,
Morde a surucucutinga,
Mas fica o rasto no chao.

E de uma vez, (bem me lembro)
Resto de safra… Dezembro…
Os carro afundando o chao.
Veio um home da cidade
E ao curuné Trindade
Foi pedi a sua mao.

Breve biografia de Olegário Mariano

Olegário Mariano Carneiro da Cunha (Recife, 24 de março de 1889 — Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1958)

Era filho de José Mariano Carneiro da Cunha e de sua esposa, Olegária da Costa Gama, ambos heróis pernambucanos da Abolição e da República.

Foi inspetor do ensino secundário e censor de teatro. Em 1918, ele se tornou representante do Brasil na Missão Melo Franco, como secretário de embaixada na Bolívia. Foi deputado à Assembleia Constituinte de 1934. Em 1937, ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados, depois foi ministro plenipotenciário nos Centenários de Portugal, em 1940; delegado da Academia Brasileira de Letras na Conferência Interacadêmica de Lisboa para o Acordo Ortográfico de 1945; embaixador do Brasil em Portugal entre 1953 e 1954. Exerceu o cargo de oficial do 4.° Ofício de Registro de Imóveis, no Rio de Janeiro, tendo sido antes tabelião de notas.

Em 1938, em concurso promovido pela revista Fon-Fon, foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, em substituição a Alberto de Oliveira, detentor do título depois da morte de Olavo Bilac, o primeiro a obtê-lo. Nas revistas Careta e Para Todos, escrevia sob o pseudônimo de João da Avenida, uma seção de crônicas mundanas em versos humorísticos. Ficou conhecido como "o poeta das cigarras", por causa de um de seus temas prediletos.


Meu primeiro contato com a poesia Kremesse foi durante o primeiro ano do curso Clássico(hoje Ensino Médio)no glorioso Instituto Dr. Álvaro Guião, em São Carlos, SP.

A professora de Português que nos apresentou a poesia em questão,foi dona Cecília Pacheco.Professora sabida, exigente e de saudosa memória, não admitia conversas paralelas durante as aulas. Não me recordo da professora ou algum colega de classe, ter levantado a questão de que a forma de escrever adequada não era aquela apresentada em Kremesse.O entendimento estava na forma de abordagem feita pela mestra.

O bom professor suponho que saiba como criar formas de o próprio aluno distinguir a norma culta da popular e o contexto adequado para a utilização de uma ou de outra. Se não for capaz terá que tornar-se ontem ou então exercer outra profissão.

A Língua Portuguesa é muito mais abrangente do que a norma culta já nos ensina há tanto tempo a Linguística.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O livro "maldito" do MEC

Transcrito do Óleo do Diabo
Sem mais nem menos



O livro "maldito"

“Não tenho sabença,
pois nunca estudei,
apenas eu sei
o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho,
vivia sem cobre
e o fio do pobre
não pode estudá”
(Patativa do Assaré)


Li o capítulo do livro amaldiçoado pela mídia e por todos que tropeçaram na pegadinha.

Merval Pereira afirma hoje em sua coluna que o livro irá prejudicar a produtividade da economia brasileira!

Esse escândalo, obviamente, tem o objetivo de horrorizar setores da classe média, que até hoje se recuperam do trauma de ter um presidente da república que não falava segundo a "norma culta" da língua.

É interessante como há segmentos da sociedade vulneráveis ao discurso da mídia. A procuradora federal Janice Ascari, provocada pelos jornalistas do Globo, interpretou o fato não como algo que merecia ser debatido pela sociedade e pelos especialistas (o livro foi indicado e aprovado por uma comissão de notáveis acadêmicos), mas como um caso de polícia! E ameaçou acionar o Ministério Público! Mereceu, como era de se esperar, uma grande homenagem do pasquim kamelista, uma foto gigante na página 3, em seu melhor ângulo fotogênico.

Ora, o que Janice Ascari entende de pedagogia, linguística, ensino de português? Com que poder ela vem ameaçar uma comissão de acadêmicos que estuda o tema há décadas, uma autora que foi professora da rede estadual por mais tempo que ela tem de vida, e um ministério cujos funcionários estudam o assunto sistematicamente, frequentando periodicamente seminários aqui e no exterior?

O livro não ensina o adolescente a falar errado! Ao contrário, é uma abordagem inteligente para mostrar ao estudante que a língua que aprendeu de seus pais pobres, e que foi a única que ouviu em toda parte antes de entrar na escola, não é para se jogar no lixo. É uma língua viva, popular, mas que também tem regras. Com isso, evita-se que o estudante despreze o seu próprio patrimônio linguístico. No Nordeste, temos centenas de poetas de grande talento que produzem literatura de incrível beleza usando a vertente "popular" da língua. É "errado" o que eles fazem? A poesia de Patativa do Assaré e de Luiz Gonzaga estão cheias de desvios da norma culta. Estão "erradas"?

O escândalo da mídia nada mais é do que explorar o preconceito da classe média, emergente ou tradicional, em relação à sintaxe popular.

Leiam o livro! Ele não ensina o estudante a falar errado. Ele não contemporiza. Trata-se simplesmente de uma interpretação carinhosa, pedagógica, acerca do uso popular da fala. É importantíssimo fazer isso!

Importante salientar que os livros didáticos de português há anos, desde o tempo de FHC, tem capítulos dedicados à fala popular, mais ou menos nos mesmos termos. Não se trata, portanto, de uma nova ideologia do "governo do PT", como sugerem neo-sabichões que dão a tudo um viés partidário.

Só agora, por um oportunismo barato (com fins políticos), a mídia resolveu escandalizar. O professor precisa dar uma explicação ao jovem porque o povo fala de um jeito "diferente", e seria uma péssima didática se ele se restringisse a dizer que o povo fala "errado". Não é isso que aprendemos na faculdade de letras, quando aprendemos linguística! Na faculdade, aprendemos justamente isso, que não existe o falar "errado". Aliás, em linguística se vai ainda mais longe: afirma-se que sequer há uma gramática "certa" ou "errada", e sim uma gramática "normativa", ou seja, voltada para o aprendizado da língua escrita. Se um estudante universitário, que em tese já superou eventuais traumas decorrentes do uso, por seus pais e amigos, de uso de um português "popular", "não-culto", aprende que não existe falar "errado", porque cargas d'água seria certo traumatizar o adolescente dizendo a ele que tudo que ele aprendeu de seus pais e ambiente é "errado"?

Na verdade, existe sim um falar "errado" em linguística. É a fala que não atinge seu objetivo, que não consegue se fazer entender, não consegue estabelecer a comunicação. Esse é único erro, o erro fundamental, de uma fala: não se comunicar, confundir.

Repito, leiam o livro e confiram. Não se ensina a falar errado. Apenas se procura incorporar, ao ensino do português, o uso popular da língua. É uma maneira inteligente de interessar o jovem, de atingir positivamente a sua auto-estima.

O livro mostra que mesmo o uso "popular" da língua segue regras sintáticas similares à da norma culta. Em geral, o uso popular simplifica a língua. "Os peixe", por exemplo. A norma culta comete a redundância de repetir o plural. A norma popular entende que basta apontar o plural no artigo. Essa é a evolução da língua.

Naturalmente, temos aqui uma luta constante entre as tradições, cujos interesses são representados por instituições como a Academia Brasileira de Letras, e a evolução do idioma, que não pára. O objetivo do livro, e de todos os linguistas, não é soltar as rédeas do ensino da língua. É importante que tenhamos máxima uniformidade linguística. Que haja um ensino rigoroso do português normativo. Que todos os brasileiros dominem o português com máxima perfeição.

A evolução da língua acontece ao longo dos séculos, temperada no fogo desta luta entra a tradição e a força popular.

Para ensinar um jovem a falar o português culto, porém, em primeiro lugar temos que lhes mostrar que a língua segue uma lógica. As normas sintáticas têm uma lógica. O livro mostra que mesmo o português "popular" falado nas ruas também pode ser sistematizado sintaticamente. E que ele não é exatamente "errado". Ele é, sim, inadequado. O livro enfatiza a necessidade de usarmos a norma culta para nos dirigirmos a uma autoridade, como, por exemplo, numa entrevista de emprego. Isso é o suficiente para dar a entender ao jovem, com a delicadeza que o tema merece, que ele tem de aprender a falar de forma o mais culta possível, para que suas chances profissionais sejam as maiores possíveis!

Ao mesmo tempo, o livro mostra ao estudante que ele não deve deixar de respeitar e estimar seus pais apenas porque estes usam o português de forma "não culta", além de sinalizar que eles não devem sair por aí corrigindo, esnobando e depreciando as pessoas que não usam a norma culta da língua. Muitas vezes, um parente mais velho do aluno, um avô ou avó, detêm conhecimentos morais que serão muito importantes para o desenvolvimento da personalidade daquele adolescente. Ele não deverá desprezá-los apenas porque o avô não usa a norma "culta" da língua. Se o professor souber aplicar eficazmente o que ensina o livro em questão, o aluno compreenderá que seus parentes usam uma "vertente" popular da língua, mas que isso não invalida a legimitidade de seu discuso e de seus ensinamentos. Ao mesmo tempo, o aluno entenderá que precisa aprender a norma culta para arranjar um bom emprego e para ascencer socialmente. Está tudo ali no livro, muito bem explicadinho.

Claro que o livro não é perfeito. Os especialistas encontraram diversos erros até na obra de Cervantes. O autor pode modificar alguma coisa na edição do ano que vem. Ou não. O que é injusto é dizer que o livro ensina o jovem a falar errado, ou então afirmar, como fez Janice Ascari (que eu tantas vezes chamei brincando de "heroína" da blogosfera, mas que também, como qualquer um de nós, é sujeita a erros) que se trata de "um crime contra nossos jovens". Crime, a meu ver, é desrespeitar a classe científica que estuda o assunto, e que aprovou esse livro, e tratar o tema como um caso de polícia e não como um tema importante a ser debatido, tranquila e democraticamente, pela sociedade brasileira!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Educação na Suécia

Mais um olhar nos países pontas de lança em educação

...
O texto é da Revista de Ensino Superior

Tal como na Finlândia, o sistema escolar sueco está baseado na autonomia. Desde 1991,foi delegada muita responsabilidade para as escolas, para os gestores e para a municipalidade. O governo e o parlamento ditam a forma e os objetivos a seguir e as escolas devem fazer avaliação periódica para constatar se as exigências legais estão sendo seguidas.

Nos últimos 20 anos houve muita modificação na pré-escola. Segundo a legislação sueca, se os pais querem trabalhar a comuna tem que garantir a integração da criança na escola. Assim, a pré-escola tem 2 funções: permitir que os pais trabalhem e garantir a possibilidade de inserção da mulher no mercado de trabalho. Para isso, as escolas infantis funcionam das 6:30 às 18:30 horas. Estão integradas no ensino infantil 98% das crianças com 3 e 4 anos.

Formação Técnica

A partir de 1980 houve uma mudança de paradigma na formação profissional dos técnicos - a formação profissional, dá lugar à preparação profissional. Antes, os alunos só aprendiam a trabalhar com as mãos. Para ser um cidadão, não se pode ter conhecimentos só da prática. Há que se dominar a língua e se ter conhecimentos matemáticos. Hoje, 1/3 dos estudos é teórico. Os empregadores consideram que os estudantes de hoje não são tão rápidos no ofício. Por meio de encontros e reuniões, as escolas buscaram a mudança de mentalidade dos empresários para melhor aceitação e conseqüentemente manutenção do emprego desse novo técnico. O professor tem como uma de suas atribuições visitar freqüentemente as empresas em busca do ajuste da formação. E a formação pedagógica desses professores deve ser garantida pela escola.

Todas as escolas fundamentais, secundárias ou pós-secundárias funcionam em período integral - das 8 às 15 horas.

A licença maternidade é longa na Suécia - 14/16 meses. É um direito da criança e não dos pais. É a criança que tem o direito de estar junto dos pais por mais tempo.

No período de 1991 a 2006 cresceu muito o número de escolas privadas na Suécia, e, assim como na Finlândia, são totalmente gratuitas. A razão principal dessa expansão, se deve ao incentivo dado pelo governo, por entender que as escolas independentes podem atender melhor as diferentes peculiaridades e anseios da comunidade, e ainda, permitir a livre escolha do aluno, que por meio de um "vaucher" decide onde quer estudar.

Há uma escola, por exemplo, só para alunos que têm pais trabalhando no exterior e pais do exterior trabalhando na Suécia. Numa outra escola, a peculiaridade é a prova de música ser eliminatória para o acesso. Os alunos fazem "cursinho" de canto, se quiserem estudar nesse tradicional ginásio. Já numa outra, que tem por missão ser uma escola politécnica européia: não se aceita professores americanos, latinos ou asiáticos, por exemplo, nem alunos de outra nacionalidade que não a dos países europeus, e os temas estudados são de interesse tão somente da Europa.

Nas escolas, mesmo nas mais elitizadas, é comum ter oficinas e cozinhas para que os alunos, a partir de 13 anos, aprendam a consertar bicicletas, aparelhos domésticos, entendam os fundamentos da hidráulica, da elétrica, da mecânica, preparem o almoço e lanche, etc. É o conceito da autonomia presente. E atenção: meninos e meninas participam!

Como cada aluno traz o seu vaucher, mais aluno significa mais dinheiro para a escola, aí se estabelece a concorrência entre as escolas. A escola que não atrai um número mínimo de alunos é fechada, assim, para se tornar mais competitiva a qualidade e os feitos das escolas são bastante divulgados.

As razões do sucesso das melhores escolas são atribuídas à escolha meticulosa dos professores. Eis as características de um bom professor:

- possuir amplo conhecimento da matéria;
- dar ao aluno a responsabilidade de seus estudos;
- ser colaborador com seus colegas professores;
- ter uma perspectiva alargada para ensinar.

Embora a direção das escolas tenha autonomia para determinar a quantidade de alunos em cada sala de aula, a média é em torno de: 17 nas escolas infantis; 20 nas escolas fundamentais e 30 nas secundárias.
O percentual de alunos que termina o liceu, o equivalente ao ensino médio, e vai para o ensino superior é de 44%. Todavia, nem sempre basta ter o diploma e boas notas pra ingressar na universidade, às vezes, é preciso vir de uma escola renomada. É assim, por exemplo, na conceituada universidade de pesquisa de Estocolmo, a Royal Institute of Technology - RTH, pronuncia-se kô-te-rro, que exige, digamos assim, pedigree no diploma do ensino médio. A RTH atua com foco em Arquitetura e Engenharia, tendo por missão "excelência em educação, pesquisa e empreendedorismo". Suas áreas mais procuradas são: Arquitetura e Energia, e mais ultimamente, a tendência é para a área de Ecologia Industrial. Constitui área de interesse em todas as disciplinas da RTH o tema Desenvolvimento Sustentável.

Os reitores têm total autonomia na aplicação dos recursos recebidos da administração central, e a quantidade não está vinculada aos resultados de desempenho. Implicitamente isso quer dizer que todas as escolas têm que ser competentes na sua finalidade última. As palavras mais importantes que os reitores devem conduzir seus alunos a serem são: competentes, ativos e curiosos, e tudo isso tem que ser buscado de forma agradável.

Educação Multicultural

Na Suécia, 87% dos estudantes têm outra língua materna. Há princípios que regem o bem estar da criança na escola, e, um deles, é ter a própria língua falada na escola. Se a língua for "viva" em casa ela deverá ser dada na escola. Por conta disso, o ensino da língua ocupa um espaço muito especial na Suécia. Para se ter uma idéia dessa especialidade, há um departamento pertencente à Secretaria de Educação de Estocolmo que tem 430 professores para atender as escolas em 52 diferentes línguas. E para se ensinar a língua é preciso que o professor seja do país de origem. Assim, há muitos professores estrangeiros na Suécia. Como exemplo, numa das escolas visitadas havia mais de 20 idiomas representados! Gasta-se muito dinheiro na formação dos professores de línguas.

Avaliação das Escolas na Suécia
O primeiro nível de avaliação é feito pela própria escola e um dos pontos essenciais que deve ser levado em consideração é o atendimento dos objetivos propostos pela escola.

Assim acontece a inspeção das escolas:
- os inspetores se apresentam à escola e informam que entre 2 a 8 meses retornarão para visitá-la
- avaliam in loco a qualidade da escola: olham o site, a relação da escola com os pais, com a família, assistem aulas, entrevistam professores e alunos
- são discutidos com a escola os principais pontos e apresentam um relatório de 15 páginas, com considerações sobre os pontos fortes e fracos e os pontos que necessitam de mudança
- após 6 ou 8 meses da visita, se reúnem com os professores, alunos e diretores para checar o que foi feito, tendo por base o relatório feito durante a visita.

As visitas de inspeção das escolas são feitas ao longo de 3 anos. Os inspetores são bem vindos, especialmente pelas escolas particulares, pois têm neles um consultor de graça. Às escolas é solicitado que coloquem nos seus sites os relatórios de avaliação, no entanto, só 20% o fazem, geralmente as melhores avaliadas. Anualmente as escolas têm que entregar à administração central o "Quality Report", e não existe avaliação de professores separadamente, a avaliação é da escola.

Ênfases

Existem três assuntos que tanto escolas suecas como finlandesas dão muita ênfase - religião, línguas e arte.

Religião
- o ensino religioso é obrigatório. A todos os alunos se ensina a religião, de cada um deles. Se numa escola houver pelo menos 3 alunos de uma determinada religião, deverá haver organização para oferecer a religião deles, e não precisam ter a mesma idade para compor a turma. Há escolas, por exemplo, em que se ensinam 8 diferentes religiões, e pode acontecer dos finlandeses serem minoria. E para aqueles alunos que não têm religião, se ensina ética. Desde o início da vida escolar o aluno aprende que há muitas religiões, e elas são significativamente importantes para a compreensão e aceitação das diferenças a partir do conhecimento dos dogmas da religião do outro.

Línguas
- aos 9 anos de idade toda criança deve começar o aprendizado de uma segunda língua. Se aos 9 anos um aluno escolher outra língua que não o inglês, aos 10, obrigatoriamente deve escolher o inglês. Assim, todos, sem exceção, devem alcançar conhecimentos iguais em duas línguas, sendo o inglês uma delas. Além disso, aos 11 anos, cerca de 70% escolhem uma terceira língua. Entre os alunos do liceu, mais da metade aprendem 4 línguas! Há uma preocupação do sistema educacional no ensino da língua materna aos imigrantes. Pesquisas comprovam que uma pessoa perde 40% de sua inteligência se ela não fala a sua língua materna. Ademais, a língua materna é a língua dos sentimentos. Quando um imigrante chega à Finlândia, passa um ano estudando na sua língua materna para se habituar à cultura, aos costumes e muito intensivamente à língua finlandesa. Depois disso, estará apto para ir à escola que escolher. A Finlândia faz isso também por questões econômicas, é preciso que haja pessoas com boa formação em qualquer ocupação, seja ela qual for.

Artes - a arte está por toda parte em todas as escolas, com funções altamente educativas e culturais. Há exposições de fotos, desenhos, pinturas, esculturas, instalações, concertos musicais, mostras de textos literários, poesias, etc. Nas paredes das salas de aula, nas portas, nos corredores, nos pátios, estampam-se muitas informações sobre o mundo das artes. Essa profusão de cores, formas, designs, ativam diferentes funções do cérebro.

Por fim, a Finlândia afirma que é a escola que tem a responsabilidade pela aprendizagem do aluno e não a família; esta se responsabiliza pela criação. Diferentemente do nosso país que constitucionalmente diz que a educação é dever, também, da família. O que temos assistido nas últimas três décadas, são centenas de milhares de famílias e de escolas colhendo juntas os frutos amargos da incompetência da arte de ensinar.

Em 2003, a avaliação aplicada pelo Ministério da Educação, por meio do SAEB, reafirma o péssimo desempenho das escolas: 95,2% das crianças concluem a 4ª. série sem saber ler nem escrever adequadamente e 96,8% dos adolescentes concluem a 8ª. série sem raciocínio básico de matemático! O desempenho do Brasil no PISA não poderia ser diferente diante desse cruel cenário nacional - está posicionado na rabeira do mundo!

Para que as escolas brasileiras possam melhorar seus indicadores de qualidade não há mágica, é preciso muito esforço de todos, no entanto destaco como prioritário: 100% de atenção ao novel curso de Pedagogia, que desde 2006 é responsável pela formação dos professores que vão atuar nas cinco séries iniciais do Ensino Fundamental, e foco dos gestores das escolas na eficácia da alfabetização.

Música jovem sueca
Lykke Li
Tonight