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"Quando começares a tua viagem para Ítaca, reza para que o caminho seja longo, cheio de aventura e de conhecimento...enquanto mantiveres o teu espírito elevado, enquanto uma rara excitação agitar o teu espírito e o teu corpo." ...Konstantinos Kaváfis,trad.Jorge de Sena in Ítaca
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, não será publicado comentários que firam a lei e a ética.
Por ser muito antigo o quadro de comentário do blog, ele ainda apresenta a opção comentar anônimo, mas, com a mudança na legislação

....... NÃO SERÁ PUBLICADO COMENTÁRIO ANÔNIMO....

sábado, 29 de janeiro de 2011

A Justiça é uma ilusão?

A concepção de justiça do povo é uma e a concepção de justiça dos governantes é outra?
Estaremos “condenados” ao que já dizia Sólon: "A justiça é como uma teia de aranha: retém os insetos pequenos, enquanto os grandes rebentam com a teia e ficam livres"?


Dinheiro como Dívida - Money as Debt

Sobre a contrafação de dinheiro praticado pelos bancos

Murray N. Rothbard é considerado um dos grandes pensadores no campo da economia, da história, da filosofia política, e do direito. Estabeleceu-se como o principal teórico austríaco na metade final do século XX, e aplicou a análise austríaca a tópicos históricos, como a Grande Depressão de 1929 e a história do sistema bancário americano. Rothbard combinou os pensamentos de americanos individualistas do século XIX com a economia austríaca.

Excerto de "The Mystery of Banking”

[O Mistério da Banca, por Murray N. Rothbard]

«Donde é que veio o dinheiro? Veio – e isto é a coisa mais importante que se deve saber sobre o sistema bancário moderno – veio do NADA (out of thin air). Os bancos comerciais – ou seja, os bancos que utilizam o sistema de reservas fracionais – criam dinheiro a partir do nada. Basicamente fazem o mesmo que os contrafatores (falsificadores). Os falsificadores, também, criam dinheiro a partir do nada imprimindo alguma coisa que fazem passar por dinheiro ou por um recibo de depósito de dinheiro. Desta forma, retiram fraudulentamente riqueza da comunidade, das pessoas que ganharam verdadeiramente o seu dinheiro. Da mesma forma, os bancos que utilizam o sistema de reservas fracionais contrafazem recibos de depósitos de dinheiro, que depois fazem circular como equivalentes ao dinheiro entre as pessoas. “Há uma exceção a esta comparação: A lei não trata estes recibos dos bancos como falsificações.»

Money as Debt

legendado em português


Dinheiro como Dívida - Money as Debt @ Yahoo! Video

Prostíbulos do capitalismo

Trechos de artigo de Emir Sader*.

Nesses territórios se praticam todos os tipos de atividade econômica que seriam ilegais em outros países, captando e limpando somas milionárias de negócios como o comércio de armamentos, do narcotráfico e de outras atividades similares.

Os paraísos fiscais, que devem somar um total entre 60 e 90 no mundo, são micro-territórios ou Estados com legislações fiscais frouxas ou mesmo inexistentes. Uma das suas características comuns é a prática do recebimento ilimitado e anônimo de capitais. São países que comercializam sua soberania oferecendo um regime legislativo e fiscal favorável aos detentores de capitais, qualquer que seja sua origem. Seu funcionamento é simples: vários bancos recebem dinheiro do mundo inteiro e de qualquer pessoa que, com custos bancários baixos, comparados com as médias praticadas por outros bancos em outros lugares.

Eles têm um papel central no universo das finanças negras, isto é, dos capitais originados de atividades ilícitas e criminosas.
...
Um ministro da economia da Suíça – dos maiores e mais conhecidos paraísos – declarou em uma visita a Paris, defendendo o segredo bancário, chave para esses fenômenos: “Para nós, este reflete uma concepção filosófica da relação entre o Estado e o indivíduo.” E acrescentou que as contas secretas representam 11% do valor agregado bruto criado na Suíça.
...
Uma sociedade sem segredo bancário, em que todos soubessem o que cada um ganha – poderia ser chamado de paraíso. Mas é o contrário, porque se trata de paraísos para os capitais ilegais, originários do narcotráfico, do comercio de armamento, da corrupção. Existem, são conhecidos, quase ninguém tem coragem de defendê-los, mas eles sobrevivem e se expandem, porque são como os prostíbulos – ilegais, mas indispensáveis para a sobrevivência de instituições falidas, que tem nesses espaços os complementos indispensáveis à sua existência.

*Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo

(Ler na íntegra: http://limpinhocheiroso.blogspot.com/2011/01/emir-sader-os-prostibulos-do.html)


O Direito de fato se encontra nas ruas? Somente assim a Justiça não seria uma ilusão?

Dica de leitura:

O Direito Achado na Rua - tese de doutoramento do Prof. José Geraldo de Sousa Jr, docente da UnB.
http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3612

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Passe livre interestadual - Ministério dos Transportes

Um avanço social e um justo direito do portador de deficiência .
Porém como é longa a espera para a obtenção do mesmo!


MANUAL DO BENEFICIÁRIO

O Passe Livre é um benefício que demonstra um avanço da sociedade e conquista do portador de deficiência, pois trouxe mais respeito e dignidade para o portador de deficiência dentro do contexto social.

O bom funcionamento do benefício do Passe Livre depende da fiscalização de todos. Cabe o benefício aos portadores de deficiência carente, tendo pois o direito de viajar por todo o país.

Quem tem direito ao Passe Livre?

Portadores de deficiência física, mental, auditiva ou visual comprovadamente carentes.

Quem é considerado carente?

Aquele com renda familiar mensal per capita de até um salário mínimo. Para calcular a renda, faça o seguinte:

Veja quantos familiares residentes em sua casa recebem salário. Se a família tiver outros rendimentos que não o salário (lucro de atividade agrícola, pensão, aposentadoria, etc.), esses devem ser computados na renda familiar.
Some todos os valores.
Divida o resultado pelo número total de familiares, incluindo até mesmo os que não têm renda, desde que morem em sua casa.
Se o resultado for igual ou abaixo de um salário mínimo, o portador de deficiência será considerado carente.

Quais os documentos necessários para solicitar o Passe Livre?

Cópia de um documento de identificação. Pode ser um dos seguintes:

• certidão de nascimento;
• certidão de casamento;
• certidão de reservista;
• carteira de identidade;
• carteira de trabalho e previdência social;
• título de eleitor.

Atenção: Quem fizer declaração falsa de carência sofrerá as penalidades previstas em lei.

Como solicitar o Passe Livre?

Fazendo o donwload dos formulários acima, preenchendo-os e anexando um dos documentos relacionados. Uma vez preenchidos, os formulários devem ser enviados ao Ministério dos Transportes no seguinte endereço: Ministério dos Transportes, Caixa Postal 9800 - CEP 70001-970 - Brasília (DF). Neste caso, as despesas de correio serão por conta do beneficiário; ou
Escrevendo para o endereço, acima citado, informando o seu endereço completo para que o Ministério dos Transportes possa lhe remeter o kit do Passe Livre. A remessa ao Ministério dos Transportes, dos formulários preenchidos, junto com a cópia do documento de identificação e o original do Atestado (laudo) da Equipe Multiprofissional do Sistema Único de Saúde (SUS), é gratuita e deve ser feita no envelope branco, com o porte pago.

Atenção: Não aceite intermediários. Você não paga nada para solicitar o Passe Livre.

Quais os tipos de transporte que aceitam o Passe Livre?

Transporte coletivo interestadual convencional por ônibus, trem ou barco, incluindo o transporte interestadual semi-urbano. O Passe Livre do Governo Federal não vale para o transporte urbano ou intermunicipal dentro do mesmo estado, nem para viagens em ônibus executivo e leito.

Como conseguir autorização de viagem nas empresas?

Basta apresentar a carteira do Passe Livre do Governo Federal junto com a carteira de identidade nos pontos-de-venda de passagens, até três horas antes do início da viagem. As empresas são obrigadas a reservar, a cada viagem, dois assentos para atender às pessoas portadoras do Passe Livre do Governo Federal.

Atenção:

Se as vagas já estiverem preenchidas, a empresa tem obrigação de reservar a sua passagem em outra data ou horário. Caso você não seja atendido, faça a sua reclamação pelo telefone 0800-61-0300. A ligação é grátis.

O Passe Livre dá direito a acompanhante?

Não. O acompanhante não tem direito a viajar de graça.

Informações:

Posto de atendimento - SAN Quadra 3 Bloco N/O térreo - Brasília/DF
telefones: (61)315.8257, 315.8261 e 315.8253.
Caixa Postal - 9.800 - CEP 70.001-970 - Brasília/DF
e-mail: passelivre@transportes.gov.br

Reclamações:

Ligue grátis: 0800-61-0300
e-mail: passelivre@transportes.gov.br
Departamento de Transportes Rodoviários
Caixa Postal - 9.800 - CEP 70.001-970 - Brasília/DF
Site: http://www.transportes.gov.br/ascom/PasseLivre/Manual.htm
Fonte: http://www.mpdft.gov.br/sicorde/passe.htm

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sobre a loucura

As diferentes posturas em relação à loucura mostram que, ao longo da história, o juízo de valor foi o principal termômetro da normalidade. O discurso do dominante sempre vence, ou culturalmente ou segundo os interesses mercadológicos. O mais triste é quando a classificação e a marginalização são decorrentes de preconceito do que se é ainda desconhecido.
Para "amenizar" essa dura realidade vamos contrapor um poema do magistral Khalil Gibran.
A conclusão fica a critério de cada um.

" O Louco" - Khalil Gibran

Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu
havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um rapaz no cimo do telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez a minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava a minha face nua, e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais as minhas máscaras.

E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram as minhas máscaras!”

Assim tornei-me louco.

E encontrei tanta liberdade como segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

Duas músicas que remetem ao tema

Balada do Louco
Ney Matogrosso
Composição: Arnaldo Baptista / Rita Lee



Balada para un loco
Roberto Polaco Goyeneche
Composição: Piazzolla y Ferrer

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Elis Regina

Elis Regina Carvalho Costa (17 de março de 1945, Porto Alegre-RS / 19 de janeiro de 1982, São Paulo-SP)

Para muitos, Elis foi a maior cantora brasileira de todos os tempos. Incomparável em técnica e garra, a "Pimentinha", o "Furacão Elis", como era chamada, lançou compositores como João Bosco e Aldir Blanc, Renato Teixeira, Fátima Guedes. A primogênita do casal Romeu Costa e Ercy Carvalho Costa foi a primeira pessoa a inscrever sua voz como instrumento na Ordem dos Músicos.

Em 1956, passou a integrar o elenco fixo do programa, Clube do Guri, da Rádio Farroupilha de Porto Alegre. Em 1959, assinou seu primeiro contrato profissional com a Rádio Gaúcha também de sua cidade natal.

Em 1965, venceu o 1º. Festival Nacional de Música Popular Brasileira (TV Excelsior) com "Arrastão" (Edu Lobo e Vinícius de Morais). Dois dias depois, estreou no Teatro Paramount (SP) o show "Elis, Jair e Jongo Trio", que, gravado ao vivo, se tornou o LP "Dois na Bossa". Com sucesso do disco, ela e Jair Rodrigues estrelaram o histórico programa semanal "O Fino da Bossa".

O programa saiu do ar em junho de 1967, porém, Elis continuou ao lado de Jair Rodrigues nos três programas da série "Frente Única - Noite da MPB" (TV Record). Em dezembro, aos 22 de idade, casou-se com Ronaldo Bôscoli, 16 anos mais velho. Logo, nasceu seu primeiro filho, João Marcelo.

O casamento terminou em 1972 e, em 1974, casou-se com o pianista César Camargo Mariano. Viveu em São Paulo, onde nasceram: Pedro, em 1975; e Maria Rita, em 1977. Em 1981, separou-se de César.

Sua carreira internacional ficou mais importante a partir de 1968, quando cantou nas TVs inglesa, holandesa, belga, suíça e sueca. De volta à TV Record, em 1969, fez a série de programas "Elis Studio", dirigida por Miéle e Bôscoli. Em maio, viajou para Londres, onde gravou um LP com o maestro inglês Peter Knight. Em junho, na Suécia, gravou um LP com o gaitista Toots Thielemans.

"Elis & Tom", disco com Tom Jobim, saiu em 1974. Na inauguração do Teatro Bandeirantes (SP), cantou ao lado de Chico Buarque, Maria Bethânia, Tim Maia e Rita Lee. No ano seguinte, lançou "Falso Brilhante", em disco e nos palcos, show que assistido por 280 mil pessoas.

Pela TV Bandeirantes, em 1979, demonstrou a sua intimidade com São Paulo em um programa no qual passeava pela cidade com Adoniran Barbosa e visitava Rita Lee. E participou do Show de Maio, com renda revertida para o fundo de greve dos metalúrgicos de São Paulo, no estúdio da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, para 5 mil pessoas.

Naquele ano, gravou "O Bêbado e a Equilibrista", imediatamente apelidado de "Hino da Anistia". No 13º Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, foi aplaudida por 11 minutos. Para agradecer a platéia, fez uma jam session com Hermeto Pascoal.

Em 1980, o show "Saudade do Brasil" reuniu no palco 24 músicos e bailarinos. No ano seguinte, fez o espetáculo "Trem Azul", com cenário de Elifas Andreato. Teve morte repentina, em 19 de janeiro de 1982. Foi velada no Teatro Bandeirantes, e vestia a camiseta proibida pela ditadura militar no show "Saudade do Brasil": a bandeira brasileira, com seu nome escrito no lugar de "Ordem e Progresso".
Fonte: www.netsaber.com.br/biografias/

O bêbado e a equilibrista
(1979)
Samba
Composição: João Bosco e Aldir Blanc
Interpretação: Elis Regina

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"o homem é o lobo do homem"


Thomas Hobbes (1588-1679) defendia que a boa governação dependia do equilíbrio entre o número da população e os recursos naturais de que o grupo dispunha. Era necessário um esforço produtivo, contenção no consumo e o recurso à emigração para captar novas riquezas, ou em caso extremo o recurso à guerra. É neste modo de pensamento que se fundamenta a célebre frase "o homem é o lobo do homem". O paradigma produtivo mudou, hoje, não fossem os desvios da Nobreza, existiriam recursos para todos .


Não perdemos os bons amigos, mas não os alcançamos mais. Apenas sabemos que eles estão lá

Sinal Fechado
Composição e interpretação: Paulinho da Viola

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Foto Oficial: Presidenta Dilma

Publicada a Foto Oficial da Presidenta Dilma


O Palácio do Planalto apresentou nesta sexta-feira a foto oficial da presidente Dilma Rousseff, que será afixada em prédios e salas da administração pública federal. Com um terninho off-white com gola em pesponto bege, a presidente escolheu pessoalmente a foto oficial final.

Com brincos de pérola em base de ouro e brilhantes, o mesmo utilizado na posse, e batom cereja, Dilma foi fotografada pelo fotógrafo oficial da presidência, Roberto Stuckert Filho, na marquise do Palácio da Alvorada, residência oficial para qual a presidente deve se mudar em breve.

A pose de Dilma Rousseff, com a faixa presidencial, foi finalizada após uma sessão de fotos de uma hora e meia organizada no dia 9 de janeiro.

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http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4890086-EI7896,00-Planalto+apresenta+foto+oficial+de+Dilma+Rousseff.html




quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os Incas e os novos conquistadores

1-Machu Picchu 2-Vale Sagrado
3-Incas - Mães e filhos - Cuzco


4-Cuzco


Os Incas e os novos conquistadores

A gravura de Guaman Poma que mostra o suplicio de Thupac Amaru na praça principal de Cuzco é uma imagem impressionante. Os rosto dos três verdugos espanhóis são máscaras sorridentes, sádicas, em contraste com a fileira de súbditos incas que expressam uma mistura de perplexidade e dor colectiva. O tosco desenho faz parte das ilustrações de um livro publicado em 1636 em Paris, já Frei Bartolomé de las Casas havia escrito a “Brevissima relação da destruição das Indias”, em que narra sórdidos ormenores do etnocidio em curso. Aí se aclara o despropósito de teimosias revisionistas que sustentam o anacronismo do julgamento de acções transactas à luz de valores contemporâneos. Não é este o caso: não eram os próprios conquistadores que violavam os seus próprios compromissos e valores? Leia-se o relato, entre tantos possiveis (como o da cilada armada a Montezuma, no México), do insuspeito monge franciscano Frei Juan de Zumarraga que se referia a um episódio que lembra o martírio de Thupac Amaru: “... Vi que chamavam os caciques e ilustres indios para que viessem em paz e sem desconfiança, e em chegando eles, logo os queimavam(...), pois com nenhuma verdade para com eles procederam, nem cumpriram a palavra dada, senão que contra toda a razão e injustamente, tiranicamente os destruiram assim como toda a terra...”.

Os descendentes dos Incas que hoje cruzam as veredas dos Andes são seres silenciosos, reservados, um contraponto do espalhafato desportivo dos trekkers europeus e norte americanos em férias. Não tiram, as mais das vezes, os olhos do chão. Caminham como se fossem sombras ténues, deslizando sobre o chão em dia de nuvens, mas são eles os herdeiros do povo que suportou estoicamente a conquista espanhola e se negou a falar das suas cidades mais recônditas – como Machu Picchu – das suas crenças e dos seus rituais, dos seus deuses mais amados. Não se sabe se Machu Picchu foi uma cidade sagrada, mas a sua localização atesta a importância que os incas atribuiam à natureza, tão evidente nas práticas agricolas do Vale Sagrado e nos terraços andinos. Hoje, Machu Picchu só conhece serenidade durante a noite, depois da mundana tropa turistica recolher à caserna. Cosme Cuba, o guia que me conduz por entre as pedras, esforçando-se por se fazer ouvir entre gritos e gargalhadasde feira. À volta de uma árvore, um grupo de turistas “esotéricos” e exibicionistas senta-se em posição de ioga e de mãos dadas... O bilhete que pagaram dá-lhes esse o poder, o de transformar Machu Picchu no seu parque privado de diversões. No dia seguinte, o bolo tem duas cerejas. Nas ruas de Cuzco, dois policias de fatiota irrepreensivel escorraçam uma mulher e duas crianças que em esfarrapados trajes tradicionais se fazem às fotografias dos turistas, os novos conquistadores. Mais tarde, no autocarro de regresso à Bolivia, um garoto franzino canta, desafinado, uma canção em quechua, na expectativa de algumas moeditas. A turistada apessa-se a repor a ordem e manda-o calar. No vídeo de bordo, a concorrência é mais forte: uma fita de Hollywood, com um tal Bruce Willis e alguns dos seus pares.
Humberto Lopes, no suplemento "Fugas"
Fonte: Xatoo
Fotos 1-2-3-4: acervo pessoal
Sugestão de filme:
Aguirre, a cólera dos deuses
Alemanha Ocidental/Peru/México
Werner Herzog - 100 min.
Eastmancolor
Idioma: alemão
Produção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Fotografia: Thomas Mauch
Música: Popol Vuh
Elenco: Klaus Inski, Daniel Ades, Peter Berling, Daniel Fártan, Justo González, Ruy Guerra, Julio E. Martínez, Del Negro, Armando Polanah, Alejandro Repulles, Cecila Rivera, Helena Rojo, Edward Roland

Doação de Sangue para D. Paulo Evaristo Arns

Doação de Sangue para D. Paulo Evaristo Arns que continua internado no Hospital Santa Catarina
Enviado por Edison Silva - Laicato_Clasp

Agradeça a dádiva da vida doando vida a quem precisa.

DOE SANGUE: DOE AMOR.

As doações de sangue deverão ser feitas em nome do paciente Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns.

Aguardamos para breve sua visita solidária e antecipamos desde já nossos agradecimentos por estas doações e pela sua atenção e parceria.

Doar é um importante ato de amor que promove a vida e solidifica os laços de solidariedade entre os seres humanos. Com esta certeza, pedimos que nos ajude, repassando esta solicitação a seus parentes, amigos e a todos aqueles que lhe são próximos, solicitando doações de sangue.

Salientamos também que, algumas pessoas, portadoras de sangue com fator RH NEGATIVO (A-, B-, AB- e O-) têm ainda um motivo maior para se tornarem doadoras habituais, pois a raridade de seu sangue as torna
mais responsáveis perante a vida. Nestes casos, solicitamos que alertem seus parentes pois entre eles poderá haver alguém com o esse tipo sanguíneo, sempre tão necessário em nossos estoques.



A vida também agradece!


REQUISITOS BÁSICOS PARA DOAÇÃO:

· Ter entre 18 e 65 anos.

· Pesar mais de 50 kg.

· Estar alimentado, descansado, em boas condições de saúde e portando documento oficial com foto.

· Caso tenha tomado vacina contra INFLUENZA (gripe), deverá aguardar um prazo de 04 semanas para doar.

· Esperar 7 dias após o fim de episódio de gripe, febre ou diarréia.

· Evitar ingerir bebida alcoólica por 8 horas.

· Ter mais de 3 meses de pós parto e não estar grávida.

· Caso tenha realizado tatuagem ou piercing, aguardar 1 (um) ano.

· Caso tenha t ido hepatite após os 10 anos de idade, não doar.

· Caso você ou seu parceiro/a tenha recebido transfusão de sangue ou hemocomponentes, aguardar 1 (um) ano.

· Caso tenha utilizado drogas ou tenha tido relação sexual de risco, não doar.

· No caso de utilização de medicamentos, cirurgias ou dúvidas, entre em contato conosco para maior esclarecimento.

· O período de espera entre as doações é de: 02 meses para os homens e 03 meses para as mulheres.

HORÁRIO:

· 2ª A 6ª, das 08:00 às 18:00

· Sábado, das 08:00 às 15:30

ESTACIONAMENTO:

· No período da doação o veículo colocado no estacionamento do
hospital terá sua taxa abonada pelo Banco de Sangue.

LOCAL:

Banco de Sangue do Hospital Santa Catarina

Avenida Paulista,200 4º andar Bloco F

Telefone (11) 3016-4111

São Paulo SP
Sílvia Kerr


Fonte: http://www.falapovo.com/

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Albinismo: mitos e exclusão social

Albinismo – Mitos





5 idéias errôneas sobre pessoas com albinismo.
http://albinoincoerente.blog/...



A exclusão social desta minoria no Brasil

"A Ilha de Dom Sebastião"




O documentário "A Ilha de Dom Sebastião" foi filmado em 2002, na Ilha dos Lençóis, na costa do Maranhão. São vinte minutos de histórias e lendas de um Brasil muito remoto e particular. A ilha, que já foi considerada a maior concentração de albinos do mundo, é povoada por pessoas que se consideram descendentes de Dom Sebastião, rei de Portugal que desapareceu numa batalha no Marrocos em 1578.

O vídeo é uma co-produção da TV Câmara com a produtora Câmera 4 Comunicação e Arte, com a direção de Marcya Reis e Ivan Canabrava.

Em 2006, "A Ilha de Dom Sebastião" levou dois importantes prêmios no 29º Festival Guarnicê de Cinema e Vídeo de São Luís (MA): Melhor Documentário da Mostra Refestança e Troféu Guarnicê de Melhor Argumento para a roteirista Marcya Reis, da TV Câmara.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Saiu no New York Times:To Beat Back Poverty, Pay the Poor

An apartment building in front of the Rocinha shantytown in Rio de Janeiro.

By TINA ROSENBERG*
Today, however, Brazil’s level of economic inequality is dropping at a faster rate than that of almost any other country. Between 2003 and 2009, the income of poor Brazilians has grown seven times as much as the income of rich Brazilians. Poverty has fallen during that time from 22 percent of the population to 7 percent.
Ler na íntegra:
http://opinionator.blogs.nytimes.com/2011/01/03/to-beat-back-poverty-pay-the-poor/?scp=1&sq=to%20beat%20back%20poverty&st=cse

"Hoje, a desigualdade de renda no Brasil cai mais rápido do que provavelmente em qualquer outro país do mundo. Entre 2003 e 2009, a renda dos pobres brasileiros cresceu sete vezes mais do que a renda dos brasileiros ricos. A pobreza caiu naquele período de 22% da população para 7%. "

*Tina Rosenberg recebeu o respeitado prêmio Pulitzer por um livro sobre o “os fantasmas que rondam a Europa depois do comunismo”. Foi editorialista do Times e atualmente colabora com o Sunday.

Sobre gravidez, mulher e homem

Extraído do Portal Vermelho

Reinaldo César Zanardi - Sobre gravidez, mulher e homem

Leio reportagem na Folha de S.Paulo de segunda-feira (27/12/2010) sobre um bebê, nascido na véspera do Natal, que sobreviveu a uma queda de dois metros depois de ter sido atirado dentro de um saco plástico pela mãe, que acabava de dar à luz. Na reportagem, um tom condenatório, a começar pela manchete: "Recém-nascido é abandonado pela mãe e sobrevive a queda de 2 metros em Belém".

Segundo a Folha, os motivos da mãe, uma jovem de 20 anos, "foi o medo de ser descoberta por sua família, que é do Maranhão e não queria que ela engravidasse, e pelos patrões em Belém, que a contrataram para ser babá e de quem escondia a gravidez". As informações para a Folha são da Polícia Civil de Belém.

A atitude da mãe não é bonita, mas a imprensa, quando aborda mães que abandonam seus filhos, publica os fatos de maneira sensacionalista e não contextualiza o sofrimento que a mulher passa. Apenas e somente o sofrimento do bebê – que é real e não deve ser subestimado. Mas mães que abandonam seus filhos não podem sofrer de distúrbios e doenças, por exemplo? Nessas matérias, essa reflexão não é feita. Prevalece o senso comum. Ao final da leitura, a certeza que fica é de que a mulher é um monstro, não tem alma e que não merece ter filhos. Essa sensação é reforçada pelos comentários dos leitores na reportagem: "Uma vaca jamais faria isso com seu filhote"; "Peste (a progenitora, porque isso não é mãe nunca)"; "lixo humano (a mãe, lógico)". Naturalmente, nem todos os comentários são desse nível. Há leitores que refletem sobre o que leem.

Provocações para reflexão

E por falar em refletir sobre o que ler, façam isso também sobre o que escrevo. Faz sentido ou não? E aqui vão alguns pontos que lanço ao debate. Aviso os navegantes: são pontos generalizados e existem exceções belíssimas. Aqui são provocações para a discussão.

1. Por que reportagem desse tipo nunca cita o pai do bebê? Por que a imprensa não busca responsabilizá-lo também? Por que toda responsabilidade pela gravidez é da mulher? Mães que abandonam seus filhos recém-nascidos não engravidaram sozinhas.

2. Gravidez indesejada é consequência, e não causa. Consequência da falta de informação, da falta de planejamento familiar, da busca pelo prazer a qualquer custo (de ambos, não só dela, hein) e, principalmente, da falta de educação sexual. De ambos, não só dela, hein.

3. Questão de gênero I. A gravidez é responsabilidade exclusiva da mulher. O homem é coadjuvante (talvez por isso, muitos deem no pé quando a namorada engravida). E muitas famílias viram as costas para a mulher (filha, irmã, sobrinha...), restando-lhe sortes variadas.

4. Questão de gênero II. A sociedade não aceita a mulher que rejeita ou não quer ter filhos. É normal confundir gravidez com maternidade. Conheço excelentes mães que não engravidaram e muitas que engravidaram e que não são boas mães. Por que a mulher tem que parir? É um processo natural? É um processo construído socialmente?

5. No caso específico da reportagem em questão, como é a relação dessa garota com a família (e como os pais a tratam) para ela encontrar coragem para jogar seu bebê pelo muro e não ter coragem para enfrentá-los?

6. No caso específico da reportagem em questão, ela diz que tinha medo dos patrões que a contrataram. Medo de perder o emprego por estar grávida? Quantas mulheres grávidas são demitidas por causa da gravidez tendo seus direitos trabalhistas desrespeitados? Isso não é desumano também?

Se analisarmos a notícia fora do tom condenatório da reportagem da Folha, veremos que a mãe que jogou o filho pelo muro de dois metros não é a única ré da história.
Fonte: Observatório da Imprensa

sábado, 8 de janeiro de 2011

O termo “primeira dama” e o machismo mais do que démodé

Eis um artigo do Portal IG referindo-se à esposa do Vice-Presidente do Brasil

O estilo das primeiras damas
...
Veja looks de mulheres de chefes de Estado brasileiros e estrangeiros
Marcela Temer roubou a cena durante a cerimônia de posse da presidenta Dilma
Marcela Temer, mulher do vice-presidente Michel Temer (PMDB), roubou a cena durante a posse da presidenta Dilma Rousseff (PT), em Brasília, no último sábado (1º). A moça foi assunto na imprensa nacional e estrangeira e foi parar nos trending topics do Twitter. Houve comentários sobre a diferença de idade - 43 anos - entre ela e o marido, mas também sobre a roupa que vestiu: saia-lápis cor-de-rosa e blusa ameixa, com direito a ombro à mostra e trança de lado, para mostrar a tatuagem na nuca.
...

Ora, o próprio termo “primeira dama” é um termo machista, porque não existe o equivalente masculino( essa história de que seria primeiro cavalheiro, pergunto: no Brasil o termo cavalheiro é usado no dia a dia?). Além do que primeira dama não é um cargo eletivo e mesmo assim é prerrogativa de esposa de Presidente da República, Governador de Estado e Prefeito Municipal.

Assim falar de primeira dama é algo medieval para dizer o mínimo pois, esposa de vice-presidente ou mesmo que fosse de presidente da república, uma vez que não foi eleita, é apenas uma cidadã comum.

Muitas vezes o pouco é muito.

Philip Glass: Glassworks (música minimalista)



sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Filarmônica de Boston e Amy Winehouse

Filarmônica de Boston

Por PapaMideNite3

O arrebatador final do oratório Elias do Felix Meldelssohn na interpretação da filarmônica de Boston, uma das 5 melhores orquestras do mundo, que aliás, agora em Janeiro terá a frente um jovem brasileiro no comando, o carioca Marcelo Lehninger.



Amy Winehouse
Love is a Losing Game

Fonte: Luis Nassif on line


A brasilidade de Marisa Letícia Lula da Silva

Uma justa homenagem à brasilidade de dona Marisa Letícia Lula da Silva contraposta à mentalidade colonial, ainda presente em considerável parte da mídia brasileira, que reproduzo do blog da Hildegard Angel.

Marisa Letícia Lula da Silva: as palavras que precisavam ser ditas

Foram oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de "a Cara" por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À "companheira" número 1 da República, muito osso, afagos poucos. Ah, dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E - pior de tudo - os boatos infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a família? Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve.

Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da mulher mãe de família em nossa sociedade. Depois, implicaram com o silêncio dela, a "mudez", a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão? Ah, mas tudo que "eles" queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar poderoso de doutorados e mestrados. Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia. E não são também em grande número aquelas que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?

Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade. Foi um apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente, decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de nossas preferências, nossa culinária, os jogos e brincadeiras. Prestigiando o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do casal lhes causasse desconforto. Imprensa colonizada e tola, metida a chique. Fazem lembrar "emergentes" metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza de um pau de sebo "arrodeado" de fitinhas coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o Brasil.

Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada. No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita. Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor!

Cobraram de Marisa Letícia um "trabalho social nacional", um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social. Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo. Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam.

Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos. Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece.

Lula e Marisa Letícia da Silva. Foto: reprodução

Marisa Letícia evoluiu ao longo do período em que foi primeira-dama. Na montagem acima, bons momentos em que demonstrou sua elegância.

Marisa Letícia soube valorizar o artesanato brasileiro na moda como nenhuma outra primeira-dama. Vejam, nos looks acima, a bolsa é de fuxico e as rendas são tipicamente brasileiras.

Com Michelle Obama. Duas lindas mulheres. Foto: reprodução

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ensino Médio em tempo integral


A base de uma nação próspera se contrói com uma educação de qualidade.
O ministro da Educação Fernando Haddad fala sobre quais serão as prioridades educacionais no governo Dilma.


Mantido no cargo, o ministro da Educação, Fernando Haddad, quer que a oferta de ensino médio em tempo integral, associado ao ensino técnico, seja uma das marcas do governo Dilma Rousseff. Ele apresentará à presidente um plano de ação para que estudantes de todo o país possam fazer o curso regular num turno e, no outro, o profissionalizante. "Vamos apresentar propostas nesse sentido: reforçar o ensino médio de tempo integral", diz Haddad. O plano terá como foco também a valorização do magistério e a educação infantil. Aos 47 anos, ele está à frente do Ministério da Educação desde julho de 2005. Antes, foi secretário-executivo da pasta, de janeiro de 2004 até virar ministro.

FERNANDO HADDAD: nos planos, concurso nacional para professores

Como será o MEC no governo Dilma?

FERNANDO HADDAD: É continuidade com inovação. Não faz sentido alterar a rota. Entendo que, para a educação brasileira, se nós levarmos em consideração o que foi anunciado em 2007 (no lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação), nossos compromissos foram honrados.

Quais serão as prioridades daqui para a frente?

HADDAD: Em primeiro lugar, a presidente Dilma assimilou com muita naturalidade um conceito que a sociedade reconheceu como forte, o bordão que não cansamos de repetir, que nossa política iria da creche até a universidade. Mas ela fez referência a três aspectos que me parecem importantes: a questão da educação infantil, a da juventude, com atenção especial ao ensino médio, e a da valorização do magistério.

O que o senhor pretende fazer na educação infantil?

HADDAD: É preciso mudar o ambiente da creche, da pré-escola, fortalecer essas unidades como estabelecimentos de ensino. Atender mais crianças, universalizar a pré-escola até 2016. Mas também atuar do ponto de vista qualitativo.


O MEC terá fôlego para fazer seis mil creches em quatro anos, como prometido?

HADDAD: Olha, conhecendo a presidente, eu diria que ela honrará seus compromissos com o país. Ela é bastante obstinada em relação à palavra.

O que o governo fará para tornar a carreira do magistério mais atraente?

HADDAD: O sistema de educação no Brasil, sobretudo o ensino fundamental, reagiu às políticas do Ministério da Educação positivamente. Assimilou a cultura da qualidade, do acompanhamento e do cumprimento de metas. Mas nós temos que reconhecer que esse ímpeto inicial vai encontrar, num médio prazo, um obstáculo, que é justamente a renovação do ambiente escolar.

Como atrair os melhores profissionais para o magistério?

HADDAD: Aí é que entra em cena um elemento que nós queremos trabalhar imediatamente, que é a ideia de uma prova nacional de concurso.

A ideia é que essa prova substitua os concursos realizados hoje por prefeituras e governos estaduais?

HADDAD: Sim. De posse do resultado, o professor poderá optar pelo sistema de ensino que oferece a ele as melhores condições de trabalho.

O que levará municípios e estados a adotarem os resultados da prova nacional?

HADDAD: Há uma grande vantagem: a seleção está pré-elaborada, basta abrir o edital e convocar (os professores), a partir dos resultados. E, obviamente, o professor que desejar exercer a profissão naquele município vai se inscrever. O magistério é uma categoria nacional, que nós temos que valorizar.


E de onde sairá o dinheiro para salários mais atrativos?

HADDAD: Na minha opinião, uma das razões pelas quais o pretexto da falta de recursos sempre aparece na mesa é o temor que existe de que isso não vai impactar a qualidade. Mas, se o gestor pode fazer uma seleção de docentes a partir do desempenho numa prova nacional de concurso, ele terá segurança de que as melhores condições oferecidas vão ter um impacto favorável na realidade da escola.

Quando será a prova?

HADDAD: A previsão é que ela aconteça no primeiro semestre de 2012.

No começo do governo...

HADDAD: Só para concluir, o terceiro ponto a que eu fiz menção é o ensino médio. Entendo que também nesse ponto nós demos passos importantes. Mas, no caminho da diversificação para atender mais e melhor às expectativas dos estudantes, sobretudo aqueles que estão fora da escola, temos que reforçar a concomitância do ensino médio com a educação profissional.

De que forma?

HADDAD: Em tempo integral. O estudante faz o ensino médio e a educação profissional em dois turnos, na mesma escola ou não. A forma concomitante avançou pouco, e eu penso que nós devemos apostar na concomitância. Porque aí você compatibiliza a necessidade do jovem que cursa o ensino médio de se profissionalizar, porque muitos deles precisam de uma profissão, em função das condições socioeconômicas da família. E você incrementa a educação de tempo integral, porque o jovem vai permanecer dois períodos na escola e não apenas um. Vamos sugerir medidas à presidente nessa direção.

Que medidas?

HADDAD: Não posso antecipar, porque vou apresentar o plano geral para a presidente para que ela avalie antes de qualquer anúncio. Vamos apresentar propostas nesse sentido: fortalecer o ensino médio de tempo integral. Tenho certeza de que nós temos condições para isso.

Com o atual orçamento?

HADDAD: Isso é o que nós vamos...

É o ponto mais difícil?

HADDAD: Por incrível que pareça, não passa só por isso. Passa muito mais por um rearranjo das forças que atuam na área da educação profissional do que propriamente por mais orçamento.

Quando o senhor terá essa conversa com a presidente?

HADDAD: O mais rapidamente possível, porque ela certamente vai começar a despachar com todos os ministros. Então, vamos apresentar um plano de trabalho para que seja validado, e a gente possa iniciar esse novo capítulo.
Fonte:O Globo - Demétrio Weber

sábado, 1 de janeiro de 2011

Dilma: "Sou a presidenta de todos os brasileiros"

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.Guimarães Rosa

Dilma toma posse: “Sou a presidenta de todos os brasileiros”

No Congresso Nacional, a primeira mulher a comandar o Brasil reforçou o compromisso com a erradicação da pobreza e a coordenação com os países emergentes. Foto: Agência Brasil
O Brasil tem, oficialmente, uma mulher no comando. Dilma Rousseff tomou posse na tarde deste sábado 1 em Brasília. A presidenta assinou o termo de posse no Congresso Nacional às 15h. Apesar da forte chuva que caiu na capital federal, milhares de pessoas aguardaram na Esplanada dos Ministérios para acompanhar a transmissão do cargo. A passagem da presidenta em carro aberto, no entanto, precisou ser cancelada por conta do temporal. Ela fez o percurso no Rolls Royce presidencial, mas com a capota fechada.

Após o cortejo inicial, a presidenta e o vice, Michel Temer, chegaram ao Congresso Nacional, entrando pela chapelaria, devido à chuva. Recepcionados pelo presidente do Senado, José Sarney, e da Câmara, Marco Maia, eles eram aguardados pelos convidados, entre eles, autoridades estrangeiras como Hugo Chávez, presidente da Venezuela, e Felipe de Bourbon, príncipe das Astúrias.

A presidenta iniciou seu mandato com um discurso no plenário do Congresso. Dilma começou enaltecendo as mulheres e o fato de ser a primeira a ocupar a presidência da República: “Hoje será a primeira vez que a faixa presidencial cingirá o ombro de uma mulher. Sinto uma imensa honra por essa decisão do povo brasileiro. Sei que meu mandato deve incluir a tradução mais generosa dessa ousadia do voto popular. Meu compromisso supremo é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos”

Emocionada, Dilma falou sobre Lula: “Venho para consolidar a obra transformadora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem tive a mais vigorosa experiência política da minha vida”. A presidenta afirmou que Lula foi “um presidente que mudou a forma de governar e levou o povo brasileiro a confiar mais em si mesmo e no próprio país”, e foi muito aplaudida ao lembrar do ex-vice-presidente José Alencar, internado em São Paulo para mais um episódio de sua luta contra o câncer: “Que exemplo de coragem e de amor à vida nos dá esse homem.”

Sobre o futuro, Dilma declarou que o país vive um dos melhores períodos da vida nacional, mas que é preciso manter a estabilidade econômica, controle rígido da inflação e combate ao desequilíbrio externo para que a situação se mantenha. Ela também prometeu incentivos ao setor privado de pequeno porte e afirmou que não fará “a menor concessão” em relação ao protecionismo econômico dos países ricos.

A presidenta também defendeu reformas e austeridade na máquina pública. “É tarefa indeclinável e urgente uma reforma com mudanças na legislação para fazer avançar nossa jovem democracia. Faremos um trabalho permanente e continuado para melhorar a qualidade do gasto público”. Dilma também citou o desafio de conduzir a exploração do petróleo da camada pré-sal: “O pré-sal é nosso passaporte para o futuro, mas só o será realmente se produzir uma síntese de avanço tecnológico, avanço ambiental e avanço social.”

A questão social, que tanto marcou os discursos de posse de Lula, foi trazida por Dilma: “A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos. Uma expressiva mobilidade social ocorreu nos dois mandatos do presidente Lula, mas ainda existe pobreza a envergonhar nosso país e a impedir a nossa afirmação plena como povo desenvolvido. Não vou descansar enquanto houver brasileiros sem alimentos à mesa”.

A respeito das relações externas, a presidenta mencionou fortalecimento das relações entre os países latino-americanos, do Mercosul e da Unasul. Citou as relações com África, Oriente Médio, Europa e Ásia. Por último, ressaltou a importância da relação com os Estados Unidos e afirmou que continuará mantendo um bom diálogo com Washington.

Encaminhando-se para o fim do discurso, Dilma fez um apelo à participação de todos os níveis de governo e setores da sociedade na condução do governo. “O destino de um país não se resume à ação de seu governo. Ele é o resultado do trabalho e da ação transformadora de todos os brasileiros e brasileiras”. Com a voz embargada, a presidenta “estendeu a mão” aos partidos de oposição e aos segmentos que não a apoiaram na campanha eleitoral. “A partir deste momento, sou a presidenta de todos os brasileiros.”

A lembrança dos companheiros de luta contra a ditadura foi muito aplaudida no Congresso: “Eu dediquei toda a minha vida à causa do Brasil. Entreguei minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor. Muitos da minha geração que tombaram pelo caminho não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles a alegria desta conquista e rendo-lhes minha homenagem. Esta às vezes dura caminhada me fez valorizar e amar muito mais a vida”

Dilma encerrou o discurso citando Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

Assim, tomou posse a primeira mulher a ocupar a cadeira de presidente da República Federativa do Brasil.
Fonte: CartaCapital(Felipe Corazza)

Da Catedral ao Palácio: saiba como será a posse de Dilma

Primeira presidenta eleita do País segue roteiro de antecessores e mantém informalidade de Lula

Confira o roteiro da posse de Dilma

A cerimônia de posse da presidenta eleita Dilma Rousseff não fugirá aos tradicionais protocolos. Às 14h30, ela seguirá no Rolls Royce presidencial da Catedral de Brasília até o Congresso Nacional. Ao seu lado, seguranças da Polícia Federal desfilarão a pé e 37 cavaleiros dos Dragões da Independência devem acompanhá-la. A primeira presidenta do Brasil pediu ao cerimonial que a escolta não lhe impedisse de ver as cerca de 20 mil pessoas esperadas para o evento.

Dilma pretende manter certa proximidade com a população que prestigiar a festa da posse no dia 1º. Não agirá como Luiz Inácio Lula da Silva, que, após receber a faixa presidencial no primeiro mandato, passeou em zigue-zague pelo canteiro central da Esplanada dos Ministérios. Mas quer desfilar em carro aberto antes e depois de receber o símbolo do chefe da nação. Só utilizará veículo fechado em casos de chuva – e vários atos do protocolo teriam de ser modificados (leia programação abaixo).

No Congresso Nacional, Dilma cumprirá os protocolos exigidos para a ocasião. Assinará termo de posse, fará seu primeiro discurso (estimado em 45 minutos) e será homenageada com 21 tiros de canhão. No Palácio do Planalto, se encontrará com o presidente Lula. O momento de despedida do ex-presidente promete emoções. Lula deixará a sede do Executivo ao som do Tema da Vitória, música famosa por embalar as conquistas do piloto Ayrton Senna na Fórmula 1.

Segurança

Na segurança do evento estarão empregados aproximadamente quatro mil homens e mulheres, civis e militares, oriundos das Forças Armadas, das Polícias, Bombeiros e Detran.

Para as atividades de segurança serão utilizadas cerca de 300 veículos e seis helicópteros, sendo um o Olho da Águia do Exército Brasileiro, que permitirá o monitoramento aéreo de todos os deslocamentos, além de 130 motocicletas com batedores que farão a escolta dos chefes de estado, chefes de governo e demais representantes estrangeiros, convidados para a cerimônia.

Ainda, serão mantidas tropas de choque do Exército e da PMDF em reserva e um Pelotão de Defesa Química, Biológica e Nuclear, da Brigada de Operações Especiais, também ficará em condições de ser empregado e realizar varreduras ao longo dos trajetos utilizados e em certas áreas específicas.

Companhias estrangeiras

Dilma receberá mais de 300 convidados estrangeiros. A maior comitiva será a venezuelana. Além de vir pessoalmente, Hugo Chávez traz para o Brasil seis ministros e uma vice-ministra. Ao todo, representantes de 132 delegações estarão presentes e, além de cumprimentar a presidenta eleita no Planalto, participarão de festa organizada para ela no Itamaraty, prevista para começar após os protocolos oficiais.

O modelo escolhido por Dilma para o dia da posse está guardado às sete chaves. Foi desenhado pela estilista gaúcha Luisa Stadtlander e deve ser pérola. O fato é que os vestidos de gala estão definitivamente abolidos. Como ocorreu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a festa será marcada pela informalidade. Lula não estará no evento. O então ex-presidente seguirá para São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde terá uma festa só dele.

Confira a programação para a posse:

- Às 14h30, Dilma segue no Rolls Royce conversível para o Congresso Nacional. A comitiva, que contará com o vice-presidente, Michel Temer, em outro veículo atrás do presidencial, sairá da Catedral de Brasília.

- Na rampa do Congresso, Dilma e Temer serão recebidos pelo presidente do Senado, José Sarney, e seguirão para o plenário da Câmara dos Deputados, onde presidenta e vice farão o juramento à Constituição e assinarão termo de posse. Dilma fará seu primeiro discurso.

- Do plenário, Dilma e Temer seguem para a rampa do Congresso novamente. Depois de ouvirem o Hino Nacional executado pela banda do Batalhão da Guarda Presidencial e serão homenageados com uma salva de 21 tiros de canhões do Exército.

- O próximo destino é o Palácio do Planalto. Novamente, presidenta e vice seguirão em carro aberto. Lá, os dois subirão a rampa externa do palácio, onde Lula os aguardará. Eles vão para o Parlatório e Lula passará a faixa presidencial para Dilma.

- Na sequência, Dilma vai para o interior do Planalto e receberá os cumprimentos das delegações estrangeiras. Por enquanto, 132 confirmaram presença. Após essa cerimônia, Dilma acompanha Lula até a rampa e ele se despedirá do cargo.

- Depois da despedida, Dilma falará pela primeira vez como presidenta à nação, no Parlatório do Palácio. Será um discurso mais breve do que o feito no Congresso Nacional. Por fim, ela volta ao palácio e dá posse aos novos ministros.

- Já presidenta e após todas as cerimônias protocolares, Dilma seguirá em carro aberto até o Palácio do Itamaraty, onde receberá convidados brasileiros e delegações internacionais em um coquetel. Como Lula, Dilma aboliu o black tie da festa e pediu traje “passeio”.

Chuva

Se o tempo continuar chuvoso em Brasília como ocorreu durante a semana, algumas cerimônias externas serão canceladas, como o desfile em carro aberto e os protocolos na rampa. O discurso no Parlatório, em princípio, será mantido mesmo com chuva. A menos que desabe um temporal, a população poderá ouvir o primeiro discurso de Dilma no local.


Fonte: Portal IG

Dilma: uma mulher no comando do Brasil

Há sempre um pedacinho de primavera que resiste” in Primavera num espelho partido - Mário Benedetti

“Um dia, lá no mundão, uma das donzelas da torre será presidente”
transposto do blog do Luiz Carlos Azenha

Rose Nogueira comprou uma camélia vermelha, para usar na posse de Dilma Rousseff. Com a camélia, pretende levar para a festa todas e todos que não puderam estar lá.

Rose e Dilma foram colegas de presídio Tiradentes, em São Paulo, durante o regime militar.

Naquela época, elas costumavam sonhar com a liberdade dizendo: “Um dia, lá no mundão…” vou fazer isso ou aquilo. “Um dia, lá no mundão…” serei assim ou assado.

“Um dia, lá no mundão”, diz Rose Nogueira por telefone, de Brasília, com seu tradicional bom humor, “uma das donzelas da torre será presidente”.

Ela ri de uma notícia que leu a bordo do avião, em O Globo, que fala nas 11 ex-companheiras de cela de Dilma, todas convidadas para a posse. Talvez estivesse se referindo a esta notícia.

Fica sem saber se o jornal tentou ser irônico ao falar em Grupo das Onze, já que os Grupos dos Onze foram os famosos “comandos nacionalistas” criados por Leonel Brizola, nos anos 60, para resistir ao golpe.

O fato é que Rose é uma mulher extraordinária da mesma forma que muitas mulheres o são. Extraordinária com as pequenas conquistas do dia-a-dia, consciente de que é o elo de uma corrente e que, portanto, é preciso persistir. Persistência não é o forte das mulheres?

“Se não fosse a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho, legislação trabalhista implantada pelo governo Vargas) do Getúlio, ela teria se matado de tanto trabalhar”[Rose sobre a avó, a tecelã Maria Ghilardi Guerra, exemplo de mulher batalhadora]

“Eu apanhava porque eu estava fedida de leite azedo” [Rose sobre a tortura. Quando ela foi presa, o filho era recém-nascido]

“Ela contribuiu mais do que qualquer outra para a mudança do Brasil” [Rose sobre a atuação de Dilma no ministério de Lula]

“Quando a gente tava lá na cadeia ficava muito claro que todas tinham vocação política. A Dilma era a pessoa onde mais isso aparecia. Porque ela tinha uma presença muito forte, ela tinha um equilíbrio nas análises das coisas que, embora ela tivesse 20, 21 anos, impressionava, francamente” [Rose, explicando depois que Dilma defendeu na cadeia a ampliação do mar territorial brasileiro de 12 para 200 milhas, uma proposta dos militares]

“Eu considero que quem fez a luta armada contra o povo brasileiro foi a ditadura” [Rose ao lembrar que milhões de brasileiros se opuseram ao regime militar e que os oportunistas costumam repetir, nos dias de hoje, o bordão usado no passado pelos militares, de que a resistência ao regime queria implantar no Brasil uma ditadura de esquerda]

“A gente naquela época era tratada como coisa” [Rose, sobre as mulheres nos anos 60]

Durante nossa conversa Rose Nogueira lembra que a classe operária brasileira se formou nos anos 30, especialmente com a chegada de imigrantes. E que nos anos 60, na geração dela, os filhos de imigrantes começaram a chegar à universidade. Razão pela qual havia muitos filhos de imigrantes na resistência ao regime militar. Gente que tinha ascendido socialmente mas mantinha sua solidariedade com os de baixo. Como foi, aparentemente, o caso dela.

A jornalista perdeu o pai aos 4 anos de idade. Foi morar com a avó, a Maria “que tinha guerra no nome”. Aliás, a avó de Rose não queria saber de batizar ninguém com o próprio nome. Dizia, “Maria tá condenada ao sofrimento”.

Maria contava que, para não perder o emprego, tinha “atrasado” o parto da mãe de Rose. Escondeu a gravidez com a cumplicidade do chefe. A mãe de Rose nasceu no domingo de Carnaval. Na quinta, dona Maria Guerra estava de volta ao emprego.

A vida de dona Maria foi tocada pela implantação, no governo Vargas, da CLT, quando a jornada de trabalho dela caiu de 14 para 8 horas diárias.

Mais tarde a maternidade assumiria ares dramáticos para a própria Rose. Quando ela foi presa o filho tinha 33 dias de vida. Ela narrou o episódio num livro. O Viomundo, faz algum tempo, reproduziu parte do texto de Rose, em que ela descreve a vida no presídio Tiradentes.

Foi deste período, também, a patética demissão de Rose Nogueira do jornal Folha da Tarde. Ela foi demitida por abandono de emprego quanto até as árvores da Barão de Limeira sabiam que a jornalista do Grupo Folha estava na cadeia. Aqui ela tratou do assunto.

Um caso sobre o qual a Folha ainda nos deve explicações, sem falar no empréstimo de viaturas para a Operação Bandeirantes.

O fato é que a geração de Rose subirá a rampa com Dilma Rousseff, no sábado, em Brasília. Junto com a memória da dona Maria Ghilardi Guerra, que faleceu aos 90 anos de idade. E, de certa forma, com todas as mulheres batalhadoras do Brasil, do passado e do presente.

Terminada a entrevista, Rose liga de novo, para complementar: diz que com a avó aprendeu a importância de combater as injustiças, mas que a militância mesmo começou aos 18 anos, quando se apaixonou por um militante do PCB. Amor + luta. Rima com mulher.




Lula: um presidente diferente


Presidente Lula:
meu reconhecimento por seu belo trabalho na Presidência da República do Brasil!
Que seu caminho continue sendo de amor e paz!

O presidente que não vai se transformar em vaso chinês
Por: João Peres, Rede Brasil Atual
São Paulo - “Um ex-presidente é mais ou menos como um vaso chinês: não tem utilidade nenhuma (…) Ele valeria muito se ele ficasse quieto e deixasse o futuro presidente governar o país com tranquilidade, sem dar palpite.”

Estocadas à parte, o autor da declaração acima sabe que esse desejo não irá se cumprir. Pelo contrário, quando deixar a Presidência da República, no dia 1º deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva será recebido com festa no retorno a São Bernardo do Campo. Mais que a celebração em si, vale o simbolismo de demonstrar que não é porque Lula sai do comando do país que deixa de ser reconhecido.

Lula tampouco deixará de ser importante. Nos últimos meses, foram muitas as vezes em que o presidente fez a tal citação do vaso chinês, talvez na tentativa de se forçar a acreditar que deixará de influenciar a vida política brasileira. Lula sabe que não será assim, e mais sinceras consigo são as palavras dos últimos dias. “Deixo apenas a Presidência, mas não pense que vão se livrar de mim, porque estarei pelas ruas desse país trabalhando e lutando para melhorar a vida desse país”, reiterou na última quarta-feira (29) em Recife.

Ex-presidente diferente

Há vários fatores para acreditar que Lula será um ex-presidente distindo dos demais ainda vivos – José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. A taxa de aprovação em 87% segundo o Ibope e a eleição da candidata apoiada por ele são dois dos vetores inéditos na vida política brasileira que fazem crer que a vida de Lula a partir de 2011 será diferente das rotinas dos antecessores.

Por um lado, o líder petista não parece vislumbrar a possibilidade de se candidatar a cargo eletivo no futuro, seja proporcional, seja majoritário. Lula rejeitou recentemente a possibilidade de ocupar cargos diplomáticos ou mesmo ser secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), como pediu o boliviano Evo Morales. Por outro lado, discrição parece difícil a um líder tão reconhecido e com um carisma que simplesmente não pode ser apagado – continuará a existir e, de certo modo, a ofuscar os que dividam as atenções com ele.

O cientista político André Singer defendeu que as linhas estabelecidas no governo Lula, de redução da pobreza e da desigualdade, vão guiar a política brasileira nos próximos anos. O professor avalia que a continuidade dessas propostas assegura, finalmente, voltar ao padrão interrompido pelo golpe de 1964. “A agenda de diminuição da pobreza e da desigualdade do governo Lula avançou por meio de uma estranha combinação de orientações antitéticas: de um lado, manteve linhas de conduta do receituário neoliberal e, de outro, adotou mecanismos de uma plataforma desenvolvimentista”, argumentou Singer em artigo publicado na edição de outubro da revista Piauí.

Isso explicaria, em parte, a migração da base de apoio de Lula – e do PT – das classes médias para as camadas mais pobres. Nesse aspecto, o presidente é um dos poucos políticos brasileiros ainda capaz de reunir massas em diferentes partes do país. Foram poucos os comícios de candidatos neste ano que não tinham Lula no palanque.

Nas últimas semanas de governo, por onde passa, Lula ainda reúne multidões que querem se despedir do líder. Foi assim no dia 23, quando foi realizado em São Paulo o último Natal com os catadores de materiais recicláveis e a população de rua, uma tradição mantida ao longo dos oito anos de governo e à qual Dilma Rousseff promete dar continuidade. O galpão lotado na zona norte de São Paulo abrigava verdadeiros fãs do presidente. “O senhor não esqueceu suas raízes, não esqueceu o que prometeu a seu povo”, lembrava a catadora Maria Lúcia Santos Pereira.

Desencarnar

Não é todo presidente que tem um povo que aceite ser chamado de “seu”. É a primeira vez em muitas décadas que um chefe de Estado brasileiro tem seu nome associado ao “ismo”: não houve itamarismo, collorismo nem fernandismo, mas há um lulismo que, como ressalta Singer, continuará presente mesmo que já não seja o ex-metalúrgico a ocupar o Planalto.

“Eu quero voltar ao Pacaembu para ver jogo do Corinthians, vestido de torcedor, encontrar os meus companheiros do sindicato e tomar uma cerveja, eu quero ser um homem comum...”, confessou em entrevista ao veterano jornalista Ricardo Kotscho, publicada na edição de dezembro da revista Brasileiros.

Kotscho, assessor do ex-sindicalista nas campanhas de 1989, 1994 e 2002, ressaltou por sua vez, em conversa com a Rede Brasil Atual, pouco antes do primeiro turno das eleições, que Lula era uma novidade na política brasileira quando apareceu e que hoje, três décadas depois, continua sendo algo novo, uma estranha soma de líder de massas e líder político, uma espécie de caminho do meio entre a esquerda ortodoxa e os movimentos pelegos.

“Lula é uma figura que alguém no futuro vai ter que explicar. Foi uma coisa absolutamente nova. Tem poucos casos no mundo de uma história assim. O Lula se tornou um líder mundial, reconhecido por todo mundo”, resumiu Kotscho.

Está aí um dos caminhos do presidente ao se “desencarnar” do mandato: já deu várias declarações no sentido de usar seu prestígio internacional para ajudar nações pobres.

Como disse Kotscho, só com o tempo será possível ter a dimensão correta – nem maior nem menor – da figura de Lula. Em algumas semanas, no entanto, saberemos o que o presidente fará com seu prestígio. O certo é que não ficará guardado no canto da sala, feito vaso chinês.
Fonte: O Terror do Nordeste