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domingo, 1 de dezembro de 2013

O Leopardo - filme

"Tudo tem que mudar para continuar o mesmo".
 
 
Sinopse

O filme passa-se na Sicília, no século XIX. Um grande proprietário sofre a perda do seu poder e influência após 'Il Risorgimento', ou seja, a unificação da Itália. As classes mais elevadas tentam ignorar os movimentos nacionalistas e ele começa a ter dúvidas acerca dos seus próprios sentimentos em relação ao que o rodeia.
Ficha Técnica
Realização
Interpretação
Ator / Atriz
 
O Leopardo - uma das obras primas de Luchino Visconti

Carlos Augusto Brandão, especial para a Italiamiga
 
O Leopardo, um dos marcos da brilhante carreira do diretor italiano Luchino Visconti, está completando 40 anos: em 1963 o famoso livro II Gattopardo, de Giuseppe Tomasi Di Lampadusa, foi eternizado pelo cinema em um dos seus momentos mais importantes. Além de O Leopardo Visconti realizou outras obras importantíssimas como Rocco e seus Irmãos, Morte em Veneza, Violência e Paixão , além de Obsessão, todos incluídos entre os clássicos do cinema universal.O épico político-histórico O Leopardo resiste ao tempo e mantém intacta a sua atualidade, mostrando nos seus 205 minutos de duração fatos e acontecimentos facilmente encontráveis nos dias de hoje. O filme tem como pano de fundo a história da Sicília centrada no século 19, quando era dominada pelo ramo espanhol dos Bourbons. O Príncipe de Salina Don Fabrizio (Burt Lancaster, no papel que o consagrou) começa a perceber que a atuação de Garibaldi iria alterar de forma inexorável a estrutura de poder então dominante na Sicília e na aristocracia local. Quando acontece o desembarque na Sicília de cerca de mil voluntários garibaldinos e a ameaça se torna iminente, Tancredi (Alain Delon), sobrinho do príncipe, sussurra para ele a fórmula mágica: "se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude". Assim, ele também participa da luta pela unificação da Itália , garante a continuidade da influência da família no poder e ao mesmo tempo a sua própria sobrevivência social , casando-se com a filha (Claudia Cardinale) do latifundiário local. Era a velha aristocracia aliando-se à força ascendente da nova época: a burguesia. Visconti retrata com fidelidade os antecedentes que geraram a decadência da nobreza siciliana e sua adaptação aos novos tempos. Afinal, ele mesmo era descendente da aristocracia lombarda: sua família dominou Milão durante 170 anos, nos séculos 13 e 14. Foi nessa cidade da Lombardia que ele nasceu em 02.11.1906, filho do agente teatral Giuseppe Visconti e de Carla Erba, a herdeira dos Laboratórios Erba. No início de sua vida, só se interessava por corridas de cavalos. Mas no começo da década de 30 ele conheceu o grande diretor francês Jean Renoir ,que o convidou para ser seu assistente em vários filmes e despertou nele o interesse definitivo pelo cinema. De volta à Itália, Visconti realizou Ossessione em 1942 - baseado no romance The Postman Always Rings Twice, de James Cain , o filme é considerado o principal precursor do movimento neo-realista - dando o início real a uma carreira brilhante no cinema . Sua atividade nas artes também incluiu um grande envolvimento com a produção teatral e de óperas, muitas em espetáculos inesquecíveis com Maria Callas no Scala. O teatro e a ópera certamente tiveram uma grande influência no seu estilo cinematográfico, o que pode ser observado em muitas características de sua obra. Entre tantos trabalhos memoráveis, O Leopardo se destaca em sua filmografia por ser também uma das obras esteticamente mais bem realizadas do cinema , valorizada pela excelente direção de arte, pelos ótimos desempenhos dos atores principais e pela perfeita trilha sonora dirigida por Nino Rota . A trilha contem uma valsa inédita de Giuseppe Verdi, na cena em que o príncipe dança com Angélica, a personagem de Cláudia Cardinale.
 
 A bela fotografia de Giuseppe Rotunno (que também fotografou Amarcord e O Show deve Continuar) retrata imagens deslumbrantes da Sicília e os opulentos interiores do Palácio Gangi San Lorenzo, cenário de inúmeras seqüências do filme. O grande diretor italiano morreu em março de 1976, aos 70 anos. Seus problemas de saúde, no entanto, começaram bem antes, em 72 , quando estava filmando Ludwig. Teve um enfarte durante os trabalhos e, posteriormente, muitos aborrecimentos devido a conflitos com os produtores que reduziram o filme para uma versão comercial. Tudo isso deve ter contribuído, sem dúvida, para agravar seu estado físico, já bastante abalado. Em 80, num reconhecimento ao grande mérito do diretor lombardo, um esforço conjunto de atores e roteiristas possibilitou que a cópia completa de Ludwig, com quatro horas de duração , fosse relançada internacionalmente . Visconti não conseguiu realizar seu sonho de adaptar para as telas Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust. Considerado um dos livros mais difíceis de serem adaptados , a obra teve recentemente seu lançamento no cinema no filme O Tempo Redescoberto, do chileno, radicado na França, Raul Ruiz. Mas, se Visconti o tivesse filmado - ele chegou a escrever o roteiro -provavelmente nos teria brindado com mais um clássico entre os muitos de sua carreira, na qual O Leopardo é certamente um marco inesquecível.
 

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