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"Quando começares a tua viagem para Ítaca, reza para que o caminho seja longo, cheio de aventura e de conhecimento...enquanto mantiveres o teu espírito elevado, enquanto uma rara excitação agitar o teu espírito e o teu corpo." ...Konstantinos Kaváfis,trad.Jorge de Sena in Ítaca
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Por ser muito antigo o quadro de comentário do blog, ele ainda apresenta a opção comentar anônimo, mas, com a mudança na legislação

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sábado, 29 de janeiro de 2011

A Justiça é uma ilusão?

A concepção de justiça do povo é uma e a concepção de justiça dos governantes é outra?
Estaremos “condenados” ao que já dizia Sólon: "A justiça é como uma teia de aranha: retém os insetos pequenos, enquanto os grandes rebentam com a teia e ficam livres"?


Dinheiro como Dívida - Money as Debt

Sobre a contrafação de dinheiro praticado pelos bancos

Murray N. Rothbard é considerado um dos grandes pensadores no campo da economia, da história, da filosofia política, e do direito. Estabeleceu-se como o principal teórico austríaco na metade final do século XX, e aplicou a análise austríaca a tópicos históricos, como a Grande Depressão de 1929 e a história do sistema bancário americano. Rothbard combinou os pensamentos de americanos individualistas do século XIX com a economia austríaca.

Excerto de "The Mystery of Banking”

[O Mistério da Banca, por Murray N. Rothbard]

«Donde é que veio o dinheiro? Veio – e isto é a coisa mais importante que se deve saber sobre o sistema bancário moderno – veio do NADA (out of thin air). Os bancos comerciais – ou seja, os bancos que utilizam o sistema de reservas fracionais – criam dinheiro a partir do nada. Basicamente fazem o mesmo que os contrafatores (falsificadores). Os falsificadores, também, criam dinheiro a partir do nada imprimindo alguma coisa que fazem passar por dinheiro ou por um recibo de depósito de dinheiro. Desta forma, retiram fraudulentamente riqueza da comunidade, das pessoas que ganharam verdadeiramente o seu dinheiro. Da mesma forma, os bancos que utilizam o sistema de reservas fracionais contrafazem recibos de depósitos de dinheiro, que depois fazem circular como equivalentes ao dinheiro entre as pessoas. “Há uma exceção a esta comparação: A lei não trata estes recibos dos bancos como falsificações.»

Money as Debt

legendado em português


Dinheiro como Dívida - Money as Debt @ Yahoo! Video

Prostíbulos do capitalismo

Trechos de artigo de Emir Sader*.

Nesses territórios se praticam todos os tipos de atividade econômica que seriam ilegais em outros países, captando e limpando somas milionárias de negócios como o comércio de armamentos, do narcotráfico e de outras atividades similares.

Os paraísos fiscais, que devem somar um total entre 60 e 90 no mundo, são micro-territórios ou Estados com legislações fiscais frouxas ou mesmo inexistentes. Uma das suas características comuns é a prática do recebimento ilimitado e anônimo de capitais. São países que comercializam sua soberania oferecendo um regime legislativo e fiscal favorável aos detentores de capitais, qualquer que seja sua origem. Seu funcionamento é simples: vários bancos recebem dinheiro do mundo inteiro e de qualquer pessoa que, com custos bancários baixos, comparados com as médias praticadas por outros bancos em outros lugares.

Eles têm um papel central no universo das finanças negras, isto é, dos capitais originados de atividades ilícitas e criminosas.
...
Um ministro da economia da Suíça – dos maiores e mais conhecidos paraísos – declarou em uma visita a Paris, defendendo o segredo bancário, chave para esses fenômenos: “Para nós, este reflete uma concepção filosófica da relação entre o Estado e o indivíduo.” E acrescentou que as contas secretas representam 11% do valor agregado bruto criado na Suíça.
...
Uma sociedade sem segredo bancário, em que todos soubessem o que cada um ganha – poderia ser chamado de paraíso. Mas é o contrário, porque se trata de paraísos para os capitais ilegais, originários do narcotráfico, do comercio de armamento, da corrupção. Existem, são conhecidos, quase ninguém tem coragem de defendê-los, mas eles sobrevivem e se expandem, porque são como os prostíbulos – ilegais, mas indispensáveis para a sobrevivência de instituições falidas, que tem nesses espaços os complementos indispensáveis à sua existência.

*Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo

(Ler na íntegra: http://limpinhocheiroso.blogspot.com/2011/01/emir-sader-os-prostibulos-do.html)


O Direito de fato se encontra nas ruas? Somente assim a Justiça não seria uma ilusão?

Dica de leitura:

O Direito Achado na Rua - tese de doutoramento do Prof. José Geraldo de Sousa Jr, docente da UnB.
http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3612

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Passe livre interestadual - Ministério dos Transportes

Um avanço social e um justo direito do portador de deficiência .
Porém como é longa a espera para a obtenção do mesmo!


MANUAL DO BENEFICIÁRIO

O Passe Livre é um benefício que demonstra um avanço da sociedade e conquista do portador de deficiência, pois trouxe mais respeito e dignidade para o portador de deficiência dentro do contexto social.

O bom funcionamento do benefício do Passe Livre depende da fiscalização de todos. Cabe o benefício aos portadores de deficiência carente, tendo pois o direito de viajar por todo o país.

Quem tem direito ao Passe Livre?

Portadores de deficiência física, mental, auditiva ou visual comprovadamente carentes.

Quem é considerado carente?

Aquele com renda familiar mensal per capita de até um salário mínimo. Para calcular a renda, faça o seguinte:

Veja quantos familiares residentes em sua casa recebem salário. Se a família tiver outros rendimentos que não o salário (lucro de atividade agrícola, pensão, aposentadoria, etc.), esses devem ser computados na renda familiar.
Some todos os valores.
Divida o resultado pelo número total de familiares, incluindo até mesmo os que não têm renda, desde que morem em sua casa.
Se o resultado for igual ou abaixo de um salário mínimo, o portador de deficiência será considerado carente.

Quais os documentos necessários para solicitar o Passe Livre?

Cópia de um documento de identificação. Pode ser um dos seguintes:

• certidão de nascimento;
• certidão de casamento;
• certidão de reservista;
• carteira de identidade;
• carteira de trabalho e previdência social;
• título de eleitor.

Atenção: Quem fizer declaração falsa de carência sofrerá as penalidades previstas em lei.

Como solicitar o Passe Livre?

Fazendo o donwload dos formulários acima, preenchendo-os e anexando um dos documentos relacionados. Uma vez preenchidos, os formulários devem ser enviados ao Ministério dos Transportes no seguinte endereço: Ministério dos Transportes, Caixa Postal 9800 - CEP 70001-970 - Brasília (DF). Neste caso, as despesas de correio serão por conta do beneficiário; ou
Escrevendo para o endereço, acima citado, informando o seu endereço completo para que o Ministério dos Transportes possa lhe remeter o kit do Passe Livre. A remessa ao Ministério dos Transportes, dos formulários preenchidos, junto com a cópia do documento de identificação e o original do Atestado (laudo) da Equipe Multiprofissional do Sistema Único de Saúde (SUS), é gratuita e deve ser feita no envelope branco, com o porte pago.

Atenção: Não aceite intermediários. Você não paga nada para solicitar o Passe Livre.

Quais os tipos de transporte que aceitam o Passe Livre?

Transporte coletivo interestadual convencional por ônibus, trem ou barco, incluindo o transporte interestadual semi-urbano. O Passe Livre do Governo Federal não vale para o transporte urbano ou intermunicipal dentro do mesmo estado, nem para viagens em ônibus executivo e leito.

Como conseguir autorização de viagem nas empresas?

Basta apresentar a carteira do Passe Livre do Governo Federal junto com a carteira de identidade nos pontos-de-venda de passagens, até três horas antes do início da viagem. As empresas são obrigadas a reservar, a cada viagem, dois assentos para atender às pessoas portadoras do Passe Livre do Governo Federal.

Atenção:

Se as vagas já estiverem preenchidas, a empresa tem obrigação de reservar a sua passagem em outra data ou horário. Caso você não seja atendido, faça a sua reclamação pelo telefone 0800-61-0300. A ligação é grátis.

O Passe Livre dá direito a acompanhante?

Não. O acompanhante não tem direito a viajar de graça.

Informações:

Posto de atendimento - SAN Quadra 3 Bloco N/O térreo - Brasília/DF
telefones: (61)315.8257, 315.8261 e 315.8253.
Caixa Postal - 9.800 - CEP 70.001-970 - Brasília/DF
e-mail: passelivre@transportes.gov.br

Reclamações:

Ligue grátis: 0800-61-0300
e-mail: passelivre@transportes.gov.br
Departamento de Transportes Rodoviários
Caixa Postal - 9.800 - CEP 70.001-970 - Brasília/DF
Site: http://www.transportes.gov.br/ascom/PasseLivre/Manual.htm
Fonte: http://www.mpdft.gov.br/sicorde/passe.htm

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sobre a loucura

As diferentes posturas em relação à loucura mostram que, ao longo da história, o juízo de valor foi o principal termômetro da normalidade. O discurso do dominante sempre vence, ou culturalmente ou segundo os interesses mercadológicos. O mais triste é quando a classificação e a marginalização são decorrentes de preconceito do que se é ainda desconhecido.
Para "amenizar" essa dura realidade vamos contrapor um poema do magistral Khalil Gibran.
A conclusão fica a critério de cada um.

" O Louco" - Khalil Gibran

Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu
havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um rapaz no cimo do telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez a minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava a minha face nua, e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais as minhas máscaras.

E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram as minhas máscaras!”

Assim tornei-me louco.

E encontrei tanta liberdade como segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

Duas músicas que remetem ao tema

Balada do Louco
Ney Matogrosso
Composição: Arnaldo Baptista / Rita Lee



Balada para un loco
Roberto Polaco Goyeneche
Composição: Piazzolla y Ferrer

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Elis Regina

Elis Regina Carvalho Costa (17 de março de 1945, Porto Alegre-RS / 19 de janeiro de 1982, São Paulo-SP)

Para muitos, Elis foi a maior cantora brasileira de todos os tempos. Incomparável em técnica e garra, a "Pimentinha", o "Furacão Elis", como era chamada, lançou compositores como João Bosco e Aldir Blanc, Renato Teixeira, Fátima Guedes. A primogênita do casal Romeu Costa e Ercy Carvalho Costa foi a primeira pessoa a inscrever sua voz como instrumento na Ordem dos Músicos.

Em 1956, passou a integrar o elenco fixo do programa, Clube do Guri, da Rádio Farroupilha de Porto Alegre. Em 1959, assinou seu primeiro contrato profissional com a Rádio Gaúcha também de sua cidade natal.

Em 1965, venceu o 1º. Festival Nacional de Música Popular Brasileira (TV Excelsior) com "Arrastão" (Edu Lobo e Vinícius de Morais). Dois dias depois, estreou no Teatro Paramount (SP) o show "Elis, Jair e Jongo Trio", que, gravado ao vivo, se tornou o LP "Dois na Bossa". Com sucesso do disco, ela e Jair Rodrigues estrelaram o histórico programa semanal "O Fino da Bossa".

O programa saiu do ar em junho de 1967, porém, Elis continuou ao lado de Jair Rodrigues nos três programas da série "Frente Única - Noite da MPB" (TV Record). Em dezembro, aos 22 de idade, casou-se com Ronaldo Bôscoli, 16 anos mais velho. Logo, nasceu seu primeiro filho, João Marcelo.

O casamento terminou em 1972 e, em 1974, casou-se com o pianista César Camargo Mariano. Viveu em São Paulo, onde nasceram: Pedro, em 1975; e Maria Rita, em 1977. Em 1981, separou-se de César.

Sua carreira internacional ficou mais importante a partir de 1968, quando cantou nas TVs inglesa, holandesa, belga, suíça e sueca. De volta à TV Record, em 1969, fez a série de programas "Elis Studio", dirigida por Miéle e Bôscoli. Em maio, viajou para Londres, onde gravou um LP com o maestro inglês Peter Knight. Em junho, na Suécia, gravou um LP com o gaitista Toots Thielemans.

"Elis & Tom", disco com Tom Jobim, saiu em 1974. Na inauguração do Teatro Bandeirantes (SP), cantou ao lado de Chico Buarque, Maria Bethânia, Tim Maia e Rita Lee. No ano seguinte, lançou "Falso Brilhante", em disco e nos palcos, show que assistido por 280 mil pessoas.

Pela TV Bandeirantes, em 1979, demonstrou a sua intimidade com São Paulo em um programa no qual passeava pela cidade com Adoniran Barbosa e visitava Rita Lee. E participou do Show de Maio, com renda revertida para o fundo de greve dos metalúrgicos de São Paulo, no estúdio da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, para 5 mil pessoas.

Naquele ano, gravou "O Bêbado e a Equilibrista", imediatamente apelidado de "Hino da Anistia". No 13º Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, foi aplaudida por 11 minutos. Para agradecer a platéia, fez uma jam session com Hermeto Pascoal.

Em 1980, o show "Saudade do Brasil" reuniu no palco 24 músicos e bailarinos. No ano seguinte, fez o espetáculo "Trem Azul", com cenário de Elifas Andreato. Teve morte repentina, em 19 de janeiro de 1982. Foi velada no Teatro Bandeirantes, e vestia a camiseta proibida pela ditadura militar no show "Saudade do Brasil": a bandeira brasileira, com seu nome escrito no lugar de "Ordem e Progresso".
Fonte: www.netsaber.com.br/biografias/

O bêbado e a equilibrista
(1979)
Samba
Composição: João Bosco e Aldir Blanc
Interpretação: Elis Regina

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"o homem é o lobo do homem"


Thomas Hobbes (1588-1679) defendia que a boa governação dependia do equilíbrio entre o número da população e os recursos naturais de que o grupo dispunha. Era necessário um esforço produtivo, contenção no consumo e o recurso à emigração para captar novas riquezas, ou em caso extremo o recurso à guerra. É neste modo de pensamento que se fundamenta a célebre frase "o homem é o lobo do homem". O paradigma produtivo mudou, hoje, não fossem os desvios da Nobreza, existiriam recursos para todos .


Não perdemos os bons amigos, mas não os alcançamos mais. Apenas sabemos que eles estão lá

Sinal Fechado
Composição e interpretação: Paulinho da Viola

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Foto Oficial: Presidenta Dilma

Publicada a Foto Oficial da Presidenta Dilma


O Palácio do Planalto apresentou nesta sexta-feira a foto oficial da presidente Dilma Rousseff, que será afixada em prédios e salas da administração pública federal. Com um terninho off-white com gola em pesponto bege, a presidente escolheu pessoalmente a foto oficial final.

Com brincos de pérola em base de ouro e brilhantes, o mesmo utilizado na posse, e batom cereja, Dilma foi fotografada pelo fotógrafo oficial da presidência, Roberto Stuckert Filho, na marquise do Palácio da Alvorada, residência oficial para qual a presidente deve se mudar em breve.

A pose de Dilma Rousseff, com a faixa presidencial, foi finalizada após uma sessão de fotos de uma hora e meia organizada no dia 9 de janeiro.

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http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4890086-EI7896,00-Planalto+apresenta+foto+oficial+de+Dilma+Rousseff.html




quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os Incas e os novos conquistadores

1-Machu Picchu 2-Vale Sagrado
3-Incas - Mães e filhos - Cuzco


4-Cuzco


Os Incas e os novos conquistadores

A gravura de Guaman Poma que mostra o suplicio de Thupac Amaru na praça principal de Cuzco é uma imagem impressionante. Os rosto dos três verdugos espanhóis são máscaras sorridentes, sádicas, em contraste com a fileira de súbditos incas que expressam uma mistura de perplexidade e dor colectiva. O tosco desenho faz parte das ilustrações de um livro publicado em 1636 em Paris, já Frei Bartolomé de las Casas havia escrito a “Brevissima relação da destruição das Indias”, em que narra sórdidos ormenores do etnocidio em curso. Aí se aclara o despropósito de teimosias revisionistas que sustentam o anacronismo do julgamento de acções transactas à luz de valores contemporâneos. Não é este o caso: não eram os próprios conquistadores que violavam os seus próprios compromissos e valores? Leia-se o relato, entre tantos possiveis (como o da cilada armada a Montezuma, no México), do insuspeito monge franciscano Frei Juan de Zumarraga que se referia a um episódio que lembra o martírio de Thupac Amaru: “... Vi que chamavam os caciques e ilustres indios para que viessem em paz e sem desconfiança, e em chegando eles, logo os queimavam(...), pois com nenhuma verdade para com eles procederam, nem cumpriram a palavra dada, senão que contra toda a razão e injustamente, tiranicamente os destruiram assim como toda a terra...”.

Os descendentes dos Incas que hoje cruzam as veredas dos Andes são seres silenciosos, reservados, um contraponto do espalhafato desportivo dos trekkers europeus e norte americanos em férias. Não tiram, as mais das vezes, os olhos do chão. Caminham como se fossem sombras ténues, deslizando sobre o chão em dia de nuvens, mas são eles os herdeiros do povo que suportou estoicamente a conquista espanhola e se negou a falar das suas cidades mais recônditas – como Machu Picchu – das suas crenças e dos seus rituais, dos seus deuses mais amados. Não se sabe se Machu Picchu foi uma cidade sagrada, mas a sua localização atesta a importância que os incas atribuiam à natureza, tão evidente nas práticas agricolas do Vale Sagrado e nos terraços andinos. Hoje, Machu Picchu só conhece serenidade durante a noite, depois da mundana tropa turistica recolher à caserna. Cosme Cuba, o guia que me conduz por entre as pedras, esforçando-se por se fazer ouvir entre gritos e gargalhadasde feira. À volta de uma árvore, um grupo de turistas “esotéricos” e exibicionistas senta-se em posição de ioga e de mãos dadas... O bilhete que pagaram dá-lhes esse o poder, o de transformar Machu Picchu no seu parque privado de diversões. No dia seguinte, o bolo tem duas cerejas. Nas ruas de Cuzco, dois policias de fatiota irrepreensivel escorraçam uma mulher e duas crianças que em esfarrapados trajes tradicionais se fazem às fotografias dos turistas, os novos conquistadores. Mais tarde, no autocarro de regresso à Bolivia, um garoto franzino canta, desafinado, uma canção em quechua, na expectativa de algumas moeditas. A turistada apessa-se a repor a ordem e manda-o calar. No vídeo de bordo, a concorrência é mais forte: uma fita de Hollywood, com um tal Bruce Willis e alguns dos seus pares.
Humberto Lopes, no suplemento "Fugas"
Fonte: Xatoo
Fotos 1-2-3-4: acervo pessoal
Sugestão de filme:
Aguirre, a cólera dos deuses
Alemanha Ocidental/Peru/México
Werner Herzog - 100 min.
Eastmancolor
Idioma: alemão
Produção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Fotografia: Thomas Mauch
Música: Popol Vuh
Elenco: Klaus Inski, Daniel Ades, Peter Berling, Daniel Fártan, Justo González, Ruy Guerra, Julio E. Martínez, Del Negro, Armando Polanah, Alejandro Repulles, Cecila Rivera, Helena Rojo, Edward Roland