Flerte: o que é mais atraente no filme é o encantador processo e mútua descoberta entre os jovens enamorados John Keats (Ken Whishaw) e Fanny Brawne (Abbie Cornish). Foto: Divulgação in O Estado de São Paulo
Trailer legendado
http://youtu.be/LZ2mymWs6j4
Trilha Sonora
http://youtu.be/QNxDDtfs1mM
Música: Serenade in B-Flat K 361 - Adagio
Composição de Wolfgang Amadeus Mozart
Arranjo e Interpretação: Human Orchestra
BELEZA DE IMAGENS; BELEZA VERBAL
A trilha sonora é minimalista e assinada por Mark Bradshaw, composta de poucos acordes que nunca são invasivos, mas refletem o que parece estar acontecendo dentro da cabeça dos personagens. A diretora busca uma beleza de imagens que corresponda à beleza verbal da obra do poeta.
Keats parece estar em busca de uma musa que não apenas inspire os seus poemas, mas também os leia, compreenda e discuta. Aos poucos, Fanny é capaz de assumir essa posição.
Os dois nunca sabem, na verdade, o que fazer com o desejo carnal, que parecem sublimar em suas artes. Ela gosta de costurar, mas não apenas vestidinhos ou roupinhas simples. Fanny é o que hoje em dia se chamaria de estilista. Ela cria, obedecendo a uma necessidade de expressão muito grande presa dentro de si numa época muito conservadora.
O relacionamento entre Fanny e Keats poderia ser menos complicado não houvesse entre eles Brown (Paul Schneider, de "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford"). Melhor amigo de Keats, ele se preocupa com a obra do poeta e teme que o outro esteja desperdiçando sua genialidade com uma paixão fadada ao fracasso. O conflito entre Fanny e Brown, que também é poeta, tem ao centro as atenções de Keats.
Keats não pode se casar com Fanny porque não tem dinheiro. Por isso, seu amor é sublimado nas cartas e poemas - que, junto com uma biografia do poeta, escrita por Andrew Motion, serviram de base para o roteiro, assinado pela diretora. A paixão entre os dois poderia explodir, não fossem as amarras das convenções sociais da época.
Campion filma a história com um ritmo de tempo presente, não com um olhar do nosso presente observando o passado. Os movimentos de câmera, closes e outras imagens são um sopro de ar fresco sobre o peso do tempo que poderia cair numa história de um amor tão singelo como o de Fanny e Keats.
O que pudesse ser o empecilho para o filme - mostrar um poema sendo escrito - se torna a forma que Keats, como personagem, encontra para transpor as barreiras que limitam a sua vida, a sua paixão. Durante os créditos finais, enquanto são recitados alguns dos versos mais famosos do poeta, é fácil compreender o que seduziu a diretora a contar a sua história de amor.
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