Finalmente terminei “A Visita Cruel do Tempo”, de Jennifer Egan. “Finalmente” não porque tenha demorado para ultrapassar suas 335 páginas (não levei nem três dias, o que para mim é BEM rápido, acredite), mas porque criminosamente havia demorado para começá-lo (o livro ganhou edição brasileira na segunda metade de janeiro).
“A Visita Cruel do Tempo” é um dos melhores livros que já li – me faz ter vergonha de escrever até no Twitter. Como alguém consegue construir uma narrativa de forma tão elegante, criativa, com personagens tão vivos em uma história tão bem amarrada?
Egan costura erudição com linguagem pop; contrapõe episódios melancólicos com passagens de humor preciso; vai e volta no tempo de maneira fluida, sem tropeços. Seus recursos parecem infinitos – usa até desenhos em esquema Powerpoint. O narrador aparece em primeira, em segunda e em terceira pessoas, e cada capítulo nos envolve a partir do ponto de vista de um dos personagens.
Dá para dizer que os principais são Bennie Salazar, ex-punk que montou um selo de música; e Sasha, assistente de Bennie que sofre de cleptomania. Mas tem mais: tem Lou, espécie de mentor de Bennie; tem Scotty. Jocelyn, Rhea e Alice, amigos de adolescência de Bennie; tem a assessora de imprensa Dolly e sua filha, Lulu.
Passeamos pela história desses personagens durante algumas décadas, indo e voltando, viajando de Nova York à África, passando por Nápoles.
Não é à toa que Jennifer Egan cita “Pulp Fiction”, “Os Sopranos” e “Em Busca do Tempo Perdido” como influências. “A Visita Cruel do Tempo” pode ser encarado como várias histórias que se fecham em si (como “Pulp Fiction”); seus protagonistas são assustadoramente humanos e densos (como em “Sopranos”); e (como no clássico de Proust) faz uma reflexão sobre como o tempo muda (ou não) os personagens.
Jennifer Egan ganhou o Pullitzer por este romance. A HBO já comprou os direitos para criar uma série. Desde “Um Dia” não lia um livro tão espetacular. Com a diferença que “A Visita Cruel do Tempo” é ainda melhor.
Fonte: Portal iG
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ResponderExcluirPor ser muito antigo o quadro de comentário do blog, ele ainda apresenta a opção comentar anônimo, mas, com a mudança na legislação
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