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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Desenvolvimento do país depende da educação, diz presidenta

por Paula Laboissière, da Agência Brasil



A presidenta Dilma Rousseff disse n dia 16 que o desenvolvimento do país depende da educação. No programa semanal Café com a Presidenta, ela destacou a democratização do acesso ao ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (Prouni). Juntas, as iniciativas contabilizam mais de 300 mil vagas abertas desde o início do ano.

“O desenvolvimento do país depende da educação e por isto esses programas são tão importantes, são tão estratégicos para o jovem, para a sua família e, sobretudo, para o Brasil”, disse. “Nossa intenção é garantir a todos os jovens que queiram frequentar a universidade uma chance, uma oportunidade”, completou.

Dilma lembrou que o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) permite que o estudante financie até 100% da mensalidade, com juros de 3,4% ao ano. O programa prevê ainda que o aluno só comece a pagar o empréstimo um ano e meio após o término da faculdade. O prazo é três vezes mais que a duração do curso.

Além disso, segundo a presidenta, jovens que optarem por cursos de licenciatura, ou de medicina e que forem trabalhar dando aulas em escolas públicas ou atendendo pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em locais em que há carência de médicos, poderão ter o débito do Fies reduzido.

“A educação é a principal ferramenta para a conquista dos sonhos de cada um e também para que o Brasil continue crescendo, distribuindo renda, para que seja um país de oportunidade para todas as pessoas. Nada é mais importante que a educação quando se trata de distribuição de renda e de garantia de futuro”, concluiu Dilma.

* Publicado originalmente no site Agência Brasil e retirado do Portal Aprendiz.
(Portal Aprendiz)
Fonte: Envolverde

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Educadores revelam os desafios de ensinar fora da sala de aula

*Flávio Aquistapace

A educação acontece em diferentes lugares. Inclusive diante das descobertas propiciadas por uma obra de arte. Só este ano, em São Paulo, a exposição que celebrou os 60 anos da Fundação Bienal, a mostra “Em nome dos artistas” atendeu, via setor educativo, 50 mil pessoas (segundo noticiado pela Folha de S.Paulo em 5 de dezembro de 2011) – o equivalente a mais da metade do público total do evento.

Outras grandes exposições, como o Videobrasil, ocorrido em 2011 no Sesc Belém e em outros espaços, alcançou quase um terço do seu público total graças ao setor educativo (dados da própria instituição), muitos dos quais foram visitantes que vieram com suas escolas. Para conhecer os desafios profissionais da área, conversamos com as educadoras Carolina Velasquez, Cristina Walter e Valquíria Prates, todas atuantes no setor há pelo menos dez anos.

Sem um levantamento de quantos são ou uma associação que atenda às demandas da categoria, os trabalhadores do setor sabem que lidar com educação não formal em São Paulo significa, involuntariamente, militar pela estruturação na área, provando a cada dia o valor da prática educativa desenvolvida em outros espaços além da sala de aula.

Dos muitos museus e instituições culturais da cidade, são poucos os que contam com um corpo fixo de educadores, ou com um setor educativo. Num momento em que a pressa parece ser a chave-mestra dos entendimentos e da comunição vigente, tirar um tempo para si e contar também com interlocutores bem preparados e abertos para o diálogo em torno da produção de arte pode significar uma valorosa transformação nas convivências – e, onde tem transformação, tem trabalho.

Abaixo, as entrevistadas contam que trabalho é esse, as peculiaridades e as principais dificuldades da profissão.

Quais os principais campos de atuação para o educador não formal?

Museus, centros culturais e ONGs, que também têm crescido bastante em participação no mercado.

Como é o trabalho do educador para arte em museus?

A cada novo trabalho temos um curso que nos provê do conteúdo da exposição em que se vai trabalhar. É uma atividade permeada por muito estudo, portanto. Um educador não pode deixar nunca de pesquisar, estudar, realizar textos. Daí posteriormente existe o contato com o público, que é diário. A atuação é voltada aos interesses singulares de cada visitante, a partir dos percursos possíveis de acordo com o que cada exposição está apresentando. Transita-se pelos assuntos das exposições a partir dos interesses identificados nos próprios visitantes. Para isso, buscam-se equipes multidisciplinares, já que a atividade também o é. O que acho complicado é o formato que a profissão tem aqui no Brasil, ou em São Paulo. Trabalha-se por projeto, e dificilmente existe uma equipe fixa num determinado museu, ou centro cultural. A instabilidade é difícil, principalmente para quem está começando. É uma dificuldade posta pelo próprio mercado.

Que tipo de dificuldades enfrenta o trabalhador da área?

A primeira delas é não ter registro na carteira. Se você fica dois ou três meses sem trabalhar, entre uma exposição e outra, é necessário fazer a contribuição do INSS por conta própria, por exemplo. Fora 13º, férias, ou seja, não há nenhuma segurança. E todo mundo quer ter o mínimo de estabilidade. Isto vem de uma política que barateia o custo para as instituições, e assim ela pode trabalhar com “n” pessoas diferentes.

O que caracteriza o trabalho com a educação não formal?

Na educação não formal existe uma liberdade de criação muito grande. É um grande espaço de experimentação aplicada de diversas metodologias. Por outro lado, existe uma dificuldade muito presente para sistematizar o desenvolvimento diário conquistado na profissão, quanto às relações estabelecidas com o público ao longo das últimas décadas. Existe uma certa falta de consciência do educador como um profissional atuante. Tanto por parte dos setores mais burocráticos das instituições quanto às vezes dos próprios educadores. O conhecimento, nesta profissão, tende a ser muito segmentado, o que dificulta a apreciação dos resultados e dos objetivos consolidados.

Quem são os trabalhadores da área?

Inicialmente eram estudantes universitários, não necessariamente de licenciatura, que procuravam ou um estágio, ou um meio de subsistência financeira, ou ainda uma maneira de enriquecer seu repertório a partir da formação proporcionada pelas instituições previamente às mostras de arte – o assim chamado “período de formação”. É um mercado que reúne estilos muito diversos de prática, conforme o posicionamento de cada instituição. Muitos dos profissionais acabam tendo de se desdobrar tanto entre suas atividades acadêmicas, quanto de produção do próprio trabalho de arte, bem como no atendimento às escolas e ao público espontâneo em atividades voltadas à educação não formal.

Quais os maiores desafios para um educador da área?

Como conciliar a realização financeira com o tempo do estudo e do trabalho. São necessidades pelas quais passam os educadores que escolheram viver da sua arte – atividade simultânea adotada por muitos que trabalham também com a educação não formal. O que vem primeiro: a sua autonomia e a constituição do seu próprio saber e de sua formação, ou as demandas instituicionais a que se está atrelado? Pode ser difícil alcançar um equilíbrio quando muitas vezes é preciso lidar inclusive com a simultaneidade de empregos, acumulando jornadas de trabalho, isso em meio aos complexos deslocamentos por uma cidade como São Paulo, por exemplo.

Como é o dia a dia profissional de um educador não formal?

O educador não formal precisa sempre aprender de novo, a partir do contato com coisas que se colocam no cotidiano, tanto quanto ao repertório, bem como da metodologia para o trabalho. É uma atividade em que, mais que nunca, a forma do que se está ensinando é tão importante quanto o que está sendo ensinado. São ações repensadas em sua duração e procedimentos no transcorrer do caminho. Tem a ver, portanto, com como convocar para a aprendizagem, tema recorrente na educação não formal.

Quais as peculiaridades da prática educativa não formal?

Na educação não formal, como a gente não necessariamente está no espaço de sempre, como é o caso de uma sala de aula, a gente precisa desenvolver também maneiras diferentes de abordagem. O espaço da sala de aula já carrega décadas de pensamento sobre isso; o da educação não formal, até por ser uma coisa recente, não.

Quais os principais desafios para o trabalhador da área?

Por se trabalhar com contratos de trabalho com duração determinada, existe uma insegurança profissional e muitas vezes até financeira. Você pode estar no mercado de educação não formal com carteira assinada, benefícios, etc., mas em geral, o que acontece é que o mercado brasileiro para a área é caracterizado como um serviço, algo transitório, o que não deixa as pessoas terem a sensação de estabilidade. Para muita gente, isto pode ser muito bacana: você está sempre mudando. Por outro lado, você não consegue ter um trabalho continuado, com o mesmo grupo de pessoas. Tanto com relação aos seus pares, quanto àqueles que são os educandos. É um grande desafio. E para a instituição que promove a educação não formal também. É uma herança do neoliberalismo exarcebado nos anos 1990, no qual o lugar da cultura, que é o campo de atuação da educação não formal, é entendido como uma prestação de serviço, com oscilações e fragilidades, dependente de variáveis orçamentárias que não têm sustentabilidade própria. Isto acaba refletindo nas relações de trabalho.

Todo esse contexto redunda num desafio maior, que é o de como se colocar politicamente dentro das instituições e do seu próprio trabalho, ou seja, quais concessões fazer e quais não, ou porquê este ou aquele formato de trabalho, com abertura para tal e tal público? É um trabalho em que se trata, acima de tudo, de uma formação política, inclusive do prórpio educador. Acaba sendo um jeito de responder a quais narrativas de vida se quer para si, e é quando se tem a possibilidade de descobrir que pouca coisa não está ao alcance da gente mesmo mudar.

*Portal Aprendiz

domingo, 29 de janeiro de 2012

Filme: Ao Mestre Com Carinho

http://www.youtube.com/watch?v=2U-nM8Tp78Q

Cíntia A. Bittencourt

Sidney Poitier é Mark Thackeray, um jovem engenheiro desempregado que chega à Londres e logo encontra uma vaga como professor em uma escola pública em um bairro operário. Inexperiente no novo trabalho, enfrenta alunos indisciplinados, rebeldes e por vezes até racistas. O filme é um clássico que refletiu alguns dos problemas e medos dos adolescentes do anos 60.

O professor, engenheiro de comunicações, provavelmente não teria didática, tampouco o preparo pedagógico adequado para lidar com uma classe e alunos. Mesmo inexperiente, conscientiza-se de que o essencial naquele momento e para aqueles jovens, não seria necessariamente o estudo de ciências ou literatura, por exemplo. Basicamente eles necessitavam de disciplina, conselhos, apoio moral e compreensão. Careciam de respostas, mas não precisamente respostas a dúvidas científicas, e sim aprendizados que os fizessem crescer como seres humanos, adultos que logo estariam tomando conta de um lar e uma família sozinhos.

A relação entre a classe e o professor de início foi conturbada. Os jovens tinham a visão sobre o mestre como a de um inimigo, alguém que não os compreendia e que desejava seu mal. Porém, aos poucos, o “mestre Thackeray” conquistou a confiança de todos, agindo como um amigo e conselheiro, embora seu aspecto sério e rígido fosse característica notável. Confiança, esta, que adquiriu primeiramente com as meninas, encantadas com seus modos tão educados e corretos, e posteriormente com os rapazes, que ainda desconfiavam de sua boa vontade.

O mestre desprendeu-se do paradigma habitual dos cursos de matemática, ciências, geografia, etc. Para tanto, aqueles jovens primeiramente necessitavam de conceitos que afetassem diretamente sobre suas vidas, fatos que realmente lhes fariam sentido no momento. Tendo o professor notado este fato e passado a suprir estas necessidades, os alunos começaram a interessar-se pela aula e pelo ato de ir à escola, pois esta tornou-se seu porto seguro, sua base para a vida “lá fora”.

As políticas educacionais da época ainda eram muito precárias, não havia controle no aprendizado dos alunos, pois muitos nem mesmo sabiam ler corretamente, mesmo estando prestes a se formar. Os professores dificilmente eram formados nas áreas específicas de ensino, muitas vezes desprovidos de formação acadêmica, fato que até hoje presenciamos em muitas instituições de educação no Brasil.

O filme nos demonstra a importância da boa vontade e da compreensão no ato de ensinar e educar, pois a escola, além de local de estudos, é onde se aprende valores, onde a pessoa se constrói e cresce, aprontando-se para a vida “lá fora”, ou seja, a sociedade.

(Filme "Ao Mestre com Carinho")

*Fonte: O Artigo


sábado, 28 de janeiro de 2012

Transforme-se num detector de mentiras

Livro desvenda os truques de detetive para reconhecer mentirosos

Cuidado, seu corpo revela tudo sobre as mentiras que você conta

Que todo mundo conta mentiras não é novidade. Estudos conduzidos pelo psicólogo e especialista em linguagem corporal, Paul Ekman, por exemplo, revelam até números bem impressionantes: as pessoas em geral mentem três vezes a cada dez minutos, ainda que nem se deem conta disso. Diante disso, você não será considerado um maníaco se desconfiar que muitas das histórias que nos contam no trabalho, em casa ou entre amigos sejam pura e simplesmente... falsas.

E se fosse possível detectar quando alguém está mentindo para você? Pesquisadores vêm tentando descobrir formas infalíveis de pegar mentirosos há muitas décadas. Os polígrafos, por exemplo, aqueles aparelhos que prometem detectar mentiras por meio da análise do nível de stress que transparece na nossa voz quando não falamos a verdade, já foram considerados o suprassumo da tecnologia e não é à toa que são favoritos em filmes de ficção científica.

Mas a grande aposta dos caçadores de mentiras hoje são as ‘microexpressões’, sinais quase imperceptíveis e involuntários que enviamos todo tempo quando estamos nos relacionando e que dizem muito mais de nós do que sonhamos imaginar.

Usando as técnicas corretas, seria possível ler sinais faciais que contradigam o que está sendo falado e, portanto, apontem para possíveis inverdades.

Foto: Divulgação - Conselhos do especialista em detecção de mentiras Wanderson Castilho para reconhecer um mentiroso

É esse o trabalho do especialista em crimes e fraudes eletrônicas, Wanderson Castilho. E com base nessa experiência e em anos de estudo, ele escreveu o livro “Mentira – um rosto de muitas faces” (Editora Matrix), que pode ser de grande ajuda na hora de identificar um engodo. Castilho aplica a técnica desenvolvida por Paul Ekman. A mentira é percebida pela incompatibilidade entre a emoção realmente sentida e o momento vivido ou aquilo que está sendo dito. “Quando você mente, está negando a verdade, e alguma parte da sua expressão facial ou do seu corpo vai denunciá-lo”, explica Wanderson.

"A mudança de padrão (baseline) é o indicativo mais importante para reconhecer um mentiroso", ele ensina. "Baseline é o mapa das expressões faciais e características de comportamento da pessoa numa conversa relaxada, em que ela não se sinta ansiosa, acuada ou pressionada a mentir. Na elaboração de um baseline, deve-se prestar atenção a aspectos como a frequência do piscar de olhos, o uso das sobrancelhas para dar ênfase a alguma parte da conversa, a posição das mãos, das pernas, a rigidez do ombro, o aspecto da testa, da boca.

Há diferentes níveis de mentira e de mentirosos

Para detectar uma mentira é preciso entender o comportamento padrão da pessoa, prestar atenção no que ela diz, prestar atenção nos pequenos movimentos do rosto, que são as microexpressões faciais, do corpo e nas variações do tom da voz. Nosso cérebro não aceita a negação.

No entanto, nem sempre a mentira é um ato reprovável. Mentir faz parte do nosso repertório de sobrevivência, é instinto de preservação. Sem ela a sociedade entraria em colapso. Mentimos não porque temos problemas em dizer a verdade. Em muitos casos, é provável que mintamos para atenuar o impacto que a verdade teria. Ou seja, mentimos de forma a evitar magoar pessoas com quem nos importamos, ou para evitar situações embaraçosas, constrangedoras.

Mentiras sociais também têm uma função importante, tornam a convivência diária mais amena. Quantas vezes concordamos com alguém para evitar o debate ou incentivamos uma pessoa querida a vencer um grande problema mesmo sabendo que a chance é ínfima?

Há milhares de razões para mentirmos. Mas, frequentemente, somos movidos pela a vergonha ou pelo orgulho. No ambiente de trabalho também há muita mentira. Quem comete um crime também vai mentir. A mentira é a principal sustentação do criminoso.

A mentira maldosa, mal-intencionada, dita com o intuito de manipular, de forma ilegal, imoral e inconsequente, essa é condenável e pode desencadear fatos funestos. Quem mente com essa intenção corre o risco ser descoberto e receber punição. O cérebro entende esse risco como uma ameaça à vida. Entre mentir nessas condições e dar de cara com um animal pronto para nos atacar dá exatamente no mesmo. O corpo reage à ameaça com aumento do batimento cardíaco, aumento da pressão arterial, aumento da quantidade de suor, dilatação das pupilas.

E existem, ainda, os mitômanos, pessoas que sofrem de um distúrbio de personalidade cujo sintoma é a tendência compulsiva a mentir. Segundo psicólogos, indivíduos mitômanos nunca admitem que mentem, embora saibam perfeitamente que o fizeram. Além disso, ser flagrado mentindo não irá causar qualquer embaraço a um portador da síndrome da mentira compulsiva. Por outro lado, como vivem mentindo, os mitômanos acabam por acreditar que são reais as mentiras que contam. Não se trata de falha de caráter ou de formação moral, mas de uma doença, que requer tratamento psicológico e psiquiátrico.

Dicas para reconhecer um mentiroso
- O mentiroso busca sempre ser o mais convincente possível – suas histórias são cheias de detalhes.
- Pessoas insatisfeitas com suas vidas tendem a mentir mais
- Pessoas bonitas tendem a mentir melhor
- Vozes bonitas convencem mais facilmente – mesmo quando mentem
- Quem mente mal mente menos

Microexpressões relacionadas à mentira

- Lábios: morder ou lamber os lábios pode ser um forte indício de mentira.
- Voz: quem mente fica com as cordas vocais mais esticadas que o normal. Isso deixa a voz mais fina e fraca. Para compensar, a pessoa tenta falar mais alto.
- Olhar: o mentiroso desvia o olhar enquanto conta a sua mentira e depois passa a olhar atentamente, querendo observar se conseguiu enganar.
- Secura: em função de uma reação da adrenalina, o mentiroso fica com a garganta e boca secas, sendo comum se engasgar ou engolir seco.
- Encobrir parcialmente a boca: traduz uma vontade de amordaçar-se. Tende a ser um gesto rápido porque exprime um conflito: uma parte do mentiroso não quer calar-se e sim continuar com a sua mentira.
-Tocar o nariz: em momentos de tensão a sensibilidade da mucosa nasal aumenta. Assim, ao mentir, o nariz coça, embora possa ser uma
- Ombro: erguer levemente um dos ombros.
- Expressão facial falseada: quando somos genuínos, usamos os músculos faciais certos para expressar uma emoção. Num sorriso moderado e falso, não aparecem os pés de galinha, as bochechas não são levantadas e os olhos ficam menos apertados. Num sorriso real, mais músculos são utilizados e a pálpebra superior dobra-se um pouco sobre os olhos.

Fonte: Portal iG

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Terrorstorm: História do Terrorismo Governamental [Legendado]

Melhor documentário sobre Terrorismo de Estado - atos perpetrados pelos próprios governos para acusar inimigos externos, ou mesmo internos, assim justificando guerras, invasões, repressão militar, revoluções, prisões, cerceamento das liberdades civis.Desde o incêndio cinematográfico do Reichstag em 33, pro Hitler se fazer ditador, até as bombas e a execução do Brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres, 2005 - documentário imperdível para compreender o emprego e funcionamento do terrorismo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Universidade dos Pés-Descalços

Bunker Roy: Aprendendo com um movimento de pés-descalços

Em Rajasthan, na Índia, uma escola extraordinária ensina mulheres e homens do meio rural - muitos deles analfabetos - a tornarem-se engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos nas suas próprias aldeias.

Chama-se Universidade dos Pés-Descalços, e o seu fundador, Bunker Roy, explica como funciona.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Quais os melhores países do mundo para mulheres?

Nórdicos estão no topo do ranking que avalia a desigualdade entre homens e mulheres. Brasil está em 82º lugar

Logo depois de receber a promoção dos seus sonhos, você descobriu que estava grávida. Tudo bem, porque você e o pai dos seus filhos vão poder decidir de que forma preferem tirar os 12 meses de licença-maternidade a que ambos têm direito. Quando o bebê ficar maiorzinho, vai poder ir para uma ótima creche municipal e você nem precisa pegar o carro para levá-lo porque a creche fica ali do lado, no mesmo bairro onde você mora. Sabe aquela sensação chata de achar que o seu vizinho, porque é homem, está sempre alguns pontos acima na hierarquia de salários da empresa? Esqueça. Quando voltar ao trabalho, você vai desempenhar tarefas e será remunerada exatamente como qualquer homem no mesmo cargo. Em casa, seu marido é seu parceiro, divide tudo com você. E isso não parece um favor nem uma obrigação, é só natural. Lá fora, outras mulheres como você têm acesso à educação de qualidade (assim como os homens), os programas de saúde funcionam bem em todas as fases da vida, inclusive na velhice, e funcionam para todos. Isso se deve, em parte ao menos, é claro, à participação das mulheres em todos os níveis da vida política do seu país. Parece sonho?


Foto: Getty Images/Desafios da mulher

Esse cenário é bem real na vida de mulheres que moram em países avançados na igualdade de gênero. O Fórum Econômico Mundial mapeou esses países no relatório Global Gender Gap Report 2011, que calculou a distância (o nome em inglês é gap) entre gêneros em 135 países, com base em indicadores nas áreas de saúde, educação, participação econômica e política na sociedade. Os países onde mulheres e homens vivem em condições mais igualitárias são Islândia, Noruega, Finlândia, Suécia e Irlanda, nessa ordem.

Entre os BRICs, o Brasil é o país melhor posicionado, mas ficou na 82ª posição, segundo o relatório. O abismo entre gêneros aumentou em alguns países, como Nigéria, Mali, Colômbia, Tanzânia e El Salvador.

A posição do Brasil, em 82º lugar, não significa que o país seja pior do que Cuba, que está em 20º, e sim que a igualdade entre homens e mulheres é maior na ilha do que no Brasil.“Em algumas variáveis, como educação primária, o Brasil aparece em 105ª posição, pela razão de homens e mulheres. Mas pensando na porcentagem de pessoas com instrução primária na população, estamos melhor do que muitos países”, explica Carla Regina Alonso Diéguez, docente da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP). Ou seja, o abismo entre gêneros é avaliado de forma independente do desenvolvimento do país.

Mulheres na política

No geral, os dados do Gender Gap Report são animadores. Nos últimos seis anos, a igualdade entre os sexos aumentou em 85% dos países. O relatório desse ano passou a analisar políticas públicas que facilitem o acesso da mulher ao mercado de trabalho. Em 88% dos países, há leis proibindo a discriminação de gênero no mercado de trabalho, 20% dos países tem representação feminina obrigatória na diretoria e 30% tem cotas de participação política. Outra boa notícia é que em saúde e educação, as barreiras diminuíram globalmente. Em saúde, o índice de igualdade chega a 96%, e em educação, 93%. Os grandes desafios da maior parte dos países ainda estão na participação das mulheres na vida política e econômica do país.

Para Carla, o fato de países nórdicos ocuparem o topo do ranking está muito ligado à consolidação das politicas e ações gerais de bem estar social. “Isso diminui a competitividade, porque são países com amplos benefícios sociais. Uma sociedade patriarcal, que tem o homem como provedor, acaba dando prioridade ao emprego masculino. Isso gera desigualdade de ganhos, e mesmo de ocupação”, afirma.
Para aumentar a inserção econômica e política das mulheres, a mudança cultural precisa ser reforçada por políticas públicas. “Ações afirmativas de cotas são formas de inserir esses grupos vulneráveis. Num primeiro momento, são coercitivas, mas acabam tornando a inclusão natural.” A participação mais igualitária das mulheres na vida pública é um desafio, tanto no mundo como no Brasil. “Elas trazem para as esferas de decisão macro de um país questões relativas à vida feminina. No nosso legislativo, somos no máximo 10%. Ainda há resistências à participação de mulher em determinados espaços”, afirma a professora.

Conheça agora os paraísos femininos do planeta:

Na pontuação do relatório, 100% representam igualdade total entre homens e mulheres

1º - Islândia

Foto: Getty Images/A Islândia é o país com melhor igualdade de gênero, de acordo com relatório do WEF

A Islândia é um dos países mais feministas. Também é um dos países mais amigáveis do mundo. A exploração no mercado do sexo, por exemplo, foi reduzida. Uma lei fechou todos os clubes de strip-tease do país

Pontuação: 85%
População: 320 mil
Participação no mercado de trabalho: 90% de igualdade
Igualdade de salários: 70%
Acesso a educação: 100%
Acesso a saúde: 97%
Participação política: 69%

Foto: Getty Images/Países nórdicos, como a Noruega, se beneficiam de um forte estado de bem estar social

2º - Noruega

Na Noruega, as mulheres são fundamentais como parte da força econômica do país. A proteção social permite à norueguesa conciliar carreira e filhos. No mínimo, 40% dos cargos de direção, por lei, devem ser ocupados por mulheres

Pontuação: 84%
População: 4,8 milhões
Participação no mercado de trabalho: 94% de igualdade
Igualdade de salários: 75%
Acesso a educação: 100%
Acesso a saúde: 97%
Participação política: 56%


Foto: Getty Images/As finlandesas foram as primeiras mulheres do mundo a ter garantido tanto direito de voto quanto de se candidatar

3º - Finlândia

Com uma presidenta mulher, Tarja Halonen, a Finlândia é um dos países com representação política feminina mais alta. É um traço histórico: as finlandesas foram as primeiras no mundo a ter direito tanto a voto quanto a se candidatar a cargos políticos, em 1906

Pontuação: 83%
População: 5,3 milhões
Participação no mercado de trabalho: 96% de igualdade
Igualdade de salários: 74%
Acesso a educação: 99%
Acesso a saúde: 98%
Participação política: 60%

Foto: Getty Images/Combater a discriminação de gênero é prioridade para o governo sueco

4º - Suécia

Direitos sociais são uma garantia das mulheres suecas. A licença-natalidade, por exemplo, é de 480 dias, que podem ser divididos de várias formas entre o pai e a mãe, desde que cada um deles tenha direito a pelo menos 60 dias.

Pontuação: 80%
População: 9,3 milhões
Participação no mercado de trabalho: 94% de igualdade
Igualdade de salários: 75%
Acesso a educação: 99%
Acesso a saúde: 97%
Participação política: 45%

Foto: Getty Images/Melhorar o acesso das mulheres ao mercado por meio de benefícios sociais para mães foi uma das medidas tomadas pelo governo irlandês

5º - Irlanda

Desde 2006, a Irlanda subiu que 10º para 5º lugar. Reformas nas leis que garantem creches e melhoras na licença-maternidade ampliaram o acesso das mulheres ao mercado. Um dos desafios do país é ampliar o número de mulheres nos cargos decisórios

Pontuação: 78%
População: 4,4 milhões
Participação no mercado de trabalho: 78% de igualdade
Igualdade de salários: 73%
Acesso a educação: 100%
Acesso a saúde: 97%
Participação política: 42%

Foto: Getty Images/No Brasil, faltam reformas em leis e direitos sociais que acelerem o processo da igualdade de gênero

82º - Brasil

A falta de representação política é o item mais gritante que separa o Brasil dos países no topo do ranking da igualdade. Políticas públicas que fomentem o acesso de mais mulheres à vida política e econômica do país pode acelerar a corrida à igualdade

Pontuação: 66%
População: 194,9 milhões
Participação no mercado de trabalho: 75% de igualdade
Igualdade de salários: 50%
Acesso a educação: 99%
Acesso a saúde: 98%
Participação política: 5%

Fonte: Portal iG

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Maria das Graças Foster deve assumir a Petrobras em fevereiro

Diretora de Gás e Energia da estatal, que é durona e bastante próxima da presidenta Dilma,... indicada para substituir Gabrielli

Cotada (e indicada) para a presidência da Petrobras no lugar de José Sérgio Gabrielli, Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da empresa, viu seu nome sob os holofotes da mídia no final de 2010, quando começou a ser cotada a um cargo de relevância no Planalto para o início do governo de Dilma Rousseff.

Na ocasião, empresários acreditavam que ela estaria no time da presidenta brasileira e apontavam semelhanças entre as duas. São duronas e sérias, diziam. Mas, ao mesmo tempo, também era considerada provável sucessora de Gabrielli no comando da Petrobras.

Mas 2011 começou e a executiva seguiu como diretora de Energia e Gás da estatal. Agora, aos 58 anos, Graça - como é conhecida - é apontada como nova presidenta da Petrobras, cargo que deve assumir a partir de 9 de fevereiro, quando acontece a reunião do Conselho de Administração da empresa.


Foto: Agência Petrobras de Notícias - Maria das Graças Foster deve assumir a Petrobras em fevereiro

Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, a Petrobras informa que o presidente do conselho, o ministro Guido Mantega, já manifestou que vai encaminhar como proposta para a reunião a indicação de Graça para presidir a companhia. "Uma vez o assunto em questão seja aprovado pelo Conselho, a Companhia dará ampla divulgação do fato," diz a nota.

Graça deve assumir a Petrobras logo em seguida, em um momento em que a produção de petróleo da companhia está abaixo das metas e, de acordo com especialistas, só terá aumento significativo em 2013.

Botafoguense, carioca de coração e mineira de nascença, Graça é formada em Engenharia Química e tem dois filhos e uma neta. Opiniões se dividem sobre o perfil da engenheira candidata a comandar a empresa que possui um dos maiores plano de investimentos do mundo.

Alguns colegas apreciam a determinação de Graça. A executiva persegue metas e visita pessoalmente os projetos que dirige. Segundo uma fonte do setor petroquímico, Graça sempre deixou a marca de uma pessoa positiva e engajada por onde passou.

Outros destacam o jeito duro com que trata os funcionários. “Ela é igualzinha à Dilma. São duas capatazes. Alguns chamam o estilo de competência, pode até ser. São mulheres executoras, sem dúvida. Mas falta-lhes visão, projetos”, avalia um interlocutor que trabalhou com ambas.

Graça teria conhecido Dilma há 11 anos, em uma visita ao Rio Grande do Sul, para tratar sobre o gasbol. Dilma era secretária de Energia do Estado. Filiada ao PT, a afinidade com Dilma vai além do perfil parecido, do temperamento forte. "Elas pensam com a mesma cabeça", opina uma outra fonte que conhece as duas.

Uma característica de Graça, herança de sua trajetória profissional, é sua habilidade em lidar tanto com o Estado como com o setor produtivo, diz um executivo que a conhece há muitos anos. “Por ter trabalhado no Ministério e em empresas da Petrobras, ela tem uma visão interessante dos dois dos lados. Sabe conversar com a esfera política."

De janeiro de 2003 a setembro de 2005, Graça foi secretaria de Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis, cargo que ocupou a convite de Dilma, que era ministra de Minas e Energia. Fontes que acompanharam sua trajetória na época contam que as duas se aproximaram durante este período, juntas em Brasília.

De volta ao Rio em 2005, cidade onde vive com a família, Graça presidiu a Petroquisa – braço da Petrobras para o segmento de petroquímica – e, em seguida, a BR Distribuidora. Passou antes pela Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia – Brasil (TBG), após anos de carreira na Petrobras, onde ingressou em 1978 como estagiária, quando ainda estudava engenharia Química pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Depois de formada, fez mestrado em Engenharia Química, pós-graduação em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e MBA em Economia pela Fundação Getúlio Vargas.

Atualmente, além de diretora de Gás e Energia da Petrobras, ela é presidente da Gaspetro (Petrobras Gás) e dos conselhos de administração da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia - Brasil e da Transportadora Associada de Gás. Também é membro dos conselhos de administração da Transpetro, da Petrobras Biocombustível, da Braskem e do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP).


Foto: Petrobras/Divulgação - Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gastal) atravessa a Mata Atlântica

Em defesa do mercado interno de gás natural

Graça assumiu o posto na Petrobras em setembro de 2007, tendo pela frente o desafio de acalmar os ânimos entre a estatal a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Faltava gás natural para atender a todos os segmentos do País e as térmicas não recebiam o insumo contratado para gerar eletricidade.

Atendendo a uma exigência da reguladora, as térmicas passaram a ter mais prioridade na entrega do combustível sob o comando de Graça. Enquanto isso, a estatal colocava em prática um plano para aumentar a oferta de gás, batizado de Plangás. Por causa das enormes descobertas de petróleo (com gás natural associado) e dos investimentos pesados da Petrobras em gasodutos, a produção foi aumentando.

Em 2011, o Brasil produziu 68 milhões de metros cúbicos por dia, sendo pouco mais de 56 milhões metros cúbicos ao dia produzidos pela Petrobras (volume 6,2% superior ao de 2010).
No ano passado, em entrevista exclusiva ao iG, Graça falou sobre seus projetos na diretoria de Gás e Energia da empresa e defendeu o estímulo ao mercado interno de gás natural, em detrimento do fortalecimento das exportações do insumo.

"Se a gente vier a atuar como exportador será como um exportador oportunista no mercado spot e a gente precisa ter desenvolvimento interno no mercado interno mais forte, mais vigoroso, para que a gente possa absorver o máximo de gás no Brasil e compensar as volatilidades do mercado. Mas eventualmente é possível que a gente exporte”, afirmou.

Fonte: Portal iG

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Grande Gatsby

Somos o que queremos”, resume o livro O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald

Sinopse
A vida de Gatsby, seu dia-a-dia na sociedade em Long Island e as lembranças de um amor perdido na infância. O personagem é uma espécie de alter ego do escritor F. Scott Fitzgerald.

Ficha Técnica
Diretor: Jack Clayton
Elenco: Robert Redford, Mia Farrow, Bruce Dern, Karen Black, Sam Waterston.
Produção: David Merrick
Roteiro: Francis Ford Coppola, baseado em romance de F. Scott Fitzgerald
Fotografia: Douglas Slocombe
Trilha Sonora: Nelson Riddle





terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Mais de 40 milhões de pessoas se prostituem hoje no mundo

Relatório mostra a realidade nada glamurosa da exploração sexual






Foto: Thinkstock/Getty Images Ampliar / No mundo todo, entre 40 e 42 milhões de pessoas se prostituem


Traçar um panorama completo sobre a exploração sexual comercial no mundo, revelando não apenas os perigos e a complexidade que envolvem esse tema, mas sua ligação essencial com o crime organizado, é o objetivo do primeiro Relatório Mundial sobre a Exploração Sexual, desenvolvido pela Fondation Scelles francesa.

O relatório também sugere respostas e ações e alerta para uma certa 'glamurização' do problema: a exploração sexual não teria nada a ver com o 'direito' de dispor livremente do seu corpo, nem com o 'direito' à livre manifestação da sexualidade. "Nas mãos de uma criminalidade perigosa, dominada por uma violência sem precedentes, violência física, sexual, psicológica, social ... a prostituição é um atentado à integridade do ser humano e uma escandalosa exploração de situações de vulnerabilidade".

Alguns dados do relatório, que será lançado até fevereiro, foram divulgados pelo Le Figaro.

Segundo o jornal francês, no mundo todo, entre 40 e 42 milhões de pessoas se prostituem. A imensa maioria dessas pessoas são mulheres, 75% têm entre 13 e 25 anos e nove em cada dez são agenciadas por um cafetão. Na Europa, a prostituição envolve 1 a 2 milhões de pessoas, a maioria são imigrantes, 'vítimas do tráfico de seres humanos'. Só na França, cerca de trinta redes crimonosas relacionadas à exploração sexual são desmanteladas por ano.

Uma das questões apontadas pelo relatório é que o problema se agrava durante os grande eventos esportivos que movimentam milhões de pessoas.

Na Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, a instalação de "centros de sexo" perto de estádios, autorizada pelas autoridades, causou uma polêmica, diz o relatório. Outros casos, como os Jogos Olímpicos de Vancouver e a Copa do Mundo de Futebol na África do Sul intensificaram a movimentaram a oferta da exploração sexual naqueles países. Competições de Fórmula 1 não ficam de fora. Mas entre todos os eventos esportivos internacionais, o futebol e os jogos olímpicos são os grandes palcos planetários da exploração sexual.

Fonte: Portal iG


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Gérard Duménil: O mundo já ingressou na segunda fase da crise

O economista francês Gérard Duménil, autor de vários livros e ensaios sobre o capitalismo contemporâneo publicou, este ano, em parceria com Dominique Lévy, o livro The crisis of neoliberalism (Harvard University Press, 2011). Ele esteve no Brasil para uma palestra sobre a crise atual no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Na ocasião, concedeu a entrevista que segue ao cientista político Armando Boito Júnior, professor titular do IFCH.

Jornal da Unicamp: Você vem pesquisando o capitalismo neoliberal há muito tempo. Na sua análise, como se deve caracterizar essa etapa atual do capitalismo?
Gérard Duménil: O neoliberalismo é a nova etapa na qual ingressou o capitalismo com a transição dos anos 70 e 80. Eu e Dominique Lévy falamos de uma nova “ordem social”. Com essa expressão nós designamos a configuração de poderes relativos de classes sociais, dominações e compromissos. O neoliberalismo se caracteriza, desse modo, pelo reforço do poder das classes capitalistas em aliança com a classe dos gerentes (classe des cadres) – sobretudo as cúpulas das hierarquias e dos setores financeiros.

No decorrer dos decênios posteriores à Segunda Guerra Mundial, as classes capitalistas viram o seu poder e suas rendas diminuírem sensivelmente na maior parte dos países. Simplificando, nós poderíamos falar numa ordem “social-democrata”. As circunstâncias criadas pela crise de 1929, a Segunda Guerra Mundial e a força internacional do movimento operário tinham conduzido ao estabelecimento dessa ordem social relativamente favorável ao desenvolvimento econômico e à melhoria das condições de vida das classes populares – operários e empregados subalternos. O termo “social-democrata” para caracterizar essa ordem social se aplicava, evidentemente, melhor à Europa que aos Estados Unidos.

Com o estabelecimento da nova ordem social neoliberal, o funcionamento do capitalismo foi radicalmente transformado: uma nova disciplina foi imposta aos trabalhadores, em matéria de condições de trabalho, poder de compra, proteção social etc., além da desregulamentação (notadamente financeira), abertura das fronteiras comerciais e a livre mobilidade dos capitais no plano internacional – liberdade de investir no exterior. Esses dois últimos aspectos colocaram todos os trabalhadores do mundo numa situação de concorrência, quaisquer que sejam os níveis de salário comparativos nos diferentes países.

No plano das relações internacionais, os primeiros decênios do pós-guerra, ainda na antiga ordem “social democrata”, foram marcados por práticas imperialistas dos países dos países centrais: no plano econômico, pressão sobre os preços das matérias-primas e exportação de capitais; no plano político, corrupção, subversão e guerra. Com a chegada do neoliberalismo, as formas imperialistas foram renovadas. É difícil julgar em termos de intensidade, fazer comparação. Em termos econômicos, a explosão dos investimentos diretos no estrangeiro na década de 1990 certamente multiplicou o fluxo de lucros extraído dos países periféricos pelas classes capitalistas do centro. O fato de os países da periferia desejarem receber esses investimentos não muda nada a natureza imperialista dessas práticas – sabe-se que todos os trabalhadores “desejam” ser explorados a ficar desempregados.

Quando em meados dos anos 90, nós introduzimos essa interpretação do neoliberalismo em termos de classe, ela suscitou pouco interesse. Mas a explosão das desigualdades sociais deu a essa interpretação a força da evidência. A particularidade da análise marxista é a referência às classes mais que a grupos sociais. Esse caráter de classe está inscrito em todas as práticas neoliberais e inclusive os keynesianos de esquerda se exprimem, agora, nesses termos. Uma recusa a essa interpretação, no entanto, ainda se mantém; muitos não aceitam o papel importante que atribuímos aos gerentes (cadres) na ordem social neoliberal.

Entre os marxistas, continua-se a recusar que o controle dos meios de produção no capitalismo moderno é assegurado conjuntamente pelas classes capitalistas e pela classe dos gerentes (classe de cadres), o que faz dessa última uma segunda componente das classes superiores. Essa recusa é ainda mais desconcertante quando se tem em mente que as rendas das categorias superiores dos gerentes (cadres) no neoliberalismo explodiram ainda mais que as rendas dos capitalistas.

Jornal da Unicamp: Para alguns autores, o neoliberalismo foi um ajuste inevitável provocado pela crise fiscal do Estado; para outros foi o resultado, também inevitável, da globalização.
Gérard Duménil: A explicação do neoliberalismo pela “crise fiscal” e frequentemente também pela inflação é a explicação da direita; é uma defesa dos interesses capitalistas. Ela especula com as inconsequências dos blocos políticos que dirigiam a ordem social do pós-guerra. Esses foram incapazes de gerir a crise dos anos 70 e preparam a cama para o neoliberalismo. Passa-se o mesmo com a explicação que apresenta o neoliberalismo como consequência da globalização. Esse argumento inverte as causalidades. O que o neoliberalismo faz é orientar a globalização, uma tendência antiga, para novas direções e acelerar o seu curso, abrindo a via para a “globalização neoliberal”. O movimento altermundialista lutou por uma outra globalização, solidária, e não baseada na exploração em proveito de uma minoria.

Jornal da Unicamp: Você acaba de publicar, juntamente com o seu colega Dominique Lévy, um livro sobre a crise econômica atual. Na sua avaliação, qual é a natureza dessa crise?
Gérard Duménil: A crise atual é uma das quatro grandes crises – crises estruturais – que o capitalismo atravessou desde o final do século XIX: a crise da década de 1890, a crise de 1929, a crise da década de 1970 e a crise atual – iniciada em 2007/2008. Essas crises são episódios de perturbação de uma duração de cerca de uma dezena de anos (para as três primeiras). Elas ocorrem com uma periodicidade de cerca de 40 anos e separam as ordens sociais que evoquei na resposta à primeira pergunta. A primeira e a terceira dessas crises, as das décadas de 1890 e de 1970, seguiram-se a fases de queda da taxa de lucro e podem ser designadas como crises de rentabilidade. As duas outras crises, a de 1929 e a atual, nós as designamos como “crises de hegemonia financeira”. São grandes explosões que ocorrem na sequência de práticas das classes superiores visando ao aumento de suas rendas e de seus poderes. Todos os procedimentos do neoliberalismo estão aqui em ação: desregulamentação financeira e globalização. O primeiro aspecto é evidente, mas a globalização foi também, como vou indicar, um fator chave da crise atual.

Queda da taxa de lucro e explosão descontrolada das práticas das classes capitalistas são dois grandes tipos de explicação das grandes crises na obra de Marx. O primeiro tipo é bem conhecido. No Livro III de O Capital, Marx defende a tese da existência de uma “tendência decrescente da taxa de lucro” inerente ao caráter da mudança tecnológica no capitalismo (a dificuldade de aumentar a produtividade do trabalho sem realizar investimentos muito custosos, o que Marx descreve como a “elevação da composição orgânica do capital”).

Note-se que Marx refuta explicitamente a imputação da queda da taxa de lucro ao aumento da concorrência. (O segundo grande tipo de explicação para as crises já aparece em esboço nos escritos de Marx da década de 1840.) No Manifesto do Partido Comunista, Marx descreve as classes capitalistas como aprendizes de feiticeiros, desenvolvendo mecanismos capitalistas sob formas e em graus perigosos e perdendo, finalmente, o controle sobre as consequências de sua ação. Os aspectos financeiros da crise atual remetem diretamente às análises do “capital fictício”, aos quais Marx consagrou longos desenvolvimentos no Livro II de O Capital, desenvolvimentos que ecoam as ideias do Manifesto. De uma maneira bem estranha, alguns marxistas só aceitam a explicação das grandes crises pela queda da rentabilidade, excluindo qualquer outra explicação, e passam a multiplicar cálculos mal fundamentados.

Mas a crise atual não é uma simples crise financeira. É a crise de uma ordem social insustentável, o neoliberalismo. Essa crise, no centro do sistema, deveria acontecer, de qualquer modo, um dia ou outro, mas ele chegou de uma maneira bem particular em 2007/2008, vinda dos Estados Unidos. Dois tipos de mecanismos convergiram. Encontramos, de uma parte, a fragilidade induzida em todos os países neoliberais pelas práticas de financeirização e de globalização (notadamente financeira), motivada pela busca desenfreada de rendimentos crescentes por parte das classes superiores, reforçada pela recusa de regulamentação. O banco central dos EUA, em particular, perdeu o controle das taxas de juros e a capacidade de conduzir políticas macroeconômicas em decorrência da globalização financeira. De outra parte, a crise foi o efeito da trajetória econômica estadunidense, uma trajetória de desequilíbrios cumulativos, que os EUA puderam manter devido à sua hegemonia internacional – contrariamente à Europa que, considerada no seu conjunto, não conheceu tais desequilíbrios.

Desde 1980, o ritmo da acumulação de capital nos Estados Unidos desacelerou no território do próprio país enquanto cresciam os investimentos diretos no exterior. A isso é necessário acrescentar: um déficit crescente do comércio exterior, uma grande elevação do consumo (da parte das camadas mais favorecidas) e um endividamento igualmente crescente das famílias. O déficit de comércio exterior (o excesso de importações frente às exportações) alimentava um fluxo de dólares para o resto do mundo que tinha como única utilização a compra de títulos estadunidenses, levando ao financiamento da economia daquele país pelos estrangeiros – uma “dívida” vis-à-vis o estrangeiro, simplificando um pouco.

Por razões econômicas que eu não explicarei aqui, o crescimento dessa dívida exterior devia ser compensado por aquele da dívida interna, a das famílias e a do Estado, a fim de sustentar a atividade no território do país. Isso foi feito encorajando o endividamento das famílias pela política de crédito e pela desregulamentação – a dívida do governo teria podido substituir o endividamento das famílias mas isso ia contra as práticas neoliberais de antes da crise. Os credores das famílias (bancos e outros) não conservavam os créditos criados, mas os revendiam sob a forma de títulos (obrigações), cuja metade, mais ou menos, foi comprada pelo resto do mundo.

De tanto emprestar às famílias para além da capacidade delas saldarem as dívidas, as inadimplências se multiplicaram desde o início do ano de 2006. A desvalorização desses créditos desestabilizou o frágil edifício financeiro, nos EUA e no mundo, sem que o banco central dos Estados Unidos estivesse em condição de restabelecer os equilíbrios no contexto de desregulamentação e de globalização que ele próprio tinha favorecido. Esse foi o fator desencadeador, mas não o fundamental, da crise – combinação de fatores financeiros (a loucura neoliberal nesse domínio) e reais (a globalização, o sobre-consumo estadunidense e o déficit do comércio exterior desse país).

Jornal da Unicamp: Você falou em suas palestras no Brasil que a crise econômica teria entrado numa segunda fase. Como a crise vem se desenvolvendo?
Gérard Duménil: O mundo já ingressou na segunda fase da crise. É fácil compreender as razões. A primeira fase atingiu o pico no outono de 2008, quando caíram as grandes instituições financeiras estadunidenses, quando começou a recessão e quando a crise se propagou para o resto do mundo. As lições da crise de 1929 foram bem aprendidas. Os bancos centrais intervieram massivamente para sustentar as instituições financeiras (com medo de uma repetição da crise bancária de 1932) e os déficits orçamentários dos Estados atingiram níveis excepcionais. Mas essas medidas keynesianas, estimulando a demanda, só podiam ter por efeito uma sustentação temporária da atividade. Os governos dos países do centro ainda não tomaram consciência do caráter estrutural da crise. Eles agem como se a crise tivesse sido puramente financeira, já ultrapassada; entretanto, as medidas keynesianas só criaram um sursis. Nenhuma medida antineoliberal séria foi tomada nos países do centro. São apenas políticas que visam o reforço da exploração das classes populares.

Nos Estados Unidos, a administração de Barack Obama elaborou uma lei, a lei Dodd-Frank, para regulamentar as práticas financeiras, mas os republicanos bloquearam completamente a aplicação. Em outras esferas, como gestão das empresas, exportação, déficits do comércio exterior, nada foi feito. Na Europa, a crise não é identificada como a crise do neoliberalismo. A Alemanha é apresentada como tendo provado a sustentabilidade do caminho neoliberal. A crise é imputada à incapacidade de gestão de certos Estados, notadamente a Grécia e Portugal.

Em toda parte, a direita retomou a ofensiva. Ela se atém à questão dos déficits orçamentários e da elevação da dívida pública. Ela finge não ver que a austeridade orçamentária, além da transferência, que a felicita, do peso da dívida para as classes populares, não pode senão provocar a recaída numa nova contração da atividade. Essa é a segunda fase da crise. Essa segunda fase não será a última. O novo mergulho na recessão necessitará novas políticas. Contrariamente à Europa, os Estados Unidos se lançaram massivamente no financiamento direto da dívida pública pelo banco central (o quantitative easing). Muito mais coisa será necessária, apesar da direita. Nós temos dificuldade em ver como a Europa poderá escapar disso.

Jornal da Unicamp: É sabido que a crise econômica atingiu mais fortemente, pelo menos até agora, os EUA e a Europa. Na década de 1990, ao contrário, as crises econômicas foram mais fortes na periferia. Por que essa diferença? Como a crise atual se manifesta nas diferentes regiões do globo?
Gérard Duménil: Até a segunda metade da década de 1990, o neoliberalismo produziu estragos no mundo, notadamente na América Latina e na Ásia. Mesmo hoje, as taxas de crescimento na América Latina permanecem inferiores àquelas dos primeiros decênios do pós-Segunda Guerra Mundial, e isso a despeito da redução massiva dos salários reais – que foi reduzido à metade desde a crise de 1970 em alguns países da região. Na década de 1990 – e em 2001 na Argentina – os avanços do neoliberalismo provocaram grandes crises, das quais a crise argentina é um caso emblemático.

O mundo entrou, agora, numa fase nova. A transição para o neoliberalismo provoca um tipo de “divórcio”, nos países do centro, entre os interesses das classes superiores e os do país como território econômico. O caso dos Estados Unidos é espetacular. Como eu disse, as grandes empresas desse país investem cada vez menos no território do país e, cada vez mais, no resto do mundo. A globalização levou a um deslocamento da localização da produção industrial para as periferias: na Ásia, na América Latina e, inclusive, em alguns países da África sub-saariana.

Jornal da Unicamp: As políticas propostas pelos dois grandes da União Europeia para superar a crise têm repetido as fórmulas neoliberais. Os mercados intimidam os governos; Sarkozy e Merkel exigem mais e mais cortes orçamentários. Por que insistem em uma política que, para muitos observadores, está na origem da crise? Que resultado a aplicação de tais políticas poderá produzir?
Gérard Duménil: Eu não penso de jeito nenhum que o rigor orçamentário tenha sido uma das causas da crise. Isso é a expressão de uma crença keynesiana ingênua, tão ingênua quanto à crença na capacidade dessas políticas de suscitar a saída da crise, dispensando as necessárias transformações antineoliberais. Porém, nesse contexto, as políticas que visam erradicar os déficits não deixarão de provocar uma nova queda da produção.

Jornal da Unicamp: Muitos analistas têm destacado que os partidos, sejam eles de direita ou de esquerda, não se diferenciam muito nas propostas para enfrentar a crise. Ademais, em vários países europeus, como a Inglaterra, a Espanha e Portugal, a direita foi eleitoralmente favorecida pela crise econômica. Os movimentos sociais poderiam construir uma alternativa de poder? Qual poderia ser um programa popular para enfrentar a crise atual?
Gérard Duménil: Nós não falamos dos aspectos políticos do neoliberalismo. A aliança na cúpula das hierarquias sociais entre classes capitalistas e classes dos gerentes (classes de cadres) logrou, por diversos mecanismos, afastar as classes populares da política “politiqueira”. Quero dizer: as afastou dos jogos dos partidos e dos grupos de pressão. Para as classes populares, só restou a (luta de) rua.

É preciso fazer entrar em cena grupos sociais que se encontram na “periferia” das classes dos gerentes (classes de cadres): os intelectuais e os políticos profissionais. No compromisso social dos pós-Segunda Guerra, frações relativamente importantes desses grupos eram partidárias da aliança com as classes populares (às quais elas não pertenciam), que elas apoiavam nos seus campos próprios de atuação. No contexto do colapso do movimento operário mundial, as classes capitalistas lograram, no neoliberalismo, a selar uma aliança com as classes dos gerentes – usando o recurso da remuneração, notadamente – conduzindo gradualmente esses grupos periféricos (a universidade fornece muitas ilustrações sobre esse fenômeno) no empreendimento de conquista social do neoliberalismo. A proporção de grupos sociais motivados para uma aliança com as classes populares estreitou-se consideravelmente, ficando reduzida a alguns grupos “iluminados” aos quais eu próprio pertenço.

O sofrimento das classes populares não chega ao grupo dos gerentes e, no plano político, não há mais nenhum grande partido de esquerda. Na França, sabe-se no que se tornou o Partido Socialista, completamente ganho pela “globalização”, um termo para ocultar o neoliberalismo. Algo semelhante poderíamos dizer dos democratas nos Estados Unidos e eu deixo para vocês mesmos julgarem a situação do Brasil a esse respeito.

A vida política – politiqueira – se reduz à alternância entre dois partidos não equivalentes; mas o partido que se diz de esquerda é incapaz de propor uma alternativa, para não falar da sua implementação. O voto se reduz àquilo que nós chamamos na França o “voto sanção”. A direita sucede a esquerda na Espanha, por exemplo, porque a esquerda estava no poder durante a crise; a direita não tem, evidentemente, nenhuma capacidade superior para gerir a crise.

Jornal da Unicamp: Muitos observadores têm falado da possibilidade de extinção do euro. Você acredita que isso poderá ocorrer? Na sua avaliação, quais seriam os desfechos mais prováveis para a crise atual?
Gérard Duménil: É possível que alguns países saiam da zona do euro. Isso não resolveria o problema da dívida deles, que se tornaria ainda impagável depois da desvalorização da nova moeda substituta do euro. O problema é o do cancelamento da dívida ou de sua adoção pelo Banco Central. A crise da dívida atingiu agora os países do centro da Europa, e será necessário que esses países tomem consciência da amplitude e da verdadeira natureza do problema.

Isso remete às características daquilo que nós chamamos a “terceira fase da crise”. Quais políticas serão adotadas face à nova recessão? Como será gerida a crise na Itália e, depois, na França? Como a Alemanha responderá à pressão dos “mercados” (as instituições financeiras internacionais)? Uma coisa é certa: essas dívidas não devem ser pagas, o que exige a transferência delas para fora dos bancos ou uma forte intervenção na sua gestão.

Agora, o ponto fundamental é a vontade dos governos dos países mais poderosos da Europa, notadamente a Alemanha, de reforçar a integração europeia (em vez de estourar a zona do euro), que se opõe à vontade de “desglobalização” de alguns. Esse debate oculta a questão central: qual Europa? Uma Europa das classes superiores ou a de um novo compromisso de esquerda?

Fonte: Jornal da Unicamp

domingo, 15 de janeiro de 2012

Livro propõe uso de técnicas de RH para selecionar um marido

Autor defende que racionalidade empresarial pode ajudar a evitar casamentos desastrosos e cultivar boas parcerias

A seção de relacionamentos das livrarias sempre foi fértil em idéias inusitadas. Mas um dos últimos lançamentos nas estantes parece ter ido além neste sentido. Como adianta o título, o livro “Técnicas de RH para Selecionar e Segurar Marido” (Editora Matrix) propõe uma maneira curiosa de encontrar a cara-metade. “Se uma empresa agisse como muitas mulheres agem, ia ser um desastre. Imagina contratar um candidato para um cargo estratégico só por que gostou da aparência?”, explica o autor da obra, João José da Costa, advogado e executivo de recursos humanos. “A intenção do livro é colocar um pouco de racionalidade na decisão de se casar com alguém”, completa.

Foto: Getty Images/É preciso definir o perfil do candidato e checar referências

Atuante em grandes empresas multinacionais, Costa conta que decidiu escrever o livro depois de perceber que amigas e conhecidas sofriam frequentemente por conta de escolhas erradas. “Claro que o amor tem que prevalecer, mas como numa seleção profissional, deve haver uma avaliação prévia das qualidades do parceiro. Não pode ser baseado só na paixão cega”, defende.

Mais que dialogar, testes de habilidades podem ser úteis. “Se você quer ter filhos, é bom expor o seu namorado a situações que ele tenha que lidar com crianças ou assuntos infantis. O moço pode ser um bom companheiro, por exemplo, mas não necessariamente um bom pai”, completa.

- Definindo o perfil para a vaga

Antes de começar uma seleção para uma posição em sua equipe, as empresas definem as características ideais do futuro ocupante. Segundo Costa, as mulheres devem fazer o mesmo e estabelecer uma lista com pelo menos dez requisitos que um parceiro deve ter. Por exemplo: ser inteligente, bom com crianças, trabalhador, atlético, saber cozinhar, gostar de viajar, entre outros fatores. “Mas é bom ter cuidado. Se você coloca padrões altos, vai ter que estar à altura deles. Ou será como uma empresa que tenta contratar um executivo de ponta com um salário abaixo do mercado”, alerta. O bacana é que o pretendente imaginário seja desenhado com qualidades e valores essenciais, porém em outras áreas, como a financeira, os dois podem crescer juntos.

- Antecipando crises

Nessa busca pelo parceiro ideal, o autor aconselha que as mulheres apostem suas fichas na etapa que ele considera mais importante: a entrevista. Isso não significa que o namorado deve ser colocado numa cadeira e interrogado. “A fase de entrevistas nos relacionamentos é durante todo o namoro. Mais do que indagar sobre suas dúvidas, a mulher deve antecipar situações de crise de um casamento. Por exemplo, quando ela tem um problema, como ele reage? Dá sugestões, tentar ajudar ou não se envolve? Isso pode ser um indicador de como será a dinâmica do casamento”, aponta Costa.

- Checando referencias antes de ‘contratar’

Obviamente, numa entrevista de emprego ninguém fala mal de si mesmo. O que as empresas fazem para descobrir se todas as informações do currículo são verdadeiras é checar as referências com os empregadores anteriores. Já nos relacionamentos, não dá para uma mulher telefonar para as ex-namoradas do parceiro. Mas é possível ter boas informações conhecendo a família dele e percebendo como age em sua própria casa com as figuras femininas, como mãe e irmãs. Também vale ouvir as opiniões dos seus amigos – cuidado com as amigas da onça! – e pais sobre o futuro marido. Pares e superiores enxergam a relação de fora, com outra perspectiva.

- Avaliando o desempenho do novo ‘funcionário’

Depois de todas as etapas de seleção, a mulher finalmente encontra alguém para contratar, ou melhor, se casar. Mas nem por isso ela deve abandonar a transposição das técnicas de RH para a vida afetiva, de acordo com Costa. Depois de seis meses ou um ano de casamento, é hora de avaliar se todas as competências definidas na fase anterior estão sendo cumpridas. “A idéia é levantar os pontos fracos do casal e descobrir no que os dois podem melhorar na vida conjunta, garantindo que a relação dure mais”, propõe.

Foto: Divulgação/“Técnicas de RH Para Selecionar e Segurar Marido”, de João José da Costa. Editora Matrix

Uma estratégia bacana que pode amenizar o peso da maçante D.R. é o “feedback sanduíche”: comece reforçando duas ou três qualidades da pessoa (esse é o pão da base); passe para o recheio, onde você descreve um erro, ouve a posição do outro e propõe um acordo; é hora do pão que vai por cima, que representa um desfecho confiante e positivo – só feche o “sanduíche” com o acordo firmado e satisfatório.

Agora, se não der para continuar a parceria, o jeito é demitir o cara e colocar a plaquinha de “admite-se” de novo na porta. Ou será que depois de uma experiência difícil você vai preferir trabalhar sozinha por algum tempo?

Fonte: Portal iG

sábado, 14 de janeiro de 2012

Herdeiros do Wal Mart mais ricos que os 30% mais pobres

*Heloisa Villela, de Washington

Na última década, uma única empresa americana se tornou o grande símbolo do que é o capitalismo selvagem. Foram muitos os processos na Justiça por discriminação e maus tratos contra a rede de hipermercados Wal-Mart. Mas isso é café pequeno perto das relações trabalhistas que a empresa impõe aos funcionários. E o trabalho constante, e eficiente, para impedir a sindicalização dos funcionários.

A fama ruim não afetou em nada os negócios. Hoje, os seis herdeiros de Sam Walton, fundador da empresa, têm uma fortuna calculada em US$ 93 bilhões, o que significa toda a riqueza somada dos 30% mais pobres do país. Ou seja, “essa família é o retrato do 1%”, disse Jennifer Stapleton, diretora assistente do grupo “Making Change at Wal-Mart”, que nós podemos traduzir por promover mudanças no Wal-Mart. A referência, clara, é ao slogan mais conhecido do movimento Occupy, que tomou as ruas e praças de várias cidades americanas e sempre fala no crescimento da desigualdade nos Estados Unidos. Os 99% versus 1%.

Esta semana, Jennifer e o grupo de empregados que brigam por melhores condições de trabalho estão comemorando uma vitória importante. Depois de alguns anos de negociações com a empresa, um grande fundo de investimentos da Holanda decidiu vender todas as ações do Wal-Mart que tinha em carteira. Até junho do ano passado, o fundo ABP tinha mais de US$ 120 milhões de dólares investidos no Wal-Mart. Interessante é o processo através do qual a empresa concluiu que não dava mais para apostar no futuro da gigante corporação norte-americana.

Em 2007, o ABP começou a analisar as empresas nas quais investe, de olho em práticas responsáveis de administração. A quantidade de processos e reclamações a respeito de direitos trabalhistas envolvendo o Wal-Mart chamou a atenção da especialista do fundo, Anna Pot. Durante os últimos quatro anos, representantes do fundo de investimento se reuniram com a empresa de Arkansas em busca de esclarecimentos e de uma perspectiva de mudança.

Em outubro passado, o grupo Making Change at Wal-Mart adotou uma estratégia diferente. Decidiu jogar o jogo que os empresários entendem. Convidou analistas financeiros, representantes dos fundos de investimento, para uma reunião na véspera do encontro anual deles com a empresa. E não é que 50 apareceram? Um deles era Anna Pot, do ABP. Informações sobre o encontro, fotos e vídeo estão aqui:
http://makingchangeatwalmart.org/2011/10/11/walmart-associates-former-store-managers-meet-with-analysts-at-annual-investor-conference-in-bentonville/
Empregados do Wal-Mart relataram os erros que a empresa comete, não apenas nas relações trabalhistas, e sugeriram mudanças na administração dos negócios, inclusive dos estoques. Foi uma oportunidade única para os analistas dos fundos de investimento. Pela primeira vez eles tiveram um raio-X do interior do Wal-Mart, com todos os problemas que a empresa nega, ou tenta esconder.

Agora, três meses depois do encontro, o fundo anuncia a venda de todos os papéis do Wal-Mart. Entre triunfante e preocupada, Jennifer conversou com o Viomundo.

Viomundo: Quando foi criado esse grupo que quer promover mudanças no Wal-Mart?
Jennifer Stapleton: Começamos em janeiro de 2011 para dar apoio à organização United for Respect at Wal-Mart que vem tentando forçar a empresa a mudar. Nós estamos com eles.

Viomundo: E como conseguiram atrair os analistas dos fundos para esse encontro?
Jennifer Stapleton: Simplesmente convidamos e eles vieram. Uns 50 ao todo. No encontro, os funcionários falaram abertamente sobre retaliações, condições de trabalho, possíveis soluções para melhorar a empresa. Quando ela foi fundada, pelo Sam Walton, no começo dos anos 60, a visão era bem diferente. Bem, a ABP já tinha uma longa história com a empresa. Eles estavam conversando, tentando promover mudanças, mas chegaram à conclusão que não houve mudança alguma. A Anna Pot viu um anúncio de emprego deles procurando alguém de Recursos Humanos que enfatizava a necessidade de continuar impedindo a sindicalização dos funcionários.

Viomundo: Para vocês, a decisão do fundo holandês é uma vitória?
Jennifer Stapleton: É e não é. A decisão é um reconhecimento global do que os trabalhadores falam há anos. Eles se sentiram ouvidos e mais fortes. Mas, ao mesmo tempo, nós preferimos que fundos como este continuem investidos na empresa, com voz lá dentro, porque eles têm mais poder de barganha. Mas entendemos a posição deles. Não dá para colocar dinheiro em uma empresa assim. E nós achamos que outros fundos vão acabar fazendo a mesma coisa. Esperamos que a decisão do ABP sirva de alerta para a família Walton, que ainda detém mais de 50% das ações da empresa, para que promovam mudanças verdadeiras. Hoje, essa é a família mais rica do país. Um verdadeiro exemplo do crescimento desigual nos Estados Unidos.

Nota do Viomundo: A rede Wal-Mart tem lojas em vários países. Entre eles: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, China, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Índia, Japão, México, Nicaragua, Porto Rico, Reino Unido, Paquistão e Estados Unidos. No segundo semestre de 2010, funcionários da empresa, de diferentes países, formaram uma aliança global, para construir solidariedade e objetivos comuns.

Fonte: Vi o Mundo

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A história pouco conhecida do major Archer, um herói nacional

Luiz Antonio Ryff

“Em outros países ele seria herói nacional, teria selo, seria efígie de nota de dinheiro, daria nome a ruas e escolas. Aqui é ignorado”, lamenta o escritor, jornalista e diplomata Pedro Cunha E Menezes, ex-diretor do Parque Nacional da Tijuca, o mais visitado do País.

O major Archer, que comandou o replantio da Floresta da Tijuca

O “ele” a quem Cunha E Menezes se refere é o major Manoel Gomes Archer, que em janeiro de 1862, há exatamente 150 anos, semeou as primeiras mudas no replantio da floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Contrariando as ordens recebidas de como proceder, ele comandou a primeira experiência no mundo de regeneração pela mão humana de uma mata primária. Foi o pai da silvicultura no Brasil.

Se o Rio vai receber em junho uma centena de chefes de Estado e de governo na conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, a Rio+20, marcando os vinte anos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced), é por causa desse feito, ocorrido há um século e meio.

Hoje o Rio abriga a maior floresta urbana do planeta e a primeira ser refeita em um projeto pioneiro que mostrou ao mundo que o homem podia reverter o processo de desmatamento e evitar problemas ambientais.

E, no entanto, o aniversário foi na semana passada, no dia 4, mas ninguém lembrou. Não houve festa, nem mesmo nota nos jornais. E nenhum governo achou que valesse usar algum dinheiro das centenas de milhões de reais gastos em propaganda anualmente. No meio do ano, a Casa da Moeda lançou uma moeda comemorativa. E foi praticamente isso.

Falta de água ameaçava a capital

A principal pessoa por trás desse feito é pouco conhecida no Rio e ignorada no resto do Brasil. Pouco se sabe sobre o major Archer. Assume-se que era da Guarda Nacional, força paramilitar criada no Império para suprir a falta de um exército profissional – e em que a patente correspondia ao número de homens que um cidadão-eleitor conseguia arregimentar.

Ele nasceu em 21 de outubro de 1821 e era engenheiro. A historiografia oficial não registra se teve filhos, nem quando e como morreu. Ele tem apenas uma foto conhecida. Mas isso são lacunas biográficas que não diminuem sua importância, embora sirvam para reforçar a tese de que este é um País sem memória.
Archer tinha uma fazenda em Guaratiba, na zona oeste da cidade, onde mais tarde viria a funcionar a fundação Leão XIII, órgão estadual de assistência social. Ele gostava de botânica e mantinha mudas de espécies nativas lá, que foram usadas no replantio da floresta.


Plantação de café na Gávea Pequena, feita por Owen Stanley em 1847

O major Archer foi recrutado por D. Pedro II para reverter uma situação que ameaçava a capital do Império. O principal problema era a crise de abastecimento de água, decorrência do desmatamento da floresta da Tijuca. Só restava vegetação nativa nos topos dos morros e nas encostas mais íngremes.

“Os mananciais assorearam-se e, sem ter as copas das árvores para amortecer a queda dos pingos de chuva, a erosão do solo aumentou muito, carreando barro para os córregos e rios, fazendo chegar aos chafarizes da cidade uma água cada vez mais turva, cheia de impurezas e menos potável”, explica Cunha E Menezes.

Contrariando as ordens

O decreto imperial foi assinado em dezembro, mas as primeira mudasforam plantadas apenas em 4 de janeiro de 1862. E Archer contrariou as ordens recebidas. O decreto estabelecia que o reflorestamento fosse feito “em linhas paralelas retas entre si, sendo as de uma direção perpendiculares às de outra”. Archer optou por um replantio aleatório. Durante 12 anos, foram 80 mil mudas com variedades de espécies e privilegiando as da mata Atlântica.

E não foi um trabalho sem oposição. Quando começou, a floresta da Tijuca era ocupada por uma centena de pequenas e médias chácaras, que serviam de veraneio para a elite econômica do Império ou abrigavam decadentes plantações de café.
O ciclo cafeeiro na cidade foi iniciado e impulsionado por franceses. Inicialmente, expatriados pela revolução francesa, em seguida, oriundos das fileiras bonapartistas. Pedro Cunha E Menezes explica que o padrão era “comprar, desmatar, vender a madeira como carvão vegetal e plantar café no terreno limpo”. O período de boom desse sistema ocorreu na primeira metade do século 19.

Interesses contrariados

Sem o major não teríamos a floresta da Tijuca atual e, certamente, a história da cidade, e a vida nela, seria distinta. Mas outras pessoas tiveram papel importante no processo, como Tomás Nogueira da Gama, que ficou encarregado do replantio em uma área contígua à floresta da Tijuca, nas Paineiras.

Do ponto de vista político, de projeto do Estado, dois personagens foram fundamentais. Além do próprio imperador, que tomou a decisão política de enfrentar o problema. O ministro dos Negócios, Luís do Couto Ferraz, futuro Visconde de Bom Retiro, foi quem conduziu a questão, de extrema complexidade.
Obra de Rugendas retrata a experiência mal sucedida de importar chineses para plantar chá nas encostas da floresta

Petrópolis ainda não era a cidade de balneário usada pela elite da corte para fugir do verão e das doenças e epidemias da estação. Desde D. Pedro I a família imperial veraneava na floresta. A capital não contava com rede de esgoto e os dejetos eram jogados no meio das ruas estreitas. Um recanto como a Floresta da Tijuca, era praticamente uma imposição sanitária.

“Todo mundo que era importante tinha casa lá e ninguém queria sair. O replantio ocorreu em uma área em que estava 90% do PIB do Brasil na época. O D. Pedro II comprou a briga e o Visconde de Bom Retiro fez a costura política”, conta Cunha E Menezes.

Para dar o exemplo, o próprio Visconde de Bom Retiro e sua família tiveram as terras desapropriadas. O Barão de Mauá, o Barão de Itamaraty, o Conde de Bonfim e o doutor Cochrane (um dos principais empresários da corte), tinham propriedades por lá.

O Visconde de Bom Retiro foi bem sucedido em quebrar resistências ao propor que além de ajudar a preservar os mananciais e a regular o clima, a floresta regenerada poderia ser uma área de lazer – em consonância com o que acontecia nas principais cidades do mundo. Afinal, essa era uma época dourada do paisagismo, com a remodelação do Bois de Boulogne, em Paris, e a criação do Central Park em Nova York e de novos parques na Inglaterra.

Mitos equivocados

Há alguns mitos envolvendo a história do replantio. Um deles é que Archer teria empreendido a tarefa apenas com seis escravos da Nação – sobre os quais se sabe menos ainda, apenas os nomes (Constantino, Eleutério, Leopoldo, Manuel, Maria e Mateus). Na verdade, os registros mostram que sempre houve trabalho assalariado e que os empregados sempre foram em número superior ao de escravos.

Uma corrente afirma que Archer foi boicotado e que ele perdeu apoio. Cunha e Menezes salienta que o reflorestamento coincidiu, em certo momento, com a Guerra do Paraguai (1864 a 1870). “O foi o maior dreno de recursos da história do Brasil. O Archer não interrompeu o trabalho em nenhum momento. Todo o resto do País quase parou e o dele continuou”, contemporiza.

E sobre a falta de apoio oficial, é importante notar que D. Pedro II levou Archer com ele para a Exposição Mundial na Filadélfia, em 1876, e, após sua saída do parque, o nomeou para cuidar da fazenda imperial, justamente para que fizesse o mesmo trabalho de recomposição da mata feita na Tijuca.

Parque e Floresta da Tijuca não são a mesma coisa

Criado há 50 anos, o Parque Nacional da Tijuca é herdeiro desse processo. Embora tenha uma área da Floresta da Tijuca seus limites não coincidentes. E o próprio reconhecimento popular do que seria a floresta da Tijuca ficou mais abrangente com o passar do tempo.

O parque divide as zonas sul e norte da cidade. Ele se divide em quatro setores (identificadas no mapa abaixo com as seguintes letras): a) Floresta da Tijuca; b) Serra da Carioca; c) Pedra Bonita/Gávea; e d) Pretos Forros/Covanca. É a menor unidade de conservação do País, com 3.953 hectares (3,5% do município), mas é o mais visitado do Brasil, com 2 milhões de pessoas – muito por causa do Cristo Redentor, que está dentro de seu território.

A chefe atual do parque, Maria de Lourdes Figueira, diz que há um estudo para ele seja ampliado, mas não há previsão de aprovação.

“Apesar de sabermos que outros personagens contemporâneos e posteriores ao Major Archer também contribuíram para o reflorestamento do Parque, foi ele quem capitaneou e organizou o início do projeto. E, ainda que tenha sido a regeneração natural responsável por quase 90% desse reflorestamento, a contribuição do homem tornou-se importante não somente pelo ato de replantar em si, mas também pelo fundamento de conservação de áreas verdes. Se hoje temos uma cidade que se candidata junto a Unesco na categoria Paisagem Cultural, é porque temos um Parque Nacional exuberante, ainda que em meio à cidade”, afirma ela.

A imagem por satélite dá uma noção da importância da Floresta (em verde) para o resto da cidade do Rio. As quatro áreas do Parque Nacional estão destacadas: a) Floresta da Tijuca; b) Serra da Carioca; c) Pedras Bonita/Gávea; d) Covanca e Pretos Forros

Fonte: Portal iG

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Escola paraense aponta soluções para comunidade reduzir o lixo

por Fátima Schenini*

O projeto Consumo Consciente: Agir e Viver por um Mundo Melhor foi criado para mostrar como deve ser feito o manejo do lixo, não apenas na Escola Municipal de Ensino Fundamental Cândida Santos de Souza, mas também no bairro Distrito Industrial, onde a instituição está situada, em Ananindeua, Pará, na região metropolitana de Belém. Desenvolvido pela pedagoga Alcilene Costa de Magalhães, professora de informática educativa, o projeto busca soluções para diminuir o acúmulo de lixo na cidade.

O trabalho é feito por meio de campanhas educativas e oficinas de reciclagem para o manejo adequado dos detritos. “As campanhas e oficinas têm o objetivo de sensibilizar a comunidade para a importância de cuidar do lixo e dar a ele um local apropriado, além de praticar ações de consumo consciente, dizendo não ao desperdício”, explica Alcilene. Há 15 anos no magistério, a professora já trabalhou com alunos da educação infantil e do ensino fundamental em instituições de ensino particulares de Belém. Também foi coordenadora pedagógica da educação de jovens e adultos durante dez anos em escola da rede estadual.

A fim de mostrar à comunidade as boas iniciativas de combate à degradação do meio ambiente, os envolvidos no projeto executaram diferentes atividades. Uma delas, o manejo do lixo no bairro, sob o lema Diga Não ao Desperdício. Outra, a proposta Vamos Cuidar do Nosso Lixo, de prevenção contra os resíduos jogados no chão. Foi feito ainda um apelo por mudanças de comportamento entre as pessoas.
De acordo com Alcilene, nas ações de combate ao acúmulo do lixo na comunidade, os estudantes chamaram a atenção do público para a preservação do meio ambiente. Eles destacaram a importância de conservar a escola como patrimônio público e o lugar no qual vivem. “Com esse trabalho de informação e sensibilização na comunidade, executamos as propostas de cuidar do meio ambiente”, afirma. “E, cuidando do meio ambiente, estamos cuidando de nós mesmos.”

Cidadania – O projeto abrangeu iniciativas de cidadania voltadas para a informação e a sensibilização da comunidade escolar, executadas no decorrer do ano letivo. No primeiro semestre, foram realizadas ações interdisciplinares para discutir o tema lixo no bairro. Entre elas, reuniões, sessões de vídeo e passeios para visualização dos problemas ocasionados pelo acúmulo de lixo. Professores e alunos executaram tarefas de diversas disciplinas – português, história, geografia, inglês, ciências e educação física. Os alunos de quinta a oitava séries do ensino fundamental visitaram a comunidade em torno da escola e conversaram com os moradores para explicar o problema e indicar formas de melhorar o manejo do lixo no bairro.

No segundo semestre, foram realizadas ações de combate ao acúmulo de detritos. “Os alunos da sexta e da sétima séries informaram à comunidade sobre os prejuízos causados pelo lixo em nossa vida e como podemos colaborar para que todos vivam em paz com o manejo e a coleta seletiva”, ressalta Alcilene.

O projeto é executado desde 2009. A cada ano, ganha novas ações. Segundo Alcilene, ele se fortaleceu em 2011. “Na ação Plante uma Árvore, realizada no fim deste ano, conseguimos 250 mudas de plantas ornamentais e frutíferas”, destaca. Na gincana ambiental, promovida em setembro, foram recolhidas cinco mil garrafas plásticas. “A coleta ultrapassou nossa expectativa.”

Na visão da professora, trabalhar com projetos ajuda na evolução do aluno e a alcançar as metas. “Educamos para a cidadania e para a prática do consumo consciente”, diz. “Os resultados estão sendo gratificantes.”
* Publicado originalmente no site do Ministério da Educação.

Fonte: Envolverde