
César, Napoleão I, Napoleão III, Cromwell, etc. Faça-se a compilação de um catálogo de eventos históricos a qual tenha culminado numa grande e “heróica” personagem. Pode ser dito que o Cesarismo é uma força de expressão duma situação na qual as forças em luta se lançaram uma contra a outra num modo catastrófico, isto é, lançaram-se num caminho no qual a continuação das lutas não pode senão resultar numa destruição mútua. Quando a força progressiva A luta contra a força regressiva B, pode não só acontecer que a força A derrote a força B, ou a B derrote a A; pode também acontecer que nem a força A nem a B triunfem, mas que se esgotem uma à outra, e então uma terceira força C intervém a partir do exterior, apropriando-se para si mesma dos elementos que restam das forças A e B. Na Itália, após a morte de Lorenzo, o Magnífico, foi isso exactamente que aconteceu, assim como foi o caso no mundo antigo com a invasão dos bárbaros” - é dos livros: na medida em que o Poder entra em degradação e caem as regras que regem o senso comum numa determinada ordem económica, as tragédias pessoais agravam-se e o número de predadores (1) que enriquecem sem escrúpulos aumenta.
“Mas o Cesarismo – se significa sempre uma solução de “arbitragem” social – encrustado numa grande personalidade, de uma situação histórico-politica caracterizada por um potencial e catastrófico equilíbrio de forças (por exemplo, entre a Maçonaria de matriz judáica e a cristã Opus Dei) – nem sempre tem o mesmo significado histórico. O Cesarismo pode ser progressista ou reaccionário, e o exacto significado de cada forma de Cesarismo, em última análise, só pode ser reconstruído pela história concreta, não pela disseminação de esquemas sociológicos impossíveis “
escrito por cima de António Gramsci (1891-1937) in “ Notas sobre Maquiavel, sobre a Política e sobre o Estado Moderno “
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