Egito - 2011 A revolta é contra um regime opressivo e corrupto. É contra a situação de pobreza. A população deseja segurança alimentar e energética, empregos para a juventude e liberdade.
O trabalhador árabe, que se juntara à luta de libertação nacional com o nacionalismo árabe de fins dos 1950-60, ressurge como protagonista e ao mesmo tempo procura selecionar a sua direção.
Por que o Ocidente não se ufana diante dos gritos por liberdade?
"A reação ocidental aos levantes no Egito e na Tunísia frequentemente demonstra hipocrisia e cinismo. A hipocrisia dos liberais ocidentais é de tirar o fôlego: eles publicamente defendem a democracia e agora, quando o povo se rebela contra os tiranos em nome de liberdade e justiça seculares, não em nome da religião, eles estão todos profundamente preocupados. Por que aflição, por que não alegria pelo fato de que se está dando uma chance à liberdade? Hoje, mais do que nunca, o antigo lema de Mao Tsé-Tung é pertinente: "Existe um grande caos abaixo do céu - a situação é excelente”. ... Slavoj Zizek
Tony Blair na CNN:
"mudança se necessário, mas deverá ser uma mudança estável".
Ora! Mudança estável no Egito, hoje, só pode significar um compromisso com as forças de Mubarak alargando ligeiramente o círculo do poder.
Blair nos remete ao Il Gattopardo, romance histórico, único do escritor Giuseppe Tomasi di Lampedusa, que ilustra a composição de interesses entre a velha nobreza siciliana e a burguesia nascente. Conceitos usados por Bobbio, como o de poder político, econômico e ideológico são perfeitamente aplicados ao texto. Antes conexas que isoladas, estas formas do poder se completam.
O romance mostra a circulação das elites e inspira-se no modelo teórico do sociólogo aristocrata contemporâneo ao Risorgimento, o marquês Vilfredo Paretto, mais propriamente na teoria dos resíduos, ou seja, arquétipos ou modelos sociais de conduta dominante.
Um trecho memorável do livro é o discurso do sobrinho de Don Fabrizio, Tancredi, o arruinado e oportunista Príncipe de Falconeri, incitando seu tio a abandonar sua lealdade aos Bourbon do Reino das Duas Sicílias e aliar-se aos Sabóia:
A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude." — Príncipe de Falconeri
A vida imita a arte ou vice-versa?
O Príncipe de Falconeri antecipara Blair?
Ou Blair imita Falconeri?
Mubarak deveria ir para Haia?
Fotos:
Egito em 2008 - acervo pessoal
Egito em 2011 - huffingtonpost.com
O oportunismo se sobreporá à vontade do povo?
ResponderExcluirO governo brasileiro, através da Embaixada do Brasil no Egito, apresentará nota de protesto contra o presidente egípcio Mubarak.
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A nota vai se mostrar contra as ações das autoridades policiais do Egito que são “É uma nota que será encaminhada pela Embaixada do Brasil no Egito diretamente para o Ministério das Relações Exteriores. O embaixador Cesário deve citar a inadequação do impedimento ao trabalho do diplomata na assistência consultar e a agressão aos jornalistas brasileiros”, afirmou o embaixador Eduardo Gradeloni, secretário-geral para Comunidades de Brasileiros no Exterior no Itamaraty.
Afinsophia