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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Pós-modernidade, identidade cultural e violência

Como educar um ser humano não violento?
Como educar para uma vida que vale a pena ser vivida?


Identidade cultural


Violência
O mal que vem do futuro: dificuldades para compreensão da conduta do matador Wellington Menezes de Oliveira

Extraído do blog do Sérgio Pires


O ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, em que uma pessoa aparentemente tresloucada assassinou a tiros mais de uma dezena de crianças dentro de uma escola, extrapola os limites da violência habitual da sociedade moderna.

Tal fenômeno, felizmente ausente até então do Brasil, é relativamente corriqueiro na sociedade norte-americana. Tem algo em comum, um matador atinge pessoas escolhidas de forma aleatória com disparos de surpresa e em série, até que seja ele próprio abatido.

“Tiros em Columbine” é um filme-documentário de Michael Moore que tenta dissecar um desses episódios, ocorridos no interior do estado do Colorado, EUA, em 1999. Neste caso, dois adolescentes mataram doze colegas, um professor e se suicidaram.
Alguns estudiosos definem este tipo de fato como violência pós-moderna. A cultura pós-moderna, neste entendimento, se caracteriza pela ultrapassagem do paradigma moderno, calcado na racionalidade humana.

Na visão de mundo moderna todos os fatos são compreendidos dentro de uma lógica racional, na qual está presente uma relação de causalidade. Para tudo há uma explicação, um porquê. Mesmo na ultraviolência, há esclarecimento dos motivos para tal. Não significa que a sociedade concorde ou justifique a violência, mas ela a explica.

Por exemplo, um assaltante de banco, por mais frio e sanguinário que seja, ao ponto de matar tantos quantos se opuserem aos seus objetivos, é compreendido por todos em motivo agir: o enriquecimento ilícito, o lucro fácil auferido com o assalto ao alvo.
No mundo pós-moderno, a irracionalidade se expressa também através de atos violentos. A violência é um subproduto da fragmentação, do individualismo extremo, do abandono aos projetos coletivos. O ser pós-moderno deixa de tipificar a consciência racional que caracteriza o homem moderno, medida de todas as coisas, e passa a ser uma espécie amoral de além-homem, como definira Nietzsche.

A violência (uso da força desnecessária ou imoderada) é brutal, injustificável e insuportável de qualquer forma. Contudo, o problema novo é que a violência pós-moderna, como a do colégio de Realengo, é incompreensível para os padrões modernos.
O Estado e a sociedade não estão preparados para evitá-la, minimizá-la ou reprimi-la. Os padrões de respostas conhecidos, que quando muito podem dar conta da criminalidade moderna, são absolutamente inócuos para este tipo de violência, por definição imprevisível e incompreensível.

Não é o caso de ser cético, mas, nas condições atuais, é preciso disposição para conviver com mais este doloroso fenômeno. É preciso fortalecer a vida de permanente de relações intersubjetivas, para que a ameaça da barbárie pós-moderna não se avolume no futuro.

O paradigma moderno tem como eixo fundamental a generosidade com o homem individual e com a humanidade como um todo. A violência é um inimigo identificado a ser incessantemente combatido.

Na vida pós-moderna a violência se expressa como fenômeno estético; como linguagem artística, que transcende a dicotomia moderna entre os fins e os meios.
Aos que apostam na razão compete jamais resistir sem desistir. Tarso Genro, em escrito já de algum tempo, cunhou uma frase lapidar: “A barbárie é a hipótese mais provável, mas não a única.”

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