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terça-feira, 17 de maio de 2011

Dilemas das elites tropicais

Conversando com minha amiga Célia no facebook, ela contou-me que em Paris, os "diferenciados" utilizam preferencialmente "bus". Que metrô é coisa mais de turista.
Concordo. Mas lembremo-nos de que Paris possui menos habitante e que embora de forma geral o parisiense utilize ônibus, mesmo assim encontrei parisienses no metrô, nas várias vezes em que utilizei. É claro que nem de longe é comparável aos horários de rush conforme a linha do metrô em Sampa. Vamos dizer que poderia ser comparável a algumas linhas mais tranqüilas daqui.

Bem... Paris é Paris. A Cidade Luz é linda mesmo, de qualquer jeito. Eu como uma simples turista além de caminhar bastante, utilizei metrô.


Como o jornalista do texto abaixo escreveu:
... "as elites de Paris, Londres, Nem York e Berlim teriam muito a aprender com as elites paulistanas e da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro".


Segue a matéria

Elite paulistana
Boy
*Jurem ir Machado da Silva
Crédito: ARTE PEDRO LOBO SCALETSKY

É notório que as elites de Londres, Nova Iorque, Berlim e Paris são atrasadas. Ninguém discute que os ricos dessas quatro cidades representam o pior do mau gosto mundial. É gente com hábitos esquisitos. Vivem de maneira estranha. Teriam muito a aprender com as elites paulistanas e da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Paris é dividida em 20 distritos. Cada distrito (arrondissement) tem a sua subprefeitura. O XVI distrito é o mais chique da cidade. Paris orgulha-se de não ter ponto algum a mais de 500 metros de uma estação de metrô. Na média, 150 metros. Boa parte dessa elite bizarra deixa o carro em casa e usa o transporte público. Os intelectuais famosos são figurinhas carimbadas no metrô. Cansei de encontrar Jacques Derrida, Jean Baudrillard, Edgar Morin e o amigo de FHC Alain Touraine em vagões das linhas 1, 4 e 1. Gente louca.

Também esbarrei com Catherine Deneuve e Jean-Luc Godard na linha 4, descendo na estação Saint-Sulpice. Deneuve devia estar entediada ou com saudades dos seus tempos de "A Bela da Tarde". As celebridades intelectuais estrangeiras também circulam nos metrôs de Paris. Encontrei Umberto Eco várias vezes em estações do Quartier Latin. Quando fiz o seu curso no Collège de France, pegava, na saída, muitas vezes o mesmo metrô que ele, que fazia um barulho danado, falando alto, gesticulando, discutindo futebol, semiótica e o escambau. Gente estranha. Famosos e ricos com práticas de seres normais. Eu, hein! Paris é uma cidade tão bizarra que a gente passa seis anos lá e sai sem saber onde fica a rodoviária central. Em contrapartida, conhece como a palma da mão seis estações ferroviárias. Que atraso. Uau!

É aquela coisa de museu, trem, ensino público e gratuito do jardim da infância à universidade. Um horror! Enquanto isso, em São Paulo, dominada por uma elite altiva, arrojada e vanguardista, que Getúlio Vargas tentou infrutiferamente civilizar em 1930, o metrô é rejeitado num arrondissement fashion. Moradores organizaram-se para convencer a prefeitura a não abrir uma estação de metrô em Higienópolis. Alegaram que isso traria "ocorrências indesejáveis". Por exemplo, pobres. A avançada elite paulistana prefere viadutos, túneis, "minhocões", elevadas e muito asfalto. A cidade fica mais bonita, o trânsito, como se sabe, anda muito mais rápido e as empreiteiras fazem bons negócios, o que financia campanhas políticas e melhora o nível de vida em Higienópolis. O metrô, portanto, seria um retrocesso.

As reclamações dos pacatos e elegantes moradores de Higienópolis foram ouvidas com todo respeito. O pleito foi atendido. O bairro não terá estação de metrô. Mais uma vitória do bom gosto, do senso prático e do estilo de vida visionário das nossas melhores elites. Há poucos dias, o tucano Alberto Goldman, ex-governador paulista, publicou um artigo para sustentar a inutilidade de um trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo. Tem razão. Trens de grande velocidade são típicos de sociedades atrasadas como a França, a Inglaterra e o Japão. Se não me engano, Goldman, assim como FHC, mora em Higienópolis.
*Correio do Povo.com.br

Neide Fraga
Os pobres de Paris

Versão do radialista Júlio Nagib para "La goualant du pauvre", de Marguerite Monnot e J. Rouzeaud. Esta gravação de Neide Fraga foi feita na Odeon em 17 de abril de 1956e lançada em junho do mesmo ano no 78 rpm 14044-A, matriz 11137. É uma canção mundialmente conhecida.



Edith Piaf
Sous le ciel de Paris

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