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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Espanha - O grito mudo


@Samuel Rodriguez

Se nenhum imprevisto acontecer entretanto, quando forem 23:05, em Portugal (uma hora mais tarde em Espanha), sairá da Puerta del Sol um gigantesco «grito mudo» que assinalará o início do Dia de Reflexão que precede as eleições regionais e locais que terão lugar, no Domingo, em terras de nestros hermanos.

Lá, como desgraçadamente cá, protege-se a reflexão com proibições. E já é sabido que, neste caso, a «Junta Electoral Central» deliberou «Comunicar a todas las Juntas Electorales así como al Abogado General del Estado que las concentraciones y reuniones a las que se refieren las consultas elevadas a esta Junta son contrarias a la legislación electoral desde las cero horas del sábado 21 de mayo hasta las 24 horas del domingo 22 de mayo de 2011 y en consecuencia no podrán celebrarse.»

Perante esta deliberação oficial, o Movimento 15 de Maio decidiu não convocar manifestações para Sábado, mas «reivindica o direito a reflectir sem interferir no voto», ou seja a manter concentrações e acampamentos.

Regressando ao que está previsto para logo, o Movimento 15 de Maio pede a todos os participantes nas concentrações que levem uma espécie de mordaça e a tirem à hora indicada - cinco minutos depois da meia-noite – para que seja lançado aos céus o tal «grito mudo».

O que acontecerá então, ou mesmo antes, é difícil de prever. Zapatero diz que o governo actuará «com inteligência», não se sabe o que farão as autoridades para que «sejam garantidos todos os direitos e se respeite a jornada de reflexão», mas as últimas notícias vão no sentido de não ser usada violência para dispersar as concentrações. Ainda bem.

Seja como for, o que é absolutamente extraordinário e obsoleto é que estas democracias em que vivemos (tão mal, nos tempos que correm…) insistam nesta disparatada pausa de 24h antes de actos eleitorais para que os seus súbditos «reflictam»!

No caso vertente, como se os espanhóis não tivessem tido matéria e tempo para todas as reflexões deste mundo desde 15 de Maio, com dezenas das suas cidades politicamente activíssimas, com grande parte do mundo de olhos postos em Madrid, Barcelona ou Valência. No momento em que escrevo (6ª feira, 18:20, em Lisboa), existiram, estão em curso ou planeadas, acções de solidariedade com o Movimento 15 de Maio espanhol em 350 cidades de dezenas de países. E insiste-se em proteger o recato dos espanhóis para que votem… em sossego!

No dia em que se sabe que a Espanha reentrou no clube da bancarrota, é impossível não «ouvir», ao longe, os tais célebres acordes da orquestra do Titanic.
Fonte: Entre as brumas da memória

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