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terça-feira, 17 de maio de 2011

Educação na Suécia

Mais um olhar nos países pontas de lança em educação

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O texto é da Revista de Ensino Superior

Tal como na Finlândia, o sistema escolar sueco está baseado na autonomia. Desde 1991,foi delegada muita responsabilidade para as escolas, para os gestores e para a municipalidade. O governo e o parlamento ditam a forma e os objetivos a seguir e as escolas devem fazer avaliação periódica para constatar se as exigências legais estão sendo seguidas.

Nos últimos 20 anos houve muita modificação na pré-escola. Segundo a legislação sueca, se os pais querem trabalhar a comuna tem que garantir a integração da criança na escola. Assim, a pré-escola tem 2 funções: permitir que os pais trabalhem e garantir a possibilidade de inserção da mulher no mercado de trabalho. Para isso, as escolas infantis funcionam das 6:30 às 18:30 horas. Estão integradas no ensino infantil 98% das crianças com 3 e 4 anos.

Formação Técnica

A partir de 1980 houve uma mudança de paradigma na formação profissional dos técnicos - a formação profissional, dá lugar à preparação profissional. Antes, os alunos só aprendiam a trabalhar com as mãos. Para ser um cidadão, não se pode ter conhecimentos só da prática. Há que se dominar a língua e se ter conhecimentos matemáticos. Hoje, 1/3 dos estudos é teórico. Os empregadores consideram que os estudantes de hoje não são tão rápidos no ofício. Por meio de encontros e reuniões, as escolas buscaram a mudança de mentalidade dos empresários para melhor aceitação e conseqüentemente manutenção do emprego desse novo técnico. O professor tem como uma de suas atribuições visitar freqüentemente as empresas em busca do ajuste da formação. E a formação pedagógica desses professores deve ser garantida pela escola.

Todas as escolas fundamentais, secundárias ou pós-secundárias funcionam em período integral - das 8 às 15 horas.

A licença maternidade é longa na Suécia - 14/16 meses. É um direito da criança e não dos pais. É a criança que tem o direito de estar junto dos pais por mais tempo.

No período de 1991 a 2006 cresceu muito o número de escolas privadas na Suécia, e, assim como na Finlândia, são totalmente gratuitas. A razão principal dessa expansão, se deve ao incentivo dado pelo governo, por entender que as escolas independentes podem atender melhor as diferentes peculiaridades e anseios da comunidade, e ainda, permitir a livre escolha do aluno, que por meio de um "vaucher" decide onde quer estudar.

Há uma escola, por exemplo, só para alunos que têm pais trabalhando no exterior e pais do exterior trabalhando na Suécia. Numa outra escola, a peculiaridade é a prova de música ser eliminatória para o acesso. Os alunos fazem "cursinho" de canto, se quiserem estudar nesse tradicional ginásio. Já numa outra, que tem por missão ser uma escola politécnica européia: não se aceita professores americanos, latinos ou asiáticos, por exemplo, nem alunos de outra nacionalidade que não a dos países europeus, e os temas estudados são de interesse tão somente da Europa.

Nas escolas, mesmo nas mais elitizadas, é comum ter oficinas e cozinhas para que os alunos, a partir de 13 anos, aprendam a consertar bicicletas, aparelhos domésticos, entendam os fundamentos da hidráulica, da elétrica, da mecânica, preparem o almoço e lanche, etc. É o conceito da autonomia presente. E atenção: meninos e meninas participam!

Como cada aluno traz o seu vaucher, mais aluno significa mais dinheiro para a escola, aí se estabelece a concorrência entre as escolas. A escola que não atrai um número mínimo de alunos é fechada, assim, para se tornar mais competitiva a qualidade e os feitos das escolas são bastante divulgados.

As razões do sucesso das melhores escolas são atribuídas à escolha meticulosa dos professores. Eis as características de um bom professor:

- possuir amplo conhecimento da matéria;
- dar ao aluno a responsabilidade de seus estudos;
- ser colaborador com seus colegas professores;
- ter uma perspectiva alargada para ensinar.

Embora a direção das escolas tenha autonomia para determinar a quantidade de alunos em cada sala de aula, a média é em torno de: 17 nas escolas infantis; 20 nas escolas fundamentais e 30 nas secundárias.
O percentual de alunos que termina o liceu, o equivalente ao ensino médio, e vai para o ensino superior é de 44%. Todavia, nem sempre basta ter o diploma e boas notas pra ingressar na universidade, às vezes, é preciso vir de uma escola renomada. É assim, por exemplo, na conceituada universidade de pesquisa de Estocolmo, a Royal Institute of Technology - RTH, pronuncia-se kô-te-rro, que exige, digamos assim, pedigree no diploma do ensino médio. A RTH atua com foco em Arquitetura e Engenharia, tendo por missão "excelência em educação, pesquisa e empreendedorismo". Suas áreas mais procuradas são: Arquitetura e Energia, e mais ultimamente, a tendência é para a área de Ecologia Industrial. Constitui área de interesse em todas as disciplinas da RTH o tema Desenvolvimento Sustentável.

Os reitores têm total autonomia na aplicação dos recursos recebidos da administração central, e a quantidade não está vinculada aos resultados de desempenho. Implicitamente isso quer dizer que todas as escolas têm que ser competentes na sua finalidade última. As palavras mais importantes que os reitores devem conduzir seus alunos a serem são: competentes, ativos e curiosos, e tudo isso tem que ser buscado de forma agradável.

Educação Multicultural

Na Suécia, 87% dos estudantes têm outra língua materna. Há princípios que regem o bem estar da criança na escola, e, um deles, é ter a própria língua falada na escola. Se a língua for "viva" em casa ela deverá ser dada na escola. Por conta disso, o ensino da língua ocupa um espaço muito especial na Suécia. Para se ter uma idéia dessa especialidade, há um departamento pertencente à Secretaria de Educação de Estocolmo que tem 430 professores para atender as escolas em 52 diferentes línguas. E para se ensinar a língua é preciso que o professor seja do país de origem. Assim, há muitos professores estrangeiros na Suécia. Como exemplo, numa das escolas visitadas havia mais de 20 idiomas representados! Gasta-se muito dinheiro na formação dos professores de línguas.

Avaliação das Escolas na Suécia
O primeiro nível de avaliação é feito pela própria escola e um dos pontos essenciais que deve ser levado em consideração é o atendimento dos objetivos propostos pela escola.

Assim acontece a inspeção das escolas:
- os inspetores se apresentam à escola e informam que entre 2 a 8 meses retornarão para visitá-la
- avaliam in loco a qualidade da escola: olham o site, a relação da escola com os pais, com a família, assistem aulas, entrevistam professores e alunos
- são discutidos com a escola os principais pontos e apresentam um relatório de 15 páginas, com considerações sobre os pontos fortes e fracos e os pontos que necessitam de mudança
- após 6 ou 8 meses da visita, se reúnem com os professores, alunos e diretores para checar o que foi feito, tendo por base o relatório feito durante a visita.

As visitas de inspeção das escolas são feitas ao longo de 3 anos. Os inspetores são bem vindos, especialmente pelas escolas particulares, pois têm neles um consultor de graça. Às escolas é solicitado que coloquem nos seus sites os relatórios de avaliação, no entanto, só 20% o fazem, geralmente as melhores avaliadas. Anualmente as escolas têm que entregar à administração central o "Quality Report", e não existe avaliação de professores separadamente, a avaliação é da escola.

Ênfases

Existem três assuntos que tanto escolas suecas como finlandesas dão muita ênfase - religião, línguas e arte.

Religião
- o ensino religioso é obrigatório. A todos os alunos se ensina a religião, de cada um deles. Se numa escola houver pelo menos 3 alunos de uma determinada religião, deverá haver organização para oferecer a religião deles, e não precisam ter a mesma idade para compor a turma. Há escolas, por exemplo, em que se ensinam 8 diferentes religiões, e pode acontecer dos finlandeses serem minoria. E para aqueles alunos que não têm religião, se ensina ética. Desde o início da vida escolar o aluno aprende que há muitas religiões, e elas são significativamente importantes para a compreensão e aceitação das diferenças a partir do conhecimento dos dogmas da religião do outro.

Línguas
- aos 9 anos de idade toda criança deve começar o aprendizado de uma segunda língua. Se aos 9 anos um aluno escolher outra língua que não o inglês, aos 10, obrigatoriamente deve escolher o inglês. Assim, todos, sem exceção, devem alcançar conhecimentos iguais em duas línguas, sendo o inglês uma delas. Além disso, aos 11 anos, cerca de 70% escolhem uma terceira língua. Entre os alunos do liceu, mais da metade aprendem 4 línguas! Há uma preocupação do sistema educacional no ensino da língua materna aos imigrantes. Pesquisas comprovam que uma pessoa perde 40% de sua inteligência se ela não fala a sua língua materna. Ademais, a língua materna é a língua dos sentimentos. Quando um imigrante chega à Finlândia, passa um ano estudando na sua língua materna para se habituar à cultura, aos costumes e muito intensivamente à língua finlandesa. Depois disso, estará apto para ir à escola que escolher. A Finlândia faz isso também por questões econômicas, é preciso que haja pessoas com boa formação em qualquer ocupação, seja ela qual for.

Artes - a arte está por toda parte em todas as escolas, com funções altamente educativas e culturais. Há exposições de fotos, desenhos, pinturas, esculturas, instalações, concertos musicais, mostras de textos literários, poesias, etc. Nas paredes das salas de aula, nas portas, nos corredores, nos pátios, estampam-se muitas informações sobre o mundo das artes. Essa profusão de cores, formas, designs, ativam diferentes funções do cérebro.

Por fim, a Finlândia afirma que é a escola que tem a responsabilidade pela aprendizagem do aluno e não a família; esta se responsabiliza pela criação. Diferentemente do nosso país que constitucionalmente diz que a educação é dever, também, da família. O que temos assistido nas últimas três décadas, são centenas de milhares de famílias e de escolas colhendo juntas os frutos amargos da incompetência da arte de ensinar.

Em 2003, a avaliação aplicada pelo Ministério da Educação, por meio do SAEB, reafirma o péssimo desempenho das escolas: 95,2% das crianças concluem a 4ª. série sem saber ler nem escrever adequadamente e 96,8% dos adolescentes concluem a 8ª. série sem raciocínio básico de matemático! O desempenho do Brasil no PISA não poderia ser diferente diante desse cruel cenário nacional - está posicionado na rabeira do mundo!

Para que as escolas brasileiras possam melhorar seus indicadores de qualidade não há mágica, é preciso muito esforço de todos, no entanto destaco como prioritário: 100% de atenção ao novel curso de Pedagogia, que desde 2006 é responsável pela formação dos professores que vão atuar nas cinco séries iniciais do Ensino Fundamental, e foco dos gestores das escolas na eficácia da alfabetização.

Música jovem sueca
Lykke Li
Tonight

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