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quinta-feira, 28 de julho de 2011

McLuhan visionário da internet

Visionário da internet, McLuhan completa 100 anos e ganha eventos no Brasil
Filósofo canadense previu, com décadas de antecedência, que a tecnologia transformaria o planeta em uma "aldeia global"


Em 21 de julho, um dos pensadores mais originais do século 20 completaria 100 anos. Doutor em filosofia por Cambridge, a universidade inglesa especialista em lapidar gênios, o canadense Marshall McLuhan (1911-1980) criou conceitos como “o meio é a mensagem” e “aldeia global” muitos anos antes que você pudesse acessar o iG no seu computador, no seu iPhone ou no seu iPad a partir do Japão, dos Estados Unidos ou da Espanha. Ele definiu experiências muito tempo antes que as pessoas pudessem vivê-las, como os aparelhos que são extensões dos nossos próprios corpos, inseparáveis das nossas vidas, como os celulares. Ou como pesquisas recentes mostram, o fato de usarmos a internet como "memória externa".

Ao longo deste ano de 2011, várias universidades no Brasil e no exterior estão organizando eventos para debater a obra de McLuhan. Em maio, foi a vez da Universidade de São Paulo. Entre os dias 16 e 18 de novembro, a PUC do Rio Grande do Sul receberá uma conferência internacional sobre ele. Um dos convidados é o filho de McLuhan, Eric McLuhan, do Instituto Harris for the Arts. Todos vão debater as pistas que ele deixou e que ajudam a entender por que, nos últimos 30 anos, a sensação de que o mundo se tornou menor deixou os gramados das universidades para ganhar as cabeças dos adolescentes que jogam online contra outros jovens em partes distantes do planeta.

No vídeo, McLuhan diz a professor: "Você não entendeu nada"


Não é uma tarefa muito simples. McLuhan estava mais preocupado em entender o mundo e criar conceitos que pudessem explicar as mudanças que ele presenciava, como os efeitos da expansão da televisão sobre a vida das pessoas, do que em ser facilmente compreendido. No filme “Noivo nervoso, noiva neurórica", de Woody Allen (veja vídeo ao lado, em inglês), há uma cena clássica.

Na fila do cinema, um professor universitário desfila todas as suas opiniões sobre o autor. O personagem interpretado por Woody Allen o aborda e diz que ele não sabe nada. O professor fica ofendido. Então Allen chama o próprio McLuhan, que aparece, de repente, para corroborar: o professor não tinha entendido nada mesmo. De fato, seus textos parecem seguir o ritmo do seu raciocínio, tornando um tanto complicado saber os caminhos que ele está seguindo.

Isso não significa que ele tenha sido um pensador ermitão ou que fizesse questão de ser difícil: era figura frequente na TV durante os anos 1970 e certamente, se estivesse vivo, teria muitos seguidores no Twitter e fãs no Facebook. Ele fazia questão de se expressar em máximas. Muitas delas, aliás, cabem nos 140 caracteres de um SMS, como “a política oferece respostas de ontem para questões de hoje”. Ele simplesmente não tinha muita paciência para ficar explicando tudo com muitos detalhes.

Porém, ele não apenas previu – também faz parte da galeria de inventores, mesmo que indiretamente. Para muito especialistas, como Tim Wu, da Universidade Columbia, em Nova York, a internet não nasceu apenas do desejo de militares americanos de interligar seus computadores. Ela foi moldada por uma geração de engenheiros contemporâneos a McLuhan que se inspirou nas obras do filósofo canadense. Uma delas, a da aldeia global: um mundo cada vez mais interligado no qual um número cada vez maior de pessoas se sente parte de algo comum – nem que seja apenas o desejo de estar conectado.

Entrevista do filósofo à TV americana, em 1976

Ao definir que o “meio é a mensagem”, McLuhan também influenciou a elaboração de vários produtos que hoje fazem parte da vida de milhões de pessoas. Ele percebeu que os meios de comunicação não apenas transmitem uma mensagem, mas também são a mensagem: se a televisão permitiu que uma empresa falasse para muitas pessoas, os criadores do YouTube notaram que muitas pessoas queriam se comunicar com muitas pessoas – e fizeram com que isso fosse possível. A mensagem do YouTube não é apenas o vídeo com a declaração de amor à namorada. Também é uma declaração de que muitas pessoas podem fazer declarações públicas para a namorada que serão vistas por milhares de pessoas, com todas as conseqüências que isso pode ter. Uma delas, de que a privacidade já não é algo pelo qual as pessoas zelam com afinco. A outra, de que muitas pessoas precisam de declarações de amor públicas, como se apenas as coisas ditas para muitas pessoas fosse realmente importante.

Não à toa, McLuhan se tornou o “pajé” da nossa aldeia global – ou como definiu a revista Wired, uma das principais publicações sobre tecnologia do mundo, “santo padroeiro” da web. Hoje, é impossível distinguir onde começa e termina sua influência porque ela está em todos os aspectos da nossa vida: ora como uma assustadora previsão sobre o cotidiano ora como inspiração para as tecnologias que nos fascinam. Não é pouco para o homem que dizia que nunca seria um acadêmico e que tinha no exercício diário do pensamento uma de suas maiores diversões.
Fonte: Portal iG

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