O FMI funciona como uma empresa, os votos dos membros dependem da quota do país, os Estados Unidos têm poder de veto na instituição internacional. O presidente é sempre europeu e o número dois dos EUA.
Sede do FMI em WashingtonO FMI funciona como uma empresa, os votos dos membros dependem da quota do país, os Estados Unidos têm poder de veto na instituição internacional. O presidente é sempre europeu e o número dois dos EUA.
Ao contrário de uma instituição democrática, o FMI tem um funcionamento semelhante ao de uma empresa, assinalam Damien Millet e Éric Toussaint1. Tal como uma empresa o poder de decisão depende da quota de cada um dos “sócios”. Essa quota é “calculada em função da importância económica e geopolítica do país”.
O FMI funciona com a sua própria moeda, os Direitos de Saque Especiais (DSE), cujo valor varia diariamente em função de um cabaz de moedas, composto por dólar, iene, euro e libra. Cada país que adere ao FMI deve depositar um montante de, pelo menos, 25% em DSE ou numa das moedas que o compõem (ou em ouro nos depósitos realizados até 1978). Esse montante determina o peso que o país tem dentro do FMI.
O órgão máximo da instituição financeira internacional é a Assembleia de Governadores, composta por um representante e um suplente de cada um dos 185 países membros da instituição. Normalmente, o representante de cada país é o ministro das Finanças ou o Governador do banco central. A Assembleia de Governadores reúne uma vez por ano, em Outubro.
O órgão de direcção executiva do FMI é o Conselho de Administração composto por 24 membros, que reúne em princípio três vezes por semana, pelo menos. Oito países estão permanentemente representados no órgão executivo de direcção do FMI: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Arábia Saudita, China e Rússia. Os restantes 16 membros são nomeados por grupos de países.
O Conselho de Administração do FMI elege um presidente com um mandato de cinco anos. Uma regra tácita estabelece que o director geral do FMI é um europeu, enquanto que o presidente do Banco Mundial é dos Estados Unidos. Actualmente, o chefe do FMI é o francês Dominique Strauss-Kahn, destacado dirigente do Partido Socialista francês. A segunda figura do FMI é sempre dos Estados Unidos, sendo actualmente John Lipsky, ex-vice-presidente do banco norte-americano JPMorgan.
Em 2008, a distribuição de votos entre os 24 membros do Conselho de Administração do FMI era a seguinte:
Dados e gráfico, segundo o livro de Damien Millet e Éric Toussaint já citado.
Os oito membros permanentes da administração do FMI têm, em conjunto, 47,9% dos votos. As decisões fundamentais do FMI necessitam de uma maioria de 85%, o que na prática significa que os Estados Unidos detêm o direito de veto, já que sem o seu voto (equivalente a 16,77%) é impossível atingir os 85%.
Os autores citados salientavam em 2008 que o montante dos créditos do FMI aos seus Estados-membros se tinha reduzido nos anos anteriores e que o FMI esperava “desesperadamente” por novos pedidos de empréstimo. A intervenção na crise das dívidas soberanas na Europa veio certamente em muito boa hora para o Fundo Monetário Internacional.
Texto de Carlos Santos – Esquerda.net
1 “60 Questions, 60 Réponses sur la dette, le FMI et la Banque modiale”, Damien Millet e Éric Toussaint, Éditions CADTM (Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo), Novembro de 2008.
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